quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Será o fair play uma treta?

Espanta-me que a forma como o Belenenses ontem chegou ao golo não tenha merecido a atenção dos blogs do Benfica. 

Que os media não tenham dado atenção ao caso não me admira. Se fosse ao contrário seria certamente o único tópico de discussão no pós-jogo mas assim, claro, nada se passou. O comentador da Sporttv, o ex-jogador Pedro Henriques - que se caracteriza por pensar pela própria cabeça e dizer o que pensa - referiu-o, mas depois disso o assunto "morreu".

Mas que os blogs do Benfica já nem o refiram - que eu tenha visto, foi este o único que o assinalou - isso já me deixa um pouco espantado e preocupado. É como se aquilo que nos prejudica já fosse esperado e nem merecesse qualquer menção.

Penso que não podemos aceitar este estado de coisas. Temos que ser mais agressivos na defesa dos nossos interesses. Aliás, os próprios jogadores pareceram-me demasiado brandos na (não) abordagem dessa situação. Com Luisão em campo talvez as coisas tivessem sido diferentes.

Recordando, o que aconteceu foi que o guarda redes do Belenenses simulou uma lesão, o árbitro interrompeu o jogo e no reatamento por bola ao ar, os jogadores da equipa do Restelo, em vez de nos devolverem a bola (como nós tínhamos feito um pouco antes, com o resultado em 0-0), atiraram-na pela linha de fundo já com o intuito de a seguir nos pressionarem na nossa defesa, como fizeram, daí nascendo o golo. Nós fomos anjinhos.



Se recuarmos duas semanas, veremos como os jogadores do Sporting fizeram ao Setúbal  o mesmo que o Belenenses nos fez e como os vitorianos reagiram, daí acabando por nascer, inversamente ao que aconteceu ontem, o golo do empate.

Será então que "o fair play é uma treta" como disse um célebre catedrático do ludopédio?

Penso que a resposta continua a ser negativa. O Benfica tem que se distinguir pela sua postura e valores desportivos. No entanto, contra equipas que constantemente usam de anti-jogo para nos parar, teremos que reavaliar este tipo de situações. Para mim, sempre que a equipa contrária está manifestamente a simular lesões não há que "premiar" esse comportamento. Por mim gosto de ver uma bola ao ar disputada, como acontecia antigamente.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

"LFV não é arguido"

De acordo com o Benfica, Luis Filipe Vieira não foi até agora constituído arguido.

A notícia terá sido posta a circular porque havia informações acerca de um dirigente desportivo do clube constituído arguido mas, segundo entretanto se apurou, esse dirigente será Luis Tavares, vice presidente para as modalidades. A notícia está a ser avançada pel' "A Bola".

Faz algum sentido, uma vez que Tavares (que foi opositor a Vieira há uns anos, tendo entretanto sido cooptado pelo atual presidente) integrou as listas de Rangel e será próximo deste, ao contrário de LFV.

No entanto caso tal seja verdadeiro, fica ainda por explicar por que razão a residência do presidente do clube foi alvo de buscas.

Esperamos para ver. Os sócios do Benfica merecem que tudo isto seja rapidamente esclarecido. O nome do clube não pode continuar a ser associado a buscas, investigações criminais e suspeitas permanentes.

Buscas da PJ no Estádio da Luz

E quando pensávamos que as coisas não podiam ficar pior, ficamos a saber que estão a ser realizadas buscas no Estádio da Luz, já confirmadas pelo Benfica.



Isto, claro, para além das buscas que se iniciaram esta manhã ao juiz Rangel e que terão também ido a casa de Luis Filipe Vieira.



É mais uma notícia muito triste para o Benfica e todos os seus adeptos. Luis Filipe Vieira terá que explicar muito bem o que está a acontecer porque os benfiquistas não querem nem podem admitir ver o nome do clube ser constantemente alvo de suspeitas e associado a investigações. Neste momento já não é possível dizer que não se passa nada, nem basta ter diretores de comunicação a afirmar que nada há a temer.

Isto começa a ser demais.

Desilusão

Quero começar por dizer que o golo do Belenenses surge de uma situação absolutamente lamentável de dupla falta de fair play.
Primeiro, o guarda redes simula uma lesão e atira-se para o chão obrigando o árbitro a parar o jogo. Depois, quando o jogo é retomado, os jogadores do Belenenses, em vez de nos devolverem a bola,  atiram-na para fora do campo já na nossa zona defensiva e pressionam os nossos jogares no lançamento, forçando a perda de bola de onde resulta uma jogada em que a nossa defesa fica em inferioridade numérica e daí o golo. Vergonhoso.

Isto não explica porém tudo.

O Benfica não fez o jogo que se impunha no Restelo. Entrámos no jogo de forma muito macia no jogo, com pouca capacidade de resposta à pressão feita pelo adversário, apenas a espaços conseguindo criar alguma sequência de passes e pressão sobre a defensiva adversária. É verdade que o forte vento não ajudava, mas também não soubemos usar isso em nosso benefício, como o Belenenses fez no golo que marcou na segunda parte, na qual jogou a favor do vento. Praticamente não rematámos à baliza na primeira parte, quando as condições eram bastante favoráveis para tal e quando não se remata não se marca golos.

É um pouco cruel individualizar, porque a equipa não esteve bem colectivamente, mas Sálvio foi realmente um jogador a menos e, como se temia, João Carvalho esteve muito longe de fazer esquecer Krovinovic, andando muitas vezes perdido em campo, ao passo que Jonas, excepção feita ao golo, teve talvez a noite mais desinspirada desde que chegou ao Benfica. Mas o nosso meio campo, excepção feita a Cervi, que esteve em todo o lado (e só não foi feliz num momento, por sinal o mais decisivo, quando apareceu isolado frente ao guarda redes), foi um desastre. Pizzi alternou o médio com o medíocre e o próprio Fejsa esteve muito abaixo do que consegue fazer. Estivemos quase sempre lentos (excepção feita, mais uma vez, a Cervi que não merecia este desfecho) quer no transporte de bola quer nas desmarcações.

Na segunda parte as coisas melhoraram. A equipa colocou mais intensidade nas disputas de bola e mais velocidade nas transições e estivemos mais em cima do Belenenses. No entanto mesmo aí deixámos o jogo "correr" e as paragens sucederem-se, impedindo que o ritmo acelerasse. Fizemos faltas a mais, chegámos demasiadas vezes tarde à bola e quando assim é a pressão fica comprometida.

Sentiu-se, claro está, a falta de Krovinovic, tanto na recuperação de bola quanto na dinamização do ataque. A João Carvalho não falta técnica, mas falta intensidade e ritmo de jogo. A verdade é que quando entrou Zivkovic as coisas melhoraram bastante. O sérvio foi mais agressivo e rápido do que Carvalho e a equipa tornou-se mais perigosa e pressionante. Foi nessa fase que surgiu o penalty, conquistado por Cervi e desperdiçado por Jonas, assim como a situação em que o pequeno argentino se isola e remata para as nuvens. Ambas as oportunidades desperdiçadas, o Belenenses acaba por marcar na situação já descrita. Tinha entrado entretanto Jimenez que não adiantou muito e andou por zonas muito laterais do campo e Seferovic já na fase do desespero.

Um golo tardio acaba por salvar um ponto e evitar a segunda derrota no campeonato, mas fica a sensação de que é pouco. Para além do atraso pontual que começa a ser preocupante, infelizmente há demasiadas circunstâncias adversas que me levam a descrer das nossas possibilidades este ano. A sorte parece não querer nada connosco e quando assim é torna-se impossível ganhar.  Portugal foi campeão da Europa com extraordinário mérito - o maior feito de sempre do futebol português - mas perante um alinhamento do sorteio que parecia arquitectado nos céus. As estrelas e os planetas alinharam-se para que uma selecção portuguesa com muito menores recursos futebolísticos que os favoritos pudesse ser campeã. Até nos penalties fomos felizes, para já não falar da oportunidade escandalosa que a França desperdiça já depois dos 90 minutos e que lhe daria o título.

Com o Benfica este ano está a acontecer o contrário. A derrota no Bessa acontece depois de supostamente termos feito o mais difícil e nos colocado em vantagem. Os dois golos do Boavista são bambúrrios e erros crassos da nossa defesa e de Varela (que descontando essa falha tem feito um campeonato irrepreensível). O empate com o Sporting em casa acontece num jogo em que massacrámos o adversário e este marca na primeira vez que vai com perigo à nossa área (isto para já nem falar de nos terem sido sonegados dois penalties claros). E quando mesmo apesar dessas adversidades (e das lesões, entre as quais a de Grimaldo), estamos a encarrilar, surge a lesão de Krovinovic. A isso se junta este jogo, logo a essa lesão, em que falhamos um penalty e uma oportunidade em que o nosso jogador está isolado frente ao guarda redes e em que o adversário marca um golo em que o avançado que chuta até escorrega.

A partir daqui não digo que só um milagre mas só mesmo um volte face muito grande nos pode conduzir ao título. A partir deste jogo o Penta tornou-se numa miragem muito distante. Agora é que já não dependemos mesmo de nós.


domingo, 28 de janeiro de 2018

Anedótico

E como já há muito tempo (leia-se um dia ou dois) não apareciam rumores anti-Benfica, este fim de semana fica marcado pela notícia de que o Ministério Público está a investigar o Ministro das Finanças por "recebimento indevido de vantagem".

Para que se perceba bem do que estamos a falar, o filho ou filhos do presidente do Benfica têm uma empresa que reabilitou um prédio em Lisboa e que aguardava o documento de confirmação por parte da Câmara de Lisboa de que, nos termos da lei, esse prédio ficava isento do pagamento de IMI. Ora, de acordo com um email ILEGALMENTE divulgado, o filho de Luis Filipe Vieira terá escrito ao pai a agradecer o apoio para resolver o problema, dizendo que sem o seu "empurrão" a coisa não teria desbloqueado.

Isto terá bastado para o Ministério Público fazer buscas ao Ministério das Finanças, com base na suspeita de que o ministro Mário Centeno teria feito um "favor" - que mais não é do que o cumprimento da lei - em troca de ... uns bilhetes para um jogo de futebol.

Ora isto é, para além de ridículo, insultuso. Um ministro que acabou de ser eleito presidente do Eurogrupo vendia-se por dois bilhetes para um jogo de futebol? Está tudo louco?

O Ministério Público está realmente a gastar recursos e a investir o seu tempo numa "investigação" desta natureza? Não haverá nada mais importante para investigar neste País?

Ter-se-á perdido a noção do ridículo?

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

VAR - o balanço é negativo



Sei que este não é um tema consensual entre os benfiquistas e percebo o argumento de que o VAR é mais um instrumento em prol da verdade desportiva. 

No entanto as minhas reservas em relação ao VAR são mais do que muitas. Penso que não resolveu nada e nem sequer contribuiu significativamente para a redução dos erros de arbitragem grosseiros.
Vou dar alguns exemplos.

No jogo da Luz contra o Sporting, para além daquele que foi assinalado, há dois penalties claros contra o Sporting. 

Em ambos, os braços dos jogadores (Coentrão e William Carvalho) estão abertos, em posição anormal, aumentando a volumetria e tocam a bola dentro da área, num caso impedindo-a de ir para a baliza, no outro dominando-a. 



Imagem slbenfica.pt

Erros flagrantes do árbitro, portanto. O VAR corrigiu-os? Não...

Nesse jogo, como se não bastasse, o golo do Sporting é precedido de fora de jogo. Trata-se de uma situação objetiva, que não depende da interpretação. Por que razão o VAR ficou calado? 

Outro caso: no Benfica-Chaves do passado fim de semana há dois penalties sobre Jonas, um deles indiscutível, e ainda um outro (para mim, pelo menos) sobre Sálvio. O VAR não viu nada?

Por outro lado - e para que não se pense que vejo só para um lado - no jogo contra o Portimonense na Luz, logo no início do campeonato, foi anulado um golo ao clube algarvio por um fora de jogo milimétrico no início da jogada (nem é o jogador que marca o golo). 



No Guimarães-Estoril da última jornada há um penalty evidente por mão na bola de um jogador estorilista num livre (o jogador, que fazia parte da barreira, levantou o braço acima da cabeça). O árbitro era Jorge Sousa que reviu, ele próprio, as imagens e nada marcou! Um erro escandaloso.

Já ontem, no jogo dos aliados, há um penalty claríssimo cometido por Danilo que o VAR ignorou, ao passo que depois anula um golo por um pretenso fora de jogo que é tudo menos claro.

E o que dizer dos insultos de Brahimi a Soares Dias e de Coentrão a Fábio Veríssimo? Não são lances indiscutivelmente para vermelho, susceptíveis por isso de merecer intervenção do VAR?

Imagem de "Record"

Imagem de "A Bola"

Ou seja, o VAR não resolveu os principais problemas da arbitragem, nomeadamente a falta de coerência, a falta de critérios claros, definidos e uniformes, nem sequer é um meio fiável para corrigir os chamados erros grosseiros, como vimos ao longo de alguns destes exemplos. Técnicos e disciplinares!

Inclusivamente o VAR contribui para erros flagrantes. Em Braga há um penalty descarado sobre Jonas. Soares Dias viu mas, sabendo que há VAR, não marcou, esperando por este. Que também não marcou, supostamente porque Jonas estaria (ou poderia estar) em fora de jogo. Ora, o fora de jogo não se prova mas o penalty sim. Em que ficamos?

Ora faltando coerência, faltando critérios, não se corrigindo sempre os erros flagrantes e nalguns casos intervindo-se em erros menores, gerando inclusivamente ele próprio erros, em que medida o VAR está a contribuir para a verdade desportiva? Em minha perspectiva em nada.




quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Grimaldo no Nápoles na próxima época

O interesse do Nápoles em Grimaldo era já antigo. Sabia-se que estavam em Lisboa enviados do clube italiano e a imprensa ("O Jogo", "Futebol365" e a RTP) noticia hoje que o negócio foi fechado. O lateral esquerdo será jogador no Nápoles a partir da próxima época, com a transferência a ficar em 30 milhões de euros, 4 dos quais serão para o Barcelona.

É um desfecho previsível e, dentro do possível, positivo. O Benfica não tem capacidade financeira para acompanhar os maiores clubes europeus (entre os quais o Nápoles, 1º classificado do campeonato italiano, que vendeu Higuain ainda há não muito tempo por 90 milhões de euros, se inclui) e pelo menos assegura-se que o jogador fica até ao fim da época, algo de absolutamente necessário para manter as aspirações ao Penta.

O Benfica precisará agora de começar já a pensar noutras opções para a lateral esquerda, pois Eliseu está também claramente em final de carreira (e contrato). Certamente que o grande jogo e o golo absolutamente brilhante, "à maradona", de Yuri Ribeiro, nosso jogador emprestado ao Rui Ave não terão passado despercebidos aos nossos técnicos. 



Ainda no âmbito do mercado, "A Bola" noticia (mais uma vez) que Talisca poderá estar de saída para a China por 30 milhões de euros. Esperaremos para ver.


domingo, 21 de janeiro de 2018

Marco Silva despedido. Ronaldo ganha pouco.

Enquanto aguardamos, com alguma ansiedade, por saber como Rui Vitória resolverá mais esta forte contrariedade resultante da lesão do criativo Krovinovic e como a equipa reagirá no Restelo, olhemos um pouco para outras realidades futebolísticas.

1. O despedimento de Marco Silva


Os resultados não estavam a ser os melhores mas o Watford está numa posição tranquila, a meio da tabela, o que me parece até bom face ao plantel do clube. Nessa medida, a decisão de despedir Marco Silva é um pouco inesperada. O treinador português teve um excelente início de época, tendo andado pelos primeiros lugares, o que criou expectativas eventualmente excessivas. Face a um calendário muito difícil nos meses de dezembro e janeiro, o rendimento da equipa ressentiu-se e a série de maus resultados era de facto já grande (a derrota em casa contra o fraquíssimo Swansea de Carlos Carvalhal terá sido o resultado mais inesperado e negativo deste ciclo), tendo motivado este desfecho.

Imagem Ibtimes.co.uk


A justificação do board do Watford foi a de que Marco Silva terá ficado desestabilizado com o interesse do Everton e que isso afectou a prestação da equipa. Essa explicação para o despedimento é apenas parcialmente verdadeira, porque o Everton neste momento já tem treinador, aliás um nome forte do futebol inglês, Sam Alardice, que está já a conseguir resultados. O que realmente se terá passado é que Marco queria ir para o Everton e não o escondeu. Isso criou mau ambiente com a direção do Watford.

Marco Silva é talentoso, mas a sua ambição e o seu feitio, já descrito como difícil, terão pesado neste desfecho. O treinador terá agora que repensar um pouco o seu posicionamento. A descida de divisão do Hull City na época passada, o seu abandonar do barco para ficar na Premier League ao serviço do Watford e agora este despedimento queimam um pouco as suas fichas.

2. O momento de Ronaldo


Outro português no estrangeiro, Ronaldo, está a passar por um momento menos bom. Cristiano já fez o que parecia impossível, vencendo troféus individuais e colectivos só ao alcance dos predestinados do futebol. Portugal deve-lhe muito, sem sombra de dúvida e é feio - e sintoma da inveja muitas vezes característica dos portugueses - procurar diminuir o seu mérito.

Imagem Allinallnews.com


Dito isto, é evidente que Ronaldo está num momento complicado da carreira. Ao contrário de Messi, Ronaldo apostou tudo no aprimoramento físico e atlético das suas capacidades, com vista a tornar-se numa máquina de golos. Digo ao contrário de Messi porque Ronaldo inicialmente era um jogador habilidoso e fantasista, características que de algum modo descurou para se especializar na finalização. Ronaldo tornou-se um pouco "egoísta" (especialmente no Real Madrid), embora num bom sentido, porque daí advém benefício para a equipa em termos de golos.

Acontece que quando a "máquina" já não carbura do mesmo modo, quando a velocidade e a capacidade física se ressentem do passar dos anos, o rendimento decresce. Este ano está a ser mau para Ronaldo, sobretudo ao nível da Liga espanhola. Nessa competição o português tem apenas 4 golos e as exibições estão a ser muito discretas.

Face a este quadro que mensagem tem Ronaldo feito passar, através do seu agente Jorge Mendes, para a comunicação social? A espantosa ideia de que está insatisfeito porque ... ganha pouco.

Isto é inacreditável. Num mundo em que a maioria das pessoas tem que se levantar todos os dias da semana (e por vezes também ao fim de semana) para ir para empregos enfadonhos, tantas vezes com chefes abusivos, trabalhar arduamente para ganhar uns míseros 1.000 euros ou equivalente, para chegar a meio do mês já a contar tostões, Ronaldo chora porque ganha "apenas" 24 milhões! Está triste porque Messi e Neymar ganham mais...

Se não fosse indecente seria cómico. Ronaldo precisa de se deixar destas lamúrias que só o envergonham, embaraçam e diminuem e aceitar que está a caminhar para a fase descendente da carreira que deve gerir da forma mais inteligente e digna possível de forma a não estragar o seu legado. E estar grato pelas oportunidades que tem tido na vida. É óbvio que elas se concretizaram em virtude da sua grande ética de trabalho e dedicação, mas até por aí Ronaldo deve ver que foi com esforço e não com lamúrias que chegou onde chegou. É ofensivo para o comum dos mortais, que trabalha uma vida inteira para ganhar o que Ronaldo ganha em meia dúzia de dias, ouvir dizer que 24 milhões por ano não chegam.

Terminou a época para Krovinovic

A notícia mais temida para os benfiquistas, os seus piores receios ao terminar o jogo contra o Chaves, confirmaram-se: a lesão de Krovinovic é gravíssima. O croata rompeu o ligamento cruzado do joelho e não joga mais esta época.
Quando se começaram a vislumbrar as substituições comentei com quem estava sentado ao meu lado que seria uma boa ideia tirar o croata. Infelizmente Rui Vitória (que não tem a obrigação de ser bruxo) teve outras opções e num lance aparentemente inofensivo Krovinovic lesionou-se sozinho.
É uma péssima notícia. Talvez a pior possível nesta altura para o que resta da época. Não há substituto para o rotativo médio que tinha encaixado como uma luva neste 4-3-3.
Para o jogador é também obviamente uma notícia muito triste, numa altura em que se afirmava como titular indiscutível do Benfica, logo na primeira época. Desejo-lhe uma rápida e completa recuperação. Todos os benfiquistas estão nesta altura a torcer por isso, enviando-lhe muita força moral.
Rui Vitória terá agora que inventar uma solução, uma alternativa, mas dificilmente o futebol do Benfica será o que estava a ser com Krovinovic.
Avancei no anterior post com a hipótese Zivkovic. É um jogador que não tem a cultura da posição mas que tem bom passe, mobilidade e velocidade de execução. De resto não existem muitas soluções no plantel. Samaris dá uma tração mais defensiva à equipa, tornando-a muito menos móvel e mais previsível. João Carvalho, por outro lado, parece-me ainda um jogador em formação, carecendo da maturidade necessária para enfrentar meia época como titular numa posição tão central e tão influente. Rui Vitória no entanto melhor saberá.
Outra hipótese é o regresso ao 4-4-2. Num cenário desses Jonas recuaria um pouco no terreno e entraria na equipa Raul ou Seferovic, com a obrigação não apenas de finalizar mas também de pressionar a equipa adversária na saída de bola.
Em suma, mais uma vez não temos sorte. Não desejo mal (leia-se lesões graves) aos nossos adversários mas a realidade é que parece que só a nós nos calha esta sina. O que seria o Sporting sem Bas Dost ou o Porto sem Danilo? Pois a nós todos os infortúnios neste capítulo nos têm acontecido, incluindo a lesão de vários jogadores da mesma posição ao mesmo tempo.
Quando as coisas estavam a encarrilar e o sistema de jogo em plena consolidação, com o Benfica a jogar o melhor futebol dos últimos tempos (e, diga-se claramente, bem melhor do que os dos seus competidores, apesar da propaganda em sentido contrário), o jogador mais importante deste sistema, o jogador pivot do 4-3-3 lesiona-se desta maneira.
Será mais um infortúnio e uma contrariedade a que teremos que reagir. A resposta começa já no próximo jogo no Restelo. Não podemos ficar a chorar um canto. Precisamos de mostrar mais uma vez a determinação e força mental que caracteriza o Benfica e esta equipa tem demonstrado ao longo da época, nomeadamente desde que terminou a Liga dos Campeões.

Vitória com um senão

O Benfica voltou a fazer uma óptima exibição, vencendo com tranquilidade uma boa equipa do Chaves e concretizando a aproximação aos primeiros.
Eu queria dizer que o 4-3-3 está em consolidação, porque as exibições têm vindo em crescendo e o comportamento da equipa quer em termos defensivos quer ofensivos tem estado num nível muito alto nos últimos jogos, este incluído, mas a verdade é que a lesão de Krovinovic pode colocar isso em causa.
O croata tem sido o jogador chave deste sistema, dando velocidade, qualidade de posse e passe à equipa. Krovinovic permite à equipa sempre muitas soluções na sua construção atacante e um grande dinamismo ao meio campo a três. Ele encaixa como uma luva neste sistema.
Nessa medida, tendo o croata aparentemente contraído uma lesão, cujo tempo de recuperação é nesta altura desconhecido, esse progresso e a qualidade de interpretação do sistema 4-3-3 ficam um pouco em causa.
Tem sido sempre assim. Lesão, dificuldades, obstáculos a superar. E nunca a equipa ou Rui Vitória se refugiaram nessas dificuldades e contratempos para se desculpabilizar da responsabilidade de ganhar sempre, como é timbre do Benfica.
Desta vez acredito que não será diferente, mas temos que admitir que não há, aparentemente, um jogador de características semelhantes a Krovi neste plantel. João Carvalho é um bom jogador, um jogador de qualidade, com toque de bola e futebol nos pés, mas jogou pouco este ano e não sabemos como assumirá a responsabilidade de substituir um jogador tão influente, caso tal venha a acontecer. Poderá Zivkovic ser solução para aquela posição? Parece-me difícil, ainda que tenha cultura futebolística, pela falta de rotina no lugar, mas em teoria não seria impossível. De resto temos apenas Chrien, Samaris e Filipe Augusto...
Outra possibilidade seria um regresso ao 4-4-2.
Veremos. O ideal seria obviamente que esta lesão não passe de um susto e que Krovinovic possa já estar apto senão para o próximo jogo para o seguinte.
Uma coisa é certa: esta situação vem mostrar que o sistema de 4-3-3 requer mais soluções para o meio campo do que o plantel neste momento apresenta.

Voltando ao jogo, o domínio do Benfica foi praticamente absoluto. O Chaves teve algumas tentativas de saída em contra-ataque sempre bem anuladas pela nossa defesa e pelo imperial Fejsa. A situação mais perigosa dos flavienses surgiu na primeira parte numa jogada em que Varela anulou com uma excelente mancha uma oportunidade na qual o avançado estava no entanto em fora de jogo.

De resto o Benfica jogou praticamente a seu bel-prazer, acelerando no início e marcando cedo dois golos, impondo depois os ritmos do jogo. A abrir a segunda parte Pizzi fez o terceiro (num lance em que o guarda redes do Chaves pareceu poder ter feito melhor), arrumando de vez a questão do desfecho final do jogo. A vitória ficou assegurada.

Em geral jogámos muito bem, como vem acontecendo, com uma posse de bola sempre inteligente e acutilante no ataque e uma excelente reação à perda de bola, quer em termos de pressão sobre o portador, quer em termos de antecipação. Quando a recuperação não era imediata, a equipa soube sempre controlar bem os ataques adversários.

Em termos individuais, a grande dúvida era Douglas, o substituto do castigado André Almeida, que ainda não tinha sido titular no campeonato. Rui Vitória fez bem em apostar no brasileiro (que já se sabe ser muito ofensivo) porque não mexeu com outras peças. Admitia-se que Sálvio pudesse passar para lateral, entrando outro homem para a direita (possivelmente Rafa). Mas Vitória optoou - e bem a meu ver - em não mexer muito e não alterar as rotinas, simplesmente trocando um jogador por outro. O brasileiro não comprometeu, mostrou vontade e fez algumas incursões bastante positivas no ataque. No entanto os seus problemas a defender voltaram a evidenciar-se, tendo levado dois ou três "nós" que não são admissíveis num defesa do Benfica.

De resto os três jogadores do meio campo estiveram em excelente plano, cada um nas suas missões. Krovi terá sido o que mais mexeu com o jogo (sendo sua a "assistência" para o primeiro golo), tendo saído lesionado, como já referido.

Sálvio começou excelente, com uma assistência (aí sim, em sentido próprio pois Jonas só teve que empurrar) e até meio da segunda parte deu água pela barba aos defesas adversários. Depois começou a perder-se até ser substituído. Cervi voltou a estar em grande plano, sempre muito veloz, em excelentes combinações com Grimaldo, avançando e recuando para recuperar bolas. Tem sido também um jogador chave neste 4-3-3, até pela forma como combina com Krovinovic que também joga por aquele lado. Jonas voltou a ser Jonas, o que quer dizer que voltou a espalhar a sua classe pelo campo, assinando mais dois golos, um deles de enorme qualidade e espetacularidade.

Já se sabe que não ganhámos nada a não ser três pontos e que continuamos em terceiro lugar. Não há por isso lugar a nenhumas euforias nem triunfalismos. Estamos no entanto numa senda positiva à qual há que dar continuidade. Com ou sem Krovinovic, as boas exibições e, acima de tudo, as vitórias são para continuar. A margem de erro continua a ser nula.

Na próxima semana jogamos no Restelo. Conto lá estar, espero que com uma enorme massa de adeptos benfiquistas para dar continuidade a esta onda que tem ir sempre em crescendo até ao fim do campeonato. Vamos ter mais um jogo muito difícil contra uma equipa que tem bons jogadores, joga bem e tem um treinador em período de afirmação. Será mais uma etapa que teremos que superar para que o Penta possa ser uma realidade.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

A verdade desportiva segundo o FC Porto

Eles estão com medo, a verdade é essa. Medo, muito medinho.
Apesar da maior campanha alguma vez vista no futebol português (e possivelmente internacional),  orquestrada entre Porto, Sporting e parte da comunicação social (com Rui Santos a ocupar um lugar de pivot) para derrubar o Benfica, o nosso clube mantém-se na luta pelo penta, a uma distância que lhes causa desconforto.
Este medo resulta do poderio que o Benfica tem demonstrado dentro de campo, com exibições de qualidade como a última em Braga, a capacidade da equipa lutar contra as adversidades, a sua força mental, demonstrada pelo querer e pela crença exibidas, e da união entre clube, equipa e adeptos que nenhum inimigo consegue abalar. Esta é a força do Benfica que pode criar nesta segunda volta uma onda capaz de nos levar ao penta. Uma força que apenas o Benfica tem - e que os nossos adversários temem, sentindo-se inferiorizados perante ela.
A lamentável mensagem que o Porto está a passar, de que deve vencer o jogo com o Estoril na secretaria, demonstra que a sua confiança está a começar a sofrer rachas e fissuras. 
Tudo tem corrido bem ao Porto neste campeonato. Tem jogado bem, não tem tido lesões, os jogos têm corrido de feição, as opções do treinador, mesmo quando questionáveis, têm resultado, os jogadores (quase todos) apresentam níveis de rendimento como há muito não se via, nalguns casos o melhor de sempre. Este Porto ainda não enfrentou adversidades, ainda não enfrentou aquele momento na época quando as coisas não correm bem, um azar declarado em dois ou três jogos, um conjunto de lesões, etc, etc. Dá ideia que planeou a época para um arranque fulgurante, no qual esperaria distanciar-se em absoluto da concorrência, através de um pico de forma prematuro.
No entanto essa distância não é assim tão grande, está a chegar um ciclo de muitos jogos e de grande dificuldade e - é patente - temem-se nas antas os efeitos da fadiga física e mental.
Esta nova manobra de tentar assegurar na secretaria a vitória num jogo que está a perder ao intervalo demonstra medo, demonstra insegurança e demonstra falta de confiança nas capacidades próprias. Como assinalado no blog "O fura-redes", este comunicado apanhou o Estoril completamente de surpresa, por ir completamente ao arrepio do acordado entre os clubes, gerando estupefacção entre os canarinhos.
Pela nossa parte, parece-me um bom sinal. Um sinal de que há fissuras no submarino azul. Que, se nós continuarmos a fazer o nosso trabalho, se continuarmos a fazer crescer a onda encarnada, muito em breve aquele submarino começará a meter água por todos os lados.

Nota: é interessante ouvir Manuel Queirós para auscultar o que o Porto está a pensar em cada momento. Embora Queirós seja mais moderado e polido do que os fanáticos e os propagandistas, acaba sempre por confluir com as posições oficiais do FCP, normalmente produzindo curiosos argumentários para lá chegar. Ontem foi ver isso mesmo no "Mais Transferências" da TVI. Foi interessante porque Rui Pedro Braz obrigou Manuel Queiroz a clarificar a sua posição de que o Estoril deveria ser punido com derrota quando este queria deixar a coisa no ar como se estivesse apenas a analisar as várias hipóteses possíveis. 

sábado, 13 de janeiro de 2018

Classe!

Atitude, domínio do jogo, enorme qualidade táctica, grande pressão sobre o adversário, recuperação rápida da bola, boas jogadas de ataque e belíssimos golos, assim se pode caracterizar a exibição do Benfica em Braga. 

Este era um jogo decisivo, no qual precisávamos impreterivelmente de vencer, jogando portanto sob enorme pressão. O Benfica entrou em campo sentindo a responsabilidade de vencer - pela determinação que demonstrou e capacidade de ganhar as divididas - mas sem acusar qualquer nervosismo. Pelo contrário, o Benfica mostrou neste jogo enorme classe. Essa é a realidade. O Benfica está a jogar muito futebol neste momento, apesar de serem os outros, os verde-azuis, a equipa de Rui Santos, os que levam todas as loas, encómios e panegíricos dos comentaristas especializados da nossa praça.
Já no dragão, quando deveríamos ter sido esmagados, em pleno auge da crise, conseguimos dominar quase toda a primeira parte. Na Luz, quando deveríamos ter sido goleados e definitivamente afastados do título, demos um banho de bola ao Sporting, que praticamente não saiu da sua grande área durante 75 minutos de jogo. 
E hoje voltámos a dar uma grande resposta, num jogo de grau de dificuldade muito elevado, vencendo com total justiça.
Não passámos obviamente a ser os favoritos para o título, não mudámos o rumo da época através desta vitória, mas temos o direito de celebrar e nos sentir felizes esta noite, até por tudo o que já passamos esta época. 
Além disso, objetivamente o Benfica já fez todas as deslocações tradicionalmente mais difíceis (excepto Alvalade). Já jogámos no Porto (contra Porto e Boavista), na Madeira, em Guimarães, em Braga, em Chaves e em Vila do Conde. 
Por incrível que pareça, até ao fim do campeonato o Benfica tem apenas mais 7 deslocações e só duas a norte. 
Há que acreditar, há que fazer acordar novamente o gigante. O Penta ainda é possível!

 

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Valentões das dúzias

Sérgio Conceição acha que é um grande homem porque "diz o que lhe vem à cabeça". E o que lhe vem à cabeça é dizer que Rui Vitória é um banana, um boneco, um fantoche que não tem personalidade própria.

Sérgio Conceição não se enxerga: não tem educação nem tem noção daquilo que diz. O ataque a Rui Vitória é soez: completamente gratuito e absolutamente ofensivo. Do nada, ataca um homem (um colega seu que nunca o atacou) de não ter vontade própria nem espinha vertebral.

O insulto a Rui Vitória é completamente infundado e absurdo. O Benfica tem sido atacado incessantemente esta época, por todos os lados, com acusações de toda a ordem. Rui Vitória tem dado a cara na defesa do clube e dos jogadores. Nunca se escondeu, sem para isso ter precisado de entrar em polémicas desnecessárias. Tem sido educado e cortês - o que é mais fácil quando se ganha mas mais difícil quando se perde (e este ano perdemos demasiado) - respeitando sempre os adversários. Falou de árbitros uma vez, na sequência de um prestação inconcebível de Hugo Miguel e VAR.

É preciso ser muito canhestro e canalha para achar que ser educado e cordato equivale a ser manipulado e cobarde. Nesta "disputa" apenas Sérgio Conceição mostrou falta de hombridade. Atacou à traição alguém que tem passado uma época difícil e está numa posição relativamente frágil, possivelmente porque se sente já próximo de ser campeão e acha que o seu adversário está prestes a ir ao tapete. Ou seja, Conceição demonstrou ser cobarde.

Como seria de esperar, Jorge Jesus não demorou a vir juntar-se ao treinador do Porto e a secundar a sua posição, assegurando que também ele "diz o que pensa". São dois valentões. Ou será fanfarrões?


Nota Final: 

Estas cenas de amor entre Porto e Sporting só não enjoam quem já se tenha habituado a conviver com a indecência e a indignidade. JJ diz que o Porto é quem está melhor colocado para ser campeão (com uma mera vantagem de 2 pontos sobre a sua equipa?!), e vem atacar o Benfica pela arbitragem no jogo contra o Porto. Defende a sua dama. Já Conceição fez este ataque abjecto a Rui Vitória na sequência do Benfica-Sporting, para criar uma cortina de fumo que faça esquecer o roubo que se passou naquele jogo. Conceição e JJ estão bem um para o outro, como J Marques e Nuno Saraiva, como Pinto da Costa e Bruno de Carvalho. Nem os insultos e desconsiderações feitos em tempos, os impedem de andar agora aos beijos na boca. É de dar volta ao estômago, mas para gente deste calibre é só mais uma voltinha no carrossel. Tudo isto apadrinhado por Rui Santos, esse sim, o padreco deste romance de cordel.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Só nos resta continuar a ganhar

Num dos dérbis mais desequilibrados a que me lembro de assistir, o Benfica massacrou o Sporting praticamente desde o primeiro ao último minuto (mas sobretudo a partir do golo do Sporting, resultante de um ressalto e precedido de um fora de jogo). No entanto não vencemos, como deveríamos, porque não fomos felizes no que mais conta no futebol: fazer passar a bola pela linha de golo. Entre decisões mais do que questionáveis do árbitro e do videoárbitro (um fiasco, como eu previ), situações de manifesto azar e outras  em que os nossos jogadores (sobretudo avançados) foram pouco expeditos, o Benfica deixou por marcar seguramente uns 4 ou 5 golos.

A exibição foi de monta: os nossos jogadores mereceram o apoio do público e os aplausos no fim da partida. Só assim foi possível, já mesmo ao cair do pano, chegar ao golo que tornou o desfecho do jogo um pouco mais racional e digerível para as nossas cores.

No entanto as coisas são o que são e este empate deixou-nos ainda mais longe do primeiro lugar. À beira de entrarmos na segunda volta de um campeonato em que os grandes perdem poucos pontos, qualquer deslize do Benfica pode significar o adeus definitivo ao título. A nossa margem de erro está por isso reduzida a praticamente zero.

A vitória sobre o Moreirense - uma vitória categórica e indiscutível - foi uma primeira resposta, obviamente positiva, ao desfecho do derby. No entanto o teste maior está, como é sabido, reservado para a semana: a deslocação ao terreno do Braga que está a praticar um bom futebol. Será um jogo decisivo, no qual só a vitória importa. Ficar a 7 ou 8 pontos do primeiro nesta fase (e a 5 ou 6 do segundo) representaria praticamente o ponto final nas aspirações ao Penta. A partir daí apenas uma débâcle dos dois da frente nos poderia levar a esse objectivo já de si tão difícil.

O que aconteceu este ano foi que o Sporting e o Porto se reforçaram fortemente. No caso dos nortenhos, o plantel tinha já muita qualidade, a que se juntaram "reforços" que andavam emprestados por outros clubes e que sempre me pareceram bons jogadores (caso dos avançados). É preciso não esquecer que o Porto investiu imensamente nos últimos anos: Herrera foi um jogador desejado pelo Benfica que o Porto comprou por 11 milhões de euros. O mesmo aconteceu com Reyes: o Benfica não quis chegar aos 7 milhões que o Porto deu por um jovem de 20 anos. Corona custou 10,5, Aboubakar 11 e Óliver Torres 20 milhões! Por isso não se pode dizer que o Porto não tenha investido fortemente neste plantel. Fê-lo realmente, sobretudo na era Lopetegui. Neste momento está a aproveitar bem esses investimentos. Quanto ao Sporting, o investimento tem sido continuo e esta época a aposta voltou a ser forte. Basta dizer que o Sporting tem nos seus quadros um ex-Barcelona e um ex-Real Madrid.

A coisa é simples: de acordo com o site transfermarkt esta é a ordem de valor (em milhões de Euros) dos plantéis em Portugal:

Porto - 186,90 
Sporting - 177,30
Benfica - 164,95.

Este é, mais coisa menos coisa, o retrato da presente realidade. O Benfica é, dos três candidatos, o menos bem apetrechado. Veremos o que surge entretanto até ao fecho de mercado, mas para já não se antevê nada de muito positivo ou relevante.

Dito isto, acabo como comecei, nada mais podemos fazer nesta fase para além de vencer os nossos jogos, a começar pelo de Braga. A margem de erro é nula. Ganhando jogo a jogo podemos alimentar a esperança de que este campeonato ainda venha a conhecer uma reviravolta.

Uma palavra final - que há muito desejo escrever - para destacar mais uma excelente exibição de Bruno Varela. Depois de ter feito uma grande defesa no jogo contra o Sporting (uma defesa "à Ederson", com a mão "oposta"), voltou a fazer um par de defesas impressionantes contra o Moreirense, nomeadamente a um cabeceamento de cima para baixo, dando à equipa a tranquilidade que ela precisa. A continuar assim, Varela desmentirá aqueles que dizem que não é guarda-redes para equipa grande. Pelo contrário, o que mostrou nos últimos jogos foi precisamente isso: a capacidade para, quase não sendo chamado a intervir, dizer presente em dois ou três momentos decisivos, salvando bolas de golo quase certo. Varela, até pela fibra mental que demonstrou ao regressar à titularidade, está a merecer todos os elogios.

Quanto a Sérgio Conceição fica para o próximo artigo, no qual  terei (mais uma vez) que me debruçar sobre a interminável e infame campanha anti-benfiquista.