sexta-feira, 23 de agosto de 2013

De 2010 agora - da euforia ao desalento

Em 2009/10 Jesus sucedeu a Quique Flores e cumpriu o que prometera: pôs a equipa a jogar o dobro. Algo de muito especial aconteceu nessa época pois as contratações foram excelentes: Javi Garcia, Ramirez, Saviola foram todos contratados essa época, ao passo que Coentrão regressou ao clube. Todos eles foram titulares indiscutíveis e desempenharam papéis importantes na conquista do título.

Os benfiquistas estavam nas nuvens: a equipa jogava bem, goleava, entusiasmava e dava espectáculo. Na Luz havia enchentes consecutivas e o ambiente era frenético.

Parecia que passava um furacão pelo futebol português: depois de vários anos de vitórias cinzentas de um Porto monocórdico e enfastiante, que muitas vezes contava com ajudas arbitrais claras, havia agora uma equipa que jogava um futebol atacante, vistoso, emocionante. Até penaltys e expulsões essa equipa tinha a seu favor - algo por regra apenas "concedido" ao Porto. Algo tinha mudado - de um ano para o outro.

Dois pequenos pontos ensombraram porém a época: o facto de, apesar de toda a qualidade, apesar da avalanche de futebol ofensivo, só na última jornada (e a custo) o Benfica se ter sagrado campeão; e uma suspeita de que nos grandes jogos (sobretudo fora de casa), Jorge Jesus poderia claudicar. O Benfica nessa época perdeu em Braga e perdeu no Porto na penúltima jornada (desperdiçando a possibilidade de ser campeão no reduto adversário), ainda por cima a jogar muito tempo contra 10.
De igual forma o Benfica foi eliminado pelo Liverpool nos quartos de final da Liga Europa, tendo ficado a impressão de que poderia ter feito mais não fossem algumas opções no mínimo duvidosas como a colocação de David Luiz a defesa esquerdo.

No ano seguinte estas sombras tomaram conta do Benfica. Sem Ramirez e Di Maria a equipa não era a mesma. Um jovem treinador sem provas dadas destruíra completamente Jorge Jesus na sala de imprensa e viria a desmantela-lo igualmente dentro de campo com uma goleada de 5-0. Mas ainda não era tudo...

Os benfiquistas como eu ficaram revoltados e acharam que JJ tinha que sair na sequência dessa humilhação, mas Vieira não viu as coisas dessa forma, JJ tinha e merecia crédito pelo que fizera no ano anterior. Para mais, JJ conseguiu com uma serie de vitorias colocar o Benfica de novo no caminho dos títulos: numa semana discutia a presença em duas finais - Taça de Portugal e Liga Europa. É então que o impensável acontece: o Benfica é consecutivamente eliminado da Liga Europa pelo Braga; deixa o Porto sagrar-se campeão invicto na sua própria casa e, como se isto fosse pouco, ainda consegue ver-se eliminado da final da Taça de novo na Luz pelo Porto, apesar de ter uma vantagem de 2 golos ao intervalo (0-2 no Porto).

Nos anos seguintes foi o que se sabe, desbaratar 5 e 4 pontos de vantagem (algo de inédito nas anteriores edições do campeonato) nas ultimas jornadas. Num dos casos a 3 jornadas do fim. Foi perder mais taças (num dos casos "conseguindo" perder com um Guimarães de II Liga) e uma final da Liga Europa (ainda assim o maior feito desde 2010).

O padrão está a vista e claramente não é vencedor. O padrão é justamente o de ser completamente incapaz de vencer, de se manter firme, frio e não falhar nos momentos capitais. Quantos mais anos serão precisos para que alguns o entendam? Quantas mais derrotas, quantas mais humilhações teremos que sofrer? 

Mas atenção, este padrão não é atributo exclusivo (se calhar nem sequer primordialmente) do treinador. Os 12 anos anos passados bem o demonstram. Na realidade, o padrão do treinador e o do presidente são neste momento semelhantes, quase idênticos. Se os deixarem continuar, na próxima epoca poderão ser campeões (algo que apresentarão como feito extraordinario) - apos o que com toda a probabilidade passarão novamente 4 anos sem ganhar nada para alem de umas taças da Liga. Ah e pelo meio emprestam-se uns farinhas para o Dubai e contratam-se pizzis para reforçar o plantel do Espanhol. O importante e contratar extremos, adaptar laterais e estar nas decisoes. Os titulos sao pormenores - afinal de contas, nao e por os perder que as epocas deixam de ser "brilhantes".

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