sábado, 29 de setembro de 2012

3 pontos, coisas boas e coisas a melhorar

O Benfica ganhou a um adversário bem organizado, que jogou bem e tentou pontuar mas, ao contrário de outros, não encarou este jogo como de vida ou de morte.
Já tenho referido este ponto: há equipas que jogam com o Benfica como se a sua vida dependesse do resultado desse jogo. Nalguns campos chegam a desaparecer os apanha-bolas e a aparecer vice-presidentes a tentar dar cabeçadas aos nossos jogadores. Muito diferente é, por regra, a forma como jogam com o Porto. São jogos monótonos, em que todos parecem mais ou menos tranquilos. Admito que o Benfica seja mais motivador mas isso não explicará tudo.

Voltando a Paços, o Benfica voltou a sofrer um golo na primeira oportunidade do adversário e teve que fazer a recuperação. Mais uma vez criámos oportunidades mais do que suficientes para vencer tranquilamente e desperdiçámo-las, acabando o jogo a sofrer e a dever a Artur uma defesa do outro mundo para garantir a vitória.

Talvez se trate apenas de azar, que por vezes persegue as equipas e de que o Benfica tem padecido. Mais uma vez os ferros protegeram os adversários. Mas há que ter mais objectidade em frente à baliza.

Nesse aspecto, há que dar a Lima total mérito pelos 2 golos. Foi rápido, acutilante e teve sempre o sentido de baliza. Foi oportuno e rápido duas vezes e podia ter marcado noutras duas. Uma excelente aquisição para a nossa equipa.

Mais uma vez gostei muito de Enzo. É mesmo jogador, sabe mesmo tratar a bola (o que se viu aliás em grande medida logo na primeira vez que actou pelo Benfica) e equilibrar a nossa posse. Tem capacidade de conduzir o jogo e de fazer equilíbrios no meio campo. Ontem mais uma vez mostrou que pode jogar naquela posição e jogou ainda noutras.

Muito bem também Sálvio, que sabe jogar no um para um, transportar a bola e criar múltiplas jogadas de perigo. Muita qualidade e muito pulmão.

Também a nossa defesa, particularmente os centrais, voltou a estar muito bem. Jardel está em óptima forma e a entrosar-se bem. O seu tamanho não o impede de ser rápido e ágil. Garay está um "patrão", não se coibindo de subir no campo como fazia David Luiz.

Nolito não está no seu melhor momento mas em contrapartida Gáitan está cada vez melhor. Rápido e sempre perigoso. Só lhe falta abandonar de vez certos preciosismos e bonitos que levam a perdas de bola (e de oportunidades) totalmente dispensáveis.

Boa entrada de Carlos Martins também.

Naquilo que o Benfica tem de melhorar a sério é na capacidade de concretizar as oportunidades e na não ceoncessão de faltas no último terço do terreno - especialmente nos últimos segundos do jogo! Foi uma aflição, sobretudo o lance em que a bola cai mesmo no centro da área e Artur faz-se gigante defendendo o que parecia um golo certo. São bolas que mesmo para os defesas são extremamente difícieis de tirar até porque um corte mal medido pode dar um golo na própria baliza.

Trouxemos os três pontos, que era o mais importante e a equipa mostrou-se concentrada. Mas de futuro espera-se melhor - e estou certo de que isso acontecerá.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Era bom que fosse verdade

Estará o Sporting finalmente a acordar, depois do longo adormecimento, embalado ao "colo" do Porto?
Era bom que fosse verdade. Na passada segunda-feira registei que Dias da Cunha, por uma vez, não tentou branquear a situação xistra e até elogiou Jorge Jesus por "ter tido a coragem" de, no ano passado, ter dito que o fiscal de linha tinha visto o fora de jogo de Maicon e não tinha querido marcar.
(A propósito, não deixa de ser irónico que seja Maicon, a autor do golo do título, 2 metros em fora de jogo, que tenha vindo a público defender os árbitros...seguido por Baía, que disse que no fim tudo se equilibrava - o tal mito. Era bom que fosse verdade.)
Mas falava eu do Sporting e de como eu gostava de que pudessemos por uma vez contar com um aliado não para colher qualquer benefício mas para moralizar o futebol português e pôr ordem nas arbitragens de uma vez por todas.
Tentei explicar no ano passado aos sportinguistas que excusavam de estar satisfeitos (porque de facto o ficam, pelos complexos de inferioridade que conhecemos) por ter "roubado" o Benfica, porque quem tinha roubado era o Porto e que se a situação fosse a inversa (se o Sporting estivesse na luta pelo título) seriam eles os prejudicados.
Como realmente têm sido várias vezes. Ainda na passada jornada o seu jogador marroquino foi expulso por levar dois encontrões. São coisas que só acontecem com os clubes de Lisboa.
O Sporting insisite porém em não ver isto, tal a sua cegueira anti-benfiquista, continuando convencido de que é o Benfica quem beneficia do sistema...
Esperemos que esta atitude mude. Se não mudar agora que as coisas são tão evidentes, estaremos mesmo perante um caso perdido no tocante à capacidade de percepção do Sporting acerca do que se passa no futebol português...
Esperemos, mas é melhor fazê-lo sentados.

As ilações da noite de ontem

Entre aquilo que se disse na imprensa e nos blogs, para além do meu anterior post, ficou coberta grande parte dos acontecimentos da noite passada. Pensei escrever um relato detalhado do que se passou mas creio que, até porque não apenas benfiquistas lêem o que escrevemos, é melhor deixar certas coisas dentro de portas.
O que não posso deixar de dizer, até porque é público e vem na imprensa, é que é inexplicável e intolerável lançar um petardo, dentro de um pavilhão, em seio de Assembleia Geral. Como o é insultar o Presidente do Sport Lisboa e Benfica, seja ele quem fôr, e outros associados.
Compreende-se que exista insatisfação (eu exprimi-a aqui múltiplas vezes e continuarei a exprimi-la sempre que ache que os interesses do Benfica não estão a ser devidamente defendidos).
Não está - nem podia estar - minimamente em causa o direito dos associados em rejeitar as contas. A apresentação e as explicações prestadas foram manifestamente insuficientes para um défice de exploração e para um passivo tão grande.
O voto de desconfiança foi dado e até aí nada há a apontar.
Sem sequer as intervenções mais apaixonadas e críticas daqueles que fizeram uso da palavra merecem qualquer reparo. Os excessos fazem parte do debate, num clube tão plural como o Benfica, que atravessa todos os extractos sociais e chega a todos os pontos do país.
O que não se pode porém admitir, num clube com a tradição democrática e de debate de ideias como é o Benfica, é que se procurem silenciar e condicionar aqueles que não pensam da mesma forma que nós.
Se se critica o modelo liderança de Vieira, nomeadamente por ser pouco transparente e democrático, não se pode actuar daquela forma.
Penso que nenhum benfiquista se deve regozijar com o que o que de errado se passou ontem. Até porque isso fragiliza a imagem do Benfica no exterior e prejudica a verdadeira cruzada que é preciso fazer pela limpeza do futebol português.
Se queremos um futebol limpo, sem manobras de bastidores, sem benefícios e coacções a árbitros, então temos que aplicar esse modelo dentro da nossa casa.
Houve ontem um apelo à unidade que lamento que não tenha sido mais ouvido.
Não está em causa, reitero, o direito da oposição a expressar-se (gostaria aliás de ter ouvido o juíz Rangel e outros membros da oposição assumida e não apenas Bruno de Carvalho). Está, isso sim, a necessidade de manter face ao exterior um mínimo de unidade. Caso contrário essas brechas não deixarão de ser exploradas pelos nossos adversários para nos prejudicar ainda mais no futuro. Quereremos ver no Benfica o triste espectáculo do Sporting dos últimos anos?
As eleições chegarão e nessa altura será a hora de nos pronunciarmos. Espero sinceramente que surjam candidatos credíveis e com ideias, que não tenham rabos de palha e não estejam presos a redes de interesses ou favores. Que sejam capazes de assumir a ruptura com o sistema. Mas até lá saibamos manter-nos unidos. O campeonato continua. Não esqueçamos quem são os verdadeiros adversários.

Relatório e Contas chumbado

Como alguns terão já visto na imprensa e tvs, o Relatório e Contas relativo ao exercício 2011/2012 foi chumbado numa Assembleia-Geral extremamente agitada e com alguns momentos lastimáveis de que darei conta durante esta sexta-feira.
Por agora direi apenas que se assitiu a um elevado nível de tensão e de uma oposição feroz ao Presidente, de um sector organizado mas não apenas.
Aliás a votação exprime-o claramente: em números redondos, mais de 6000 votos contra para apenas 4000 a favor e 300 abstenções.
Ao terminar a reunião, o Presidente da Assembleia-Geral disse que os orgãos do Benfica não deixariam de retirar as devidas consequências desta votação.
Foi um claro voto de desconfiança a Vieira, numa Assembleia-Geral em que se esclareceu muito pouco e se gritou (e insultou) muito.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Ainda as transferências de Hulk e Witsel

Não me alegro com a desgraça de ninguém mas também dificilmente poderá ser chamada de desgraça a situação de Hulk (e, em menor grau, de Witsel) neste momento no Zénite.

No entanto, não é agradável chegar a um clube e ser motivo de ataques dos próprios colegas.

A situação no entanto não me causa propriamente surpresa. Os valores quer das transferências, quer dos ordenados, pareceram-me desde logo manifestamente inflacionados. Os jogadores do Zénite não gostaram e um deles disse mesmo "se tivessemos contratado o Ronaldo ou o Messi ainda compreendia, mas não foi isso que aconteceu".

De Hulk disse eu neste blog, a dada altura: "os valores da transferência de Modric mostram que o que o Porto quer por Hulk é irrealista - a não ser que o dinheiro venha da Rússia" e, num outro momento: "Um jogador super protegido no campeonato português, o "super herói" apaga-se sempre nos palcos internacionais. Hulk é um bom jogador mas não é excepcional".

Agora confirma-se. O valor dos jogadores do Porto está inflacionado em Portugal em virtude do proteccionismo de que beneficiam por parte dos árbitros e do sistema. Houve certamente grandes jogadores no Porto: Jardel ou Falcao são os casos mais evidentes. Falcao está mesmo no top mundial. Por isso saiu por valores tão elevados. A maioria dos que saiem são porém bons jogadores que são transferidos (em parte por adulteração da competição em Portugal) por preços inflacionados - e o mercado europeu já o começou a perceber.

Olhe-se por outro lado para onde estão e como jogam os jogadores do Benfica que sairam nos últimos anos: Di Maria, David Luiz, Javi Garcia, Fábio Coentrão, Ramirez. Dois deles foram campeões europeus no ano passado (e como jogaram!), ao passo que Di Maria é titular e muitas vezes um dos mais perigosos jogadores do Real Madrid. Vaja-se como o próprio Saviola, a outro nível, está a demonstrar a sua qualidade. No entanto em Portugal eram "caceteiros", "simuladores"... E sofriam na pele essa fama. Neste nosso futebol a brincar, Aimar foi, de acordo com os árbitros e comissão disciplinar, o jogador que protagonizou o lance mais violento de toda a época passada! Isto parece uma anedota mas aconteceu mesmo...

Enfim, é só mais uma achega e mais um sinal de quão pervertido está o futebol em Portugal. Nesta medida compreendo perfeitamente e apoio a iniciativa dos adeptos para o jogo da próxima terça-feira com o Barcelona.

Assembleia Geral do Benfica

Terá hoje lugar uma Assembleia Geral do Benfica. Na agenda de trabalho está um ponto único: apreciar e votar o relatório de gestão e as contas do exercício de 2011/2012, bem como o parecer do Conselho Fiscal. É uma oportunidade de ouvir as explicações da direcção para o crescimento do passivo e o exercício negativo do ano passado (já sabemos que as vendas de Javi e Witsel não entram nessas contas, mas ainda assim há algumas coisas por explicar).

No entanto, face ao que se passa no mundo da arbitragem, será também uma oportunidade para algum sócio levantar a questão ou pelo menos trocar impressões à margem da AG. Como aqui tenho defendido há muito tempo, considero que o Benfica tem que assumir a ruptura com este estado de corrupto coisas. Hoje até Nuno Rogeiro fala do assunto na "Sábado". Começa a ser demais. Nesta medida penso que os sócios devem dar à direcção total apoio para continuar nesta luta e ir até às últimas consequências.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Investigue-se

Depois das acusações graves de Gomes da Silva terem tido repercussão na imprensa, não restava muito caminho à Federação senão investigar os alegados "avisos" ao Benfica e a Vítor Pereira de que se preparava um caldinho com a nomeação de Xistra para Coimbra.

Esta história tem todos os condimentos do futebol português: "erros" arbitrais, manobras de bastidores e suspeições de favorecimento. É o sistema. Há quem só se saiba movimentar em meios obscuros.

A ser verdade Vítor Pereira tem que se demitir - ou ser demitido -, da mesma forma que se não for verdade Rui Gomes da Silva terá que seguir o mesmo caminho.

Isto porque é inadmissível que o Presidente da Arbitragem possa ter sido avisado de que algo de obscuro se preparava e não tenha agido. O mínimo que - a ser verdade, reitero - teria que fazer era denunciar a situação aos orgãos competentes para que tudo fosse investigado.

Se houve um "aviso" há que: 1) identificar quem o fez e 2) questionar quem o fez acerca das razões que tinha para o fazer. Como se sabia que o Benfica iria ser prejudicado? Quem o decidira? Porquê?

Esta história é mais grave - MUITO MAIS GRAVE - do que parece à primeira vista. O "aviso" pode ser a prova de que existe falsificação no futebol português.

A ser verdade, este é um caso que o Benfica tem que agarrar com unhas e dentes, no sentido de que os denunciantes tenham todas as condições, nomeadamente de segurança e que nenhum "acidente" lhes acontece, para dizer tudo o que sabem. É uma oportunidade para acabar com os "esquemas" e para limpar de vez da arbitragem todos aqueles - e são muitos, são mesmo a maioria - que vivem deles, de favorzinhos, de jeitinhos, invariavelmente em benefício do mesmo.

Investigue-se. Até ao fim. E já agora chamem a Polícia Judiciária, porque aí temos garantias de que a investigação será autêntica e não de fachada.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Cruz dos Santos - especialista em arbitragem PORTUGUESA

Cruz dos Santos é, até ver, uma pessoa idónea, que, não temos razões para pensar de outra forma, diz o que pensa. Eu uso estas ressalvas porque pelo menos desde 2009 que as análises de Cruz dos Santos começaram a ser cada vez mais estranhas e curiosamente sempre desfavoráveis ao Benfica.

No nosso futebol falsificado, começa à segunda-feira o exercício "bater no Benfica". Foi com surpresa que ontem, depois da arbitragem xistremática de Coimbra, vi Dias da Cunha a tentar defender o Benfica. Tentar, porque Guilherme Aguiar não deixou. A partir do momento em que as imagens dos lances duvidosos começaram a passar, Aguiar começou a gritar cada vez mais alto, que não se via se era dentro ou fora, que o árbitro não podia ver, que o Nolito devia ser expulso por agarrar o árbitro...

Depois de levar dos árbitros no fim-de-semana, a partir de segunda começamos a levar dos comentadores. E isto pela simples razão de que são sempre dois contra um.

Durante a semana, o exercício continua. E dele faz parte Cruz dos Santos, um "especialista" em arbitragem e uma figura "insuspeita" ou não escrevesse ele n' "A Bola", "orgão oficial do Benfica" como não se cansam de dizer os seus colunistas Moreira e Sousa Tavares. Que aliás usam as suas crónicas para invariavelmente nos dar pancada...

Seja como for, é importante perceber como funcionam as coisas, quer dizer as análises à arbitragem.

Em primeiro lugar há uma triagem que é feita. Nesta triagem seleccionam-se os lances a analisar. Há uma primeira regra: QUALQUER lance em que exista a MÍNIMA HIPÓTESE do Benfica ter sido beneficiado, entra na selecção (e será escalpelizado ao pormenor). Depois há uma segunda regra: só os lances mais graves e evidentes em que o Benfica possa ter sido prejudicado são seleccionados.

(No jogo com a Académica há pelo menos 4 lances em que potencialmente fomos prejudicados e que são ignorados: a entrada brutal sobre Jardel (aceita-se o amarelo como se aceitava o vermelho por jogo violento), o fora de jogo de 3 metros de Marinho não assinalado (quando um de centimetros de Cardozo o foi) e dois possíveis penalties sobre Nolito.)

Mas cá em Portugal há a triagem de que falei. E feita esta triagem, passa-se à análise.

E então, explora-se o lado da análise do lance que nos é mais desfavorável.

Tome-se o lance de Maxi em Coimbra, o primeiro "penalty". Ponto um: estabelece-se que é falta. Ponto dois: é ou não dentro da área. E depois diz-se que o lance é "duvidoso", que o árbitro "não podia ter a certeza", que "dá a ideia que é dentro". E conclui-se que afinal não nos podemos queixar.

A questão é portanto colocada de forma capciosa e intencionalmente desonesta. A questão não é se a falta é dentro ou fora da área. A questão é se É OU NÃO PENALTY. Toda a gente sabe que há inúmeras faltas e faltinhas que são marcadas a meio campo ou contra os avançados que nunca o seriam se daí resultasse um penalty. Mas isto é tão evidente que eu nem deveria ter que o escrever. No entanto, onde a estupidez ou a desonestidade grassa, temos que constantemente estar a repor a verdade. O lance de Maxi NÃO É PENALTY. Ponto final. Admitia-se uma falta fora da área, embora existam dezenas de lances iguais durante os jogos não sancionados. O que não é, não pode ser nunca, é penalty.

Cruz dos Santos, o especialista, diz esta coisa espantosa, que Guilherme Aguiar também disse ontem: "nem a TV me conseguiu provar se o lance é fora ou dentro da área". Ora, se não conseguiu provar, porque se marca penalty? É que um penalty é, a par da expulsão, a decisão mais gravosa para uma equipa que um árbitro pode assinalar. Assume-se portanto que, em caso de dúvida, se prejudica o Benfica. Que Guilherme Aguiar exulte com esse preceito, compreende-se. Já Cruz dos Santos...

Depois temos o segundo "penalty". Aqui é evidente para todos que Garay joga apenas e só a bola e que depois há um contacto inevitável e o jogador da Académica cai. Aliás, o jogador da Académica de certa forma até se atira para a frente. Isto é de uma evidência absoluta.

Mas Cruz dos Santos não concorda. Para ele "no segundo penalty, o toque na bola não significa ausência de infracção e penso que ela existiu, em arrastamento de pé que provocou derrube do atacante."

Em primeiro lugar, isto é escrito num português muito pouco claro e até indigno de um "decano" do jornalismo. Mas se calhar corresponde ao desejado pois é tão confuso que, nas mentes simples, gera a nebulosa que importa agora criar para se branquear mais uma falsificação no futebol português.

Arrastamento de pé? O que é isso?

O que as imagens mostram é só isto: Garay toca na bola e só na bola. Normalmente diz-se que tem que tocar primeiro na bola. Neste caso, ele só toca mesmo na bola.

Introduzem-se assim novos conceitos, como o do "arrastamento de pé" que, note-se bem, "provocou o derrube". Ora um derrube não se provoca, um derrube faz-se.

O que dizem então as regras do futebol (em que Cruz dos Santos é suposto especialista) sobre livres directos?

Passo a citar:

Um pontapé-livre directo será concedido à equipa adversária do jogador que, no entender do árbitro cometa, por negligência, por imprudência ou por excesso de combatividade, uma das sete faltas seguintes:
  • dar ou tentar dar um pontapé num adversário;
  • passar ou tentar passar uma rasteira a um adversário;
  • saltar sobre um adversário;
  • carregar um adversário;
  • agredir ou tentar agredir um adversário;
  • empurrar um adversário.
  • entrar em tacle contra um adversário
Um pontapé livre directo será igualmente concedido à equipa adversária do jogador que cometa uma das três faltas seguintes:
  • agarrar um adversário;
  • cuspir sobre um adversário;
  • tocar deliberadamente a bola com as mãos (excepto o guarda-redes dentro da sua própria área de grande penalidade).
Ora como Garay não cuspui, não agrediu, não agarrou, não tocou com as mãos na bola, não fez tacle, não empurrou, não saltou sobre e não carregou o adversário, restam duas hipóteses. Pergunto então: Garay deu ou tentou dar um pontapé no adversário? Garay passou ou tentou passar uma rasteira ao adversário?

É evidente que não. Porquê então marcar penalty? E porquê falar num "arrastamento de pé" que "provocou o derrube"?

Cruz dos Santos não é, lamento dizê-lo, um perito em arbitragem. É um perito, isso sim, em arbitragens à portuguesa, que é uma coisa bem diferente.

Voltando ao futebol

1. Independentemente da arbitragem, é um facto que o Benfica desperdiçou inúmeras oportunidades em Coimbra. Aliás este é um padrão dos últimos anos, a que não será estranho o modelo de jogo: a grande velocidade usada, o avassalador caudal ofensivo e o elevado ritmo de jogo levam a que por vezes falte algum discernimento à frente da baliza. Por outro lado - e isto também é consequência do modelo de jogo, em particular do 4-1-3-2 em que jogávamos na altura, depois de Aimar substituir Enzo - o Benfica não pode permitir que os adversários corram quase sem oposição desde o meio campo até à nossa área como acontece no lance do segundo "penalty" da Académica.

2. Em relação a Cardozo, que vejo constantemente adeptos do Benfica a criticarem, gostava de dizer o seguinte. Há questões que não são racionais e portanto não se pode esperar que duma argumentação resulte persuadir seja quem for. Há pessoas que parecem odiar Cardozo (porquê não sei, embora alguma indolência, aliás resultante da compleição física do jogador, o possa parcialmente explicar) ao passo que outros o defendem, mais não seja com o simples facto de que é o melhor marcador do Benfica das últimas décadas.

Face a este facto e à boa entrada de Lima no jogo, penso que Jorge Jesus deveria ponderar num próximo jogo dar a titularidade ao brasileiro, que, além de ser um bom jogador, tem uma acutilância diferente da dupla Rodrigo-Cardozo. JJ só tem a ganhar: se Lima marcar muitos golos será ótimo para a equipa; se não marcar pelo menos abrandam as críticas a Cardozo e este terá outra tranquilidade para jogar.

3. Percebe-se a intenção de Jesus em dar a titularidade a Bruno César contra a Académica - dar outros equilíbrios ao meio campo. Aliás eu falei disso mesmo na passada semana. No entanto, o brasileiro não parece em boa forma. Se no início do jogo até funcionou, tendo mesmo feito um cruzamento de morte, que resultou na segunda bola ao ferro, a verdade é que com o decorrer do jogo, Bruno César perdeu fôlego e fez demasiados passes errados. Estará talvez na hora de dar uma oportunidade a Nolito como titular e talvez convocar finalmente Olha John.

4. Maxi Pereira tem que ter calma. Se é verdade que no lance do primeiro "penalty", a haver falta (para mim não é óbvio que haja e estou até convencido de que se tivesse paciência para procurar, encontraria inúmeros lances semelhantes por parte dos defesas do Porto nunca sancionados), ela é fora da área, não o é menos que a sua entrada é imprudente. Sabendo que à menor oportunidade os árbitros apitam contra o Benfica, ele deveria abster-se de lhes dar tais veleidades. Por outro lado, na fase final do jogo, Maxi poderia - e deveria - ter sido expulso. Não o foi porque Xistra sabia bem o que tinha feito anteriormente.

5. São algumas ideias e apontamentos que espero que Jesus pondere antes até sexta feira, quando enfrentaremos novo jogo difícil, fora contra o Paços de Ferreira. Há que recuperar a tranquilidade e o equilíbrio emocional e fazer um jogo sério e sem falhas.

Benfica pede (?) demissão de Vítor Pereira

Depois das declarações a quente de Jorge Jesus e dos jogadores, Rui Gomes da Silva foi a voz da indignação benfiquista.

Disse que Vítor Pereira já não mandava na arbitragem e tirou Fernando Gomes deste filme. Foi aliás o próprio Fernando Gomes, Presidente da FPF, que disse a Gomes da Silva, ainda no Domingo num encontro da Associação de Futebol de Lisboa em que estava também Vítor Pereira, que nada tinha que ver com as arbitragens. As responsabilidades recaiam, sempre de acordo com Fernando Gomes, em Vítor Pereira, que tinha autonomia para gerir o sector.

Seguidamente, o Presidente do Conselho de Arbitragem, Vítor Pereira, veio no essencial dizer que estava contente com as arbitragens e desvalorizar os erros, que seriam afinal humanos e constituiriam apenas "5 %" do total de decisões de um árbitro numa partida.

Ou seja, o Presidente da Federação diz que não é nada com ele e o Presidente do Conselho de Arbitragem (que depende hierarquicamente de Gomes) diz que nada se passa.

Lamentável e a confirmar os meus piores receios. Ou seja, perante mais uma situação de manifesto e objectivo prejuízo ao Benfica, ninguém é responsável, não se passa nada e todos assobiam para o lado.

Rui Gomes da Silva veio então dizer que Vítor Pereira já nada manda, sugerindo que são outras figuras obscuras quem faz as nomeações e decidem as classificações dos árbitros, através dos famigerados observadores. Gomes da Silva pediu num primeiro momento a demissão de Vítor Pereira mas depois pareceu recuar. Luis Filipe Vieira por outro lado ainda não se ouviu e ouvi dizer que tinha gripe.

Tudo isto confirma o que penso há muito. O futebol português é um pântano, onde influências subterrâneas se movimentam e "cozinham" campeonatos. Os árbitros não têm objectivamente condições para apitar a este nível, quer subjectivas, quer objectivas. Estão condicionados pela necessidade de agradar a quem lhes faz a carreira. E para agradar nada como prejudicar o Benfica em benefício do clube do Porto.

Ou seja, o sistema continua vivo e bem vivo, mascarando-se e escondendo-se agora atrás de figuras de fachada que afinal nada mandam, pois o poder está onde sempre esteve. E agora até tem uma chancela de legitimidade, dada pelo esfíngico Gomes e por estruturas cuja independência e isenção fica muito bem no papel mas que na realidade não passam de uma cobertura para o que realmente acontece nos bastidores.

E o que se passa é que os observadores, controlados pelo Porto determinam classificações e que os árbitros sabem como agradar aos observadores, prejudicando o Benfica.

As regras existem, simplesmente a sua aplicação é de tal forma arbitrária que sempre se encontra forma de prejudicar o Benfica. Veja-se o cartão amarelo dado a Melgarejo no jogo de Coimbra. Realmente as regras dizem que um jogador deve ser punido com essa sanção quando peça ao árbitro um cartão para o adversário. Mas quantas vezes essa regra foi aplicada? Eu lembro-me desta.

As imagens televisivas para punir disciplinarmente foram aplicadas uma vez em Portugal - para castigar Rui Águas há anos.

As regras que castigam declarações dos agentes do jogo sobre arbitragens - foram aplicadas a Jesus depois do jogo com o Porto mas não o foram a Vítor Pereira (o treinador) quando, após perder com o Gil Vicente, disse que "podiam" encomendar as faixas de campeão para o Benfica.

O castigo a Aimar por dois jogos, para não jogar contra o Braga na Luz e em Alvalade contra o Sporting.

A expulsão de Cardozo, num jogo em que não fez nenhuma falta e em que levou um segundo amarelo por agredir a relva.

O castigo a Vieira, por declarações inóquas nesse mesmo jogo quando minutos antes um dirigente do Sporting se referira ao Benfica como oferecendo condições "pré-históricas" aos adeptos adversários e ao mesmo tempo que os adeptos do Sporting lançavam em chamas o Estádio da Luz.

O castigo a Luisão por "agressão", num jogo particular, quando ainda o ano passado Belushi tinha feito praticamente o mesmo e nem amarelo levou num jogo oficial da Liga.

Eu podia escrever aqui 10 páginas de aplicação selectiva de regras e critérios, SEMPRE em desfavor do nosso clube. Será que os dirigentes do Benfica não vêm aqui um padrão?

E satisfazem-se com justificações tão parcas como as de Gomes? Ou com as patéticas declarações de Vítor Pereira?

Para mim não há caminho com este sistema e por isso apelo a uma ruptura completa, exigindo-se de uma forma muito firme, séria e estando preparado para enfrentar todas as consequências, a demissão de todos os orgãs dirigentes e uma regeneração completa do futebol português. Que pena, volto a dizer, que o trabalho sério, honesto e independente de Hermínio Loureiro não tenha tido continuidade. Foi uma oportunidade única de limpar o futebol português.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

As próximas actuações do sistema

Para o sistema, ontem a coisa correu bem por um lado (o objectivo foi alcançado e o Benfica perdeu pontos) mas mal por outro.

O que correu mal é que a actuação do árbitro foi tão escandalosa que até Freitas Lobo (o tal que diz que fala do "jogo" e não das arbitragens) não pôde omiti-la da sua análise.

O que vai acontecer agora é que existirão declarações de compreensão pela indignação do Benfica oriundas da Federação e talvez até de personalidades ligadas à arbitragem.

E, para compor mais o ramalhete e nos "tirar" razões de queixa, teremos, num próximo jogo (de preferência um jogo na Luz contra um pequeno), um penalty mal assinalado a nosso favor ou uma uma expulsão de um adversário.

Teoria da conspiração?

Para quem acredita que assim seja, nada posso fazer. Do meu lado tenho "apenas" 30 anos de confirmação.

Uma pergunta aos leitores: ouviram as escutas?
Sabem quem é o "Pato"? E o que disse o Pato sobre Deco, na sua coluna a fingir n' "O Jogo"?

Os que não ouviram vão ao youtube que vale a pena e se quiserem comentem depois.

Quem ouviu sabe que a "teoria da conspiração" é, pelo contrário, uma realidade bem palpável - ou audível.

Vejam também a história de Rui Rio, que, depois de ter que fugir dos superdragões, se transformou num "fanático dos pópós". Também não sabem desta? Esta não foi há 4 ou 5 anos. Foi há meses. Vão ver ao google e depois constatem com que tipo de canalha estamos a lidar.

Vejam as histórias de Carolina e o filme de João Botelho.

Serão teorias da conspiração um bataclan ainda hoje aberto no Porto frequentado por gentes do futebol? De onde vieram certas "companheiras" de quem nós sabemos. A quem pertenceu (julgo que já não pertencerá mas não estou certo) esssa casa de má fama? Será de um ex-boxeur?

Só não assassinaram um vereador eleito porque não calhou. Chama-se Ricardo Bexiga e a história merece ser conhecida. Quem foi o mandante? Mas neste país tudo cai no esquecimento e o caso foi arquivado.

Notem bem: nas próximas semanas, seremos benefiados, na realidade ou no mundo virtual das páginas dos desportivos e programas de comentários, de forma a que tudo se atenue, tudo se esqueça e se crie a ideia, que logo muitos virão sublinhar, de que nas contas finais erros a favor e contra equivalem-se e de que quem ganha é porque o mereceu e não há campeões sem mérito.

Pela minha parte, não o podendo evitar, posso porém alertar e advertir que assim acontecerá. E, acima de tudo, renovar o apelo a todos os benfiquistas que acedem a este blog e que estão cansados do sistema vigente no futebol português: ruptura, ruptura completa, definitiva e irreversível com o sistema, sejam quais forem as consequências.

Basta - é hora de derrubar o sistema

Portugal está como está: todos os dias somos bombardeados com más notícias, matraqueados com uma crise que já passou a depressão profunda e da qual parece não haver saída.
São manifestações, é o desânimo geral de se estar num túnel e não se vislumbrar saída. E isto não apenas em Portugal mas em toda a Europa.

Chega o fim de semana e milhões de portugueses como eu desligam das notícias e das desgraças e preparam-se para descontrair, não pensando nos males do mundo e usufruindo do descanso e do lado lúdico da vida. É aí que entra o futebol, que é um JOGO. Queremos golos, emoção, jogadas bonitas, competição, incerteza.

Queremos mas não temos.

Não porque a nossa equipa não jogue bem ou não marque golos - ainda ontem, sob chuva torrencial, depois de uma eliminatória europeia a meio da semana - marcámos dois, vimos um jogador isolado ser parado por um fora de jogo inexistente e mandámos 3 bolas aos ferros.

Não temos porque em Portugal o jogo está viciado.

Há 30 anos, semana sim, semana não (quando não são seguidas), temos espetáculos como o de ontem, nos quais os árbitros assumem o protagonismo, agravados ainda com castigos disciplinares pelo meio.

É hora de dizer BASTA. Os benfiquistas que não vêm isto agora, que está escarrapachado à frente dos olhos, nunca o verão.

Perder ou ganhar é desporto. Todos aceitamos perder ou empatar quando jogamos mal ou o adversário foi superior. Agora ter que engolir semana após semana, ano após ano, roubo, roubo e mais roubo, para mim ultrapassa os limites.

Que direito têm estes poderes podres do futebol em roubar aos benfiquistas o prazer de assistir aos fins de semanas a um jogo LIMPO, SEM MANIPULAÇÕES, EM QUE GANHA O MELHOR?

Porque é mesmo só isto que queremos!

Porque raio temos que passar fins de semana indispostos, revoltados, pela acção, no mínimo incompetente e parcial, no máximo corrupta e manipuladora, de árbitros e orgãos dirigentes do futebol?

Nós, que ALIMENTAMOS o futebol português, que sem o Benfica estaria moribundo, sem espectadores nos estádios e nas televisões!

É hora de dizer chega.

Pela minha parte estou absolutamente certo que é hora de agir. Diria mesmo que esta é a última oportunidade de agir. Caso contrário o Benfica entra numa rota descendente irreversível que o levará a ser um novo Sporting. E depois não há retorno possível.

APELO A TODOS OS BENFIQUISTAS que me lerem e a todos os blogs para lançar um movimento, a começar hoje e que passe pela Assembleia Geral do Benfica, no sentido do nosso Presidente DENUNCIAR, sem mais panos quentes e falinhas mansas, a FALSIFICAÇÃO COMPLETA DO FUTEBOL PORTUGUÊS.

Chega de falarmos nos blogs, de nos revoltarmos e nada fazermos. A nossa saúde, a nossa sanidade mental, as nossas famílias merecem que passemos das palavras aos actos.

Aquilo a que apelo é que todos os benfiquistas juntem forças, se unam, fazendo jus ao seu lema, e que iniciem, no imediato, um movimento de RUPTURA TOTAL E ABSOLUTA COM O SISTEMA, para levar até às últimas consequências, sejam elas as que forem.

NO IMEDIATO, este movimento deve exigir ao Presidente do BENFICA QUE RETIRE O SEU APOIO AO PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO E A TODOS OS ORGÃOS DIRIGENTES DA ARBITRAGEM E DA DISCIPLINA.

Que denuncie e assuma a sua ruptura, sem medo de dizer alto e bom som o que está a vista de todos e tudo o mais que se souber ( e não deve ser pouco) e que leve essa postura às últimas consequências, com a certeza que todo o universo benfiquista estará por detrás e a apoiará incondicionalmente, sem receio de castigos nem de represálias. Eles que venham.

NINGUÉM PODERÁ IMPEDIR O BENFICA E OS SEUS DIRIGENTES DE DENUNCIAR ESTA FARSA. Ninguém pode calar esta indignação. Porque de facto basta. Já cansa de tanta fantachada. Diz o povo que o que é demais já cheira mal.

Já ninguém acredita neste futebol e pela sua sobrevivência, pois gostamos deste jogo e queremos voltar a ter prazer em vê-lo aos fins-de-semana, há que assumir em pleno a ruptura com este estado de coisas podre.

O Presidente do Benfica contará certamente com milhões de adeptos nesta sua missão.

É preciso COMEÇAR DO ZERO. COM NOVOS ÁRBITROS, NOVOS OBSERVADORES, NOVOS DIRIGENTES.

CASO CONTRÁRIO, O BENFICA DEVE IMPUGNAR A COMPETIÇÃO E PONDERAR BOICOTÁ-LA sem medo das consequências que daí advenham. Sem o Benfica não há competição, não há a seiva que de que se alimenta o sistema.

É preciso ROMPER, é preciso fazer uma REVOLUÇÃO COMPLETA DO FUTEBOL PORTUGUÊS que tire os árbitros e o poder do futebol DA ÓRBITA DO FUTEBOL CLUBE DO PORTO E DA SUA ASSOCIAÇÃO DE UMA VEZ POR TODAS.

CHEGA DA PODRIDÃO DAS HOMENAGENS A ÁRBITROS E VERGONHOSOS COMPADRIOS.

Caso contrário não vale a pena gastar as nossas saúdes a sofrer com esta fantochada a que chamam de Liga Portuguesa. Ofereçam entre si os títulos e as homenagens. Pelo menos não pagamos para ver. Com a carteira e com a saúde.

Apelo a todos os blogs amigos, a todos os benfiquistas que divulguem tanto quanto possível esta mensagem e que contribuam para que este movimento se torne numa força imparável. À direcção que o assuma e que se não puder ou por falta de força ou por ter telhados de vidro, que dê lugar a outros.

Para os cépticos e agnósticos

Aos que defendem que o Benfica ganharia sempre, se jogasse o que devia, independentemente das arbitragens, gostaria de submeter o seguinte.

Defendem vós, tão benfiquistas do que eu, disso não tenho dúvidas, que o Benfica está obrigado em todos os jogos a marcar 3 golos? Com um adversário todo fechado na defesa e a só precisar de ir 3 vezes à frente para "marcar" dois golos?

É que ontem, em circunstâncias normais, sem Xistras, não teríamos sofrido nenhum golo. Mas com Xistra sofremos dois.

O argumento, levado às últimas consequências é portanto o de que o Benfica está obrigado a marcar pelo menos 3 golos para ganhar, ou a dar um avanço ao adversário de dois golos.

Contas interessantes.

Por outro lado, se tivessemos sofrido um golo de bola corrida (como pode acontecer em qualquer jogo, num lance fortuito, por muito bem que se jogue e muita segurança defensiva que se tenha - mesmo contando com o facto do nosso capitão estar dois meses suspenso...), então já teríamos que marcar 3 apenas para não perder e 4 para ganhar...

Contas interessantíssimas.

Defendem vós que lances como o de Cardozo, que não estava fora de jogo, são insignificantes em matéria de jogadas de perigo ofensivas?

Imaginando que o lance do Cardozo isolado dava golo, o qual foi anulado à partida, está então o Benfica obrigado (por um qualquer misterioso decreto) a marcar 4 golos (um dos quais anulado) para conseguir empatar e 5 para ganhar?

Vamos admitir que sim, que é isto que se deveria exigir ao Benfica.

E ao fim de 10 jornadas com arbitragens destas ou semelhantes e nas quais os nossos rivais ganham os seus jogos marcando 1 ou 2 golos, sem ter que correr muito, porque há sempre um penalty ou expulsão do adversário, ou porque o adversário sofre 4 golos mas só faz 6 faltas, em que condições físicas chegam os respetivos jogadores na altura de se defrontarem entre si?

E nesses jogos, nesses clássicos, também se aplica a máxima de que o adversário tem direito a benesses e nós só podemos esperar prejuízos mas mesmo assim temos "obrigação de ganhar"?

É Jesus que estoira as equipas ou são factores estranhos ao jogo que nos desgastam para além do razoável?

Alguém pode ignorar a frustração patente nos nossos jogadores, após o seu esforço em campo ser defraudado e desvirtuado pelas manipulações agora já evidentes e descaradas? Que stress e desgaste físico e psicológico causam tais jogos nos nossos atletas? E como o comparar com as "festas" nos jogos em que outros participam, que chegam ao cúmulo de envolver abraços e beijos entre jogadores, técnicos e árbitros?

Ficam as perguntas.

domingo, 23 de setembro de 2012

Assassinam o futebol

O que se pode dizer?
Falhamos golos? Claro, todas as equipas falham, desde o Barcelona ao Real Madrid. Robben, Higuain e até Ronaldo falham como Cardozo falhou hoje.
O treinador comete erros? Todos cometem, desde Mourinho, a Heinckes, de Capelo a Domingos a Jesus.
Tivemos azar? Tivemos, três bolas aos ferros em 15 minutos não é uma coisa normal.
Juntem esta combinação e apliquem-lhe um Xistra em cima. Ou um Capela. Ou um Proença. Ou um Hugo Miguéis. Ou, nos dias inspirados, um Jorge Sousa.
E está feito.
No fim do ano temos...

Porto campeão.
Há décadas que este filme se repete.

Verdade desportiva? Fair Play? Valores desportivos? O melhor vence no fim?

Talvez noutras paragens. Aqui o filme é outro.

E não vale a pena dizer muito mais. A quente dizemos o que não queremos realmente - ou não devíamos querer.

Só peço uma coisa. Pelo menos não nos tentem fazer de parvos. Roubem, levem os campeonatos, as taças, tudo falsificado. Mas não nos venham dizer que ganham porque são melhores e trabalham mais.

E aos adeptos do Benfica peço também que não se virem contra os nossos jogadores e treinadores. O stress e desgaste que sofrem por arbitragens desta jaez é tremendo.

Os outros, os "campeões" se tivessem que passar pelo que nós passamos durante uma época, o desgaste mental, físico e psicológico, certamente que não cantariam de galo como cantam. Que não andariam aí a rir-se como riem. Ganham com penalties falsificados, com golos em fora de jogo, com oponentes reduzidos a 10 sem razão, com jogadas anuladas aos adversários por foras de jogo inexistentes.

A nós é a inversa.

Ano, após ano, após ano.
Começo a estar cansado de tanta porcaria.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Enzo Peres e o meio campo do Benfica

Face à saída de última hora de Witsel o Benfica ficou com um problema no meio campo.

Como todos se recordam, no primeiro ano de Jesus no Benfica, Javi Garcia assumia sozinho o lugar mais recuado do meio campo (à frente tinha Aimar) mas a versatilidade e a tremenda capacidade física de Ramirez davam à equipa um equilíbrio defensivo que se perdeu no ano seguinte. Foi o tal ano catastrófico em que a equipa parecia bipolar. Apanhado em contrapé, o Benfica expunha-se tremendamente - e consequentemente sofremos um número anormal de golos nessa época, perdendo ingloriamente vários troféus (nomeadamente não estando, pelo menos, nas finais da Liga Europa e da Taça de Portugal).

Na terceira época de Jesus, foi contratado Witsel. Inicialmente pensando-se tratar-se de um substituto para Aimar (que foi nalguma medida), Witsel veio sobretudo dar outro desenho ao nosso meio campo. Jogava tanto ao lado como à frente de Javi, permitindo outros equilíbrios, outra gestão da posse de bola e outra segurança defensiva.

Este ano perdemos Witsel (e Javi) pelo que a forma de jogar terá que ser outra.

Nesta medida, há soluções que se podem utilizar para jogar à frente de Matic. Desde logo Carlos Martins: quando em boa forma física penso que poderá ser titular muitas vezes. Mas também há Bruno César, que pode jogar no meio, com características diferentes de Aimar. E, além deste último (que jogará sobretudo num esquema de apoio a um único ponta de lança ou como 10, sozinho à frente de Matic, em jogos "fáceis" em casa), há ainda Enzo Peres.

O jogo de ontem de Enzo agradou-me, tal como já tinha gostado da sua exibição em Setúbal, numa posição diferente, na ala mas derivando também para o meio, onde se sente muito bem.

Enzo tem características diferentes dos nossos restantes jogadores pois gosta de ter a bola, que trata muito bem. É um futebolista maduro, que tem noção o que fazer à bola, no que recorda Witsel. Não tem a mesma capacidade defensiva deste último mas tem uma maior intencionalidade atacante. Enzo tem ainda polivalência, pois além da ala e da posição 8, como agora se diz, pode ainda jogar mais à frente, como 10, na posição de Aimar. Conheço aliás quem defenda que esse será o seu lugar mais natural no futuro.

A sua boa exibição no exigente jogo de ontem, de que o momento alto foi o passe soberbo a isolar Rodrigo, é mais um aspecto positivo que retiro do jogo de ontem.

Início positivo

Face a tantas mexidas em tão poucos dias era difícil pedir mais à equipa.
O Benfica foi irrepreesível na defesa, face a um adversário muito poderoso fisicamente que tentou intimidar a nossa equipa (com o árbitro a deixar jogar, como eu aliás defendo que deve ser), nos pressionou muito e que constantemente tentou chegar de forna directa à nossa baliza, ora com cruzamentos ora com passes em profundidade.

É verdade que poderíamos ter ganho, arriscando um pouco mais.
A equipa teve uma ótima prestação defesiva mas foi curta no ataque. Aimar não esteve, a meu ver, bem e Rodrigo consequentemente esteve muito desapoiado. O próprio Matic foi por vezes lento a fazer o primeiro passe (e perdeu ou ia perdendo algumas bolas na primeira parte) e isso condicionou logo à partida a qualidade da nossa posse de bola e consequentemente das jogadas atacantes do Benfica. Sálvio teve boas iniciativas (nomeadamente a que deu o amarelo ao defesa esquerdo do Celtic) mas nem sempre foi suficiente rápido ou expedito a perceber o que fazer com a bola. O problema era que havia pouca gente no ataque, uma vez que todos estavam preocupados (e com razão) em tapar os caminhos e apoiar os colegas que não têm jogado. Diga-se a este propósito que Matic, apesar das críticas que já faz, melhorou na segunda parte, André Almeida foi uma boa surpresa mas sobretudo que Jardel foi enorme. Garay, já fora do lote de "suplentes", fez também uma ótima exibição, com antecipações constantes e capacidade para avançar com a bola até ao meio campo adversário e Melgarejo esteve bem, sempre seguro.

Para mim o melhor do Benfica foi Gaitan. Foi o jogador que mais foi capaz de desequilibrar, que teve arranques impressionantes (quando metia a 5ª parecia imparável) e que quase sozinho foi capaz de fazer estragos na defesa do Celtic. Não fez tudo bem, como é evidente, mas foi aquele que mais pareceu capaz de nos dar a vitória e que esteve envolvido em alguns dos principais lances de perigo da segunda parte.

Num campo onde tínhamos 3 derrotas (todos os jogos ali disputados) conseguimos um ponto. Face às ausências, penso que temos que considerar este resultado positivo. Podíamos ter arriscado mais e ter ganho - mas também nos expunhamos mais a perder. Não concordo com as opiniões de quem diz que Spartak ali ganhará com naturalidade. Penso até que poderá acontecer o contrário: com Samaras e com a tradicional permeabilidade defensiva das equipas russas (que ontem em Barcelona não se viu, é verdade, mas que acredito que se refletirá nooutros jogos)  penso que o Celtic poderá ganhar. Aliás é o único jogo que poderá ganhar em casa (e fora ainda mais) e certamente tudo fará para dar essa alegria aos seus adeptos.

As contas (admitindo que o Barcelona ganha todos os jogos) são portanto simples: a qualificação decide-se nos jogos com o Spartak de Moscovo.

Por fim, quanto à arbitragem, pareceu-me que deixou jogar e permitiu uma grande dose de contacto físico, o que à partida se enquadra melhor no jogo dos escoceses. Mas como disse atrás concordo com esse tipo de abordagem ao jogo. Nada é pior do que um jogo constantemente interrompido com faltas e faltinhas, sem ritmo de nenhuma espécie. Os pretensos penalties não o são para mim em nenhum dos casos. No de Rodrigo há um abalroar do nosso jogador pelo guarda-redes mas já depois do remate de Rodrigo e do próprio guarda-redes tocar a bola. No lance de Melgarejo, este não rasteira o avançado do Celtic, pelo contrário encolhe-se para o deixar passar. Dá ideia que ambos se tocam mas muito ligeiramente. Na sequência desse leve contacto o avançado ou tropeça no chão ou se atira deliberadamente para a relva (não consigo determinar qual das duas).

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Em Glasgow

O Benfica nunca ganhou e nunca marcou em casa do Celtic.
Trata-se de um adversário perigoso quando joga em casa, face ao grande ambiente criado pelos seus adeptos e à determinação dos seus jogadores, que compensam algumas carências técnicas com muita vontade, agressividade e futebol direto.

O Benfica tem porém hoje uma boa oportunidade de pela primeira vez alterar este estado de coisas e ganhar o jogo. Se o conseguirmos damos um passo que poderá ser muito importante para a qualificação.

Técnica e tacticamente, o Benfica é superior. Tem melhores jogadores e superior cultura futebolística. Vai jogar com uma equipa muito diferente: não jogam Maxi e Luisão, além obviamente de Javi e Witsel. Nem Carlos Martins poderá dar o seu contributo. No entanto, no Celtic não jogam também Samarras e outro avançado habitualmente titular. Por outro lado, o futebol irlandês vive um momento difícil (o grande rival do Celtic, o Glasgow, da mesma cidade, desceu para a terceira divisão por falta de liquidez financeira) e o clube católico desinvestiu consideravelmente no futebol. A competitividade do futebol irlandês diminuiu, o que naturalmente não contribui para o poderio do Celtic, que neste momento e com a descida do Glasgow praticamente deixou de ter oposição interna.

Nessa medida, o adversário de hoje está ao nosso alcance. Confio em Jesus para suprir as ausências e apresentar uma equipa competitiva, como confio na capacidade dos jogadores que estarão em campo.

Se jogar Enzo no meio, Sálvio poderá também derivar para o meio nalgumas ocasiões, porque são terrenos em que se movimenta também bem, e dar algum auxílio ao seu compatriota, equilibrando o meio-campo. De Gaitan (que se pensa que voltará à titularidade) espero as suas melhores arrancadas e esticões no jogo que desarticulem a defesa irlandesa. Miguel Vítor é um jogador que dá imensas garantias, um jogador à Benfica, pela sua tremenda raça e constante espírito competitivo. Não será evidentemente um Maxi mas num jogo fora isso poderá também ter algumas vantagens, até porque no ataque não falta velocidade e "poder de fogo".

Vencer hoje traria uma vantagem adicional: mostraria que a equipa era capaz de ultrapassar adversidades e reforçaria o espírito colectivo, imprescindível para ganhar troféus.

Venha então a Champions. E tragam de Glasgow essa vitória que ainda não consta do nosso palmarés.

Conseguiram o que queriam ou a lei de murphy

Desde o primeiro momento que considerei que Luisão tinha arriscado um castigo pesado. Na altura alguma imprensa dizia que esse castigo não era provável, o que era uma boa notícia mas não apagava o erro cometido, aliás totalmente desnecessário.

Simplesmente a chamada lei de Murphy aplica-se ao Benfica como uma certeza matemática.

Porquê? Será um mero acaso?

Eu penso que não.

Ponto prévio: reitero que Luisão, que prezo imenso, que me deu uma alegria gigantesca em 2005 e muitas outras ao longo da sua grande carreira no Benfica, cometeu um erro. Um erro de avaliação: correu extemporaneamente para o árbitro.

Tenho porém a certeza absoluta que a sua intenção não era agredir o árbitro. A coisa sai de proporção quando o árbitro cai daquela forma patética. O mal estava porém feito e o importante era atenuar os estragos. Falar com o árbitro, falar de imediato com o clube alemão. Esse trabalho cabia à direção e não foi feito. O Benfica - mais uma vez - andou distraído. Mas outros estavam - estão sempre - atentos. E não deixam passar oportunidades destas. A lei de murphy aplica-se ao Benfica porque o Benfica tem inimigos (não adversários mas inimigos) que se movem nos meandros do futebol com tremenda eficácia.

O castigo de Jorge Jesus (15 dias durante o defeso) serviu para mostrar que afinal o CD da Federação era nosso "amigo". Tal como Fernando Gomes era nosso amigo e tinha-se zangado com Pinto da Costa quando quis ser eleito para Presidente da Liga (e depois da Federação, quando o poder disciplinar para ali foi transferido).

Acreditem no que vos digo, a lei de murphy aplica-se ao Benfica porque há gente no futebol português que não dorme em serviço. Que sabe muito bem o que anda fazendo.

Depois da "ajuda" e do castigo "amigo" no caso de Jesus (que nada interessava) veio o castigo de Luisão.

Luisão deveria ter sido castigado por comportamento incorrecto. E a fundamentação do parecer deveria ser a de que se tratava de um jogo particular e que não tinha existido nenhuma intenção de agredir o árbitro mas sim um acto irrefletido que tinha tido consequências indesejadas e pelas quais o jogador, aliás exemplarmente correcto durante toda a sua carreira, estava profundamente arrependido.

A moldura penal seria assim outra e o castigo mínimo não seriam 2 meses mas sim 2 jogos.

O Benfica deixou-se dormir - os outros não. Os outros, e penso que Guilherme Aguiar ter-se-á traído quando, cheio de si próprio e provavelmente sabedor do que vinha a caminho, falou na segunda-feira dos grandes amigos que tinha na UEFA e das suas funções de observador internacional, andavam trabalhando nos bastidores para ter a certeza de que o caso estava nos radares da UEFA e FIFA e que assim fosse colocada pressão sobre o CD da Federação.

Nos dias que antecederam o castigo interno foi-se passando a convicção de que se o castigo não fosse pesado a FIFA o poderia agravar. O CD, pressionado, achou que o melhor seria então dar logo uma pena grande, interpretando a "peitada" como agressão. O Benfica calou-se mais uma vez porque ficou satisfeito de, pelo menos, o mesmo não se alargar às competições internacionais.

Mas, mais uma vez, outros não dormiam. Então se o Benfica aceitava que se tratara de uma agressão, se a pena aplicada até fora a mais pequena, como se justificava que Luisão continuasse a actuar em jogos internacionais, nos quais as mensagens ao Fair-Play são constantes e há grande preocupação em proteger a autoridade dos árbitros? Era uma questão de tempo até ao castigo se alargar. E assim aconteceu.

Há quem não ande aqui a dormir - e há quem seja muito ingénuo. Na intersecção destas duas realidades reside a explicação da perfeita aplicação da lei de murphy ao Benfica.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Há 30 anos a fomentar ódio

Podia ser o lema do Porto de Pinto da Costa. Se é verdade que nenhum clube está isento de culpas em termos de episódios de violência ou de faltas de desportivismo, não o é menos que nunhum clube em Portugal tanto tem incitado ao ódio como o clube do Porto, liderado por Pinto da Costa.

Para a generalidade dos clubes, a violência e o ódio aos adversários são derivações ou degenerescências da paixão clubística. Algo que se tenta erradicar definitivamente, sabendo que sempre haverá manifestações episódicas, que cumpre reprimir e trabalhar para erradicar. Para o Porto porém é uma forma de estar na competição - embora seja precisamente o contrário da essência do desporto. Só assim conseguem fomentar em adeptos e jogadores o espírito de vitória a todo o custo que os caracteriza.

Vem isto a propósito dos comentadores do Porto, nomeadamente Guilherme Aguiar e Miguel Guedes nas suas últimas intervenções.

Aguiar, um homem poderoso no futebol que ainda por cima se move nos meandros da UEFA, tem vindo a usar do seu tempo de antena para defender uma pesa pesadíssima para Luisão. Ora, isto vem de um homem cujo clube ainda o ano passado teve um jogador (Belushi) a fazer igual ou pior, num jogo oficial, do campeonato. Que teve Kostadinov a fazer muito pior há uns anos. Que teve Baía, Pinto, Fernando Couto a fazerem 10 vezes pior do que fez Luisão! Que teve Hulk e Sapunaru a fazerem o que fizeram (Sapunaru reincidindo no ano seguinte). Que teve Deco a fazer o que fez - e Deco confessou já no Brasil que atirou a bota ao árbitro - e levou 3 jogos (depois reduzidos para dois).

Como é possível ser tão hipócrita como Guilherme Aguiar? Não ter vergonha disso e aparecer todas as semanas na televisão?

Depois há Miguel Guedes. No "I" de hoje, em resposta à pergunta sobre se o Benfica passará a fase de grupos da Champions, diz que se não passar "será uma calamidade" (o seu clube não passou no ano passado, sendo eliminado pelo Apoel), o que nem se percebe pois financeiramente o Benfica está agora desafogado, continuando por considerar que "a Administração estará confiante na rentabilidade a tempo inteiro de Aimar e Martins", como que agoirando lesões destes dois jogadores, e acabando com a torpe insinuação: (se Luisão não jogar) "o Benfica já demonstrou a sua confiança de sobra em Jardel, insistindo na sua contratação ao Olhanense entre jogos com o clube". Nem uma palavra de boa sorte ao Benfica.

É o mesmo que andou semana após semana a repetir, como o seu antecessor, sobre o qual já nem quero falar, que o Benfica era o clube do regime e continuanado a denegrir um árbitro morto e enterrado há anos.

Que baixeza, que velhacaria. Como é possível que esta gente não tenha vergonha de dizer em público, para milhões, estas coisas? A resposta é simples: para eles vale tudo. Só fomentam, entre os seus e entre os adversários, que naturalmente se indignam e revoltam com tais enormidades, raiva e ódio.

Aos comentadores do Benfica, certamente haverá também que apontar. No entanto o que não existe é um destilar constante de fel (como Guedes) ou de hipocrisia (como Aguiar). (Nesse aspecto, Serrão até é o menos criticável. Diz muitas coisas insultuosas, faz ataques às vezes quase alarves, mas não é torpe como os outros.)
Seara é claramente alguém que tenta ser imparcial (o que face ao fanatismo dos seus colegas, faz dele um mole na defesa do Benfica). Rui Gomes da Silva é provocador e truculento, não faz o meu estilo, mas ainda assim não se compara aos portistas. Gobern é tão ou tão pouco moderado que foi comentador, tendo-se apenas há poucos meses conhecido com certeza a sua preferência clubística.

Isto só para dizer que não somos todos iguais. Felizmente. Espero que possamos ser mais iguais - mas nunca por nos tornarmos como eles! Nesse dia o Benfica que eu conheço deixará de existir. Espero que sejamos mais iguais por aqueles que há 30 anos fomentam o ódio deixem de vez o futebol português, porventura pagando na justiça o muito que andaram fazendo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Inimigos do peito - culpas e castigos.

Luisão foi castigado por dois meses, depois de, em jogos oficiais, jogadores do Porto terem feito igual ou pior.
Novidade?
Só para quem não quer ver as coisas tal como elas são.
João Querido Manha (é benfiquista, obviamente, mas não é por isso que deixa de ter um olhar objectivo sobre o futebol português) disse-o tal qual é: o Benfica é sistematicamente trucidado pelos poderes do futebol português.

Nem todas as "peitadas" têm o mesmo valor e a mesma gravidade. Quem não o compreende é porque não conhece a essência do futebol português.
Uma peitada num jogo do campeonato nacional, por exemplo, não pode de forma alguma ter o mesmo castigo do que uma peitada num jogo particular, disputado fora do território nacional.
Há "peitadas" que não têm qualquer maldade, como por exemplo esta:



Esta peitada deve ser vista como amigável e mesmo se não o fôr, certamente por espíritos mal intencionados, há que a compreender no contexto das emoções do jogo e da natural competitividade de quem quer (e merece!) ganhar. Quem não compreende isto é porque desconhece a essência do futebol (português).

Há peitadas em sequência que têm que ser compreendidas como um natural desejo de um jogador de se fazer ouvir, de passar o seu argumento, de demonstrar a sua inocência.

É o caso destas:


Para além das peitadas, também há correrias. Não vale a pena mostrar aqui os vídeos de António Rola ou José Pratas a fugirem de Fernando Couto, João Pinto ou Vítor Baía, porque elas estarão certamente presentes na memória de todos.
Há ainda o caso de Sapunaru, que, no jogo da taça de há dois anos na Luz (após ganhar, note-se bem) foi provocar e empurrar um steward e não contente com isso tentou ainda agredir o árbitro a pontapé. É curioso que essas imagens tenham misteriosamente desaparecido da net. Quando se pesquisa por elas aparecem vídeos com os títulos de "agressões" de Cardozo e Javi Garcia. É um certo padrão de comportamento praticado por quem acha que vale tudo para ganhar, inclusivamente andar a inundar a net de spam achando que com isso passa a ter razão.

Mas o que é realmente importante sublinhar é que os comportamentos atrás documentados não tiveram qualquer sanção disciplinar (Sapunaru, foi castigado pela expulsão, aliás na sequência de um segundo amarelo já depois do jogo terminado, mas nada mais que isso).

Mas a culpa é nossa. Disso não tenho dúvidas. É nossa por nos pormos a jeito, com a acção intempestiva de Luisão num jogo a feijões, pela reacção errada dos nossos dirigentes ao não perceber o que se "cozinhava". Mas a culpa é nossa sobretudo - e isto, além de incompreensível é quase imperdoável - por termos deixado cair Hermínio Loureiro e Ricardo Costa. Com estes dois à frente do futebol português houve um interregno na vergonha dos últimos 30 anos. Houve aplicação da lei e o fim da vassalagem a Pinto da Costa.

Desde então voltou-se ao antigamente com o beneplácito da imprensa e opinião pública.

Este país futebolístico está tão demente que até o castigo de 15 dias a Jorge Jesus é visto como um benefício ao Benfica. Isto depois do Benfica ter sido literalmente expoliado de um título. Isto depois do treinador do Porto ter dito igual ou pior a JJ, por exemplo, que com arbitragens como a do Gil Vicente-Porto "podiam entregar as faixas ao Benfica". Apesar disto, toda a imprensa desportiva (a começar pel' "A Bola") se levantou num coro de indignação pelo facto de Jesus ter sido castigado no defeso.

Ora para mim, o estranho é JJ ter sido castigado por dizer a verdade (que o jogador do Porto esteve sempre adiantado no célebre golo que resolve o campeonato, inclusive antes da bola partir) pelo que se o fiscal de linha não assinalou é porque não quis. Isto é um facto.

Mas isto é o mesmo país em que um clube não é punido pelos seus adeptos atearem fogo a um estádio, ao passo que o presidente do clube que viu o seu estádio queimado é punido por ter perguntado a Luís Duque algo como "é para isto que querias controlar a arbitragem?" (após uma arbitragem que expulsara Cardozo por sofrer duas faltas). O mesmo em que um dirigente deposita dinheiro na conta de um árbitro e o clube de que é dirigente não desce de divisão como as regras determinam.

O que mais querem que vos diga? Este é o nosso país. Este é o nosso futebol. É o mesmo há 30 anos. Desde então já houve a agência de viagem Cosmos, já houve as denúncias de Carolina Salgado, já houve as escutas, já houve o processo da noite do Porto. No entanto tudo permanece na mesma. Em Itália, país em que a Máfia teve um poder tremendo, a Juventus desceu de divisão. Aqui no pasa nada, como diria Pedro Gil, grande hoquista que durante anos jogou no Porto e que sábado desrespeitou Portugal da forma que se viu. No pasa nada.

A propósito, parabéns Pedro Proença pelo reconhecimento público dos seus amigos. Depois dos abraços e beijinhos do jogo de consagração no Dragão no fim da época passada só faltava mesmo esta homenagem.