quinta-feira, 26 de julho de 2012

Castigo a Vieira diz tudo sobre futebol português

O tema já mereceu análises de vários companheiros da blogosfera mas não posso deixar de partilhar a minha.
Por onde começar?
Talvez por aqui: os orgãos dirigentes do futebol em Portugal ao invés de promoverem o futebol, o espectáculo e o são ambiente desportivo promovem a violência. Passo a explicar.
A violência nasce da ira, da incompreensão, da irracionalidade, da ignorância, da incapacidade de moldar a realidade ao que desejamos e de nos adaptarmos a ela. Nasce do ódio e da frustração.
É evidente que no futebol português existe, desde Pinto da Costa, uma enorme violência latente. Já falei muito disso: para conquistar poder, Pinto da Costa promoveu um ambiente de revolta contra Lisboa, de guerrilha permanente, de ódio ao Benfica.
Esta realidade é indesmentível, não estando eu com isso a sugerir que todos os actos de violência tenham sido perpetrados por adeptos do Porto. Sabemos que não é assim. Houve o tristíssimo, trágico caso do very light, houve autocarros incendiados. Não vale a pena estar a tentar enumerar os casos de violência dos adeptos dos três grandes. Todos são lamentáveis, todos são condenáveis, ninguém está absolutamente inocente nesta matéria.
O que distingue os clubes é a forma como lidam com a violência perpetrada pelos seus adeptos. Se uns condenam, outros desculpam-se e outros usam-na e fomentam-na como instrumento de projecção do seu poder.
Há um clube que nunca tem responsabilidades nas cenas lamentáveis de violência que envolvem os seus adeptos, porque à partida é "diferente". Trata-se evidentemente do Sporting. Sem querer ser exaustivo, recordarei apenas alguns casos bem recentes.

Quando há uns anos se assistiu a uma vergonhosa cena de apedrejamento entre adeptos do Benfica e do Sporting num jogo de junióres, os dirigentes sportinguistas acusaram os adeptos do Benfica de serem selvagens quando as imagens demonstram para lá de qualquer dúvida que quer benfiquistas quer sportinguistas tiveram responsabilidades, que ambos atiraram pedras.

Quando os seus adeptos se envolveram em cenas de violência extrema contra a polícia, em Fevereiro de 2011, os dirigentes sportinguistas fizeram um comunicado inacreditável de que destaco o primeiro parágrafo: "O Sporting Clube de Portugal e a Sporting Clube de Portugal Futebol, SAD repudiam e condenam o grave comportamento da Polícia de Segurança Pública durante o jogo Sporting x Benfica, que teve lugar ontem no Estádio José Alvalade, pelo manifesto excesso na actuação e pela flagrante dualidade de critérios da PSP no tratamento dos adeptos do Sporting e do Benfica". Nem uma palavra de condenação pelo comportamento dos seus adeptos. Mais tarde, na sequência dos incidentes, 9 elementos da Juve Leo seriam detidos por posse de droga, engenhos pirotécnicos e armas.

Um mês mais tarde seria o próprio presidente eleito a passar um mau bocado, com tentativas de agressão por parte dos partidários de Bruno Carvalho.

Tinha já altura tinha sucedido o caso dos confrontos com adeptos de Atlético de Madrid (2010), em que o líder da Juve Leo ameaçara de morte mulheres e crianças.

Até que chegamos à época passada. Durante semanas, os comentadores e dirigentes do Sporting incendiaram os ânimos dos seus adeptos com declarações inflamadas sobre a "jaula", algo de alegadamente inaceitável e vergonhoso. No fim do jogo (a 29 de Novembro de 2012), é o seu vice-Presidente, o agora arguido Paulo Pereira Cristovão, que vem lançar novas provocações e insultos, falando de "condições pré-históricas". Isto enquanto os seus adeptos ateiam fogo ao Estádio da Luz. Isto parece surreal mas é factual. Como se não bastasse, dirigentes e comentadores sportinguistas, incluindo o seu Presidente e o Dr. Eduardo Barroso, têm o descaramento, a indignidade de vir dizer que "não se revêem" naquele comportamento, excusando-se a condená-lo. Na prática, a mensagem era clara: nós não podemos publicamente aplaudir, mas no fundo até achamos bem, achamos "divertido". "É para os lampiões aprenderem", terão muitos pensado.

Ora qual a reacção dos poderes dirigentes do futebol? Nenhuma.

E é assim que, 8 meses depois, surge finalmente a primeira consequência: o Presidente do Benfica é punido com uma suspensão.

Vale a pena dizer mais alguma coisa? Só isto: os dirigentes desportivos em Portugal brincam o fogo. Promovem a violência.

A época ainda não se iniciou mas já estamos perante um dejá vú.
Não contem comigo para isto.

2 comentários:

  1. é o mais preocupante mesmo. é que o futebol ainda não começou e já vimos como este conselho de justiça vai ser imparcial...

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  2. Ontem saiu uma decisão a punir o nosso presidente e ontem surgiu um árbitro a inventar um penalti a favor do porto ,prevejo uma época futebolistica interessante...

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