sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Mourinho longe do sucesso

Nunca pertenci aos clubes de fans ou de opositores a Mourinho.

Alegrei-me pelos seus sucessos no Chelsea e sobretudo no Inter. Gostei que fosse campeão no Real (até porque não simpatizo muito com o actual Barcelona). Não gostei porém da sua postura no ano passado, quando a meu ver foi arrogante e esticou demasiado a corda ao entrar em conflito com os seus próprios jogadores. Creio também que cometeu um grande erro ao voltar ao Chelsea.

Quando chegou a Inglaterra em 2004, Mourinho encontrou um futebol em que todas as equipas jogavam de forma muito aberta e atacante. O campeonato era muito disputado e mesmo os principais candidatos perdiam muitos pontos.

Mourinho trouxe consigo um futebol muito mais calculista, resultadista e cínico do que o praticado habitualmente em Inglaterra. Com as suas indiscutíveis capacidades tácticas dotou o Chelsea de uma grande segurança defensiva criando a base para sofrer poucos golos e consequente estar mais perto de vencer.

Nessa época Mourinho encontrou uma boa base, deixada por Ranieiri, em que se incluíam jogadores como Terry, Lampard, Geremi, Makelele, Gallas, Joe Cole e Damien Duff que foram importantes para o sucesso do clube. A estes o treinador português juntou excelentes contratações como Peter Chec, Drogba e Ricardo Carvalho, a que se pode também acrescentar Paulo Ferreira (embora a verba paga por este último tenha sido astronómica, algo tornado possível pela aquisição do clube por parte de Abramovic).

Importa esclarecer que Lampard, Terry e Makelele (sobretudo estes, mas também Gallas) eram já jogadores feitos, de qualidade perfeitamente estabelecida e reconhecida. Lampard e Terry tinham já sido distinguidos em anos anteriores como o melhor jogador da Premier League e Makelele já tinha passado Real Madrid, ao passo que Gallas era já internacional francês.

Convém também dizer que no ano anterior, o Chelsea de Ranieri fôra 2º na Premier League (a melhor classificação em 49 anos) e chegara às meias-finais da Liga dos Campeões, perdendo precisamente para o Mónaco que viria a ser claramente derrotado na final pelo Porto de Mourinho.

Tudo se conjugou pois para que Mourinho tivesse sucesso no Chelsea: a sua abordagem, para além de extremamente competente, mais pragmática do que a abordagem algo "romântica" com que a maioria das equipas abordava o jogo; a excelência do seu plantel; a decadência do Arsenal (que nunca mais voltaria a ganhar nada).

Os números ilustram bem o que digo: Mourinho bateu o record (que ainda detém) de pontos da Premiership: 95 pontos. Este record é absoluto pois o total de 95 pontos é inclusivamente mais alto do que os anos em que a Premier League teve 22 equipas e portanto 42 jogos (o formato de 20 equipas e 38 jogos está em vigor em Inglaterra desde a época 1995/96). No entanto, e em total contraste, o Chelsea desse ano marcou apenas 72 golos, um dos números mais baixos de golos por parte de uma equipa campeã. Ou seja, o Chelsea de Mourinho ganhava muitas vezes por 1-0 e outras tantas por 2-1. Estes dados atestam bem o realismo (ou cinismo) do seu modelo de jogo.

Apenas a título de curiosidade, diga-se que o record de golos marcados por uma equipa campeã pertence ao Chelsea, com a impressionante marca de 102 golos. Esse record pertence a Ancelotti. No geral, as equipas campeãs marcaram bastante mais golos do que o Chelsea de Mourinho mas perderam muitos mais pontos.

Ora as circunstâncias do futebol inglês são hoje muito diferentes das que Mourinho encontrou quando chegou pela primeira vez a Inglaterra. A seu favor tem a reforma de Alex Fergusson, que certamente afectará o Manchester United (14 vezes campeão em 21 anos de Premier League). Não tem porém a mesma aura e espírito de conquista com que chegou no passado. Não contará com o efeito surpresa de 2004/04. Está a regressar a um local onde foi feliz, o que por norma não dá bons resultados. Não tem a grande equipa que tinha em 2004 nem aparentemente a disponibilidade do proprietário para grandes contratações. Quando Mourinho chegou em 2004, o Arsenal e o United eram os grandes candidatos, sendo o Chelsea quase um outsider. Este ano o Chelsea é um candidato (nem outra coisa seria admissível) o que desde logo lhe aumenta a responsabilidade, mas além daqueles dois (apesar do Arsenal vir a desiludir ano após ano) terá ainda que contar com a concorrência do City e eventualmente do próprio Liverpool e do Tottenham. Acresce que, embora ainda muito cedo, o ambiente não parece ser o melhor, existindo aparentemente já algum incómodo entre jogadores tão importantes como David Luis, Mata ou Torres. 

Por todas estas razões prevejo que o futuro de Mourinho à frente do Chelsea não será coberto de sucessos como foi no passado. Olhando para as "cartas" de que cada equipa dispõe, o Manchester City parece-me a equipa favorita para vencer a Liga inglesa.

1 comentário:

  1. Analise Sóbria, o analiso em Mourinho é capacidade de guerra de guerrilha nós contra eles, essa técnica nunca resultaria em clubes que são os maiores nos seus países, Liverpool, AC Milan, Bayern, Real, Benfica(talvez fosse possível neste momento)... Agora a técnica de Mourinho já não produz os resultados esperados pois não consegue criar aquele clima de crispação onde todos lutam para derrotar, apenas cria divisões internas com jogadores com Egos como dele. A táctica de Mourinho está desfeita pouco já se deixam dominar com pressão Alta e contra ataques. Em resumo o Mourinho encaminhasse pra a queda do monte, de virá parar a um clube que pague bem mas de segunda categoria ou selecção Portuguesa.

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