sexta-feira, 2 de maio de 2014

Muita alma, raça e coragem... à Benfica

Mais uma exibição cheia de categoria do Benfica. Num Estádio muito difícil e face a um adversário de grande valor, o Benfica conseguiu o resultado que eu imaginara para este jogo e o merecidíssimo apuramento para a final. À entrada para este jogo, tínhamos uma vantagem mínima. Como se viu nas outras meias finais europeias (excluindo a Valência-Sevilha), uma vitória em casa seria por si só um resultado praticamente suficiente para o apuramento: o Real venceu por 1-0 e isso foi suficiente e ao Chelsea teria bastado vencer para passar à final. Em eliminatórias muito equilibradas, entre equipas de valia semelhante, vencer em casa significa colocar-se à frente na eliminatória e adquirir um ascendente psicológico importante face ao oponente. Por isso, o golo de Lima já me tinha parecido absolutamente decisivo. A ideia de que 2-1 era um mau resultado ou um resultado "muito perigoso", foi algo de positivo na medida em que nos colocou de sobreaviso e criou na Juventus a ideia de que "facilmente" reverteria o resultado. Nunca me pareceu que isso fosse assim tão líquido, pois como sabemos o Benfica joga muito bem fora de casa, fazendo uso da grande velocidade de Gaitan, Markovic, Rodrigo e Lima, mas foi bom para nós que essa ideia se tivesse criado. Jorge Jesus alimentou um pouco este "bluff" ao dizer que o Benfica precisaria de marcar golos em Turim (precisa mas é na final...). Estou em crer que Jorge Jesus sempre acreditou, como eu, que seria possível ao Benfica não sofrer e assim passar com a tal vantagem "perigosa" da primeira mão. Daí a entrada confiante e dominadora do Benfica (ainda que por poucos minutos) ter sido essencial, para desde logo criar a dúvida nos jogadores da Juventus e se perceber que não íamos ali jogar como uns coitadinhos. Houve aliás outro aspecto que não quis referir aqui no blog, quase por superstição, mas que deu muita esperança para o jogo: a Juventus jogou segunda-feira com a maioria dos titulares e esteve a perder, tendo dado a volta ao resultado mas sob muita chuva e num terreno pesado. O Benfica tinha pois alguma vantagem em termos de frescura (ao contrário do que acontecera na primeira mão). De igual modo, o regresso de Gaitán e Sálvio eram boas notícias. Um dos momentos chave do jogo é a cabeçada de Luisão a substituir Oblak entre os postes, muito perto do intervalo. Progressivamente a Juventus conquistara o domínio territorial e começava a trocar (e cruzar) a bola perigosamente perto da área do Benfica. Adivinhava-se que era essencial não sofrer um golo até ao intervalo e assim sendo as coisas poderiam ser um pouco mais tranquilas na segunda parte. Com algumas correcções, o Benfica poderia ser mais incisivo no ataque, colocar a Juve em sentido e evitar uma grande pressão sobre a sua área. Isso parecia ir acontecer pois o Benfica voltou a entrar bem e dava ideia de poder até vir a marcar com o balanceamento ofensivo da Juventus, resolvendo desde logo a eliminatória. Tudo mudou com a expulsão de Enzo. Chegado a esta altura tenho que dizer que a arbitragem foi, do ponto de vista técnico, bastante boa, acertando a maioria das decisões, mas muito caseira no tocante à parte disciplinar. Vidal, Chielini e Asamoah (este amarelado ao fim da terceira falta dura) distribuíram pancada, muitas vezes sem bola, perante a total complacência do árbitro, ao passo que faltas absolutamente banais dos jogadores do Benfica resultaram num festival de cartões absolutamente despropositado, desadequado da realidade do jogo. A expulsão de Markovic não se chegou a perceber e o amarelo a Sálvio é vergonhoso. Pela ordem de razões desse cartão deveríamos ter tido um penalty a nosso favor aos 2m de jogo. O Benfica, vendo-se reduzido a 10, concentrou-se em defender e foi gigante. Ainda reduzido a 9 por lesão de Garay (mais uma vez sem qualquer acção disciplinar por parte do árbitro) os 9 gloriosos em campo cerraram ainda mais os dentes e defenderam com tudo o que tinham a vantagem preciosa. Oblak, que sempre desejei e esperei que fosse a escolha de Jesus, sobretudo pela sua superior capacidade a Artur no tocante aos lances aéreos (cantos, livres laterais), deu uma segurança tremenda e foi intransponível. Não vou, para já, referir a qualidade das outras exibições individuais, que foi grande, pois todos estiveram a um alto nível. Destaco apenas, para além de Oblak, o guardião, Luisão, o capitão que esteve simplesmente intransponível e um gigante a comandar aqueles bravos. Se Luisão não for ao Mundial, Scolari está a ver alguma coisa mal. Mas a vitória é naturalmente de todos, nomeadamente de Artur que não jogou hoje mas nos "manteve" na eliminatória com um par de grandes defesas em Lisboa que seguraram a vantagem preciosa. Estamos na final com todo o mérito e nesta noite de alegria nem sequer quero falar do comportamento antidesportivo e de mau perder dos italianos. O que fica é a nossa qualidade enquanto equipa, a solidariedade dos jogadores e a nossa capacidade de sofrimento. Isso é que merece ser exaltado. Viva o Benfica.

1 comentário:

  1. Foram onze gigantes contra uma equipa muito forte. Oblak faz uma defesa monumental a livre de Pirlo e Luisão tem daqueles cortes que valem ouro... Grande exibição de Garay, que também tem um corte do outro mundo, depois completado por Maxi. Foram momentos decisivos. Benfica muito bem nos últimos dez minutos e descontos, com grande segurança, a conseguir reter a bola mesmo em desvantagem numérica. Em relação ao resto (post 'Os cães ladram'): acho que devemos dar pouca importância a essa guerra de palavras. É normal que eles provoquem e que fiquem de cabeça perdida no final. Penso que foi uma grande arbitragem. Ainda tive dúvidas em relação à expulsão de Enzo, mas concluo que é merecida (antes do 1.º amarelo árbitro avisou, e com razão, no segundo amarelo corta um contra-ataque que podia ser perigoso). Nada a dizer. Erro, quanto a mim, foi o amarelo a Salvio, que não tem qualquer intenção de cortar a bola. De resto, os jogadores fora da final por motivos disciplinares são a única nota negativa.

    Um jogo impróprio para cardíacos para guardarmos no coração!

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