terça-feira, 28 de maio de 2013

Época perdida - o papel de Vieira

Este ano o Benfica tinha tudo para ser feliz.
Com expectativas baixas face às saídas de Witsel e Javi Garcia, bem como por um empate em casa, logo na primeira jornada, com o Braga, a equipa não apenas aguentou esse embate como surpreendeu toda a gente, atingindo patamares quase impensáveis em Agosto/Setembro.

Foi um Benfica demolidor o que chegou ao fim do mês passado em condições de ganhar tudo. Houve alguns momentos menos bons, como o empate em casa com o Porto no fim da primeira volta (mantenho que se tivéssemos vencido esse jogo, como podíamos, teríamos sido campeões) ou o jogo contra o Sporting em casa, em que apesar do golo de antologia não conseguimos ser a equipa que normalmente somos.
Mas outros houve que foram sensacionais, como a segunda parte contra o Newcastle na Luz ou a segunda mão contra o Fenerbahçe. Houve exibições seguríssimas, como as vitórias claras em Coimbra e em Paços para a Taça de Portugal, ou as vitórias na Madeira contra o Marítimo e em Guimarães contra o Vitória. Isto para não recuar ao início do campeonato, em que demos goleadas e alguns festivais de futebol.

Já nem nos lembramos destas coisas...

O que correu então mal?

É simples e escreve-se com 6 letras: Vieira.

Vieira terá trabalhado nos bastidores para que vergonhas como a de Coimbra não se repetissem. E teve sucesso nessa tarefa, nomeadamente "saneando" árbitros que claramente têm como objectivo perseguir e prejudicar o Benfica.

Tivemos assim para os nossos jogos nomeações de árbitros jovens ou sem historial de prejuízo ao nosso clube, o que se reflectiu, até ao último terço do campeonato, numa época quase sem casos, em que não fomos prejudicados pelas arbitragens.

O campeonato parecia ganho, pois era evidente que sem invenções, sem xistremas, o Benfica era a melhor equipa.

O Porto dava sinais de desespero.

Mas foi aqui que Vieira (e a estrutura que o acompanha, pois há lá mais gente que tem a obrigação de manter os olhos abertos) errou: achou que as coisas estavam ganhas e subestimou o poder do FC Porto e a influência de Pinto da Costa, que os benfiquistas já davam quase como morto (em sentido figurado, obviamente). 

Deixou-se Vitor Pereira fazer demasiado alarido, demasiada pressão sobre os árbitros sem resposta adequada. Quase todas as semanas o treinador do Porto falava de jogadores do Benfica que deviam levar cartões: ora era Maxi, ora era Matic.

Assim, quando entramos na fase final do campeonato, quando o Benfica podia finalmente criar a décalage decisiva, alargando a sua vantagem para 6 ou 8 pontos e deixando o Porto irremediavelmanente atrasado, este Porto é aguentado pelos árbitros à custa de penalties (a seu favor ou perdoados).

Pinto da Costa sabia que parar o Benfica seria muito difícil (até porque Vieira aí controlou bem Vitor Pereira, o dos árbitros, no sentido de não termos Xistras, Soares Dias nem miguéis semana sim semana não) pelo que optou por controlar as arbitragens do seu clube, praticamente assegurando os pontos todos do Porto até à visita do Benfica ao dragão. Qualquer deslize da nossa equipa até lá tornaria esse no jogo do título.

Há que o dizer, a estratégia foi bem pensada e bem executada se formos capazes de nos abster de um juízo moral, que tem que ser condenatório, desse controlo das arbitragens do Porto. Que foi por demais evidente.

LFV falou e bem a dada altura acerca de um jogador de andebol do Porto, dizendo que eles jogavam com dois guarda redes. Só que isso foi em Dezembro. 

Ora este "ataque final" ocorreu em Março/Abril e aí o Porto contou com um caminho aberto resultante do completo silêncio da parte do Benfica.

Vieira achou que o mais importante era o Benfica concentrar-se em si mesmo. Ganhando, conseguindo ser campeão mesmo apesar das arbitragens teria ainda mais sabor.

Infelizmente não foi a estratégia mais correcta (embora a possa compreender e ela tenha algum apelo). Não foi a mais correcta porque obrigou a equipa a um desgaste que se reflectiria no rendimento da equipa nas "finais".

Tudo aquilo que até disse atrás não justifica porém o título deste post. Se Vieira tivesse apenas cometido os "erros", se é que o são, que aponto atrás, considerando que fez por outro lado um trabalho invisível e muito importante de acabar com os roubos descarados ao Benfica, o balanço seria altamente positivo.

O problema é que os erros estavam ainda por chegar.

E chegaram na semana fatídica que antecedeu o jogo com o Estoril em que tudo se perdeu - e aí o principal responsável é Vieira.

Bastava ganhar ao Estoril para o Benfica ser campeão. Repito, bastava ao Benfica ganhar ao Estoril para ser campeão. Dificilmente perderíamos no Porto (o empate já dava matematicamente o título) e poderíamos rodar alguns jogadores para ter mais frescura física em Amsterdão. Pelo que se viu nesse jogo, com essa frescura adicional poderíamos mesmo ter ganho (muitas vezes quando os jogadores falham golos é porque fisicamente estão muito desgastados - a finalização é o movimento que exige mais rapidez de execução e portanto melhor condição física) a Liga Europa.

O que aconteceu então? Um remake do ano passado! O ano passado, com o Benfica 5 pontos na frente e nos quartos de final da Champions, Vieira deu uma entrevista à RTP na qual parecia já convencido de que o mais difícil já estava feito e que, além de ser campeão nacional, o Benfica poderia mesmo vencer a Champions.

Desde aí foi o descalabro.

Este ano, Vieira, que tinha estado calado toda a época, aparece nessa semana fatídica a dar nova entrevista, desta vez à Benfica TV. Era a consagração! Quando nada estava ganho, como tantas vezes aqui alertei!!

Mas pior, uma vez que alguns poderão achar que estou a ser supersticioso (que não é o caso) e que a entrevista não influiu sobre o rendimento da equipa (apesar do exemplo do ano anterior), Vieira, que até então não falara do tema, veio introduzir a questão da renovação de Jorge Jesus! Na véspera de um jogo decisivo!!!! QUE INCOMPETÊNCIA! QUE AMADORISMO!

Alguns falam da viagem ao Brasil mas aí, se calhar erradamente, não dou uma importância muito grande ao facto. Vieira não passa os jogos no banco ou ao lado da equipa, pelo que a sua ausência não terá sido assim tão notada pelos jogadores. Eles têm é que estar concentrados no seu trabalho e não em quem está à volta.

O pior foi quebrar o silêncio, que naquela altura era de ouro, e introduzir um factor de perturbação, de distração, quando a concentração no jogo com o Estoril devia ser total e absoluta

Penso e muitos dizem que Pinto "atacou" e prometeu prémios aos jogadores do Estoril, percebendo que era a última oportunidade de poder tentar tirar o título ao Benfica e sabendo que havia cansaço de uma eliminatória fortíssima, disputada em ritmo frenético, com o Fenerbahçe. Se é verdade, mais uma vez ele foi esperto e nós fomos burros!

As coisas correram como correram. Mas ainda havia uma forma de salvar a situação: era LFV anunciar a renovação com Jorge Jesus na semana antes do jogo com o Porto, reforçando a confiança de todos antes daquele embate decisivo. NADA.

E depois perde-se a Liga Europa, da maneira que foi, e Vieira vem dizer (talvez ainda acreditando no milagre do móvel) que JJ era o seu treinador até ao fim do seu mandato.

Para quê? Das duas uma: ou renovava antes das decisões (como deveria ter feito), ou esperava até ao fim da época. No meio é que NÃO PODIA ter dito nada. Só criou instabilidade, distração.

Finalmente, o tal epílogo de que eu falei aqui há duas semanas foi a final da Taça. Nova derrota e desta vez com uma exibição miserável que levou alguns adeptos no Jamor a interrogar-se sobre se não haveria aqui um espectro do Porto a pairar e um anuncio, sob forma do resultado do jogo, acerca do futuro de JJ. Sentiu-se (até pelas expectativas criadas e pelo apoio incondicional dos adeptos) que havia algo de traição naquele desfecho e naquela exibição. As substituições foram algo de indescritível, anunciando logo que iríamos mesmo perder a final.

Porém o mal já estava feito e já vinha de trás. A partir daí, da sucessão de erros de Vieira que identifiquei, tudo se desmoronou como um castelo de cartas. Jesus, já de si bastante emotivo, perdeu o controle emocional e começou a cometer erros a um ritmo cada vez mais acelerado. 

Faltam apenas dois episódios desta peça. Um deverá ser anunciado já hoje, o outro também muito em breve. A não ser que eu esteja muito enganado e que Vieira agora me surpreenda. 

9 comentários:

  1. Só um pequeníssimo grão de areia nesta ginormous engrenagem E SE FOR VERDADE HAVER UM PRE-ACORDO COM UM RESIDENTE DA MADALENA HÁ JÁ MESES?
    O Rui Santos fartou-se de avisar!
    Tentava certeza que o mentor desta engrenagem é capaz de levar o cavalo ao chafariz e obrigá-lo a beber.

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    1. Não me parece que exista um pré-acordo. Sei que houve, mais do que aproximações, tentativas muito fortes do Porto para seduzir JJ a ir para lá. Tanto quanto pude perceber, ele não cedeu e estava disposto a continuar no Benfica. Agora, se sair do Benfica, não tenho muitas dúvidas de que o destino de JJ é mesmo o Porto. O problema é que não tendo o assunto ficado decidido em devido tempo a cabeça do Jesus não estava concentrava onde devia que era unica e exclusivamente em ganhar os jogos.

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  2. Só dizer uma coisa... a altura ideal para renovar com o JJ foi no jogo após a eliminação do Porto pelo Málaga... treinador do Porto desacreditado ao pé da massa associativa e dos jogadores... e sem a motivação de ainda poder renovar provando que era melhor que o JJ (falado para ir para o Porto já na altura). Era uma jogada necessária mas não...

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  3. sendo assim deves ser um homem rico e com muito poder pois advinhas e sabes tudo antes de acontecer CANDIDATA-TE ao BENFICA e rapido ,POIS PODES PERDER O LUGAR PARA ALGUM SPORTINGUISTA DE VISTA LONGA. ..

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    1. Não sei tudo antes de acontecer. Ninguém prevê o futuro, nem o bruxo de Fafe, apesar de ter "anunciado" que o Benfica não seria campeão e, diz, já ter ganho o totoloto e o totobola...
      Há coisas porém que são previsíveis. Veremos.
      Quanto ao "sportinguista de vista longa" não percebo.
      Já agora, sugiro a todos que se identifiquem pois comentários anónimos têm menos probabilidades de serem publicados.

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  4. O Vieira e os seus apoios e silencios é um dos grandes males.
    Outro é o JJ ter decisões excelentes num jogo decisivo como o Estoril de colocar o Carlos Martins, entre outras, de estas decisões absurdas ninguém o iliba!
    JJ se ficar vai ser penoso e muito grave, vai ser para sair pouco tempo depois e ficar a mamar uma indminazção histórica em Portugal!

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  5. Bem observado, Troza. Quanto ao futuro do JJ no FCP, parece-me que muito dificilmente o Pinto da Costa pode justificar tirar um treinador campeão par pôr lá um que foi derrotado em todas as frentes...

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    1. Comestor, isso para o pinto não seria um problema inultrapassável. O passado demonstra-o. Ele gosta de mostrar que no Porto todos são vencedores, até para diminuir ainda mais os rivais. E, como assinalas noutro post, o trabalho do Jesus é visível, apesar destes últimos maus resultados e sobretudo das péssimas escolhas da final da Taça.

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  6. Há outra coisa, Frank, é que o Pinto gostaria de roubar o JJ ao Benfica para nos enfraquecer. Se ele sair, digamos assim, pelo seu próprio pé, perderia o interesse para ele

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