quarta-feira, 17 de maio de 2017

Quatro vezes Benfica

O desejado Tetra chegou, com mérito e justiça.
É verdade que o Benfica não foi tão dominador ao longo da época como aconteceu no passado recente mas acabou em beleza com a demolição do Vitória de Guimarães num sábado de festa como nem os mais optimistas antecipariam. Foi realmente uma exibição de luxo aquela com que o Benfica se despediu da Luz na época 2016/2017.

Tudo parece agora mais ou menos normal e até quase previsível. Mas quem imaginaria há 4 anos atrás que hoje íamos estar nesta posição?

Dia 11 de maio de 2013 o Benfica entrou em campo no estádio do dragão como líder e com a possibilidade de se sagrar campeão nessa jornada. Aos 92 minutos sofreu um golo estranho que, a uma jornada do fim, o retirou da liderança que mantivera ao longo de todo o campeonato. O Porto seria tricampeão na jornada seguinte. Depois veio a derrota na final da Liga Europa novamente aos 92 minutos e seguidamente a derrota na Taça de Portugal, contra o Vitória de Guimarães já perto do final do jogo. As três derrotas foram por 2-1. Foi uma época de pesadelo. Quem imaginaria que a partir daí se iniciaria um ciclo de vitórias como o actual?

Na época 2013/2014 o Benfica voltou a entrar com o pé esquerdo. Tudo parecia perdido, ou a caminho disso. No entanto as coisas começaram a encarrilar e acabaríamos mesmo por ser campeões em 2014. O momento decisivo, o toque a reunir, foi paradoxalmente o desaparecimento do King. Jogando menos de uma semana depois na Luz contra o Porto o Benfica venceu categoricamente o Porto por 2-0 com golos de Rodrigo e Garay. Um mês depois, novamente na Luz, venceríamos de forma igualmente clara e inequívoca o Sporting pelo mesmo resultado, desta vez com golos de Enzo Perez e Gaitan. O campeonato chegaria logo em abril, a tempo de dar algum espaço para a preparação da eliminatória da meia-final da Liga Europa com a Juventus. Apesar de a ter vencido, o Benfica chegou muito debilitado à final por decisões arbitrais prejudiciais (por exemplo as expulsões de Enzo e Markovic (este no banco por suposto envolvimento numa confusão provocada pelos jogadores da Juve). Com três penalties por assinalar a seu favor, o Benfica acabaria derrotado no desempate por grandes penalidades. Mas a época não acabaria sem mais um troféu, desta vez a Taça de Portugal.

Em 2014/15 o Benfica não entrava como favorito. Muitos jogadores haviam saído e o Porto, agora dirigido por Lopetegui, pelo contrário reforçara-se gastando muitos milhões. Foi uma época bastante sofrida, na qual o Benfica foi pragmático. A diferença foi feita por Jonas, na altura quase um desconhecido. Chegado a custo zero depois de dispensado pelo Valência onde não tinha grandes oportunidades, Jonas entrou na equipa apenas em setembro, depois do fecho do período normal de contratações (por ser um jogador sem contrato). Na recta final, o Benfica recebia o Porto na confortável posição de poder jogar para dois resultados. O Porto pelo contrário estava obrigado a ganhar para passar para a frente. O resultado foi um empate num jogo com pouco brilho. O título chegou precisamente há um ano, dia 17 de maio de 2015, quando empatámos em Guimarães e o Porto empatou no Restelo.

Depois veio a bomba da ida de Jorge Jesus para o Sporting e da ida de Maxi Pereira para o Porto. A época começava com incerteza e perdemos logo a Supertaça para os rivais em agosto. Depois veio a derrota na Luz para o campeonato em outubro. Humilhação, escrevi aqui. Nessa altura estava convencido, como muitos, de que Rui Vitória não era treinador para o Benfica. No entanto haviam alguns sinais positivos a que também aludi, antes mesmo desse derby desastroso, no sentido de que a equipa estava a melhorar: Nélson Semedo espantava a todos e Gonçalo Guedes começava a aparecer, ao passo que Jonas e Gaitan continuavam a demonstrar a sua classe. Mas voltámos a perder pontos e em novembro, já a 8 do Sporting no campeonato, voltávamos a perder, desta vez em Alvalade e para a Taça. Um jogo esquisito, que começámos a ganhar e acabámos por perder, com lances de arbitragem "complicados", resultando em lesões dos nossos jogadores, graves no caso de Luisão que partiu um braço. Mas ainda em dezembro as coisas começariam a melhorar com Sporting e Porto a começarem a perder pontos e o Benfica a voltar em encarrilar. O Sporting atacava-nos a toda a hora e momento, desde o seu presidente ao treinador, passando por otávios e inácios, e nós concentravamo-nos em nós próprios e no nosso trabalho. Em janeiro entrou Renato na equipa. Começámos a golear os nossos adversários e a fazer exibições de gala. Em fevereiro o Benfica perde com o Porto na Luz num jogo que deveria ter ganho - e teve oportunidades mais do que suficientes para tal. Mas a 5 de março vencemos em Alvalade e atingimos o 1º lugar para de lá mais não sair. Até ao fim do campeonato vencemos todos os jogos. Foi uma época inesquecível.

E depois chegou este ano. Novamente saíram jogadores importantes, como Gaitan, Renato Sanches e Gonçalo Guedes. O Sporting fez o maior investimento de sempre, contratando na Alemanha um jogador como Bas Dost (entre muitíssimos outros, vários "recambiados" logo em janeiro) e o Porto voltou também a investir muito, contratando Layun (estava emprestado), Alex Teles, Filipe e Soares (este em janeiro), para além de ter recebido Diogo Jota em empréstimo do Atlético de Madrid.
O Benfica esteve praticamente a época inteira na liderança, tendo apenas fraquejado um pouco na dobragem da primeira para a segunda volta, altura em que o Porto contratou Soares e teve por sua vez um impulso positivo.

O título é justíssimo e marca um inédito Tetra. Fica a faltar a disputa da final da Taça (para além do jogo "a feijões" com o Boavista) e a possibilidade de mais um importante troféu nacional. Isto para já, porque para o ano a ambição será seguramente a mesma, acrescida pela possibilidade de conquistar um ainda mais histórico Penta.



2 comentários:

  1. Meu Caro,

    "É verdade que o Benfica não foi tão dominador ao longo da época como aconteceu no passado recente..."

    Discordo em absoluto!
    Para início de crónica, creio que...

    Cmpts Gloriosos.
    GV

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  2. Caro,
    nestes últimos 4 títulos houve dois para mim nos quais fomos mais dominadores: 2016 e 2014. É verdade que em 2016 vencemos o campeonato com apenas 1 ponto de vantagem, mas isso deveu-se ao péssimo início de campeonato que fizemos, no qual chegámos a estar a 8 pontos da liderança. Excluindo esse início vencemos quase todos os jogos e ganhámos imensos jogos com goleadas. Em 2014 vencemos os rivais no início da segunda volta com clareza e tivemos uma grande vantagem que até nos permitiu um pouco retirar o pé no fim do campeonato. Já em 2015 e 2017 fomos na minha opinião mais pragmáticos. Claro que este ano tivemos muitas lesões que nos condicionaram, o que pode ajudar a explicar algum menor fulgor em certos momentos da época.
    Saudações gloriosas.

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