quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Grande jogo do Benfica - melhor era difícil

Deixem-me começar pelo 11: excelente gestão do plantel. Jorge Jesus fez aquilo que eu aqui tinha defendido que se fizesse e demonstrou por actos (e não apenas por palavras) que o campeonato é de facto a prioridade máxima da época. É mesmo assim que tem que ser!
 
A grande qualidade do plantel do Benfica pode deste modo ser rentabilizada preservando-se a frescura física de algumas peças nucleares, bem como a boa forma dos menos utilizados e portanto a sua capacidade de resposta quando são chamados. E isto mantendo um nível muito elevado, pois Sulejmani, Djuricic, Sílvio e André Gomes são seguramente jogadores que dão garantias (independentemente de poderem ter dias melhores ou piores).
 
Outra coisa muitíssimo positiva deste jogo é que o Benfica manteve a sua identidade e coesão como equipa, o que demonstra que "os processos estão bem assimilados", como se costuma dizer em futebolês. E isto, note-se, com, para além da mudança de jogadores, a introdução de uma nuance táctica, espécie de "plano B", com o posicionamento de André Gomes no meio-campo ao lado de Enzo e um pouco à frente de Rúben.
 
Excelente foi também a leitura de jogo com a entrada de Fedja após o golo.
 
Claro que agora o PAOK já não joga nada e o Benfica tinha obrigação de tudo e mais alguma coisa, provavelmente até golear, independentemente do facto de ser manifestamente difícil jogar naquele estádio. Claro que agora o ambiente já nada interessa, chegando-se ao cúmulo do ridículo de dizer que os melhores jogadores do PAOK estavam no banco, como se o treinador adversário estivesse a prejudicar intencionalmente a sua equipa ou a tentar ajudar o Benfica a vencer o jogo.
 
Falando de escolhas, refira-se aliás que alguns comentadores chegaram ao desplante de dizer que Jorge Jesus não deveria ter rodado a equipa (!) e que as grandes equipas europeias jogam com os mesmos jogadores todos os jogos, o que ademais é manifestamente falso.

Deixando porém essa arte tão especial que é a de comentador televisivo, especialista em tudo, obviamente muito mais sabedor do que aqueles que de facto têm que tomar decisões e assumir as responsabilidades pelas consequências das mesmas, há que, em síntese, dizer que o Benfica fez uma excelente gestão dos jogadores relativamente às diversas competições e que além disso fez um jogo muito seguro, muito conseguido, em que praticamente não concedeu veleidades ao adversário.
 
Esta competição foi colocada no seu devido lugar, que é de subordinação em termos de prioridade, face ao campeonato. Estabelecido isso, todos os jogos são evidentemente para ganhar e quer a estratégia, quer a forma como ela foi interpretada tornaram esse objectivo mais próximo, como de facto veio a ser alcançado.


PS - uma enorme saudação para o regresso de Sálvio! É óptimo podermos contar com este jogador, certamente um dos melhores do plantel, nesta fase decisiva da época. Mais um exemplo da qualidade superlativa deste plantel que soube suprir a sua ausência sem que quase se desse por ela. Sálvio traz porém um enorme acrescento de qualidade, que ninguém duvide disso. Veremos como JJ reajusta a equipa mas não me admiraria que Markovic pudesse começar a alternar na frente de ataque com Lima ou Rodrigo.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A queda do City e a "normalidade"

Até ao jogo com o Chelsea para o campeonato o Manchester City era uma equipa temível que desmantelava adversário após adversário e que se previa que pudesse ter uma época repleta de sucessos. 

A derrota (clara e indiscutível) frente ao Chelsea mostrou porém que a equipa tinha (tem) debilidades e que está muito longe de ser imbatível. Os jogadores já não têm a mesma alegria a jogar, a mesma confiança nas suas capacidades e a mesma certeza de que as coisas lhes sairão bem. Por vezes é assim e por isso as derrotas são testes muito grandes à capacidade mental das equipas. 

Há porém um outro factor na queda de rendimento do City: a ausência por lesão de Aguerro. Esta lesão aconteceu precisamente antes do jogo com o Chelsea e afectou tremendamente a equipa. É que Aguerro é um jogador de classe mundial, um jogador que está no patamar logo abaixo de Cristiano Ronaldo e Messi, e que abrilhanta muito a equipa onde actua. 

Nessa medida, a vitória do Barcelona acabou por ser absolutamente normal e, logo a partir dos primeiros minutos de jogo, relativamente previsível. A tal "dimensão física" que o City tentou fazer valer, falhou por completo face à "rabia" que o Barcelona lhe impôs. Com todos os seus melhores centrocampistas em campo, o Barcelona voltou ao seu estilo de posse de bola e pressão imediata logo que a perdia. Não deu qualquer veleidade ao City.

O Barcelona continua a ser uma grande equipa do futebol europeu (frase em si mesma quase redundante) e deu ontem uma enorme lição a um dos "novos-ricos" do futebol europeu.

Também sem surpresas, o Paris SG venceu o Leverkussen, sendo apenas os números dificilmente antecipáveis.

Caso a "normalidade" se mantenha, o Arsenal será atropelado pelo Bayern e o Atlético de Madrid conseguirá ultrapassar o Milan que já há várias épocas deixou de ser um colosso europeu.

Os restantes 4 jogos relativos à primeira mão dos oitavos de final serão jogados para a semana.

Espera-se que Chelsea, Dortmund e Real Madrid acabem por ultrapassar respectivamente o Galatasaray, o Zénite e o Shalke 04. Na outra eliminatória as coisas já são mais imprevisíveis face à época desastrosa que o Manchester United está a realizar. O Olympiakos poderá causar uma meia surpresa. 

A segunda (e decisiva) fase do campeonato

Não há como enfatizar em excesso esta dupla mensagem: o campeonato é a prioridade absoluta da época e tudo se mantém em aberto.

Claro que é bom ter uma vantagem de 4 e 5 pontos sobre os concorrentes mas a fase decisiva ainda não chegou. Daí eu falar da segunda fase do campeonato, a fase de todas as decisões, apesar de contabilisticamente termos já passado a metade (faltam 11 jogos).

Eis abaixo o quadro comparativo de jogos dos 3 candidatos:

Benfica-Guimarães                    Rio Ave-Sporting             Porto-Estoril   
Belenenses-Benfica                       Sporting-Braga             Guimarães-Porto
Benfica-Estoril                           Setúbal-Sporting              Porto-Arouca
Nacional-Benfica                                               Sporting-Porto
Benfica-Académica                      Marítimo-Sporting         Porto-Belenenses
Braga-Benfica                            Sporting-Guimarães       Nacional- Porto
Benfica-Rio Ave                           P. Ferreira-Sporting         Porto-Académica
Arouca-Benfica                            Sporting-Gil Vicente         Braga-Porto
Benfica-Olhanense                        Belenenses-Sporting         Porto-Rio Ave
Benfica-Setúbal                            Nacional-Sporting          Olhanense-Porto
Porto-Benfica                             Sporting-Estoril

Os jogos (J) a negrito são aqueles em que um dos candidatos ao título joga com equipas da metade superior da tabela (>9). Os jogos a negrito e sublinhado são evidentemente os jogos entre os candidatos ao título (>4).

Se considerarmos os jogos serem em casa ou fora como um factor adicional de ponderação, podemos estabelecer o seguinte quadro de dificuldade dos jogos (em que 1 é em teoria o mais fácil):

Em casa com equipa da metade inferior da tabela (<9): 1
Fora com equipa <9: 1,5
Casa com equipa >9: 1,5
Fora com equipa >9: 2
Casa com equipa >4: 2
Fora com equipa >4: 2,5

De acordo com este critério objectivo (embora discutível obviamente), o Benfica é o clube com melhor calendário:

Benfica:    16,5 (soma do grau de dificuldade)
Sporting:   17,5
Porto        17,5

Claro que isto serve para o que serve, que é pouco mais que nada. O que contará de facto é o que as equipas fizerem em campo, sempre altamente imprevisível mas em grande parte resultando da capacidade das mesmas se manterem focadas e da respectiva capacidade de aguentar a pressão e o cansaço.

Ainda olhando para o calendário, verifica-se que não é impossível que o campeonato possa ficar resolvido (ou perto disso) nas próximas 6 jornadas. De facto é aí que se concentram a maioria dos jogos dos líderes com os >9, para além do importante Sporting-Porto. Na jornada 25 em particular todos os candidatos jogam com equipas >9. A partir dessa jornada, fica a faltar ao Benfica apenas um jogo de grau de dificuldade acima da média: o jogo no Porto.

O Porto tem vindo a subir de produção. A dada altura chegou a parecer possível que o Porto pressionasse o botão de "auto-destruição", "saneando" Fernando da equipa. Isso não aconteceu e o Porto está a viver um "novo começo" com novas apostas (Herrera, Quaresma e Abdoulaye) e uma subida visível de rendimento. No entanto a sua tarefa está muito difícil pois não tem margem de erro. Começa já esta jornada por defrontar o Estoril, que está a jogar muito bem, depois vai a Guimarães e duas jornadas depois enfrentará o Sporting. O Porto precisaria de vencer todos estes jogos para poder encetar uma recuperação, algo que, não sendo impossível, me parece muito difícil.

Quanto ao Sporting, veremos se a quebra de rendimento que se tem verificado desde o fim da primeira volta se mantém ou se a equipa consegue voltar aos índices de rendimento mais elevados do primeiro terço do campeonato. O Sporting está numa posição em que já não pode perder mais pontos, sob pena das expectativas para a época se começarem a desvanecer em desilusão. A verdade é que o Sporting enfrenta uma sequência de 5 jogos bastante difícil.

Quanto ao Benfica, tendo em teoria o calendário mais fácil até ao fim, como ficou demonstrado, terá nos próximas jornadas uma excelente oportunidade para se distanciar ainda mais na classificação e ganhar, aí sim, uma vantagem que poderá ser decisiva. Nos próximos 3 jogos, dois deles em casa, enfrentaremos adversários que nas últimas duas épocas nos deram dissabores: Guimarães e Estoril, para além do Belenenses que nos tirou pontos já esta época na Luz. Na jornada do Sporting-Porto vamos à Madeira e duas jornadas depois a Braga (30 de Março). Depois disso e até à última jornada não temos jogos teoricamente muito difíceis.

Esta é certamente a altura de concentrar todos os esforços no campeonato. A oportunidade de recuperamos o título está bem ao nosso alcance. Esta é a altura em que todos os candidatos sabem, sobretudo o Porto, que não podem falhar e em que lançarão mão de todos os seus trunfos. Saiba o Benfica aproveitar o facto de, nesse contexto, ter o melhor calendário para de destacar de modo decisivo na liderança.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

"Xistrema" teve melhor nota que arbitragem do derby!


Não tenho falado praticamente nada de arbitragens, tal como me comprometi no início do ano, mas há coisa que de facto não podem passar em claro.

Então não é que Marco Ferreira, que fez uma arbitragem excelente no último derby, tendo conduzido sempre o jogo de forma sóbria e deixando jogar, ao ponto de ser elogiado por ambas as equipas, teve uma nota inferior a Carlos Xistra no célebre Académica-Benfica em que este senhor marcou dois penalties contra o Benfica, ambos inexistentes?

Sim, é mesmo verdade! Carlos Xistra teve 3,9 pontos nesse jogo, ao passo que Marco Ferreira teve apenas 3,5. 

É por estas e por outras que depois Benquerenças e outros que tais aparecem a arbitrar no estrangeiro, inclusivamente jogos importantes a nível internacional. Marco Ferreira provavelmente não tem padrinhos, apita de acordo com a sua consciência e isso não interessa a muita gente.

Assim vai o futebol português. 

(Os links encontram-se abaixo para quem quiser confirmar os dados). 

http://www.publico.pt/noticia/carlos-xistra-avaliado-com-nota-positiva-no-jogo-academicabenfica-1565631
http://www.dn.pt/desporto/benfica/interior.aspx?content_id=2807484
http://www.abola.pt/nnh/ver.aspx?id=460831


segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Campeonato é a prioridade absoluta

O Benfica venceu bem e com naturalidade um adversário complicado. Garay está num excelente momento de forma e foi decisivo. Gostei de ver o regresso à competição de Rúben e o regresso aos golos de Markovic. Espero que Rodrigo e Lima também voltem rapidamente a marcar, de preferência já contra o Guimarães, de preferência de bola corrida, pois esses golos têm sempre outro sabor. Maxi e Gaitan viram o 5º amarelo e não jogarão nessa jornada.

É importante recordar que o Guimarães tem sido um adversário aziago para o Benfica. Há dois anos foi em Guimarães que começou a derrocada, quando tínhamos 5 pontos de avanço sobre o Porto: uma exibição inqualificável na cidade-berço e um golo de sorte numa das pouquíssimas jogadas ofensivas de que o nosso adversário beneficiou resultaram numa derrota, à qual se seguiriam um empate "a-la-Miguel" em Coimbra e uma derrota "a-la-Proença" na Luz com o Porto. Dos 5 pontos de vantagem passamos a 3 de atraso já perto do fim do campeonato. De igual modo o ano passado o Benfica perdeu com o Guimarães na final da Taça, tornando o fim de época num autêntico desastre competitivo. Mais uma vez o Guimarães nada jogou e em 2 minutos teve a sorte do jogo com dois golos atabalhoados. Mas novamente a culpa foi inteiramente do Benfica que fez uma exibição miserável.

Na próxima jornada importa não brincar e fazer o necessário para vencer o jogo. O Guimarães é uma equipa com pouco futebol, é certo, mas mesmo assim em dois anos trouxe-nos duas grandes tristezas, pelo que estamos proibidos de facilitar. Disse o mesmo antes do jogo com o Gil Vicente mas infelizmente não fui "ouvido".

A eliminatória da Liga Europa que se começa a disputar esta quarta-feira, com toda a sinceridade, pouco me importa. A prioridade absoluta tem que ser o campeonato, seguido da Taça de Portugal e só depois da Liga Europa. 

Penso que Jorge Jesus, que tem feito agora declarações moderadas e ponderadas, que aplaudo, está bem consciente disto - o campeonato, nunca é demais repeti-lo, é a verdadeira prioridade da época

Penso pois que deve haver uma gestão dos jogadores, um doseamento da carga competitiva. Eu apostaria em jogadores como Sílvio, André Gomes, Sulejmani e, caso esteja disponível, Cardozo para o 11. Daria ainda bastantes minutos a Djuricic e Rúben Amorim. Penso que há que tirar partido da abundância de soluções de qualidade no plantel e simultaneamente preservar peças nucleares da equipa para estarem ao máximo das suas capacidades nas jornadas decisivas do campeonato.


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Mentirosos compulsivos?

Aqui há uns dias atrás o clube do Porto "anunciou" na sua página do Facebook que Fernando tinha renovado. Esta notícia (?) foi reproduzida por praticamente toda a comunicação social especializada. A título de exemplos:


Na realidade esta renovação já tinha sido anunciada antes, pelo menos em duas ocasiões. Em Dezembro já estava "tudo acertado" e em Janeiro Fernando "acertava a renovação":


No entanto, desta vez a fonte é "oficial", é o próprio FC Porto na sua página do Facebook, informando-se inclusivamente da duração do contrato: até 2017.

O caso estaria pois aparentemente encerrado. 

No entanto, conhecida a pouca credibilidade dos dirigentes do Porto, o seu fraco registo matéria de compromisso com a verdade, permaneceu no ar uma dúvida. Aliás em Inglaterra já se falava num acordo do City com o médio, desejado também pelo United. Ora não tendo Fernando renovado até agora custava a perceber que o fosse fazer a 4 meses do seu contrato expirar e poder negociar livre com qualquer clube.

Agora surge o empresário de Fernando, uma personagem pouco recomendável ligada às escutas do apito dourado, a dizer que Fernando jogará com toda a certeza em Inglaterra para o ano. Confusos? Eu também. Mas se nos lembrarmos que por aquelas bandas a verdade é um valor muito relativo estaremos mais perto de compreender todo este caso.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Rescaldo do derby

Quase tudo já foi dito ontem. Programas e mais programas televisivos cobriram todos os ângulos do derby, desta vez felizmente sem "casos" de arbitragem para analisar. 

Depois do que se passou no Domingo esta exibição categórica foi muito importante para afastar da memória aquela péssima experiência e dar uma alegria aos benfiquistas que, como aqueles dois adeptos algarvios que dormiram à porta do Estádio durante duas noites, tanta dedicação oferecem e tantos sacrifícios fazem pelo seu clube. Esperemos que quem é responsável pela manutenção do Estádio tenha aprendido bem a lição e que episódios deste tipo nunca mais se repitam. Esteve bem o Presidente do clube em pedir desculpa aos adeptos pelo que se passou e em lhes dedicar esta vitória tão clara e esta exibição tão bem conseguida. 

Entre tempestades e vendavais a equipa emerge como líder incontestado. Há porém muitas mais marés e procelas pela frente, pelo que teremos que ser sempre equipa, sempre manter um espírito de unidade e entreajuda, sem deslocados triunfalismos ou idiotas celebrações antecipadas como foi o timbre - há que o dizer com clareza - de grande parte da blogosfera benfiquista no ano passado, que tiveram o desfecho que se conhece.

O Benfica tem agora que ganhar o maior número de jogos seguidos possível, a começar já pela próxima jornada em Paços de Ferreira, não podendo ser negligente nem sobranceiro em nenhuma ocasião. Se formos vencendo, a pressão vai aumentando nos adversários, que sabem que quaisquer pontos perdidos podem equivaler a perder definitivamente o contacto com a liderança. Por outro lado, quanto mais firme e autoritária for a nossa liderança mais os adversários começam a perder a esperança.

É também esta a altura de estar atento a certas manobras habituais no Porto. O ano passado, quando liderávamos com 5 pontos de vantagem o Porto esteve perto de perder pontos em diversos jogos, tendo então aparecido decisões arbitrais claramente para o beneficiar, perante um silêncio benfiquista que foi mal calculado. Quando falámos (na véspera do jogo com o Estoril) já foi tarde demais e a destempo. O Benfica tem que estar atento e alerta e perceber que NADA está ainda resolvido.

Mudando de agulha para o campeonato inglês (que este ano voltei a acompanhar graças à Benfica TV), recordo que temos esta noite um Arsenal-Manchester United às 19.45h. É óptimo ver futebol descontraidamente depois da "nossa" parte estar feita, ou seja após uma vitória do nosso clube.

Na jornada passada o Chelsea de Mourinho passou para a frente, após o empate do City e o Arsenal se ter espalhado ao comprido em Liverpool. Foi a segunda derrota embaraçosa do Arsenal, desta vez absolutamente cilindrado (5-1) pelo melhor Liverpool dos últimos anos. Para quem não viu o jogo, aos 20 minutos o Liverpool já vencia por 4-0! Os reds foram de facto infernais, destacando-se as exibições de Sterling e Sturridge, bem como os dois golos na sequência de canto da autoria de Skrtel.

Apesar disto e em virtude do empate do Chelsea com o WBA, o Arsenal pode voltar à liderança hoje se vencer o Manchester United. A ex-equipa de Fergusson vai de mal a pior. Na última jornada empatou com o Fulham, o lanterna vermelha, depois de ter estado a perder e de ter dado a volta ao resultado. Nos últimos 6 jogos o United venceu apenas 2. Moyes está a fazer um péssimo trabalho, apesar de alguns analistas ingleses considerarem que ele acabará por ter sucesso depois de uma fase de adaptação. Fala-se de um fim de ciclo e de uma "limpeza de balneário". Tenho as maiores dúvidas que o problema esteja nos jogadores. Embora muitos sejam de facto veteranos e seja bom pensar numa renovação gradual, penso que o problema está mesmo na liderança. Não me parece que Moyes tenha atributos para levar este United de volta aos títulos. 

Ainda assim é um jogo grande, com grandes talentos em campo que conto ver, tranquilamente, esta noite. 


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Categórico!

O Benfica fez um dos melhores jogos da época e venceu de forma absolutamente inquestionável, não tendo dado qualquer hipótese ao adversário. Em poucas ocasiões como hoje as estatísticas contarão tão fielmente a história do jogo: posse de bola, remates à baliza e cantos, foi tudo nosso com um domínio avassalador. 
Pareceu-me desde o início muito arriscado para o Sporting jogar com Montero e Slimani, mas dada o adiamento do jogo o único trunfo dessa opção - o efeito surpresa - acabou também ele por ser anulado, resultando numa opção quase desastrosa. Faltaram mais um ou dois golos para o Sporting sair da Luz goleado e desmantelado.
Como Jorge Jesus assinalou, não é fácil jogar de igual para igual com o Benfica na Luz. O Sporting tentou fazê-lo e obviamente saiu-se (muito) mal.
Tacticamente o Benfica foi quase perfeito.
Confesso que ainda tinha algum receio em relação a Fedja, que ainda não tinha enfrentado nenhum teste verdadeiramente forte, nomeadamente num esquema de apenas dois homens no meio. O substituto de Matic deu porém uma excelente resposta. Gostei muito da sua exibição: recuperou muitas bolas (a primeira delas decisiva para a vitória) em várias zonas do terreno e ainda construiu bem. Sempre simples e com qualidade.
Enzo foi gigante, tal como Gaitan. Luisão foi imperial. Aliás toda a equipa esteve muito bem. Não consigo pensar em nenhuma exibição menos conseguida.
O Benfica teve uma excelente atitude e uma excelente entrada em campo, vencendo a maior parte dos duelos, tal como acontecera contra o Porto.
Foi uma vitória indiscutível, categórica, limpinha. A arbitragem foi impecável. O único reparo que eu faria é que Adrien merecia um amarelo mas o árbitro não o deu porque claramente não viu.
É importante perceber que o campeonato não está ganho. O Benfica é, penso que isso é óbvio, a melhor equipa e tem uma boa vantagem. No entanto no futebol tudo muda muito rapidamente pelo que não podemos baixar a guarda nem entrar em complacências.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Gravíssimo

Aquilo que se passou ontem no Estádio da Luz é de uma gravidade extrema e talvez só mesmo por milagre se tenha evitado a tragédia.

É verdade que estivemos perante condições climáticas extremas mas não é de todo aceitável que um Estádio com 10 anos se comece a desfazer perante o olhar incrédulo dos adeptos a ponto de caírem gigantescas placas de alumínio. Poderia ter acontecido uma tragédia.

Eu encontrava-me debaixo da cobertura que foi afectada e a situação foi assustadora. Primeiro existia uma coluna de som literalmente pendurada pelos cabos. Depois a cobertura da pala como que se rasgou, em dois momentos diferentes e espaçados no tempo alguns minutos, com um ruído fortíssimo.

A dada altura apercebemos-nos de que seguranças (pensámos), caminhavam pelas estruturas da pala, procurando resolver a situação da coluna de som e inspeccionando, de forma sumária, o que se passava com a cobertura.

Enquanto toda a gente no Estádio percebia que algo não estava bem e os espectadores debaixo daquela pala percebiam que a estrutura estava comprometida, alguém continuava a colocar música aos altos berros. O estádio a desfazer-se e um ruído ensurdecedor de Eminem. Foi um cenário surreal.

De imediato percebi que estávamos em perigo e muito rapidamente disse a quem me acompanhava que devíamos sair dali. Esperámos mais uns minutos já junto ao acesso à bancada e também daí rapidamente passámos ao interior do estádio, junto aos bares. Foi aí que tivemos a confirmação de que o jogo tinha sido cancelado (algo que considerávamos inevitável).

O que se passou, a parte da música (já de si normalmente muito desagradável e nas circunstâncias particulares de ontem intolerável) incluída, é gravíssimo, tanto mais que não foi a primeira vez que aconteceu.

Como se pode justificar que um Estádio tão recente (e que tanto custou) não ofereça condições de segurança para os espectadores? Claramente aquela cobertura foi muito mal feita e a construtora que a realizou tem que assumir as devidas responsabilidades.

Tenho as maiores dúvidas que a situação se possa resolver em apenas um dia. 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Mourinho - grande mestre em xadrês




A exibição do Chelsea na passada segunda-feira em Manchester e a consequente vitória, que poderia ter sido mais dilatada, constituiu provavelmente a maior lição táctica que já vi no futebol.

O Manchester City estava numa forma impressionante, cilindrando adversário após adversário e contava por vitórias todos os jogos disputados em casa. Entre esses resultados contavam-se: 4 ao Newcastle, 4 ao United, 3 ao Everton, 6 ao Tottenham e mais 6 ao... Arsenal! Na jornada anterior, o City tinha ido a Londres "dar" mais 5 ao Tottenham ao passo que o Chelsea empatara em casa com o West Ham.

Antevia-se portanto um jogo muito difícil para o Chelsea e uma missão quase impossível para parar o ataque dos cidadãos e manter a melhor defesa da prova.

Antevi aqui uma táctica ultra-defensiva por parte de Mourinho, fechando todos os caminhos da sua área. No entanto não foi isso que aconteceu. Mourinho mostrou que realmente é único no panorama do actual futebol e montou uma estratégia que podemos catalogar de perfeita para este jogo.


Com efeito, o treinador português dispôs a sua equipa em campo como se fossem peças num xadrês, tirando e quase anulando a iniciativa do adversário e sendo capaz de jogar no respectivo meio campo, construindo bastante jogo e oportunidades de golo, quer em ataque organizado e sempre muito apoiado quer em contra-ataque. 


A sua equipa foi um modelo de equilíbrio e solidez que mereceu amplamente a vitória. Em raras ocasiões se terá visto uma influência tão directa e evidente de um treinador no desempenho da sua equipa e no desfecho do jogo. O City foi absolutamente impotente para vencer este Chelsea e se ainda teve oportunidades, no fim do jogo, para alcançar outro desfecho isso deveu-se apenas ao facto da sua equipa ter sido infeliz em várias ocasiões não conseguindo aumentar a vantagem como merecia. 

O Chelsea actou num 4-2-3-1, que tem sido o sistema predilecto de Mourinho no Chelsea, com David Luiz e Matic a fazerem uma "parede" às investidas do City e a impedirem o tal jogo "entre linhas" de que agora tanto se fala e no qual o City é fortíssimo. Os "carroceis" de Silva e do próprio Touré raramente aconteceram (quando o conseguiram criaram as poucas oportunidades de que dispuseram no jogo) e quando o Chelsea saia para o contra-golpe Hazard e William, apoiados por Ramirez, eram sempre setas apontadas à defesa adversária tal a sua velocidade e capacidade. 

É curioso como Mourinho adaptou David Luiz a esta posição com mais sucesso do que os seus antecessores. Como eu aqui disse há algum tempo, não é possível ter um jogador como David no banco durante muito tempo, não faz sentido, é um desperdício e acaba por ser insustentável. Mourinho aceitou por isso a "adaptação", tanta vezes criticada pelos analistas e adeptos, e os resultados estão a ser bons. 

Com esta táctica, Mourinho também consegue ter em campo vários centro campistas, vários jogadores que vão atrás da bola e lutam quando a sua equipa defende.


Para surpresa de alguns, mas não certamente dos benfiquistas, Matic foi o homem do jogo, apesar das excelentes exibições de Cahill, Terry, Hazard e Willian (já Ramirez pareceu-me com menos fôlego do que habitualmente). De facto o sérvio acabou por ser a peça chave do jogo, aparecendo nos espaços de Touré, no centro da sua área a defender, a sair com a bola e passá-la e até no ataque, nomeadamente com um pontapé portentoso que levou a bola ao poste. 


Foi o gigante a que estávamos habituados no Benfica.

Mestre da táctica, Mourinho é igualmente mestre no bluff e nos jogos psicológicos que são também importantes no xadrês para distrair e desorientar o oponente. Após o jogo afirmou que quem fizera a palestra fôra o massagista e continua a dizer que o Chelsea não é candidato ao título, apesar de estar em igualdade pontual com o 2º, que acabou de bater pela segunda vez esta época (na primeira teve sorte, há que o reconhecer) e a escassos 2 pontos do Arsenal, que esta jornada vai ao terreno do Liverpool. 

Penafiel-Benfica e outras notas soltas

Diz "A Bola" que o Penafiel-Benfica de hoje (19.00h) pode não se realizar devido ao estado em que o relvado se encontra depois do dilúvio de ontem.

Se fosse o jogo fosse do Porto e Proença fosse chamado podíamos estar certos de que não se realizaria, mas situações dessas só estão ao alcance dos melhores do mundo...

Assim quer-me parecer que haverá mesmo jogo, pelo que é bom que os jogadores estejam mentalizados de que esta partida não é para nota artística. 

Por outro lado não me parece que convocar todos os habituais titulares seja a melhor opção, uma vez que temos um jogo decisivo para o campeonato (prioridade da época) dentro de 4 dias e com um terreno como este os jogadores sofrerão fortíssimo desgaste. Esperemos que ainda assim exista alguma gestão.

Curioso ainda que se o jogo acabasse mesmo por não se realizar, Siqueira não cumpriria castigo pelo que não poderia jogar contra o Sporting.

Por falar em gestão de plantel, gostei imenso do golo e da exibição de Miguel Rosa, possivelmente o melhor em campo no jogo do Belenenses frente ao Braga. Gosto muito deste jogador, que espero que continue a ter sucesso na sua carreira e que ajude este ano o Belenenses a manter-se na 1ª divisão.

Nota também para um outro grande jogador, Matic, eleito igualmente o melhor em campo, na vitória do Chelsea em Manchester, assunto a que voltaremos ainda noutro post.

Escreveremos também em breve sobre as modalidades e nomeadamente o que se passou este fim-se-semana no hóquei em Valongo.


Por fim, não resisto a trazer para aqui um outro assunto extra-futebol e extra-Benfica. 


O que foi isto? Alguém consegue explicar?? Se ainda não sabem o que é um inconseguimento não percam este vídeo! 

http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=98490



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Mourinho enfrenta trituradora

É já daqui a 4 horas que o Chelsea de Mourinho vai a Manchester para enfrentar o City, uma equipa com média de 3 golos por jogo! Em casa então, o City costuma ser demolidor. Já o Chelsea tem a melhor defesa (com menos um golo sofrido em relação ao Arsenal) e tentará manter esse registo sabendo que não será fácil.

Existe bastante expectativa para perceber quem colocará Mourinho no meio-campo e também em relação à estratégia que utilizará - se ultra-defensiva se tentando ter a bola e assumir o comando do jogo. Inclino-me mais para a primeira hipótese por duas razões: no jogo fora contra o Arsenal a sua equipa não correu nenhum risco e o City é absolutamente letal quando apanha os adversários em contra pé.

Os dois candidatos jogam sabendo que o Arsenal venceu e está na frente à condição e que o Liverpool voltou a perder pontos e, embora seja favorito para um dos quatro lugares, "corre por fora" das contas do título.

O City passa para a frente se vencer, resultado que colocaria o Chelsea a uma desconfortável distância de 6 pontos do primeiro lugar.

Este é um daqueles jogos que apetece mesmo ver, de emoção máxima, embora por vezes o espectáculo se ressinta do facto de estar muito em jogo, pois os treinadores arriscam pouco (Mourinho então nem se fala).

Aguerro não joga por lesão. 

O Gil-Benfica e o campeonato daqui para a frente

O Benfica cometeu demasiados erros e consequentemente não ganhou o jogo. O treinador e os jogadores não leram o nosso último post e o resultado está à vista...

Piadas à parte, de facto era previsível que se o Benfica não levasse este jogo muito a sério se arriscava a não ganhar. Estava-se mesmo a ver que o Gil Vicente marcaria no primeiro remate à baliza que fizesse, depois de, no jogo anterior, no Restelo não ter feito um único. Estava-se mesmo a ver que o guarda-redes adversário iria fazer uma grande exibição. Estava-se mesmo a ver que nos instantes finais teríamos oportunidades claríssimas e que as iríamos falhar.

Tudo isto era previsível porque acontece múltiplas vezes neste tipo de jogos: a equipa mais forte começa a desesperar pelas bolas não entrarem e a equipa menor, ajudada por alguma sorte, cada vez mais acredita que poderá fazer um resultado positivo.

É verdade que o campo estava impróprio, mas o Benfica cometeu demasiados erros: Siqueira tem que ter outro cuidado, Cardozo falhou duas oportunidades flagrantes (incluindo o penalty), Oblak falhou no golo do Gil e alguém falhou igualmente nesse lance ao não cobrir a cabeça da área, deixando o jogador adversário à vontade para fazer o chamado "pontapé de ressaca". 

Jorge Jesus a meu ver também errou. Se, após a expulsão e com o jogo empatado, se percebeu que o treinador do Benfica não mexesse na equipa na expectativa de que pudéssemos chegar ao golo, já depois deste impunha-se reforçar a defesa. Tendo o Benfica até conseguido o mais difícil, que era marcar a jogar com 10, depois disso a ordem devia ter sido de defender a todo o custo.

Diga-se que não havia nenhum lateral no banco; o mais "parecido" com isso era Rúben Amorim. Ainda assim este deveria ter entrado para colocar um jogador sobre a esquerda: Fedja, Maxi, o próprio Rúben ou outro. O que não deveria acontecer é Gaitan ficar a defesa esquerdo, porque isso já tinha acontecido esta época e com péssimos resultados (Benfica-Arouca). De facto foi por ali que surgiu a jogada que iniciou a sequência atacante do Gil Vicente que viria a acabar no golo do empate. Gaitan fez uma falta desnecessária que deu canto e dai veio o golo. Acima de tudo importava dotar a equipa de um maior equilíbrio defensivo pois estávamos a ganhar.

Seja como for o resultado foi este e há que viver com ele sem entrar em dramas ou depressões. A realidade é que ganhámos um ponto ao Porto e mantivemos dois de vantagem para o Sporting.

O resultado do Porto era previsível. O Porto entrou num rápido processo de desmoronamento e estou convencido de que ficará mesmo em 3º lugar este ano caso Benfica e Sporting mantenham sensivelmente o nível da 1ª volta. Não é só a incapacidade e os equívocos de Paulo Fonseca, é a decadência de Pinto da Costa e a desagregação da "estrutura".

Repare-se no que acontece neste período de transferências: uma equipa já de si debilitada traz Quaresma (à partida uma boa contratação) mas depois perde Lucho a custo zero (dois dias depois de Pinto da Costa dizer que ele provavelmente acabaria a sua carreira no Porto...) e "dispensa" Otamendi, restando saber o que vai acontecer a Fernando. Diz-se que o brasileiro já está com a cabeça fora do Porto (sairá a custo zero) e pode mesmo vir a ser marginalizado. Pinto da Costa assumiu que Fonseca era a sua escolha e disse que renovaria o seu contrato se ele estivesse a expirar, mas sábado já o treinador se queixava (pela segunda vez) de que a equipa não tem atitude...

Quanto ao Sporting, parece-me que será o grande opositor do Benfica este ano. Estou plenamente convencido de que em Alvalade todos sentem que podem mesmo lutar pelo campeonato até ao fim, algo que aliás as contratações de Inverno parecem demonstrar. O Sporting está a fazer uma boa época em termos dos tais "objectivos" que traçou, pelo que à partida não se vê qual a necessidade destas contratações. A explicação é que a estrutura sportinguista está a fazer um forcing para atacar o fim do campeonato. 

Claro que o resultado de ontem foi, neste contexto e depois de Porto perder e Benfica empatar, uma desilusão para os sportinguistas. Se nós achamos que, tendo vencido sábado e vencendo o Sporting em casa na próxima jornada, ficaríamos quase com o título na mão, os sportinguistas, ao entrarem ontem em campo já sonhavam em chegar à Luz em primeiro, bastando-lhes um empate nesse jogo para manter a posição. E isto já em plena 2ª volta...

Dito isto o jogo de Domingo tem exactamente o mesmo enquadramento que tinha antes desta jornada se iniciar, ou seja: o Benfica parte à frente sai à frente caso empate ou vença; o Sporting parte atrás e precisa de vencer para passar para 1º, mas se empatar tudo se mantém em aberto. 

O único resultado que pode de facto deixar alguma coisa mais perto de estar decidida é uma vitória do Benfica. Nesse cenário o Benfica fica com 5 pontos de avanço sobre o Sporting que na realidade são 6 porque em caso de empate teria vantagem no confronto directo. Há porém ainda muito campeonato e, antes sequer do Sporting, temos ainda a Taça, um jogo igualmente importante.