quarta-feira, 22 de maio de 2013

Campeonato falsificado

Mais do que um campeonato sujinho, este é um campeonato falsificado.

Que aliás acaba de uma forma bem simbólica: com uma simulação fora da área a dar penalty e expulsão para o Porto (resolvendo o campeonato aos 20 minutos de jogo) e os seus adeptos em delírio e a festejar, repetindo à exaustão: "limpinho".

PARA QUE NÃO RESTEM DÚVIDAS, AQUI ESTÁ O LANCE:
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Eles habituaram-se a ganhar assim e já acham normal. Porventura até gostam mais.
O que no fundo é coerente.
É um lugar comum dizer-se que não se confunde a instituição e os adeptos com "certas pessoas" que o representam ou dirigem. No entanto, neste caso há uma identificação total entre as partes. Vejamos.
O sucesso do Porto assenta em Pinto da Costa. De um clube raramente ganhador e quase derrotado cada vez que vinha a Lisboa, Pinto da Costa fez um grande clube, hegemónico em Portugal a um ponto sem paralelo em nenhum outro país. É uma hegemonia que se começou a desenhar há 30 anos, desde que Pinto da Costa assumiu a liderança e que é hoje quase absoluta. 8 títulos em 10 anos é algo que nem no Iraque de Saddam ou na actual Coreia do Norte deve acontecer.
Pinto da Costa "inventou" este Porto. Foi buscar para símbolo o dragão (no Ocidente sempre conotado com o mal), criou uma guerra com o "Sul" e elevou o Porto a patamares de competitividade nunca vistos.
Pinto da Costa tem grandes qualidades: é um líder nato, tem visão, sabe jogar estrategicamente, sabe muito bem o que diz e os efeitos que as suas palavras têm, tem qualidades interpessoais excepcionais, sabe muito de futebol.
O problema é que Pinto da Costa é desonesto, é manipulador, não olha a meios para alcançar fins, recorre à batota, à coacção, à violência e ao suborno.
Nesta medida, Pinto da Costa devia estar preso. As provas reunidas pela PJ foram absolutamente esclarecedoras e irrefutáveis. Simplesmente, Portugal é um País que vive de compadrios e pequena corrupção, onde a justiça chega tarde, se é que alguma vez chega. Um País de brandos costumes no que diz respeito à punição da criminalidade. Política, justiça e futebol tudo se misturou e confundir para que o processo redundasse em quase nada. 
Mas a culpabilidade estava irreversivelmente estabelecida e à vista de todos, o que colocou um problema aos adeptos do Porto: ou renegavam Pinto da Costa por acharem inaceitáveis os seus métodos (a batota, a corrupção, os favores, a coação) - e com isso deixavam de apoiar o Porto; ou fingiam que nada disso alguma vez acontecera, vivendo em pura negação.
Porque ninguém de bom senso poderá acreditar que Pinto da Costa, depois de ter feito o que fez e nunca ter mostrado o mais pequeno arrependimento, tivesse agora, já praticamente na velhice, mudado radicalmente. As coisas que ficaram demonstradas que fazia eram demasiado graves (subornar, ordenar espancamentos, bater em mulheres, angariar prostitutas para árbitros, pagar viagens, mentir deliberadamente, inventar histórias para manipular e obter certos efeitos, etc, etc) para acreditar numa tal mudança. Além disso, a sua entourage é a mesma dos velhos dias.
Num País normal, seria impensável Pinto não ter sido preso, quanto mais continuar à frente de um clube de futebol. Mas Portugal não é um País normal. É, digo-o com todas as letras, uma choldra.
Ainda em relação aos adeptos do Porto, não apenas eles optam por fingir que nada se passou (e continua a passar, mas aí já chegaremos) como adulam Pinto da Costa como se ele fosse um santo. É mais do que um culto da personalidade - é praticamente uma idolatria.
Passando ao presente, se alguém acreditasse na súbita auréola de Pinto da Costa, bastaria olhar para as arbitragens do Porto para perceber que algo continua mal.
Mais uma vez, nesta choldra as arbitragens do Porto podem parecer normais mas num País normal a indignação generalizada já teria posto termo ao que se passa quase ininterruptamente há 30 anos.
São raros os jogos do Porto em que esta equipa não seja beneficiada. Eu repito, são raros os jogos do Porto em que não há benefícios, por vezes com influência real no desfecho do jogo.
Quando o Porto joga há sempre uma interpretação das leis que lhe é favorável: mãos dos adversários dão invariavelmente penalty, mas mãos dos jogadores do Porto nunca são deliberadas; contactos dos adversários são muitas vezes penalty mas dos jogadores do Porto quase nunca (este ano houve um penalty assinalado, num jogo já resolvido e porque a coisa estava já a dar demasiado nas vistas), nos foras de jogo muitos lances legais são invalidados aos adversários ao passo que nenhum ao Porto - e às vezes até marcam em claro fora de jogo, sem que o fiscal tenha visto.
É uma farsa completa, descarada, perpetrada à vista de todos.
Mas que é bem mascarada. O Porto tem o exclusivo das transmissões da Liga Portuguesa, através da Sporttv que escolhe muito bem os lances para não evidenciar esta realidade. Depois temos o infame "tribunal d'o Jogo" onde três ex-árbitros muito bem escolhidos fazem nova lavagem cerebral aos que se deixam (ou querem deixar) enganar. A RTP é totalmente dominada, na secção de desporto que lá está sediada, pelos "estúdios do Porto", de onde Gobern foi demitido por ser benfiquista. E finalmente temos ainda a TVI, que com a sua parceria com o "mais futebol", do anti-benfiquista Luis Sobral e do fanático portista Manuel Queirós, ajudam à festa, para já não falar da abencerragem sportinguista Fernando Correia. Manuel Queirós então está em todo o lado: é na TVI, é no "mais futebol", é no Diário de Notícias, é na Antena 1.
A SIC, durante muito tempo a televisão mais pro-Benfica do panorama português, está também agora "minada", com Luis Marçal a dominar o desporto e Ribeiro Cristóvão a aparecer a fazer comentários absolutamente lamentáveis. Depois há Jorge Batista que é benfiquista mas anti-Jorge Jesus e que critica o treinador do Benfica mesmo depois das vitórias.
Um panorama lastimável mas que demonstra mais uma vez a força do Porto e a sua capacidade de influência. Que também se faz à chapada: quando alguém faz perguntas ou comentários incómodos apanha. Resultado: pouco tempo depois desaparece da antena.

A mensagem é sempre a mesma, para árbitros ou jornalistas: ou é como nós queremos ou comes pela medida grande.
Às vezes pergunto-me se alguém no Benfica está atento a estas manobras (que fazem toda a diferença) ou se acham que a BenficaTV chega para inverter esta intoxicação dos media. Se acham estão totalmente enganados porque não chega e nalguns casos até pode ter um efeito contrário.

(continua)

4 comentários:

  1. "nos foras de jogo muitos lances legais são invalidados aos adversários ao passo que nenhum ao Porto"

    A sério? E sem rir?

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  2. A bem da verdade, tenho que reconhecer que houve foras de jogo mal assinalados ao Porto no jogo da Luz. Esses lances são referidos no post seguinte.

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  3. ...e para além de tudo isso, é relevante recordar que os homens do futebol corrupto do porto são anualmente recebidos e idolatrados com pompa e circunstância por políticos na "casa que devia ser do povo" incluindo a presidente dessa casa reformada aos 42 anos de idade!!!

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  4. Quando há escutas como as do apito dourado (que a CM pôs no ar recentemente) e não acontece nada, acho que não há muito mais a dizer...
    Em relação aos comentadores: Ribeiro Cristóvão, por exemplo, faz comentários só para minar, tentando fazer-se passar por isento. Deplorável! E o tolo do Baptista... nem dá para ver. Só Rui Santos parece não ter segundas intenções nos seus comentários.

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