quinta-feira, 16 de maio de 2013

Contra tais forças é impossível

Mais um jogo, mais uma derrota por 2-1, mais um golo no segundo minuto dos descontos.
Piada? Provavelmente, mas o autor deste enredo ou é muito cruel ou nos está a reservar alguma alegria quase inimaginável.

Porque quase inimaginável é a dor dos benfiquistas depois de dois socos no estômago, uppercuts dados por um peso muito pesado.

Dizer que o Benfica não o merecia é um eufemismo.

No fim da primeira parte, o Benfica tinha vulgarizado por completo o Chelsea e criado múltiplas ocasiões de golo. Mas já desde o jogo com o Estoril que há sempre alguma coisa que corre mal no momento da decisão: ou a bola fica uns centimetros mais à frente ou mais atrás do que devia para o avançado concretizar, ou há um adversário que intercepta, ou o guarda-redes faz uma defesa milagrosa ou o nosso jogador se atrapalha. Assim aconteceu novamente e nenhuma bola entrou naqueles primeiros 45'. Eu vi logo o que nos estava destinado.

Aliás, para dizer a verdade toda, acordei esta manhã a pensar que tínhamos perdido o jogo. Naqueles momentos em que flutuamos entre o sono e o despertar, racionalizei e disse-me a mim mesmo que isso poderia não ser verdade - se ainda não tínhamos jogado, como podíamos já ter perdido? Apesar da lógica inatacável do raciocínio não me consegui porém convencer, - aquela impressão tinha sido demasiado forte.

Voltando ao jogo e à forma como o vivi, veio a segunda parte e vejo o Benfica a entrar novamente muito forte (quando supostamente o Chelsea era a equipa mais poderosa e o favorito), criando em três lances boas ocasiões: uma pela direita, uma pelo centro e uma pela esquerda. Convenci-me de que era mesmo possível. E depois vem o golo de Torres e o inferno a aparecer novamente à frente dos meus olhos. Como era possível? Para além de uma bola que mudara de trajectória em pleno ar, o Chelsea não tivera uma ocasião?

E eis que o Benfica não desiste, parte novamente para a frente, depois de uma curta fase de desorientação e abalo. E vem o golo, que Cardozo dedica à sua Mãe.

E continua o Benfica a atacar e Cardozo tem um remate indefensável... que é defendido.

E vem um remate monumental de Lampard que bate na barra.

E, no minuto fatídico, uma jogada perdida sobre a linha de fundo, que Ramirez chuta contra Jardel dá canto. A bola vem bombeada... alívio. Mas... no meio da trajectória, a bola que parecia seguramente ir para fora afinal é inteceptada por um jogador do Chelsea. Cabeceamento, a bola parece parar no ar, Artur não se mexe (mau sinal) e aparece dentro da baliza.

Pesadêlo, obra de bruxaria, infortúnio insuportável para quem não o merecia.

O Benfica trabalhou e lutou muito nesta época, fez um jogo espantoso contra o campeão europeu, dominou a maior parte do jogo. Ninguém merece desfechos tão cruéis em duas partidas seguidas. Acontecer ao Benfica, depois de tudo o que fez e jogou, com uma mobilização de adeptos como a que aconteceu esta época, equipara-se a um sadismo muito retorcido. Num País tão chagado pela crise e a tristeza, nem uma mera alegria desportiva nos é concedida.

Estou, como é evidente, muito triste. Ver os jogadores do Benfica no relvado e o treinador Jorge Jesus na conferência de imprensa é desconsolante.

Aparentemente não podemos ser felizes.

É a 4ª final europeia do meu tempo de vida e a 4ª derrota. É a 7ª derrota seguida do Benfica em finais europeias.

Quando defendemos é porque defendemos, quando atacamos e jogamos melhor perdemos na mesma.

Quando jogamos mal perdemos justamente, quando jogamos bem... perdemos injustamente.

Jogando esta final à partida contra um adversário mais forte (recorde-se que o Porto jogou as suas últimas 3 finais europeias contra o Celtic, o Mónaco e o Braga...) e com um orçamento muito superior, sendo apesar de tudo capaz não apenas de equilibrar mas mesmo de ser largamente superior, com a sorte a estar constantemente contra nós, de costas voltadas para o Benfica, torna-se impossível.

Perder assim custa muito e a isso se poderão dever as palavras finais de Jorge Jesus na conferência de imprensa: "esta derrota aqui vai levar-me a pensar muita coisa".

Quanto a certos comentários que já li por parte de adeptos adversários, só provam uma coisa: há muita gente que não presta.

6 comentários:

  1. Fizemos um jogo do outro mundo contra uma equipa de outra galáxia. Com um problema: como disse um comentador espanhol, o Benfica teria feito um jogo de sonho se o futebol não tivesse balizas. Houve muita cerimónia. Apesar da grande atitude dos jogadores, na hora de rematar creio que houve falta de mentalidade conquistadora, falta de ousadia. Talvez houvesse algum medo de falhar porque tínhamos o Chelsea pela frente. Fico triste com o resultado não por mim, mas pelos meus amigos benfiquistas que não merecem sofrer desta maneira, pelos magníficos adeptos, pelos jogadores, que foram gigantes, e pelos técnicos, que devolveram a grandeza ao Benfica. Irrita-me a derrota porque dá argumentos aos burros que dizem que estão cansados de vitórias morais e outros lugares comuns. Estas derrotas fizeram-me perder a paciência para ouvir patetices, para pseudo-comentadores que só querem denegrir e minar o nosso clube, de forma subreptícia e para répteis rastejantes... que não prestam. JCS

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  2. Ainda quanto ao jogo: fomos superiores, é verdade, dominámos uma grande equipa, fizemos o que quisemos de grandes jogadores. Mas faltou rematar. Aí talvez tenha havido excesso de respeito pelo Chelsea. Embora tenhamos jogado o dobro acabamos por não ter oportunidades muito claras. Não se pode dizer que tenhamos sido infelizes: Artur tb fez uma defesa do outro mundo (como Cech), marcámos de gp e levámos bola com estrondo na barra. Uma ressalva: o fora de jogo no golo anulado não é claro. CABEÇA ERGUIDA, não lhes vamos dar o prazer de nos vergarmos! JCS

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  3. Claro que não merecemos a derrota Frank.
    Claro que existem muitos fdp a gozar com o nosso azar, mas quem sabe se no domingo vamos rir?

    Abraço Glorioso.

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  4. Partilho inteiramente.
    Sábado ajoelhei-me com Jesus, ontem chorei com Enzo, não mereciam, não merecíamos.
    E tanto nos colaram à sorte este ano...
    Força Benfica!

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  5. Foi pena, mas diria que a sorte que acompanhou o SLB (quantas bolas no poste do Benfica?) abandonou-os na fase crucial.

    Recordo apenas o autor do blog que a final do Porto com o Braga, assim aconteceu porque o Benfica não os conseguiu eliminar (enquanto o Porto despachava um dos principais candidatos da prova). Pode não ter o nome do Benfica, mas naquele ano, na liga Europa, foi mais forte.
    O Celtic, na época em que o jogo decorreu, era uma equipa fortíssima e já esta época, eliminou o Benfica da liga dos campeões. O Mónaco tinha eliminado o Real Madrid e o Milan. Naquele ano eram fortes.

    O SLB perdeu uma final contra o PSV... Se pensarmos no PSV de agora, parece-me impensável, mas à época, era das mais fortes equipas do mundo.

    As taças valem o que valem, não dependem dos adversários, ou acham que se o Benfica vencer a taça de Portugal contra o Guimarães, esta vai valer menos, enquanto troféu, do que se fosse contra o Porto ou o Sporting?

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  6. Grande exibição de Enzo Perez. Foi um 'monstro' em campo

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