sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Benfica ilibado: uma decisão óbvia

O caso e-toupeira é para mim desde há muito um processo estranho. Claro que num primeiro momento, aquando da detenção de Paulo Gonçalves, fiquei triste e preocupado. Claro que ter o Benfica envolvido em casos judiciais é algo de absolutamente indesejável.
No entanto, neste caso particular desde muito cedo me pareceu estarmos perante uma acusação muito frágil. Afinal de contas o Benfica era acusado de corromper funcionários judiciais a troco de... convites para jogos. Mais: que benefícios retirou o Benfica desses actos de "corrupção"? O conhecimento do andamento de processos contra o clube? Mas que processos se este é o único que até agora avançou - e com as consequências que estão à vista: a juíza achou que o caso não tinha méritos sequer para ir a julgamento?!
Na minha leitura de leigo, este processo deveria no máximo tratar -se de um processo de violação do segredo de justiça. E, como é sabido, violações de segredo de justiça acontecem diariamente em Portugal sem que daí resultem quaisquer consequências. Falar-se em corrupção era absurdo absurdo e a juíza demonstrou-o ao absolver totalmente a SAD do Benfica mesmo antes de qualquer julgamento.
A concluir, espero que também Paulo Gonçalves seja absolvido de todas as acusações de corrupção - e estou convencido de que o será. Corrupção é um crime muito grave que nada tem a ver com alegadamente receber informações inócuas sobre o estado de processos.
O Ministério Público espalhou-se ao comprido. A montanha pariu um rato.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Mourinho e Vitória

Têm, claro está, carreiras completamente diferentes mas neste momento Mourinho e Rui Vitória estão numa situação que apresenta semelhanças: as suas equipas jogam pouco e mal e não se vislumbra que nenhum deles tenha capacidade de dar a volta à situação. 

O caso de Mourinho é pior: o Manchester está arredado do título antes do Natal e mesmo a qualificação para a Champions parece neste momento uma miragem. O Manchester joga um futebol deprimente, sem qualquer ideia de jogo, sem capacidade de ter a bola e construir jogadas com sentido, sem golos, sem chama, sem sequer criar oportunidades de perigo. Mourinho não tem qualquer plano e culpa os jogadores, quando muitos deles foi ele quem contratou e por somas bem avultadas: Bailly, Lindelof, Dalot, Matic, Pogba, Fred, Lukaku ou Alexis Sánchez.

Primeiro ponto: com o plantel que tem, onde além dos referidos se incluem nomes como Rashford, Martial, Lindegard ou Mata, Mourinho tinha obrigação de fazer muito, mas mesmo muito melhor. Mourinho está a fazer um campeonato ao nível do que Nuno Espírito Santo ou Marco Silva, com plantéis muito menos valiosos têm conseguido (e Marco Silva até está um pouco abaixo das expectativas). Está a 8 pontos do Arsenal e 13 dos Spurs. A uns impensáveis 19 do Liverpool!

Ponto dois: Se o plantel do United não está ao nível dos outros grandes de Inglaterra, nomeadamente do City e do Liverpool, a culpa é de Mourinho. Quem achou por bem gastar 100 milhões na  contrataçãode Pogba? Quem deu 42 milhões por Mkhitarya para depois o trocar por Sánches que nem convocado é? 

Mourinho conseguia transformar jogadores banais em "animais" de competição mas neste momento transforma jogadores talentosos em jogadores banais. Incompatibiliza-se com todos e não assume a responsabilidade por nada. Claramente devia ter a hombridade de se demitir e prescindir da indeminização, mas sabemos que o que se passa é o contrário: não sai apenas porque quer receber a indeminização apesar de já ter percebido que não consegue dar a volta à situação. Mourinho e as suas tácticas ultra defensivas e limitadoras da individualidade e criatividade dos jogadores estão completamente ultrapassadas e já nem resultados garantem. 

Pelo contrário, Mourinho arrasta o United num calvário competitivo e exibicional que o deveria levar, em nome da sua dignidade, a demitir-se. É lamentável que não o faça e que dilapide completamente o prestígio que construiu ao longo da sua carreira. Mais estranho ainda é que a débacle tenha começado imediatamente a seguir à renovação do seu contrato. 

Rui Vitória não está na mesma situação. Não tem - que se saiba, ou pelo menos publicamente - os jogadores contra si e não os acusa de serem os culpados quando as coisas não correm bem. Nesse aspecto, do ponto de vista dos valores, Vitória está muito longe, muito acima de Mourinho. Em termos de resultados as coisas estão um pouco, não muito, apenas um pouco, melhores para Vitória do que para Mourinho. Vitória está teoricamente ainda dentro da luta pelo título. No entanto foi eliminado da Champions mais uma vez sem honra nem glória. Foi mais uma Champions para esquecer. Nesse aspecto Mourinho ainda mantém a ilusão de que pode fazer alguma coisa na Champions.

Mas onde as semelhanças são óbvias é no futebol pobre, sem imaginação nem rasgo das duas equipas. 

Infelizmente tenho que constatar que desde que Vitória começou verdadeiramente a aplicar as suas ideias ao Benfica, nomeadamente o triste 4-3-3, deixámos de ganhar fosse o que fosse e praticar um futebol minimamente atractivo. Digo infelizmente porque sou assim obrigado a concluir que de facto as ideias que foram vencedoras nas duas primeiras épocas vinham de trás.

Desde que chegou ao Benfica, Vitória teve ideias de jogo boas e originais. O problema é que as boas não eram originais e as originais não são boas. As boas vinham dos anos anteriores e as originais não prestam porque esta equipa joga pouco ou quase nada.

Este 4-3-3 continua a não convencer: nem há controlo de jogo, nem posse de bola, nem velocidade, nem oportunidades de golo. Vivemos de rasgos de jogadores excepcionais como Grimaldo, Rafa ou Jonas. Os jogos são penosos de ver.

Têm-se salvado os últimos resultados mas as exibições não auguram nada de bom.

Rui Vitória tem matéria prima para fazer muito melhor, mas infelizmente já poucos acreditam que o consiga.




sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Continua a pouca vergonha

Tenho escrito pouco e tenho acompanhado o Benfica a uma maior distância, mas a distância por vezes dá-nos perspectiva e por isso ajuda-nos a ver melhor o quadro geral.
Neste caso, o quadro é que o Benfica continua a ser roubado e o Porto continua-se a rir e a roubar por sua vez, à tripa forra.
A verdade é só uma e é simples: o sistema, de que aqui falei muito nos primórdios do blog, continua vivo. Ele nunca foi completamente erradicado. Nem mesmo nos tempos do Apito Dourado. Quando comprar árbitros e dominar os principais órgãos de decisão já não era possível, o clube de Contumil virou-se para os observadores, os delegados e por aí fora. O segredo deste clube corrupto é adaptar-se sempre à realidade em permanente mudança. A tal ponto que orquestrou o roubo de emails ao Benfica para, através da cortina de fumo criada com o"escândalo" dos emails, restabelecer o seu poder no futebol português.
Esta é a realidade, o resto é paisagem.
Mas claro que isto só é possível num país em que meio mundo é cego e em que exista uma comunicação social bem controlada. Também nesse capítulo o Porto trabalha muito bem - o Benfica não.
O Benfica fez bem em lançar a Btv mas não controla a informação como o Porto. Por exemplo não tem árbitros e "especialistas" nos painéis e "tribunais" como o Porto tem. Por isso, a seguir a jogos em que é roubado, aparecem "análises" "imparciais" a explicar ao povo que afinal até foi beneficiado... Nada disto é inocente e nada surge por acaso.
A isto se assistiu após o Benfica -Sporting (um dos maiores escândalos que vi nos últimos tempos) e a isto se assiste hoje. Se em vez de Conti a mesma jogada acontecesse com Filipe Vale Tudo provavelmente nem amarelo seria. Capela é e será Capela, o árbitro que expulsa Aimar, que dá 10 minutos de desconto para o Sporting marcar, etc. etc. e continua a arbitrar o Benfica... Assim não vamos lá.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Obrigado Benfica

Depois de uma paragem veraneia, o blog reabre oficialmente portas para uma nova época. Não será certamente uma temporada muito prolífica em termos de artigos, por razões que não vêm ao caso. De qualquer modo isso agora pouco importa.
Aquilo que neste momento urge dizer e destacar é que o Benfica está qualificado para a Champions League graças a uma exibição notável. Aquilo que importa relevar é que temos equipa. Temos treinador e temos jogadores que dão o seu melhor pelas nossas cores e que têm talento para conseguir alcançar os objetivos do clube para a época desportiva.
Ao contrário do ano passado, este ano partimos com múltiplas opções e alternativas para diversos tipos de jogo. Com opções para rodar jogadores. A única posição em que neste momento estamos debilitados é a lateral direita por manifesta infelicidade dos dois contratados para serem alternativa a André se terem lesionado.
Esta noite viu-se a qualidade de jogo que já se verificara em jogos anteriores com a diferença que ao contrário dessas ocasiões desta vez fomos eficazes. Mas a sorte, se é que se pode falar dela, chegou porque a equipa trabalha, se entrega, tem qualidade e acredita no que faz.
Claro que só alcançámos a qualificação para a Champions mas há todos os motivos para estarmos contentes esta noite e confiantes para a longa época que se inicia.
Obrigado Benfica.

domingo, 8 de julho de 2018

Mundial - já só há um favorito

Alemanha, Argentina, Espanha e finalmente Brasil, um após o outro, os principais candidatos foram caindo na competição, restando neste momento apenas um: França.
A saída do Brasil foi para mim a mais surpreendente eliminação por considerar a canarinha a principal favorita a vencer o troféu. Na minha perspectiva, o Brasil tinha a selecção mais forte em termos individuais, conseguindo também atingir um equilíbrio como equipa.
No entanto perante adversidades que o jogo lhe trouxe (oportunidades falhadas, grandes defesas de Courtois e um autogolo), o Brasil não foi capaz de se superar e elevar ao nível que se exigia. A sua reacção foi insuficiente e a vitória da Bélgica acaba por ser justa. Os diabos vermelhos tiveram a sorte do jogo mas aplicaram a estratégia correcta para a procurar encontrar, nomeadamente a aposta na dupla Fellaini - Witsel para entupir o jogo atacante dos brasileiros. No contra golpe foram a equipa letal a que há décadas habituaram o mundo do futebol.
Com o Brasil fora cai o quarto dos cinco favoritos, deixando apenas a França em prova. Esta eliminou o Uruguai com naturalidade e parte para as meias-finais como favorito. No entanto a Bélgica será seguramente o adversário mais forte que já enfrentaram.
No que toca ao outro"lado" do quadro rumo à final, a Inglaterra confirmou a superioridade que se antevia perante uma Suécia que chegou aos quartos com muita sorte.
A Croácia também confirmou o que se esperava e ultrapassou a Rússia apesar da grande réplica que esta deu.
Dizer que agora tudo pode acontecer é um lugar comum. Eu gostaria que a Bélgica estivesse na final porque acho a França uma equipa demasiado calculista. No entanto analisando friamente parece-me que a França estará na final. Quanto à outra meia final, a Inglaterra tem ganho a minha simpatia ao longo do torneio mas também tenho gostado muito do futebol croata. Apesar de tudo vejo a Croácia como a outra finalista.

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Duelo de eleição

Um dos melhores jogos do Mundial foi até agora um candidato improvável a tal distinção: o Bélgica - Japão. A forma meritória como os nipónicos chegaram ao 0-2 e a reviravolta que se seguiu com o 3-2 a chegar já no tempo de desconto constituiu o momento mais emotivo deste campeonato até agora.
Hoje a Bélgica enfrentará um dos principais favoritos à vitória: o Brasil.
Os brasileiros não têm sido os mais espectaculares do torneio mas são, a par da França, dos mais consistentes.
Marcelo regressa e Neymar deverá apoiar Gabriel Jesus. É um teste decisivo a duas das melhores e mais virtuosas equipas da atualidade. O Brasil é favorito a defrontar a França nas meias finais mas espera-se um grande jogo com muita emoção. A não perder.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Mundial - os quartos de final sem Portugal

Estão completados os oitavos de final que ditaram o afastamento de Portugal.

Era uma eliminação esperada. O rendimento da selecção foi demasiado pobre neste Mundial (apenas um pouco acima do que fizemos em 2014). Sem o "abono de família" Ronaldo (a partir do penalti falhado contra o Irão não mais se encontrou) fomos uma equipa quase banal, com pouca capacidade física e sem ideias. Contra um Uruguai fechado na defesa, como gosta, a nossa capacidade de entrada na área foi quase nula, como nula foi a capacidade de rematar com perigo da meia distância. Uma eliminação que acontece assim de forma quase natural.

Há algo a fazer nesta selecção. Era evidente que a defesa não estava à altura deste patamar competitivo, quer no ritmo quer na velocidade. Apenas Pepe tinha ali lugar e Rúben Dias deveria ter sido opção. Se assim fosse poderíamos ter jogado com as linhas mais subidas e mais na antecipação. Não faz sentido Nélson Semedo não ter sido convocado. No meio campo o problema é semelhante. Fernando Santos apostou em jogadores com pouco ritmo e velocidade, tendo feito entrar Manuel Fernandes, o único que fugia a este padrão e é capaz de algumas rupturas, apenas a 5 minutos da eliminação. No ataque as escolhas não andaram muito longe das que eu faria. Era claramente o nosso sector mais forte mas alguns jogadores demoraram (ou não chegaram) a render. Balanço feito, resta-nos guardar as memórias de Paris.

Olhando para o resto da competição e perspectivas, continuo a achar o Brasil e a Croácia as equipas mais fortes e a imaginar uma final entre as duas. No entanto a Inglaterra continua a superar algumas barreiras, sobretudo psicológicas e pode baralhar estas contas. No campo das surpresas, a eliminação da Espanha é claramente a nota mais saliente destes oitavos. Perante uma selecção que já se sabia que pouco mais faria do que defender, a Espanha colocou-se a jeito para que algo assim pudesse acontecer. O penalti cometido por Piqué é ridículo e foi tudo o que os russos precisaram para alcançar o prolongamento e depois o desempate. De resto as coisas seguiram um rumo mais ou menos previsível, tanto mais que alguns eram jogos à partida bastante equilibrados, como por exemplo o Suíça-Suécia. Tinha previsto que os suíços pudessem ganhar mas perante uma equipa tão ou mais defensiva do que a sua os seus argumentos tornaram-se menos eficazes. Em todo o caso achei o resultado algo injusto. A Suécia, diga-se, está a ter uma sorte tremenda, tendo já beneficiado de vários golos "esquisitos", entre autogolos, golos resultantes de desvios em jogadores adversários e outros na sequência de remates falhados que se transformaram em assistências. 

A França deu uma demonstração de poderio, o Brasil confirmou ser o principal candidato e o Bélgica-Japão foi o jogo mais emocionante até agora com os belgas a voltarem a demonstrar fortes argumentos e os japoneses a surpreenderem pela positiva pela excelente réplica que deram.

Apesar de ter acertado em apenas 4 das oito equipas que se apuraram, continuo a acreditar que as meias finais não andarão longe do que previ na mesma ocasião. Sendo óbvio que a Suíça não estará nas meias finais por ter sido eliminada nos oitavos, aposto agora na Inglaterra para essa vaga. As minhas previsões para as meias são assim: França-Brasil e Croácia-Inglaterra (a negrito as previsões que se mantêm desde antes dos oitavos de final). Continuo a considerar o Brasil favorito mas aquilo que a França demonstrou contra a Argentina é para levar muito em conta. A cavalgada de Mbappé no lance do primeiro golo da França (o penalti) é algo que entra para a antologia do futebol. Fez lembrar Ronaldo Fenómeno. Refiro também que num comentário a essas minhas previsões o leitor António previu uma final França-Inglaterra. Para já é possível. 


sexta-feira, 29 de junho de 2018

Mundial 2018 - o caminho para a final

Estão definidos os oitavos de final e assim o caminho e os cruzamentos possíveis entre selecções até à final. Portugal ficou claramente no pior caminho possível, como já tinha assinalado, não tendo nesse percurso, imaginando que ia ultrapassando os adversários, nenhum jogo que não seja de exigência máxima. Ou seja, Portugal poderia, caso passasse as diferentes eliminatórias, enfrentar consecutivamente quatro campeões do Mundo! Que seriam: Uruguai (campeão do Mundo por duas vezes e vencedor da Copa América por 15...), Argentina ou França nos quartos, Brasil nas meias e Espanha na final (ou até Inglaterra, vencedora em 1966, embora as chances de uma final Portugal-Inglaterra andem provavelmente pelo 1%...). 

Este quadro de adversários demonstra bem quão limitadas são as reais possibilidades da nossa selecção. Claro que há sempre esperança mas temos que ter os pés assentes no chão e perceber que nestas circunstâncias só um quase-milagre nos levaria ao título (e mesmo à final).

Compare-se o nosso "grupo" nos oitavos de final com o "grupo" em que calhou a Inglaterra. Por grupo entendo aqui não apenas o emparelhamento dos oitavos mas também o dos quartos. Ao passo que nós temos Uruguai, Argentina e França, Inglaterra tem Colômbia, Suécia e Suíça. Mas Brasil e Espanha também não se podem queixar: ao passo que o "povo irmão" tem México, Bélgica e Japão, os nuestros hermanos têm Rússia, Croácia e Dinamarca. Nas meias finais o apurado do "grupo" de Portugal defrontará o apurado do "grupo" do Brasil, ao passo que o apurado do grupo "Inglaterra" jogará com o "Espanha".

Analisando ainda um pouco mais este caminho para a final, o Brasil vê no seu "lado" três campeões mundiais e o actual campeão europeu eliminarem-se entre si, desse lote saindo o semifinalista que enfrentará, ao passo que Espanha apenas pode enfrentar um campeão do mundo até à final -  Inglaterra que não está sequer no mesmo patamar dos outros campeões, como França ou Argentina.

Para se perceber melhor o que dizemos, nada como visualizar o caminho para a Final. Adicionámos já um conjunto de previsões.


Uruguai
Portugal
França
Brasil
Croácia
Suíça
Colômbia
Inglaterra
Portugal
Colômbia
França
França
Suíça
Suécia
Argentina
Suíça
Brasil
Brasil
Brasil
Croácia
Croácia
Croácia
México
Dinamarca
Bélgica
Bélgica
Espanha
Espanha
Japão
Rússia



Nem todas as previsões têm o mesmo grau de certeza. Alguns dos jogos são muito equilibrados, não havendo um favorito claro, ao passo que as surpresas completas por vezes também acontecem. No entanto estamos confiantes de que: 1) o Brasil vai estar na final; 2) o outro finalista será a Croácia ou a Espanha. Claro que espero estar enganado e que Portugal não apenas esteja na final mas seja Campeão do Mundo. Mas acho difícil. Penso que o título irá para o Brasil. 


Uma rápida "explicação" (e não tenho ilusões de que estarei certo em tudo - pelo contrário a realidade sempre nos surpreende onde menos esperamos):


  • a Suíça pode emergir do "grupo" da Inglaterra como semifinalista porque o "grupo" é fraco e os suíços, não sendo uma grande equipa, são bastante consistentes;

  • aposto na Croácia contra a Espanha porque os croatas têm sido a equipa mais regular e que mais argumentos apresentou até ao momento, ao passo que os espanhóis me parecem fragilizados pelo caso Lopetegui, mas claro que uma vitória da Espanha (que no limite até pode perder com a Rússia) não seria propriamente surpreendente;

  • não imagino uns quartos de final do "grupo" do Brasil que não seja Brasil-Bélgica, jogo que penso que os brasileiros vencerão;

  • nos quartos do "grupo" de Portugal podem pelo contrário estar qualquer das quatro equipas: um Portugal França é praticamente tão provável como um Argentina-Uruguai ou Argentina-Portugal; são quatro equipas muito equivalentes em termos de potencial; escolho a França porque tem sido a mais regular e também - factor importante - a que enfrentou uma fase de grupos mais tranquila e chega mais fresca à fase a eliminar.



quarta-feira, 27 de junho de 2018

Argentina - sangue, suor e lágrimas

A Argentina salvou-se in extremis da eliminação precoce no Mundial ao marcar o golo salvador aos 86 minutos pelo improvável Rojo.
Foi a explosão de sentimentos: Maradona mostrava o dedo do meio (das duas mãos) a alguém nas bancadas (acabando por ter que ser assistido por paramédicos), ao passo que vários eram os jogadores que choravam descontroladamente e no fim da partida. 

Foi um jogo de grande sofrimento e drama. A Argentina marcou relativamente cedo por Messi e tudo parecia correr bem, mas à entrada da segunda parte um penalty cometido por Mascherano nas barbas do árbitro colocou a Argentina novamente à beira da eliminação. No outro jogo a Islândia havia empatado e ia em busca da vitória que lhe daria a qualificação mesmo que a Argentina vencesse por 2-1. 

Sampaolli lançou Aguerro, Pavon e Mesa e Masherano jogava com sangue a escorrer-lhe pela cara. A dada altura tudo pareceu perdido: o árbitro encaminhou-se para o ecrã para analisar um lance comparável ao de Cédric na área da Argentina. O suspense era grande mas o árbitro decidiu não assinalar o segundo penalty do jogo, mantendo a selecção das Pampas viva. 

Essa decisão foi determinante, mas a vitória argentina começou-se a desenhar mais cedo. Sampaolli foi obrigado a ceder: desta vez não houve invenções e, exceptuando Dybala, jogaram os melhores. O rendimento da equipa, apesar das dificuldades em vencer o jogo e de alguns jogadores ainda não renderem o esperado (como Di Maria), foi bem superior ao das anteriores partidas.

Agora a Argentina enfrentará a França nos oitavos de final e o vencedor desse jogo enfrentará o vencedor do Uruguai-Portugal. 



terça-feira, 26 de junho de 2018

Caminho estreito para Portugal no Mundial

Com o volte-face ocorrido nos últimos minutos dos jogos, Portugal complicou substancialmente as suas contas neste Mundial. Já no período de descontos, Espanha perdia e Portugal ganhava. Mas duas decisões do VAR inverteram este estado de coisas e Portugal perdeu a vantagem de três pontos que detinha, passando a segundo classificado do Grupo. Aliás esteve prestes a acontecer um golpe de teatro quando um jogador iraniano apareceu isolado frente a Rui Patrício. Seria a eliminação da selecção na fase de grupos.

As coisas complicaram-se porque Portugal não apenas vai enfrentar o Uruguai (que redimensionou a Rússia para um patamar secundário de competitividade - apesar do factor casa não poder ser completamente descartado numa eliminatória) como enfrentará, caso passe, o vencedor do jogo França-2º classificado do Grupo D (Islândia, Nigéria ou Argentina). Já a Espanha, após o jogo com a Rússia e caso passe, enfrentará o vencedor do jogo Dinamarca-Croácia. E, caso Portugal chegasse às meias enfrentaria com toda a probabilidade um Brasil ou uma Alemanha. 

Ou seja, o caminho que se abriu no Euro com aquela sequência improvável de resultados, aquele alinhamento estelar que nos permitiu evitar Espanha, Alemanha, Itália e enfrentar a França apenas na final, não se repete de modo nenhum no Mundial. Pelo contrário, com a conjugação resultante dos golos nos descontos, Portugal está agora no caminho dos tubarões, sendo as nossas probabilidades de ultrapassar todos e chegar à final bastante diminutas. Principalmente pelo que (não) estamos a jogar.

O jogo de ontem foi negativo na medida em que Ronaldo foi menos exuberante e confiante, falhando um penalty e tendo estado perto da expulsão (que a meu ver seria exagerada mas que obviamente esteve em cima da mesa). Foi negativo também porque voltámos a deixar-nos pressionar fortemente, desta vez nos momentos finais do jogo. Foi negativo porque o rendimento de vários jogadores continua a ser bastante pobre. Foi negativo porque se sente que falta a esta equipa segurança e estabilidade (nomeadamente emocional). A entrada de Quaresma no 11 foi positiva (o golo é monumental e a exibição bastante conseguida até ao extremo se começar a envolver em quezílias com os provocadores adversários) mas João Mário pouco adianta e William é demasiado lento. 

O caminho de Portugal estreitou-se mas para já mantemos pretensões legítimas de nos qualificarmos para os quartos de final, ou seja temos todas as condições de lutar de igual para igual com o Uruguai. 

PS - Lastimo a atitude de Carlos Queirós. É legítimo que seja profissional e prepare a equipa para a qual trabalha no sentido de tentar vencer o seu próprio País. É uma situação estranha e incómoda mas que nos nossos dias se compreende. Agora fazer aquele alarido, aquela pressão, antes, durante e após o jogo, sobre o árbitro e o VAR, pedir a expulsão de Ronaldo e ir dar "bocas" a Moutinho são comportamentos muito feios que só o diminuem. Não pode ficar admirado se depois disto a sua personalidade seja ainda menos apreciada pelos portugueses. 

Calendário do Mundial - dias 12 a 14

Segunda-feira, 25 de junho:

15.00 h Rússia - 0 Uruguai - 3
15.00 h Egipto - 1 Arábia Saudita - 2
19.00 h Portugal - 1 Irão - 1
19.00h Espanha - 2 Marrocos - 2

Hoje, terça-feira, 26 de junho:

15.00 h Austrália - Peru, RTP 1 Sport TV 1
15.00 h Dinamarca - França Sport TV 1
19.00 h Nigéria - Argentina, RTP 1 Sport TV 1
19.00 h Islândia - Croácia Sport TV 1

Amanhã, quarta-feira, 27 de junho:

15.00 h México-Suécia, Sport TV 1
15.00 h Coreia do Sul - Alemanha, RTP 1, Sport TV 1
19.00 h Suíça-Costa Rica, Sport TV 1
19.00 h Sérvia-Brasil SIC, Sport TV 1

domingo, 24 de junho de 2018

Mundial - fase de grupos, jornada 2

As semi-surpresas


As primeiras meias surpresas pela positiva são a Inglaterra, a Rússia e o México. São seleções das quais pouco se esperava e que ao cabo da segunda jornada estão apuradas com surpreendente facilidade. Veremos se na fase seguinte conseguirão manter o elevado padrão ou se foram apenas fogachos. 

As confirmações


Entre as confirmações a primeira e mais sólida é a da Croácia. A forma categórica como derrotou a Argentina e carimbou o apuramento deixa um forte aviso à concorrência. Quase o mesmo se pode dizer da Bélgica que aqui já elogiei anteriormente. Uma das selecções mais fortes até ao momento.
O Uruguai também não deixou os seus créditos em mãos alheias e assegurou a presença nos oitavos ao fim da segunda jornada. A pouca competitividade do grupo é uma realidade mas isso não belisca a competência uruguaia.
A França cumpriu com serviços mínimos (mas também Portugal o fez no Euro e acabou por ser campeão) e já está nos oitavos igualmente.
A Suíça, única entre todas a selecções que acabei de citar que ainda não se apurou (mas está lá perto) está a confirmar a solidez que vem demonstrando ao longo dos últimos anos.

As incógnitas


Portugal e Espanha estão bem encaminhados para o apuramento mas persistem dúvidas acerca do que poderão fazer na competição. Espanha partiu como favorita mas a saída de Lopetegui nas vésperas da estreia no Mundial e as dificuldades nos primeiros jogos deixam uma névoa de dúvidas a pairar. Portugal está a viver do talento de Ronaldo e deixou-se dominar por Marrocos de uma forma quase inacreditável.
O Brasil jogou melhor na segunda jornada e deverá confirmar o apuramento mas ainda não carburou como esperado. A vitória tardia com a Costa Rica, quando o apuramento chegou a estar em risco, dará mais motivação. A Alemanha está exactamente nas mesmas circunstâncias. E os alemães nunca desistem.

As desilusões


A maior desilusão é a Argentina - mas ainda mantém possibilidades de se apurar. Aquilo que (não) tem jogado é assustador. Mesmo que se venha a apurar as perspectivas não são boas. Mas o futebol é uma caixa de surpresas.
O Egipto vinha muito motivado pelo talento de Salah mas foi eliminado logo na segunda jornada sem dar um ar da sua graça.  Da Polónia também se esperava muito mais, mas no grupo possivelmente mais fraco do Mundial já conseguiu a proeza de se fazer eliminar. 

Tudo se começará a definir a partir de amanhã


A última jornada obviamente decidirá o que está em aberto relativamente ao apuramento para os oitavos mas dará para além disso indicações fortes quanto aos candidatos que se perfilarão. Nos grupos mais fracos onde já há apurados (nomeadamente o A e o G), o confronto direto entre os primeiros deixará antever qual a real qualidade de selecções como Rússia, Bélgica e Inglaterra (o Uruguai mantém sempre uma bitola competitiva alta e será sempre um adversário difícil nos oitavos). No nosso grupo B veremos o que fazem os primeiros classificados, a começar pela selecção nacional. Nos grupos D, E e F, Argentina, Brasil e Alemanha irão confirmar ou não as suas candidaturas, podendo a alviceleste despedir-se desde já no que seria a mais espectacular derrocada futebolística até ao momento.

sábado, 23 de junho de 2018

Calendário do Mundial - dias 10 e 11

Hoje, sábado 23 de junho:


13.00 h - Bélgica - Tunísia, Sport TV 1
16.00 h - Coreia - México, Sport TV 1
19.00 h - Alemanha - Suécia, RTP 1, Sport TV 1


Amanhã, domingo 24:


13.00 h - Inglaterra - Panamá, Sport TV 1
16.00 h - Japão - Senegal, Sport TV 1
19.00 h - Polónia - Colômbia, RTP 1, Sport TV 1

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Desastre argentino

O que diríamos de Portugal e Fernando Santos se levássemos três da Croácia?
E diríamos com certeza com razão porque apesar de toda a qualidade da equipa croata (e é bastante) é preciso jogar muito mal para, a este nível, perder por três.
As piadas são mais do que muitas em relação a Messi, mas o problema reside na fraqueza colectiva da Argentina. Claro que também Portugal tem sido também frágil enquanto equipa e que apesar disso Ronaldo sobressai. Ainda bem que assim é. Mas não nos iludamos: o futebol é um jogo colectivo; um jogador pode suprir carências mas não ganha jogos sozinho. Por isso não duvidemos: apesar das más exibições (especialmente contra Marrocos), a selecção tem conseguido (com competência sobretudo defensiva) alcançar os seus objetivos.
A Argentina pelo contrário, não ataca nem defende competentemente. É uma equipa sem plano de jogo e com muitos equívocos. Ou arrepia caminho rapidamente ou sai prematura e inesperadamente do Mundial. A vitória da Nigéria abriu uma oportunidade de redenção. Veremos se a alviceleste a aproveita.
Está a ser uma competição incaracterística e com bastantes surpresas. Todos os candidatos e favoritos estão a enfrentar dificuldades inesperadas. nenhum está ainda fora mas todos eles terão que esperar pela última jornada para saber se progridem na competição.
Muita incerteza portanto, tardando em aparecer uma equipa que se distinga da concorrência e se perfile como potencial campeã.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Portugal precisa de equilíbrio no meio

Começa a ser algo incompreensível o que se passa com a selecção nacional. Os resultados estão a ser relativamente positivos, Ronaldo, de quem somos sempre dependentes, está a render acima do esperado, mas a produção futebolística está a ser muito fraca. Portugal não consegue ter a bola nem fazer três passes seguidos. Se contra a Espanha isto se poderia explicar pela grande qualidade dos espanhóis e seu conhecido modelo de jogo - que além de passar por muita posse de bola e grande quantidade de passes (algo que resulta obviamente não apenas do modelo mas também da qualidade dos intérpretes) tem também como vector uma grande pressão sobre a equipa adversária nos momentos em que perde essa posse - já no caso de Marrocos não há desculpas. Marrocos pressionou muito Portugal, de forma muito física, mas os nossos jogadores tinham mais do que capacidade para ultrapassar as primeiras linhas dessa pressão e sair para ataques rápidos. Não o fizemos e raramente fomos perigosos. Pelo contrário Marrocos esteve quase sempre "em cima" da nossa defesa, criando múltiplas oportunidades de golo. Valeu Patrício...

É verdade que entre as explicações poderemos contar com o mau momento ou a falta de ritmo de alguns jogadores. Mas isso seria redutor pela seguinte razão: jogadores que fizeram excelentes épocas nas ligas europeias de mais alto nível, como Gonçalo Guedes e Bernardo Silva estão a ser dos menos inspirados. Bruno Fernandes em quem também se depositam legítimas esperanças também ainda nada fez. Há portanto um problema mais colectivo que o treinador diz não conseguir identificar. 

Para mim o problema é relativamente simples. No Euro 2016 jogámos sempre com quatro meio campistas. Pouco me interessa se nominalmente jogávamos em 4-1-3-2 ou 4-4-2. O que é significativo é que jogávamos com quatro jogadores com cultura de meio campo: William, Adrien, Renato e João Mário. Essa era a nossa base, sendo que com o desenrolar do jogo normalmente entravam opções mais ofensivas, como Quaresma ou Éder. Ao lado ou atrás de Cristiano jogava normalmente Nani que recuava muitas vezes para construir jogo ou apoiar o meio campo. Ora neste momento estamos a jogar com um centro campista a menos (começámos o Mundial com dois a menos) e um segundo avançado (Guedes) que raramente recua. Temos pois necessariamente menos gente no meio e menos capacidade de choque/recuperação de bola. Ter Bernardo Silva ou Renato Sanches não é de modo nenhum comparável.

Note-se que não estou a questionar minimamente a capacidade ou méritos de Bernardo, Gonçalo e Bruno. Pelo contrário, defendi mesmo antes do Mundial que estes eram os jogadores de quem poderíamos esperar algo mais, que davam à selecção um toque extra de qualidade, criatividade e magia. E continuo a acreditar nisso. Simplesmente qualquer um deles, especialmente Bernardo e Bruno, precisam de estar mais envolvidos no jogo a meio campo e não apenas pensar em atacar a baliza adversária. Penso que este é o equilíbrio que está  faltar a Portugal, que faz com que os dois jogadores do meio estejam muito sozinhos e pressionados e acabem por perder a bola demasiado rápido, não permitindo ligar os diferentes sectores e assentar o nosso jogo.


Calendário do Mundial, dias 7 a 9

Dia 20 de junho:

13.00h - Portugal-1 Marrocos-0, SIC, Sport TV 1
16.00h - Uruguai-1 Arábia Saudita-0, RTP 1, Sport TV 1
19.00h - Espanha-1 Irão-0, Sport TV 1

Dia 21 de junho

13.00h - Dinamarca-Austrália, RTP 1, Sport TV 1
16.00h - França-Peru, SIC, Sport TV 1
19.00h - Argentina-Croácia, Sport TV1

Dia 22 de junho

13.00h - Brasil-Costa Rica, Sport TV 1
16.00h - Nigéria-Islândia, Sport TV 1
19.00h - Sérvia-Suíça, RTP 1, Sport TV 1

terça-feira, 19 de junho de 2018

Rússia 2018 - início da segunda jornada

Começa esta noite a segunda jornada do Mundial com a Rússia a receber o Egipto. Será um jogo decisivo para a equipa de Salah que precisa de pontos hoje para não dizer prematuramente adeus à competição. Quanto à Rússia, pode-se qualificar já caso vença a partida desta noite.

Portugal joga amanhã com Marrocos um jogo importante. É verdade que o empate com a Espanha nos concede alguma folga, dado que não perdemos com a equipa favorita a vencer o grupo. No entanto, como já assinalei antes, teremos que enfrentar este jogo com grande seriedade para evitar surpresas. Diga-se que Portugal passando esta fase enfrentará necessariamente um adversário do Grupo A nos oitavos de final, parecendo neste momento que tal deverá ser o Uruguai ou a Rússia. Mas, claro, é cedo para estas contas. Agora é jogar e tentar bater Marrocos.

Ainda no tocante à primeira jornada, cabe destacar a derrota surpreendente, já esta tarde, da Colômbia frente ao Japão. O jogo ficou condicionado pela expulsão de um colombiano logo a abrir a partida mas depois disso a Colômbia mostrou pouco e o Japão mostrou mais do que se esperava. Os nipónicos controlaram o jogo como quiseram na segunda parte e chegaram à vitória com justiça, face a uma Colômbia pouco acutilante e demasiado previsível. Quanto aos jogos de ontem do Grupo G, Bélgica mostrou mais uma vez ser uma seleção a ter em conta. Com uma defesa sólida e um meio campo preenchido, Mertens, De Bruyne, Hazard e Lukaku são um perigo constante para qualquer adversário. De facto a Bélgica tem das seleções mais talentosas deste Mundial e se conseguir manter a estabilidade e equilíbrio defensivo poderá ir muito longe, tanto mais que nos oitavos de final (onde quase certamente estará) enfrentará um adversário do Grupo H, um dos mais fracos da competição. 

Já Inglaterra mostrou igualmente qualidade. É verdade que perante um adversário fraco como a Tunísia esteve quase a ceder pontos, mas aquilo que fez na primeira parte, a forma como anulou o adversário (que não teve nenhuma oportunidade e marcou apenas por um erro infantil de Walker) e a capacidade de acreditar até ao fim, dão a esta seleção argumentos que as suas antecessoras não tiveram. Lingard, Kane, Sterling e o lateral/extremo Trippier colocam qualquer defesa em respeito, havendo ainda no banco jogadores como Rashford, Vardy e Wellbeck. Os ingleses têm falhado miseravelmente nas últimas competições mas vejo nesta seleção argumentos que não vi noutros anos. Para seguir com atenção.

Calendário do Mundial, dia 6

Hoje, 19 de junho, terça-feira, temos: 

13.00 h - Colômbia-Japão, RTP 1, Sport TV 1
16.00 h - Polónia-Senegal, Sport TV 1
19.00 h - Rússia-Egipto, Sport TV 1



Amanhã, 20 de junho:

13.00h - Portugal-Marrocos, SIC, Sport TV 1
16.00h - Uruguai-Arábia Saudita, RTP 1, Sport TV 1
19.00h - Espanha-Irão, Sport TV 1


Toda a informação sobre o Mundial, incluindo resultados atualizados em http://justicabenfiquista.blogspot.com/p/russia-2018.html

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Mundial - Ronaldo sim, favoritos não

Entre hoje e amanhã completar-se-à a primeira jornada da fase de grupos do Rússia 2018. Hoje entra em campo o grupo G e amanhã o H. São os únicos grupos que não têm um favorito ou forte candidato à conquista do Mundial: no grupo G a Bélgica é à partida a equipa mais forte, seguida pela Inglaterra, ao passo que no H esse papel cabe à Colômbia, a par da Polónia. Não existem porém nestes grupos uma Argentina, um Brasil, uma Espanha ou uma Alemanha, ou seja um candidato declarado ao título. E como todas estas já jogaram, assim como Portugal, é altura de fazer um primeira análise e avaliação ao que se passou até ao momento.

A única goleada até agora


O Mundial começou com uma goleada. No jogo de abertura os anfitriões castigaram severamente os sauditas com um 5-0 que já não se usa. Foi uma belíssima demonstração de qualidade futebolística por parte da Rússia, a fazer sonhar com um bom Mundial, desanuviando para já as muitas dúvidas se colocavam ao valor desta seleção.

A única estrela a brilhar


Ronaldo é até agora a única estrela, o único astro a brilhar intensamente neste Mundial. Messi voltou a desiludir e Neymar também, ao passo que Salah ainda não se estreou. Esta tarde entrará em campo Hazard de quem se pode também esperar sempre algo de especial.
Mas Ronaldo já se destacou - e de que maneira. Foi de facto mais uma exibição portentosa do nosso avançado, "inventando" praticamente do nada um hat trick e carregando a equipa às costas para um empate saboroso com a Espanha, sobretudo nas circunstâncias. O penalty resulta de uma jogada sua, o livre idem e o segundo golo é um remate espontâneo que só ele faria e que felizmente contou com a colaboração de De Gea. Tudo somado é uma noite (mais uma) para recordar de Cristiano. A continuar assim, tudo será possível para Portugal. Mas como não é razoável esperar que Ronaldo possa sempre ser tão determinante, Portugal terá que, como um todo, subir o seu rendimento e acertar o equilíbrio da equipa do ponto de vista defensivo. É verdade que também no ataque poderíamos ter feito mais: Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Gonçalo Guedes não renderam tanto quanto podem, mas há que atender que foi, para todos eles, o primeiro jogo neste tipo de palco e que o adversário também era de um nível superlativo, o que não tornava a sua tarefa propriamente fácil.

As surpresas e as desilusões


A Argentina voltou a desapontar depois de uma fase de qualificação muito abaixo do exigível para uma equipa com jogadores desta qualidade. Há opções discutíveis (Dybala no banco é uma delas, como será a titularidade da dupla Biglia-Masherano, com uma idade combinada de 66 anos) mas mesmo com estes 11 a equipa podia e devia fazer mais. Claro que teve oportunidades para vencer mas mal seria se uma seleção como a Islândia anulasse por completo um candidato ao título tão importante como a Argentina. O mesmo é válido para o Brasil frente à Suíça, embora me pareça que a exibição canarinha tenha estado um pouco acima da alviceleste. Sobre Neymar e Messi já dissemos que não corresponderam às expectativas, com o argentino a falhar mesmo um penalty.
Pela positiva deve-se destacar a vitória do México, com uma exibição de grande garra e entrega dos seus jogadores que foram destemidos e mostraram a qualidade e capacidade física que já lhes era reconhecida mas que por alguma razão não conseguiram colocar em prática em anteriores competições internacionais. O portista Herrera foi um dos que mais se destacou. A continuar assim haverá que contar com esta seleção.

O Mundial dos pequeninos


Para já as equipas dos continentes mais fracos em termos futebolísticos confirmaram o pouco potencial que têm. A Coreia perdeu com a Suécia e a Nigéria com a Croácia. O Peru e a Costa Rica, apesar dos jogos razoáveis que fizeram também perderam. O mesmo é válido para Marrocos e para o Egipto. Dificilmente alguma destas equipas conseguirá progredir, o que, a conformar-se, significaria que teríamos uma fase final dominada por europeus com a presença de alguns (veremos quantos) sul-americanos. 

Mas ainda é cedo


Esta primeira avaliação vale no entanto o que vale, que é pouco, porque estamos ainda muito no início da competição. Os principais candidatos tiveram falsas partidas (especialmente os já referidos e a Alemanha, mas a própria França esteve abaixo do esperado, vencendo apenas in extremis uma trabalhadora mas pouco talentosa Austrália). No entanto Portugal também começou o Europeu com um empate com a Islândia (e a onda de empates prolongou-se até aos quartos, com uma vitória sobre a Croácia pelo meio), o que não nos impediu de nos sagrarmos campeões. O Brasil continua favorito a passar aos oitavos de final, assim como a Espanha e os restantes candidatos estão longe de poderem ser considerados descartados. Aliás por vezes qualificações difíceis ou recuperações de situações complicadas motivam as equipas e dão-lhes um suplemento de crença. Mas uma coisa é certa: a margem de erro destes países diminuiu. Resultados negativos frente à Croácia ou à Suécia, deixarão os dois finalistas do último Mundial, respetivamente a Argentina e a campeã do Mundo Alemanha em muito maus lençóis. Nesta competição não há repescagem de 3ºs classificados, apenas os dois primeiros de cada grupo avançando para os oitavos de final.
Quanto a Portugal não há, obviamente, nenhuma razão para embandeirar em arco. Quarta-feira enfrentaremos um jogo complicado, na medida em que Marrocos tem vários bons jogadores e terá nesta partida um palco único para se mostrar ao mundo do futebol. Claro que Marrocos perdeu com um fraquíssimo Irão, mas para esse jogo não existiam os índices de motivação que agora estarão presentes. E há que recordar a derrota por 3-1 que sofremos perante Marrocos no Mundial de 1986. Por tudo isto precisamos de ter cautela e estar bem avisados. Acima de tudo precisaremos da atitude que se viu contra a Argélia. Pressão, rápida reacção à perda de bola e acutilância ofensiva.
Diz-se que Fernando Santos tirará Guedes e Fernandes para dar a titularidade a André Silva e João Mário. Parece-me prematuro. Penso que a sua utilização contra Marrocos poderá fazer ainda mais sentido do que o faria contra a Espanha. 


Calendário do Mundial, dia 5

Hoje, 18 de junho, segunda-feira, temos:

13.00 h - Suécia-Coreia do Sul, RTP1, Sport TV 1
16.00 h - Bélgica-Panamá, Sport TV 1
19.00 h - Tunísia-Inglaterra, RTP1, Sport TV 1


Amanhã, 19 de junho:

13.00 h - Colômbia-Japão, RTP 1, Sport TV 1
16.00 h - Polónia-Senegal, Sport TV 1
19.00 h - Rússia-Egipto, Sport TV 1


Toda a informação sobre o Mundial, incluindo resultados atualizados em http://justicabenfiquista.blogspot.com/p/russia-2018.html

domingo, 17 de junho de 2018

Calendário do Mundial, dia 4

Hoje, dia 17 de junho, domingo, temos:

13.00h - Costa Rica-Sérvia (Grupo E) - RTP 1, Sport TV 1
16.00h - Alemanha-México (Grupo F) - Sport TV 1
19.00h - Brasil-Suíça (Grupo E) - Sport TV 1


Amanhã, 18 de junho, segunda-feira, temos:

13 horas: Suécia-Coreia do Sul, RTP1, Sport TV 1
16 horas: Bélgica-Panamá, Sport TV 1
19 horas: Tunísia-Inglaterra, RTP1, Sport TV 1


Toda a informação sobre o Mundial, incluindo resultados atualizados em  http://justicabenfiquista.blogspot.com/p/russia-2018.html

sábado, 16 de junho de 2018

Calendário do Mundial - dia 3

Hoje, dia 16 de junho, sábado, temos quatro jogos:

11.00h - França-Áustrália (Grupo C) - RTP 1, Sport TV 1
14.00h - Argentina-Islândia (Grupo D) - SIC, Sport TV 1
17.00h - Peru-Dinamarca (Grupo C) - RTP 1, Sport TV 1
20.00h - Croácia-Nigéria (Grupo D) - Sport TV 1.

Amanha, dia 17 de junho, domingo, temos:

13.00h - Costa Rica-Sérvia (Grupo E) - RTP 1, Sport TV 1
16.00h - Alemanha-México (Grupo F) - Sport TV 1
19.00h - Brasil-Suíça (Grupo E) - Sport TV 1

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Calendário do Mundial - Dia 2 (sexta 15 de junho)

Hoje, dia 15 de junho, sexta-feira, temos três jogos:

13.00h - Egipto-Uruguai (Grupo A) - Sport TV 1
16.00h - Marrocos-Irão (Grupo B) - Sport TV 1
19.00h - Portugal-Espanha (Grupo B) - RTP 1, Sport TV 1

Amanha, dia 16 de junho, sábado, temos quatro jogos:

11.00h - França-Áustrália (Grupo C) - RTP 1, Sport TV 1
14.00h - Argentina-Islândia (Grupo D) - SIC, Sport TV 1
17.00h - Peru-Dinamarca (Grupo C) - RTP 1, Sport TV 1
20.00h - Croácia-Nigéria (Grupo D) - Sport TV 1.


quinta-feira, 14 de junho de 2018

Calendário do Mundial - Dia 1

O Mundial começa hoje 14 de junho.

A cerimónia de abertura está anunciada para as 15.30h hora de Lisboa (16.30h hora europeia, 17.30h em Moscovo e 10.30h na Costa Leste dos EUA), apenas 30 minutos antes do apito inicial do Mundial 2018.

Este começará com o Rússia-Arábia Saudita (Grupo A) às 16.00h de Lisboa, 18.00h de Moscovo. O único jogo desta quinta-feira.

A RTP 1 transmitirá em direto tanto a cerimónia como o jogo. O mesmo acontecerá com a Sport TV 1.

Amanhã, dia 15 de junho, o calendário é mais preenchido e tem o aliciante da entrada em campo da seleção nacional:

13.00h - Egipto-Uruguai (Grupo A) - Sport TV 1
16.00h - Marrocos-Irão (Grupo B) - Sport TV 1
19.00h - Portugal-Espanha (Grupo B) - RTP 1, Sport TV 1

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Assembleias gerais

Ponto prévio: não escrevo a reboque de Rui Gomes da Silva, que toca neste tema na sua crónica no blog Geração Benfica. Desde ontem que eu tencionava escrever este post que acaba por coincidir, em algumas coisas, com a linha de pensamento de RGS.

No Sporting a oposição a Bruno de Carvalho procura fazer uma Assembleia Geral de destituição, ao passo que aquele, recusando essa assembleia, marca outras duas (embora essa não seja uma competência sua) nas quais pretende por um lado mudar os estatutos e por outro ter novas eleições ... para a mesa da Assembleia Geral e para o Conselho Fiscal. Ou seja, cada uma das partes neste diferendo quer usar (ou instrumentalizar) a Assembleia Geral - que é o órgão de representação dos sócios por excelência  - para prosseguir a sua própria agenda.

No Benfica felizmente não temos este triste espectáculo de um clube dividido até ao tutano, a ser diariamente enxovalhado na praça pública pelo seu próprio presidente. Tivemos um cenário parecido, como todos sabem, mas felizmente já há muitos anos. Mas se não há comparação possível entre as situações, há no entanto algo para que a situação do Sporting nos chama a atenção e que merece reflexão por parte dos benfiquistas.

Esta noite haverá uma Assembleia Geral no Benfica. É a primeira após o término da época e a primeira que eu me lembre em muito tempo. No entanto na ordem dos trabalhos estará apenas a discussão do orçamento e plano de atividades. Ora será que isto faz sentido? Será que, face a tudo o que aconteceu e está ainda a acontecer, não deverá ser esta uma oportunidade de abordar a situação no clube? Não deveriam ser analisados e discutidos os resultados no futebol, nas modalidades (onde nos arriscamos a não ganhar um único título - o futsal é a derradeira oportunidade) e os inúmeros casos judiciais em que o Benfica tem estado envolvido?

As assembleias gerais não podem ser apenas momentos burocráticos para carimbar e legitimar tudo o que a direção faz. Elas têm que ser o momento de dar aos sócios razões do que se faz e explicações para o que não corre bem. Os clubes pertencem aos sócios e as assembleias gerais servem precisamente para convocar e exercer esse poder das bases. Nessa medida as direções têm que prestar contas aos sócios e não podem pretender que as AG's sejam meras formalidades para expedientes estatutários sem substância. A agenda da presente reunião da AG denota esse espírito burocrático e uma tentativa de esvaziar a reunião da discussão dos temas mais prementes. 

A direção tem que perceber que está lá para servir o Benfica e os benfiquistas e não o contrário. Que o exercício do poder executivo por parte da direção representa uma honra para quem lá está e não um favor que se faz aos benfiquistas. Dito isto gostava que esta noite fosse feito um debate sério sobre o presente momento do clube e que a direção explicasse aos sócios o que se está a passar: péssimos resultados no futebol e nas modalidades, casos judiciais a envolver o clube e alguns negócios mal explicados, como os empréstimos de Jiménez e Talisca. 

É uma oportunidade única para, dentro de casa, esclarecer aqueles que com o seu dinheiro e dedicação sustentam toda a estrutura do clube, a começar pelos seus dirigentes. 

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Reforços do Benfica até ao momento

O Benfica contratou até ao momento sete jogadores: Vlachodimos, Ebuehi, Conti, Chiquinho, João Amaral, Castillo e Facundo Ferreyra. Destes apenas me parecem seguros no plantel principal (pois sabemos que o Benfica contrata também jogadores para rodarem noutros clubes ou apenas para revender) os três sul americanos (o avançado chileno Castillo e os argentinos Conti, central, e Facundo Ferreyrae, ponta de lança), e o guarda-redes grego-germânico Odisseas Vlachodimos. Dos restantes jogadores Ebuehi é um lateral com 22 anos muito promissor, que é o que, a seguir aos referidos, mais hipóteses me parece de permanecer no plantel principal, João Amaral é um extremo que vem do Vitória de Setúbal e Chiquinho um jovem médio que chega vindo da Académica.

Outros nomes de que se fala são Cristian Lema, também argentino e também central (o jogador não renovou com o seu clube mas há mais interessados além do Benfica), e Guilavogui, um credenciado médio francês que actua no Wolfsburgo. De acordo com "A Bola", o clube alemão terá aceitado negociar o jogador. Finalmente há ainda o caso de Mato Milos, lateral direito contratado o ano passado e entretanto emprestado ao Légia por um período que terminou agora, podendo o jogador ingressar no plantel se essa for a intenção da SAD. 

Entre os já assegurados e os possíveis reforços há bastante qualidade. Nota-se também critério e planificação: claramente o Benfica está a preencher com jogadores com algumas provas dadas ou bastante potencial as lacunas mais do que evidentes no plantel da época agora terminada. Veremos até que ponto são de facto soluções porque, como assinalou um visitante deste blog há dias, nunca há garantias de que os jogadores rendem, mesmo quando têm qualidade, porque isso depende de muitas variáveis. O que se pode fazer é planificar e contratar jogadores com qualidade reconhecida, e isso parece estar a ser feito. Ficarão a faltar na minha opinião opções válidas para o meio campo. Não sabemos quando e em que condições Krovinovic regressará, sendo essencial também mais um jogador para o lugar de Pizzi.

Há ainda muito por definir mas para já os sinais são positivos. Ferreyra é um jogador que pode render muito no Benfica se as coisas correrem como esperado. A sua vinda e a de Castillo indica que Jimenez ou Seferovic ou até os dois poderão sair.

Face a tudo isto e como assinalei no anterior post, há que rapidamente esclarecer todas as questões relativas a processos judiciais e suspeitas que pairam sobre o clube de modo à equipa poder trabalhar com tranquilidade e estabilidade com o mínimo possível de ruído e interferências externas. 


quarta-feira, 6 de junho de 2018

Queremos clareza no Benfica

Uma das razões iniciais para o aparecimento deste blog foi a de tentar contribuir para a desmontagem do sistema em vigor no futebol português. 

Durante muitos anos, mesmo já depois do apito dourado, o Porto controlou as estruturas de poder do futebol português, incluindo a arbitragem e e os órgãos disciplinares. 

Ano após ano o Benfica era prejudicado pelas arbitragens nos momentos decisivos, inviabilizando qualquer possibilidade de quebrar o ciclo hegemónico do Porto. Este ganhava campeonatos como quem compra um pacote de leite no supermercado. 

Batemo-nos aqui no blog incessantemente pela verdade e transparência no futebol português. 

Defendemos uma postura combativa e intransigente da direção do Benfica para conseguir mudar este estado de coisas. Uma postura que denunciasse a constante adulteração da verdade desportiva que se verificava no futebol português.

Era preciso desmontar certas estruturas de poder no futebol: a estrutura financeira, dominada pela Olivesdesportos, a estrutura dirigente dos órgãos de topo, a própria estrutura da arbitragem, incluindo os observadores.

Toda esta batalha pela verdade desportiva era necessária e foi assumida pelo Benfica. Desde há alguns anos para trás as arbitragens começaram a ser mais equilibradas. Até então os árbitros sabiam que prejudicar o Benfica significava rápidas promoções na carreira e que decidir em favor do Benfica em situações de dúvida ou de interpretação podia significar despromoções na mesma. Proença esteve muito tempo afastado dos jogos do Benfica, o que significou que, pelo menos por aí, deixámos de ser sistematicamente prejudicados com a chancela do "melhor do mundo". Esse efeito foi duplamente positivo porque os outros árbitros também deixavam de ter uma bitola tão sectária e parcial a emular e replicar.

Esta batalha era pois legítima e justa: o Benfica não podia ficar quedo e mudo ao ser sistematicamente espoliado e tinha todo o direito de lutar pela igualdade de tratamento e equidade por parte dos árbitros.

Este ano acumulam-se porém demasiadas sombras sobre o Benfica. É o nosso clube que agora aparece associado a práticas menos claras, senão ilegítimas. Depois da situação dos vouchers (que pode ser legal - e as instâncias do futebol já se manifestaram nesse sentido - mas que a mim não me agrada porque acho que os clubes não têm nada que dar "prendas" aos árbitros), veio o caso dos emails. Também neste último nada se provou mas ficou no ar a ideia de que poderia haver alguma promiscuidade no relacionamento com os poderes centrais do futebol português.

Pior porém do que estes casos, que, se isolados, poderiam apenas ser um fait divers, surgem agora investigações policiais ao Benfica. E aqui o caso muda de figura. Temos já casos com vários arguidos, envolvendo o Benfica, a SAD e o seu presidente. São eles o processo Lex, o processo e-toupeira, investigações a jogos (nomeadamente contra o Marítimo) e o mais recente caso de suspeitas de fraude fiscal e branqueamento de capitais.

São casos a mais.

Não podemos ser autistas, ao estilo Bruno de Carvalho, e achar que tudo isto são conspirações e cabalas contra o Benfica, acusando tudo e todos e disparando em todas as direções.

O Benfica não pode continuar a estar associado a estes permanentes escândalos. Neste momento o presidente do clube e o seu braço direito são arguidos em processos judiciais de alguma gravidade.

O estado de permanente suspeição foi já prejudicial ao Benfica na época que agora terminou. Situações destas geram instabilidade na estrutura e dúvidas entre os adeptos, para além de danos reputacionais graves para o clube - muitos destes casos chegaram já à imprensa internacional. A imagem do Benfica sai gravemente manchada.

Face a este quadro, as respostas do Benfica têm-se limitado a comunicados, alguns comentários lacónicos (a rábula sobre Luis Filipe Vieira ser ou não arguido foi ridícula) e a ameaça de lançar os seus próprios processos judiciais.

Não chega. Rui Gomes da Silva, com quem muitas vezes não concordo, tem toda a razão quando diz que o silêncio da direção do Benfica nestes casos é insuportável e ensurdecedor. Silêncio que não pode continuar, sob pena de se entrar numa nova época novamente numa posição de fragilidade.

O esforço de preparação da próxima época (e contratações importantes foram já feitas) pode ficar comprometido por uma situação de permanente desgaste resultante de investigações, escutas, buscas e processos judiciais. Sinceramente já perdi a conta ao número de buscas realizadas este ano no Estádio da Luz. Tal situação é inaceitável e insustentável!

O Benfica não pode estar associado a suspeitas de práticas ilícitas quanto mais de corrupção!

Nesta medida os actuais órgãos dirigentes têm dois caminhos: 

1) esclarecer o mais rápido possível o que se passou e está a passar, falando claro aos sócios e explicando a origem das suspeitas e as razões pelas quais estão inocentes; 
2) demitirem-se ou suspenderem funções até que tudo seja esclarecido. Foi isso que José Veiga fez há mais de uma década, pouco depois do clube se sagrar campeão: apesar de ter tido um papel importante nessa conquista (a primeira em 11 anos), demitiu-se para não associar o clube às acusações que pairavam sobre si.

O Benfica, repito, não pode estar de modo nenhum associado a eventuais práticas menos claras que os actuais (mas sempre transitórios) dirigentes do clube poderão ter cometido.

É hora de uma clarificação por parte da direção. Num sentido ou no outro.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

O que precisamos para a próxima época?

O Benfica perdeu o campeonato por culpa própria. A derrota na Luz contra o Porto nunca poderia ter acontecido. Se o título aí praticamente ficou nas mãos do Porto e só este o poderia perder, a derrota do Benfica duas semanas depois com o Tondela estendeu mesmo a passadeira ao FCP.
Foi um campeonato que podíamos ter ganho - esses dois jogos arruinaram essa possibilidade - mas em que partimos de trás e estivemos quase sempre atrás. Ou seja, a montanha que ainda na primeira volta tínhamos que subir revelou-se demasiado inclinada.

E porque aconteceu isto? Já o disse mais do que uma vez: independentemente de todo o ruído que foi feito com emails, vouchers, e-toupeira, o Benfica teria sido campeão se não tivesse depauperado tanto o seu plantel. O desinvestimento foi demasiado abrupto e o próprio investimento foi muito mal canalizado. Douglas e "Gabigol" (foi mesmo só um "gol") foram apenas os rostos mais visíveis de uma época de contratações que correu muito mal. A juntar a um quadro já de si limitado de jogadores houve mudanças de sistema táctico durante a época e lesões que comprometeram definitivamente as nossas aspirações.

Foi uma época para esquecer mas da qual precisamos de retirar algumas lições. Uma delas é que não é por se ganhar durante quatro anos que a vitória no quinto surgirá "naturalmente", como se fizesse parte da "ordem natural das coisas". Isso mesmo aprendemos amargamente no jogo com o Porto na Luz no qual voltou a pairar o fantasma de Kelvin. Não devia, porque se o Benfica não ganha (perde até) em casa ao Porto quando está na frente do campeonato e tem um balanço dado pelo Tetra, então pergunta-se quando ganhará ou se nos devemos habituar a perder com o Porto em casa, como tem sido quase a regra nos últimos 10 anos. Mas isso aconteceu porque o Porto teve mais soluções a sair do banco do que o Benfica. O Porto tinha um banco de alta qualidade (Maxi, Corona, Aboubakar, Oliver Torres, por exemplo) ao passo que o Benfica tinha Sálvio e Seferovic como únicas soluções ofensivas , ao passo que Samaris e João Carvalho eram os médios disponíveis (sobre as opções defensivas, incluindo GR, é melhor nem falar). É pouco. Arriscámo-nos a que acontecesse o que aconteceu.

Outra lição é a de que as coisas têm que ser programadas com mais rigor e profissionalismo e menos experimentalismo e convicção de que tudo vai correr bem porque para trás assim aconteceu. Apareceu Rúben, o que foi uma excelente notícia para um sector defensivo no qual claramente Luisão já denota grandes dificuldades (especialmente quando não tem ritmo de jogo). Foi solução mas no meio campo as coisas nunca encarrilaram. Isto apesar da grande qualidade que Krovinovic emprestou ao nosso jogo (e a que Zivkovic deu continuidade). Esse meio campo esteve demasiadas vezes "perro" porque não há substituto para Pizzi. Muitos adeptos queixam-se do jogador e pedem a sua saída da equipa. Mas para substituir por quem? João Carvalho? A formação não é uma panaceia milagrosa para todos os problemas. Faltou meio campo, sobretudo se a ideia era jogar num 4-3-3. Mais uma vez parece ter havido pouca programação, algo que nem sequer foi corrigido - como devia - em janeiro. Sobre o guarda-redes e sobre a posição de lateral direito parece-me que não é preciso dizer nada.

Nessa medida esperamos ver este ano um plantel reforçado, equilibrado e pronto para estar nas várias competições. É preciso investir se queremos - como certamente queremos - colher frutos através da participação na Liga dos Campeões. Vejo alguns sinais de que o Benfica está atento e a procurar suprir carências, mas ainda me parece pouco.