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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Momento perigoso

 O Benfica voltou a ter dificuldades e a desperdiçar pontos em casa na Liga dos Campeões. Neste momento temos 4 pontos em casa e 6 fora, com o mesmo número de jogos disputados em ambas as situações (3).

Não creio que nos possamos queixar do sorteio porque falhámos nos jogos em que éramos favoritos e deveríamos ter vencido, ao passo que vencemos dois dos mais difíceis. Claro que este formato cria disparidades demasiado grandes: olhe-se para o Brest que praticamente só jogou com equipas secundárias e está na zona de qualificação direta. Mas há que aproveitar as oportunidades e isso nós não conseguimos, nem com o Feyenord nem agora com o Bolonha.

Este último jogo mostrou que há alguma fatiga na equipa e também algumas limitações que as vitórias têm ocultado. O Benfica ganha no Mónaco com uma sorte tremenda (a começar pela escandalosa não expulsão de Carreras), ganha com uma exibição pobre em Arouca e com muitas dificuldades ao Vitória de Guimarães. 

O efeito de chicotada psicológica já passou, o estado de graça está a passar e os jogadores vindos do banco não vão resolver sempre, principalmente se nunca são titulares. Por outro lado, Pavlidis, apesar dos índices de trabalho (com qualidade), continua a não marcar golos e a seca de um ponta de lança reflecte-se na equipa. Di Maria que vinha sendo muito bem gerido tem agora ficado em campo praticamente até aos 90 minutos e também já dá sinais de estar mais preso, menos leve. 

Este é um momento crucial na época. Sporting e Porto parecem perto do colapso, os seus treinadores estão por um fio. Este não é o momento do Benfica fraquejar! 

Lage trouxe ânimo e boas decisões tácticas mas parece ele próprio agora um pouco falho de ideias. As vitórias não podem resultar sempre do apoio das bancadas, do génio de Di Maria ou de golos "milagrosos" nos últimos minutos. Elas têm de estar sustentadas num modelo atacante (e num ponta de lança concretizador). Eu entendo que Lage tenha estabelecido um 11 base e creio que fez muito bem. Mas é preciso introduzir alterações aqui e ali para não espremer demasiado a laranja. E não deixar as substituições apenas para os últimos 15 ou 20 minutos. Por exemplo Aursnes tem estado excelente, mas tem 29 anos e será impossível correr desta forma 90 minutos de 3 em 3 dias.

Repito, este é o momento de nos afirmarmos, não é o momento de fraquejar. Tudo o que se conseguiu até ao momento, desde a chegada de Lage, irá pelo cano abaixo se abrandarmos neste momento e permitirmos a recuperação dos nossos adversários. É bom que esta mensagem venha do topo e chegue a todos os jogadores. Lage por seu lado precisa de os ajudar. Não pode haver lugares cativos no 11. 

domingo, 8 de dezembro de 2024

O momento da época - Portugal e Inglaterra

 O Benfica aproxima-se do primeiro lugar e ganhou novo fôlego na Liga dos Campeões com uma vitória no Mónaco.

Temos de ter os pés bem assentes no chão. Realisticamente, os sinais são positivos e as hipóteses do Benfica aumentaram em ambas as competições. Mas nada está conquistado e devemos ter a consciência de que nem tudo está bem. Algumas das vitórias recentes aconteceram em jogos assim não muito conseguidos. Isto pode ter duas interpretações possíveis: que estamos a conseguir ganhar mesmo quando não jogamos assim tão bem (o que é normalmente um sinal de equipas campeãs) ou que estamos a ter um abaixamento de forma (o que seria mau). 

Vamos ter agora jogos importantes que vão confirmar qual das tendências é verdadeira. Primeiro um jogo com o Bolonha em que uma vitória nos pode garantir um lugar pelo menos nos playoffs. Depois os jogos para a Liga, incluindo o derby. No futebol tudo muda muito rápido e o que está para trás não conta quando o árbitro apita para se iniciar um novo jogo, pelo que esta mensagem forte tem de ser transmitida aos jogadores.

Em Inglaterra, a melhor Liga do mundo a grande distância, a situação é muito interessante. O Liverpool tem sido claramente a melhor equipa e parece correr numa pista à parte de todos os outros. 

Mas do 2° lugar para baixo o equilíbrio é enorme. O City está agora oficialmente em crise e parece que não será mesmo o seu ano. Arsenal e Chelsea por seu turno estão bem mais fortes. O Arsenal vinha em clara recuperação depois do regresso de vários lesionados, especialmente Odegaard. Mas foi travado hoje pelo Fulham de Marco Silva, não capitalizando a vitória sobre o United e o adiamento do Everton - Liverpool.

Já o Chelsea conseguiu uma espectacular vitória fora sobre o Tottenham por 4-3, depois de ter estado a perder por 2-0, confirmando o que aqui escrevi a 1 de Outubro. Cole Palmer fez uma exibição enorme e tornou-se recordista da Premier League ao converter 12 penaltis em 12. Fê-lo com uma cobrança à Panenka... Já era o segundo jogador a chegar mais rápido aos 30 golos pelo clube, atrás de Jimmy que era um ponta de lança, assim como os outros jogadores que Palmer ultrapassou. E bateu também já o recorde (que pertencia igualmente a Jimmy) de mais contribuições para golos num ano (já vai em 39 e faltam ainda vários jogos este ano). João Félix é o suplente de luxo de Palmer, o que mostra a qualidade do plantel, o qual Enzo Maresca tem gerido muito bem. Outro Enzo, o médio ex-Benfica também está finalmente de regresso à forma que o levou à saída do nosso clube por um valor recorde.

Já Amorim está a ter muitas dificuldades, como aliás era de prever. Após duas vitórias que mostraram sinais de esperança e de uma exibição contra o Arsenal em Londres que não deslustrou (apesar da forma quase amadora como a equipa sofreu dois golos de canto), o United perdeu em casa contra o Nottingham Forest de Nuno Espírito Santo, o que deixa o clube num impensável 13° lugar. Entretanto o diretor desportivo do clube também se demitiu. Será esta a tempestade de que Rúben falou há dias?

Certo é que Rúben Amorim está agora a competir com os melhores do mundo. Não apenas jogadores, porque nesse particular Espanha compete, sobretudo através da "concentração" de estrelas no Real Madrid e Barcelona, mas também de treinadores. Ali estão mesmo os melhores dos melhores. E todas as equipas são competitivas, todas podem ganhar a todas. Por isso Rúben tem aqui um desafio monumental. 

E para terminar, no Brasil outro glorioso, o Botafogo tem hoje tudo na mão para ser campeão, juntando o título à Copa Libertadores. Será desta? 

domingo, 10 de novembro de 2024

Benfica - 4 Porto - 1. Amasso

 Ponto prévio: se tivesse tido tempo, teria escrito sobre o que foi dito relativamente ao jogo com o Bayern. Mas escrevi antes: o que importava era o jogo com o Porto. O jogo na Alemanha era quase garantidamente um jogo no qual teríamos hipóteses muito diminutas. Bruno Lage fez muito bem! Resguardou a equipa. Imagine-se como este jogo teria sido se tivéssemos perdido por 4 ou 5 em Munique três dias antes. Porque era isso que teria acontecido se tivéssemos lá ido jogar de peito aberto. Mais: Lage "poupou" Di Maria e Florentino, que hoje estiveram frescos e foram decisivo. Assim como Pavlidis.

Sobre o jogo desta noite não há muito a dizer que as pessoas não tenham visto e percebido. Foi uma exibição totalmente dominadora do Benfica que só foi interrompida pelo arremesso de tochas por alguns energúmenos. O golo do Porto surge pouco depois disso e foi para mim muito preocupante porque foi completamente contra a corrente do jogo e podia quebrar a nossa equipa animicamente.

Mas a resposta da equipa na segunda parte foi ainda mais forte do que a entrada no jogo. Não me lembro de uma exibição tão conseguida e dominadora contra o Porto no campeonato. Houve uma vitória por 3-0 no tempo de Souness mas foi numa era muito negativa em que não lutávamos para nada. 

Grandes exibições individuais também de muitos jogadores. Estão de parabéns, assim como Lage e os adeptos (excepto os que já referi). Agora é manter os pés no chão e continuar a trabalhar. É um lugar comum do futebol, mas aplica-se na perfeição ao atual momento.



domingo, 3 de novembro de 2024

Uma janela de oportunidade

 

O Benfica reagiu bem à derrota com o Feyenord e venceu os três jogos seguintes. Tinha obviamente obrigação disso, mas após uma derrota dura que quebrara uma dinâmica de vitórias, havia dúvidas quanto à forma como a equipa reagiria. Reagiu bem e isso deve ser valorizado. Obviamente que não vamos ganhar todos os jogos daqui até ao final da época, pelo que a consistência e a capacidade de reagir a momentos difíceis ou negativos serão de enorme importância. Isso viu-se quer em Bruno Lage quer nos jogadores.

Destaque nestes jogos mais uma vez para Akturkoglu, que aos muitos golos que tem marcado juntou no jogo com o Farense um bis de assistências (e aqui estamos a falar de "verdadeiras assistências e não do mero facto de ter sido o último jogador a tocar na bola antes do autor do golo), Carreras, cuja evolução tem sido assombrosa e Pavlidis que após uma passagem pelo banco na Taça da Liga voltou aos golos. O grego tem trabalhado bem mas faltavam os golos. Esperemos que seja para continuar. O que ainda me preocupa é a técnica de remate (não pode ser uma questão de força, porque o grego tem capacidade atlética): os seus remates são constantemente fracos e rasteiros. Compare-se por exemplo com os avançados do Porto e do Sporting... É um aspecto a rever.

Falando agora do menos positivo, daquilo em que precisamos de melhorar. Antes de mais a segurança defensiva: estamos constantemente a sofrer golos e a entrar nos jogos a perder. Isto não pode ser. Otamendi tem cometido vários erros, por vezes parecendo intranquilo. Não sei identificar o problema porque Florentino e Aurnes dão uma boa cobertura defensiva e, pelo menos em teoria, um meio campo a três deveria dar mais equilíbrio e consistência à equipa. Lage certamente também já tentou corrigir a situação, mas ainda não conseguiu. Terá de trabalhar mais e identificar o problema e pelo menos minimizar os seus efeitos negativos. No ataque há dinâmicas interessantes e o nosso corredor direito consegue carrilar muito jogo, mas por vezes Pavlidis está um pouco sozinho na zona de finalização. No jogo com o Farense apesar de um amplo domínio acabámos a sofrer e concedemos oportunidades ao adversário. Faltou controlo nessa altura, apesar de Lage ter feito várias alterações que visavam isso mesmo. Também o vi tenso e preocupado, o que não é o melhor sinal para dentro de campo. Lage tem acertado muito mais do que tem errado e precisa de ter confiança no (bom) trabalho que tem feito.

Chegamos assim ao último ponto deste artigo: as perspectivas para os próximos jogos e para o resto da época. E neste ponto, sobretudo o remanescente da época há um factor novo e absolutamente transformador: a saída de Rúben Amorim do Sporting. Não nos iludamos: o Sporting de Amorim é uma equipa dominadora como há muito não se via em Portugal e provavelmente não daria qualquer hipótese a Benfica e Porto. Mas as coisas agora vão mudar. 

Não quer isto dizer que o Sporting vá começar a perder jogos atrás de jogos e que se vá desmantelar todo de um momento para o outro. A dinâmica de vitórias e o impulso que vem de trás deverão manter-se no futuro imediato, tanto mais que quem assumir o lugar não irá mexer muito. Mas há nuances, há detalhes, há personalidades que são diferentes. Quando as coisas correrem mal surgirão dúvidas, haverá alguma instabilidade. E isso abre uma janela de oportunidade para o Benfica (e para o Porto).

Assim e em conclusão, os próximos jogos são muito importantes, mas, sendo realistas, o mais importante é contra o Porto. O Bayern é um colosso que tritura adversários, especialmente em casa. Se o Benfica repetir os erros que têm sido constantes no último terço do terreno, o Bayern castigará a nossa equipa com golos. Mesmo se não errarmos ou errarmos pouco, as nossas hipóteses são bastante reduzidas. Aquilo que eu desejo é que o Benfica faça um jogo competente e consciente das suas limitações e que possa ser competitivo. Em última análise e sendo frio, que não seja goleado. Uma nota: este não é um jogo para Di Maria entrar de início, mas sim Beste. 

O jogo verdadeiramente importante e "do nosso campeonato" é o jogo com o Porto. Esse sim, temos de ganhar. É um adversário directo. Em casa temos de vencer, até para marcar já posição. E depois disso voltar a ganhar, consistentemente, semana após semana, para ainda termos hipóteses de ser campeões esta época. Com a saída de Amorim abriu-se uma janela de oportunidade. Temos de a aproveitar, a começar já no jogo com o Porto.


P. S. Uma coisa que me esqueci de mencionar no texto, foi os passes falhados no jogo com o Farense. Na primeira parte o número de bolas perdidas por passes falhados, erros não forçados, foi impressionante. Kokçu então parecia que acertava sempre no "boneco", o jogador adversário que estava mesmo à sua frente. Isto não pode acontecer. Na segunda parte melhorámos um pouco mas no final do jogo voltámos ao mesmo. Bruno Lage tem de olhar para este aspecto. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Derrota devastadora

 Após uma exibição e resultado de sonho frente ao Atlético de Madrid, o Benfica fez um jogo terrível e foi derrotado em casa de forma clara por uma equipa mediana no panorama europeu.

A habitual palhaçada na Choupana e a paragem estúpida para jogos inúteis da seleção nacional ajudaram o Benfica? Voltar à competição com um jogo com o Pevidem ajuda? Naturalmente que não. Mas Lage também não se ajudou a si próprio nem à equipa. Claro que a derrota, tal como a morte, traz sempre desculpas. Mas se há jogadores que eu teria poupado, especialmente a 90 minutos, são Florentino e Aurnes. Isto era um jogo para Leandro Barreiro ter assumido a titularidade. Florentino e Aurnes não sabem jogar com pouca intensidade e chegaram à partida com o Feyenord em condições abaixo do ideal. O seu rendimento abaixo do habitual foi uma das causas por que perdemos o jogo.

Mas a partida com o Pevidem foi má a vários níveis e não augurou boas coisas para a jornada europeia. O Benfica voltou a não criar praticamente oportunidades de golo e venceu por uma margem embaraçosa uma equipa de amadores. Bruno Lage no final pareceu muito satisfeito, o que para mim é inexplicável.

O laxismo prolongou-se para a Liga dos Campeões. Os jogadores (e se calhar o treinador) acharam que ia ser fácil. Depois de vencer categoricamente o Atlético, que hipóteses teria o Feyenord? E isso é meio caminho para se perder. 

Tacticamente o Benfica foi surpreendido e superado. Logo no início começámos a pressionar a defesa adversária para tentar ganhar a bola, mas não o fizemos suficientemente bem e o adversário mostrou argumentos suficientes para se libertar da nossa pressão e depois sair em ataques rapidíssimo, com uma grande parte dos nossos jogadores já batidos. Isto foi óbvio ao cabo de 5 minutos mas continuámos a fazê-lo durante toda a primeira parte. Resultado: a equipa desgastou-se física e mentalmente, perdemos confiança e abrimos avenidas em direção à nossa baliza. Inversamente o adversário ganhou confiança. Sofremos 3 golos (um deles anulado, numa falta "suave" sobre Otamendi, que pouca influência teve no desfecho da jogada) e praticamente não fizemos um ataque de qualidade. Tivemos uma grande oportunidade num canto, com Bah a cabecear ao poste e um golo "anulado" (na verdade Akturkoglu estava tão claramente fora de jogo que o lance poderia ter sido imediatamente parado).

Na segunda parte o Benfica melhorou como não poderia deixar de ser, mas demorou demasiado a marcar. Aliás o vencedor do jogo só não ficou definido mais cedo por alguns centímetros, num livre lateral em que os holandeses fazem o que seria o 0-3, com a nossa defesa mais uma vez completamente batida. Foi por muito pouco. O Benfica faz então o 1-2 numa boa jogada, com alguma velocidade e objetividade e depois disso teve um bom período em que conseguiu encostar o adversário atrás. Nesse período há um excelente cabeceamento de Amdouni que se fosse mais desviado em relação ao guarda-redes seria golo. Mas foi Sol de pouca dura. Os holandeses voltaram a pegar no jogo e foi com total passividade da nossa defesa e de Trubin que, com alguma naturalidade, marcaram e fecharam o jogo.

Uma exibição desastrosa e com consequências devastadoras para as aspirações do Benfica. É que se instalou novamente a dúvida ao mesmo tempo que se perderam 3 pontos absolutamente cruciais. Agora vêm aí jogos muito mais difíceis. A jogar assim, com esta falta de intensidade e de rigor táctico seremos trucidados pelo Bayern. O Mónaco também está a jogar muito e a marcar muitos golos tendo derrotado o Barcelona.

Há coisas que não podem acontecer, há derrotas inadmissíveis e esta foi uma delas. O Sporting empatou em Eindhoven com o líder do campeonato holandês (9j - 9 v). O Benfica perdeu em casa com o 4° classificado (8j - 4v 4e) e poderia ter sido goleado. Também me preocupa o discurso de Lage que foi errático e confuso. Disse que havia que compreender por que perdemos (com o que eu concordo em absoluto) mas depois parece colocar tudo em supostos erros defensivos que deram os golos. Claro que houve erros e bem graves. Mas, para já não vai contar com os dois golos anulados, que poderiam perfeitamente ter dado em golos válidos e nos quais os erros são ainda mais caricatos. E depois vai branquear o facto de que fomos dominados e ultrapassados em todos os sectores (a começar pelo meio campo), durante grande parte do jogo. O nosso ataque voltou a ser inoperante. Tal como previ, Pavlidis não é o goleador de que necessitávamos e a saída de Marcos Leonardo foi um disparate. Ou seja, a análise, ao focar-se nos erros, especialmente o que deu o primeiro golo, vai perder de vista as verdadeiras causas pelas quais perdemos.

Tudo estava a correr bem. É preciso agora descer à terra e concentrarmo-nos nas competições internas. Aí não há desculpas para não ganhar pelo menos aos Estrelas da Amadora e afins, semana após semana. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Classe numa noite europeia à Benfica

 O jogo começou a ser ganho na escolha do 11.

Como escrevi, Bah é o lateral direito do Benfica e a solução Tomás Araújo não poderia senão ser transitória. Num jogo deste nível e intensidade precisávamos de Bah. Mas Lage fez uma coisa ainda mais inteligente que foi colocar simultaneamente Bah e Araújo no 11, deixando desta vez António Silva no banco. Aproveitou-se o bom momento do central (que além disso é mais técnico do que Silva) e Bah regressou ao 11 como tinha de ser. Por acaso as coisas até podiam ter corrido mal e o jogo ter sido completamente diferente, logo por aquele lado. É que ainda no primeiro minuto Araújo tenta fintar um adversário, perde a bola quase sem colegas atrás de si e dá azo a um lance que foi bem resolvido mas que poderia ter sido de muito perigo. No entanto esse lance não gerou qualquer intranquilidade, fosse em Araújo, que embarcou para uma exibição sem nada a apontar, fosse na restante equipa que vulgarizou por completo um Atlético de Madrid que ainda não tinha perdido esta época, nem sequer contra o super Real Madrid. Nota ainda para a manutenção de Pavlidis no 11, quando alguns defendiam que se deveria jogar sem avançado fixo. Pelo contrário, Pavlidis permitiu fixar os centrais do Atleti e ao mesmo tempo serviu de ponto de apoio para os nossos ataques, tendo estado perto de marcar duas vezes e tendo conquistado o penalti que permitiu à equipa tranquilizar ainda mais. 

Galeria de fotos: clicar


Também escrevi aqui, logo antes do jogo, que seria muito difícil bater esta equipa madrilena, cínica e simultaneamente muito talentosa. Uma equipa onde há 4 campeões do mundo. Uma equipa que jogou com um ataque extremamente móvel e perigoso. Eu tinha até algum receio de que um eventual resultado menos bom pudesse colocar em causa o momento positivo que se vive, quer a nível futebolístico quer em termos de empatia e ambiente entre jogadores e adeptos. Obviamente estava muito longe de imaginar uma goleada por 4-0!!

Foi uma noite europeia, uma noite de gala na qual o Benfica foi superior em tudo ao Atlético de Madrid, praticamente do princípio ao fim. A dada altura foi bem claro que os jogadores da equipa espanhola desistiram e apenas queriam que o jogo acabasse para evitar o avolumar do resultado. 

Foi uma noite de grandes exibições no Benfica: Aurnes, Florentino, Carreras, Di Maria, Kokçu, Bah, Otamendi, Akturkoglu, Pavlidis, todos estiveram a um nível elevadíssimo. Eu hesitaria no homem do jogo, embora Carreras tenha sido a maior surpresa. A segurança e a confiança que demonstrou, com apontamentos de classe, foram algo de que não estava necessariamente à espera num jogo de tamanha responsabilidade. Tem sido dos jogadores que mais tem amadurecido e subido de rendimento esta época. O passe de Aurnes a isolar Akturkoglu, o movimento deste e a finalização foram talvez o ponto mais alto do jogo que de resto só teve golos de bola parada. É que tudo é muito rápido e feito praticamente de olhos fechados. Florentino foi gigante no meio campo, não se tendo limitado a cortar (muitas) bolas: também soube endossar jogo com qualidade. Mais uma vez quem veio do banco acrescentou: Amdouni ganhou um penalti; Beste assistiu num excelente canto em que a bola baixou subitamente caindo mesmo na cabeça de Bah; Leandro Barreiro deu pulmão nos últimos minutos, tendo ainda feito um excelente corte em carrinho que proporcionou mais uma oportunidade e Rollheiser também voltou a jogar muito bem. Já falei de Pavlidis que terá feito um dos melhores jogos enquanto referência atacante. Tudo somado houve Benfica a mais para um Atlético de Madrid que claramente não conseguiu recuperar do derbi de Domingo e foi simplesmente atropelado.













Há agora que dar continuidade contra o Nacional. Depois virá um outro grande desafio: fazer com que a pausa para as seleções não interrompa a série de bons resultados e boas exibições.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Equipa cínica e difícil de bater

 É como vejo o Atlético de Madrid. E não digo cínica (podia dizer também traiçoeira) num sentido moral negativo. Simplesmente têm um futebol que não necessita de muita posse de bola e muitas oportunidades para marcar. Viu-se com o Real Madrid como são difíceis de bater e lutam até ao fim. Mas atenção, não nos confundamos: o Atético não é meramente uma "equipa de combate"; há qualidade a rodos no seu plantel. Será muito, mas mesmo muito difícil.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

O novo prodígio inglês

 Guardiola também se engana. 

No início da época passada um jovem jogador inglês relativamente desconhecido para o grande público foi contratado pelo Chelsea ao Manchester City por 47 milhões de euros. No meio de uma loucura despesista iniciada com a compra de Enzo Férnandes ao Benfica por 120 milhões, e que ultrapassou já os 1000 milhões, a contratação de Cole Palmer ao City foi apenas mais uma e até passou relativamente despercebida.

Palmer é produto das escolas do City e deu nas vistas nos escalões jovens. Em 2020 teve a sua primeira aparição pela equipa principal e um ano depois marcou o primeiro golo na Taça da Liga Inglesa. Teria mais algumas aparições e golos (incluindo na final da Supertaça Europeia), mas numa equipa com tanto talento, as oportunidades eram limitadas. 

Surgiu o Chelsea e Palmer transferiu-se, tendo sido eleito o melhor jogador da equipa na época passada. Fez 27 golos e 15 assistências em todas as competições.

Este sábado Palmer fez 4 golos ao Brighton, tornando-se o primeiro jogador a fazer um poker na primeira parte de um jogo. Um caso sério a acompanhar. O Chelsea aliás, após uma época de absoluto desastre em 2022-23 no imediato pós Abramovic em que ficaram em 12º lugar com mais derrotas do que vitórias e um ano seguinte desapontante, mas melhor, em que ficaram em 6º, terá, tudo o indica, este ano uma palavra a dizer na luta pelos primeiros lugares. João Félix está pois em boa companhia para evoluir e finalmente se afirmar:muito embora seja evidente que a concorrência no plantel será fortíssima. 

domingo, 29 de setembro de 2024

Galo bateu o pé mas Águia deu-lhe a mão

Foi um jogo bem disputado e com emoção qb, aquele a que cerca de 60.000 espectadores assistiram na Luz esta noite de sábado. 

O Benfica confirmou os sinais positivos dos últimos jogos, mas voltou a sofrer um golo logo no início da partida, na primeira jogada de perigo do adversário, neste caso o Gil Vicente. E perigo relativo, diga-se, pelo menos na aparência. É que o lance parecia relativamente controlado, com a defesa posicionada e poucos adversários na zona de finalização. No entanto um passe magistral de Fujimoto (um jogador para voos mais altos do que um Galo) e uma desmarcação igualmente inteligente do avançado gilista inventaram uma jogada que surpreendeu por completo o Benfica. Na cara de Trubin, Félix Correia atirou de primeira e fez o golo.

Mais um jogo na Luz em que o Benfica entrou praticamente a perder e necessitava a partir desse momento de marcar pelo menos dois golos. 

A equipa não acusou o golpe e continuou a executar o plano delineado. Cerca de 9 minutos mais tarde, num canto de Di Maria, surgiu o empate através de um excelente cabeceamento de Otamendi. O capitão elevou-se até ao terceiro anel e no segundo poste cabeceou para o outro lado da baliza, sem hipóteses para o guarda-redes do Gil. E 8 minutos depois, desta vez de bola corrida, mas novamente de cabeça, o Benfica fez a reviravolta. Desta vez foi Aurnes a cruzar, mais uma vez da direita, e Akturkoglu cabeceou como mandam as regras, de cima para baixo, com força (beneficiando do facto de ter os dois pés no chão) para a direita e fora do alcance do guarda-redes. Mais um óptimo golo - e bem importante - do extremo turco.

O mais difícil estava feito, ainda na primeira parte. O Benfica continuou num bom ritmo, mas o Gil Vicente não desarmou nem se desorganizou, mantendo a incerteza sobre o desfecho da partida. 

Na segunda parte o Benfica entrou bem, mas o golo da tranquilidade não aparecia e sentia-se que faltava alguma coisa. Com o jogo a chegar à fase decisiva e com o resultado na vantagem mínima, Lage mexeu na equipa - e muito bem.

Elogiei aqui Amdouni e Cabral pelas recentes exibições defendendo que mereciam mais minutos e Lage colocou os dois em campo assim como Rollheiser aos 68 minutos. O treinador do Benfica foi proactivo e não ficou à espera do que poderia acontecer. E 10 minutos mais tarde, as substituições deram frutos. Rollheiser jogou para Amdouni, este deu duas passadas largas e em corrida e sem pedir licença disparou forte e colocado para a esquerda do guarda-redes. Mais um excelente golo, do tipo que eu gosto: futebol corrido, remate fácil e espontâneo. Um prémio justo para um jogador que já tinha atirado duas vezes aos ferros nos últimos jogos mas ainda estava à procura do primeiro golo pelo Benfica.

O jogo ficou resolvido (apesar do Gil ainda ter tido uma grande oportunidade para reduzir, com Trubin a fazer bem a mancha e evitar o golo). Nos últimos minutos vieram ainda mais dois golos: o terceiro do jogo de cabeça e segundo de canto (bem batido por Best) através de Florentino e um de Rollheiser, aí sim, com muitas culpas do guarda-redes - uma verdadeira oferta.

Tudo somado, foi um bom jogo do Benfica, no qual o Gil Vicente vendeu cara a derrota e não mereceria sofrer uma goleada. Mas o futebol é assim e desta vez o Benfica foi bastante eficaz. 

Nota para a titularidade de Tomás Araújo, algo que me surpreendeu um pouco, embora admita que, tendo Bah sofrido um golpe fundo na perna, Lage tenha preferido não arriscar. Araújo não comprometeu, até é um jogador tecnicamente evoluído e teve um par de chegadas à linha, mas a dinâmica que Bah dá é incomparável, pelo que é o titular em circunstâncias normais.

Em termos de exibições, toda a equipa esteve em bom plano (Pavlidis terá sido dos menos felizes, não porque tenha jogado mal mas porque não marcou nem teve quase finalizações - situação a rever), mas destaco Florentino, Aurnes, Akturkoglu e Amdouni (apesar do pouco tempo em jogo, teve um impacto decisivo). Gostei muito da dinâmica pelo corredor direito com Di Maria e Aurnes que carrilou muito jogo ofensivo na primeira parte. Di Maria também esteve bem - está mais disciplinado e fresco e o seu talento está a sobressair mais. Mas Florentino com imensas recuperações de bola e um golo seria talvez a minha escolha para homem do jogo (ainda que o prémio oficial tenha ido para Aurnes). Otamendi e Silva também estiveram bem. O capitão assinalou os 200 jogos pelo Benfica com um grande golo e António Silva também fez uma centena de jogos ontem. Absolutamente notável - é importante não esquecer que ainda não completou 21 anos.

Embandeirar em arco? Certamente que não. O Benfica tem obrigação de vencer os jogos para o campeonato, sobretudo em casa e não há qualquer razão para euforias, sobretudo quando estamos a 5 pontos do 1° lugar e, caso o Porto vença, ainda em 3°. No entanto o momento é positivo e devemos desfrutar dele. O Benfica jogou bem, ganhou e goleou. Há que continuar neste caminho. 

sábado, 28 de setembro de 2024

Antevisão Benfica-Gil Vicente e outros jogos

O Glorioso joga amanhã em casa. Sinto que estamos a subir de rendimento e espero que este jogo sirva para o confirmar. O Benfica tem naturalmente de vencer os seus jogos para, no imediato, se aproximar dos lugares acima, e em casa essa obrigação é ainda maior. 

O Gil Vicente é o campeão dos empates até agora, nada menos do que 4 em 6 jogos. 

Uma curiosidade para este jogo é se Lage manterá o 11 ou fará alterações. Uma natural será o regresso de Bah que o nosso treinador confirmou estar disponível. De recordar que quarta-feira voltamos a jogar na Luz, desta vez para receber o Atlético de Madrid. A carga competitiva vai aumentando pelo que ao meu ver se deve promover alguma rotação. Por outro lado estamos ainda em consolidação pelo que também não se quer mexer demais. Veremos o que decide Lage.

Em termos de outras Ligas, o destaque vai para o nosso adversário de quarta-feira na Liga dos Campeões, o Atlético, que recebe o Real Madrid domingo às 20h de Portugal, 21h em Espanha. Note-se que o Atlético de Madrid já jogou durante a semana para La Liga: venceu por um a zero o Celta, em Vigo na quinta-feira. Na Alemanha também haverá um grande jogo: Bayern-Bayer  - 17.30h de sábado. Em Inglaterra o City vai a Newcastle (sábado 12.30h) e o United recebe o Tottenham (domingo 16.30h).


quarta-feira, 25 de setembro de 2024

O que Lage precisa de melhorar




1. Bruno Lage entrou bem no Benfica e tem tomado boas decisões. 

2. Depois de vencer os três jogos disputados, alguns comentadores defenderam que afinal os adversários eram fraquíssimos e que o Benfica até deveria ter vencido mais facilmente. Entendamo-nos: uma equipa joga sempre o que a outra deixa. As equipas contra as quais o Benfica jogou são evidentemente menos fortes e têm menos soluções. Mas cada jogo tem a sua história e ter valores individuais superiores não garante coisa nenhuma, é preciso depois ter a capacidade de traduzir essa superioridade em jogo jogado e, mais importante ainda, em golos.

Mais: o Santa Clara chegou à Luz com o estatuto de surpresa do campeonato até ao momento e entrou no jogo a ganhar; o Estrela Vermelha não perdia em casa desde uma derrota pela margem mínima contra o Manchester City ainda no ano passado; e as deslocações ao Bessa não têm sido fáceis nos últimos anos. 

Nessa medida as vitórias do Benfica têm mérito.

3. Dito isto, há muita coisa a melhorar. Temos de ter a percepção clara de que o Sporting está fortíssimo, o que reduz a margem erro para quase zero, até porque já estamos a 5 pontos. E temos de perceber que temos de ser mais consistentes e competitivos se queremos ter sucesso já nesta época. 

4. Aspectos em que temos de melhorar:

a) consistência e rigor defensivo. 

António Silva está a subir de forma. Otamendi também. Mas ainda há erros e falhas de concentração que precisamos de reduzir ao mínimo. Os golos contra o Santa Clara e o Estrela Vermelha são disso exemplos. Neste último, não podem ir os dois centrais ao mesmo adversário, deixando outro sozinho, enquanto um lateral coloca este último em jogo e isolado frente ao guarda redes. Carreras tem estado muito bem, mas ainda é verde e haverão dores de crescimento (espero que Best possa ser alternativa para permitir ao espanhol esse tempo e espaço para melhorar). Na direita ainda não há alternativa a Bah. Apesar de Tomás Araújo ter feito um jogo consistente com o Boavista falta ver contra um adversário mais forte. Kaboré precisa ainda de ganhar rotinas.

b) controlo de jogo com bola 

O Benfica resolveu os últimos dois jogos na primeira parte e depois procurou gerir. Mas contra o Estrela Vermelha, que pressionou muito, o Benfica não foi capaz de manter posses de bola prolongadas e com isso retirar ímpeto ao adversário. É importante conseguirmos isso e temos jogadores para tal, sobretudo com este meio campo a três. 

c) condição física 

Tem-se notado uma quebra de rendimento da primeira para a segunda parte. Isso tem a ver também com a condição física. 

d) rotação e gestão do plantel 

Com a chegada de um novo treinador os jogadores ganham uma motivação extra e um novo ânimo porque se querem mostrar e reclamar mais oportunidades. Mas isso não dura sempre. Lage tem muitas e boas soluções e precisa de as utilizar. Leandro Barreiro já mostrou qualidade. Precisa de jogar mais tempo. É um jogador com boa rotação e capacidade de ganhar e manter a posse de bola. Amdouni tem uma qualidade acima da média. Akturkoglu mostrou já imensa qualidade e é naturalmente titular, mas Amdouni, seja na esquerda ou na direita, tem de jogar mais tempo. Arthur Cabral está a mostrar uma grande determinação e a desequilibrar as defesas adversárias com a sua capacidade física. Precisa de mais tempo. 

Este é um dos segredos do sucesso de Rúben Amorim: a rotação do plantel e a gestão física e mental que assim consegue, retirando o melhor de cada um e para a equipa. Rúben roda o meio campo, roda os centrais (incluindo com substituições durante o jogo, se necessário logo ao intervalo) e roda os alas. Só não roda (nos jogos "a doer", porque nos outros também os deixa no banco) Pedro Gonçalves e Gyokeres porque são os grandes desequilibradores da equipa. Lage precisa de aplicar este princípio no Benfica. 

Principalmente este ano em que o número de jogos roçará o absurdo não faz sentido nenhum estar a jogar sempre com os mesmos. Há que promover muita rotação. E pelo que se viu temos um plantel equilibrado e que permitirá fazê-lo.

e) eficácia atacante

Alguns treinadores e comentadores defendem que só se pode treinar o processo atacante no sentido da dinâmica e da criação de oportunidades e que depois a concretização, a finalização, não se treina, dependendo do jogador e do momento. Eu percebo o argumento mas não estou totalmente de acordo. Há aspectos que influenciam fortemente a probabilidade da bola entrar ou não. Um é a fluidez do jogo atacante. Se as bolas que chegam à zona de definição são já muito em esforço, a probabilidade de ser golo diminiu. Se resultam de um processo atacante bem oleado e chegam com mais naturalidade, o índice de concretização aumenta. Por outro lado, claro que os avançados podem e devem treinar a concretização e o remate. Eusébio fazia-o, Ronaldo idem. Um outro aspecto ainda é a tranquilidade. Se a equipa joga sobre brasas vai falhar mais, ao passo que se os processos estão consolidados e há mais segurança no que se faz, vai-se marcar mais. Por isso penso que podemos melhorar neste capítulo.

f) discurso / comunicação

Bruno Lage teve uma mensagem positiva e que se louva ao chegar ao Benfica, apelando à união, ao benfiquismo e prometendo trabalho e futebol atacante com os adeptos gostam. Mas isto é um discurso de entrada, não é algo que se possa sustentar ao longo de uma época inteira. Um treinador hoje é também um comunicador. Amorim é muito bom nisto, tem uma certa naturalidade que Lage nunca conseguirá. No entanto o Benfica tem muitos profissionais a trabalhar nesta área. Eles precisam de ajudar o treinador a comunicar de uma forma eficaz e motivadora ao longo de uma época longa de modo a se manter o élan. Não queremos revelar demasiado sobre a forma de jogar com análises demasiado detalhadas que dêem armas aos adversários mas também não se pode só dizer lugares comuns ou coisas redondas. A mensagem tem de ser dirigida de forma a alcançar objectivos pré-definidos e não ir ao sabor do que os média ou os nossos adversários querem. Deve ser proativa e não reactiva.

5. Uma nota final para a arbitragem. É um tema sobre o qual cada vez tenho menos vontade de ou paciência para falar, mas é importante que o Benfica esteja atento. Vejo os árbitros cada vez mais "simpáticos" para com o Sporting, a "darem" penalties "suaves", muito facilmente, e poucos cartões aos seus jogadores e muitos aos adversários. Com o Porto as coisas são semelhantes. Já em relação ao Benfica parece continuar a existir um estigma e um receio grande em que possa ficar a imagem de que estão a beneficiar o Benfica. Pouco mudou nos últimos anos. Os suspeitos do costume ajudam à festa: a SportTV e a imprensa desportiva continuam a ter um viés anti-Benfica, isso é absolutamente indiscutível. Como o combater? Nas instâncias relevantes da Liga e Federação, mas também através da comunicação. O Benfica tem de saber usar melhor o poder que os seus adeptos lhe conferem. Não queremos ser beneficiados mas não podemos aceitar ser constantemente prejudicados. 


sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Um Benfica renovado

O Benfica fez uma boa exibição contra o Santa Clara. Dominou do princípio ao fim, teve múltiplas oportunidades e fez 4 golos.

Voltámos a ver alegria nos jogadores e rapidez de execução, em total contraste com as anteriores exibições cinzentas, lentas e empasteladas.

Já no jogo da Liga dos Campeões, o Benfica entrou bem, ganhou vantagem (teve a felicidade das bolas terem entrado) e depois geriu o jogo. 

Gostaria de ter visto outro tipo de domínio, porque penso que temos qualidade para tal, mas as incidências do jogo e o pouco tempo de treino com Bruno Lage ajudam a explicar o que se passou. Em primeiro lugar, a lesão de Bah. Aliada à necessária substituição de Rolheiser para equilibrar o meio campo, isto significou que Lage já só poderia alterar a equipa mais uma vez até ao fim. Obviamente adiou esse momento o mais possível. Mas note-se que as substituições estavam previstas já antes do golo do Estrela Vermelha. 

No essencial, conseguiu-se o que importava. Começámos bem e vencemos fora, o que é sempre de destacar. A última derrota dos sérvios em sua casa acontecera contra o City e por 3-2. 


                                    ***

Apesar das saídas de João Neves, João Mário, Rafa, Neres e do próprio Marcos Leonardo, o que vimos nestes dias mostra que continua a existir qualidade no Benfica suficiente para montar um bom 11 e ter opções no banco.

Akturkoglu e Amdouni chegaram já em cima do fecho do mercado e pouco se sabia deles mas ambos me pareceram futebolistas com qualidade e acutilância. Akturkoglu então "ameaça" mesmo ser um caso sério. Koksu a jogar na sua posição é outra coisa. Finalmente vejo bolas paradas a serem batidas com qualidade (foram anos e anos a ver cantos sofríveis ou mesmo maus).

Onde me parecem existir fragilidades é na defesa. Carreras está a melhorar mas ainda é um pouco verde (quanto a Best, veremos), ao passo que Kaboré mostrou hoje carências sérias e só a ajuda de Akturkoglu estancou a sangria que estava a ocorrer no seu flanco. No eixo a saída de Morato reduz o lote de centrais de qualidade (e envergadura) quando os sinais de declínio de Otamendi já são evidentes.

Hoje houve mais um erro algo básico dos centrais que resultou em golo.

Há muito trabalho a fazer, mas acredito que a base é boa. É necessária agora união de todos, incluindo os adeptos, e confiança no que se está a fazer. 

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Lage merece o apoio dos benfiquistas

 Rui Costa errou em toda a linha ao manter Schmidt após o fracasso da época passada. Todos os sinais indicavam que o seu ciclo no Benfica estava esgotado e isso mesmo escrevi aqui, em tempo: https://justicabenfiquista.blogspot.com/2024/04/fim-da-linha.html

Os posts seguintes foram sempre no mesmo sentido. Para mim era absolutamente previsível o desfecho que acabou por se verificar. O problema é que Rui Costa tomou a decisão completamente fora de tempo, já com a época a decorrer e precisamente quando o mercado fechou, o que limita muitíssimo o espaço de manobra de um novo treinador.

Nestas circunstâncias Bruno Lage é uma escolha que poderá fazer algum sentido, na medida em que é alguém que conhece o clube e a realidade nacional. Lage assume a liderança da equipa de futebol num momento muito difícil e só por isso merece o nosso apoio. O apoio e a tolerância que Schmidt já não tinha, facto que também contribuiu para o seu insucesso. Em sentido contrário, espero que o apoio dos benfiquistas possa contribuir para o sucesso desta época.

Lage tem bons princípios de jogo e é um treinador sério, dedicado e profissional. Os problemas poderão estar na sua capacidade de lidar com o lado emocional dos jogadores. Se por um lado, na sua primeira passagem pelo Benfica o impacto foi extraordinário, já na segunda época as coisas correram muito mal e houve uma total incapacidade de contrariar um ciclo negativo. Pelo contrário, de jogo para jogo a equipa piorava.

Nesse sentido tem de haver um apoio muito forte da estrutura, dos adeptos, da matriz do clube, do benfiquismo em suma. Mais uma vez, infelizmente eu tive razão quando, em tempo, alertei para que esse apoio estava a faltar a Schmidt: https://justicabenfiquista.blogspot.com/2023/08/mas-o-que-e-isto.html 

Esta é a última oportunidade para Rui Costa por a casa em ordem e restaurar a identidade do clube. Foi feita uma restruturação na SAD e contratado um novo treinador. Todos terão o meu apoio. Principalmente Lage que assume o leme desta nau num momento de turbulência. Quando a época acabar será o momento de fazer o balanço.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Benfica à deriva

 O que se está a passar no Benfica é surreal, é mau demais.

Não há rumo, não há estratégia, não há liderança.

Cada dia traz novas notícias de entradas e saídas, num rodopio, um entreposto de jogadores que faz sentido apenas para os empresários e intermediários que vão enchendo os bolsos à conta da paixão dos adeptos. 

O clube, esse vai ficando cada vez mais depauperado. 

Rui Costa deveria assumir a sua incapacidade e convocar eleições. Seria uma decisão difícil mas honrada que os benfiquistas saberiam apreciar quando a poeira assentasse. 

Temo no entanto que Rui Costa esteja refém da teia de interesses que junta uma série de parasitas que vivem à volta e à conta do clube. 

Assim se vai diluindo o verdadeiro benfiquismo. Assim se vão esquecendo os valores que fizeram deste o maior clube nacional e um dos maiores da Europa.

Neste momento o Benfica já não é o primeiro clube nacional em termos de títulos no futebol sénior, o que é absolutamente escandaloso considerando o que o Porto passou nos últimos anos com severas limitações orçamentais.

Em termos de futebol jogado e plantel o Benfica é neste momento o terceiro clube de Portugal. 

Há que arrepiar caminho urgentemente ou arriscamo-nos a repetir os anos 90. 

domingo, 11 de agosto de 2024

Medíocre. Previsível. Famalicão 2 Benfica 0

 Dos 3 candidatos ao título, o Benfica é de longe o mais fraco, pelo menos nesta altura.

O Porto foi uma surpresa para mim, pois imaginei que haveria um impacto grande da saída de um presidente que quase se confunde com a história do clube e de um treinador que parecia ser quem segurava as pontas soltas de um plantel com uma qualidade já bastante depauperada. No entanto a pré-época mostrou que existe um trabalho táctico forte e Villas Boas é claramente um dirigente bem preparado.

O Sporting manteve tudo igual ao ano passado: o modelo de jogo, a consistência e a grande agressividade atacante.

Quanto ao Benfica... ninguém percebe.

Eu não escrevi na pré-época porque, para além de não interessarem para nada, esses jogos não mostram muita coisa. No entanto perder com o Fulham e empatar com o Brentford não são propriamente grandes sinais.

Mas acima de tudo o que não se vê é uma estratégia. 

Foi contratado um ponta de lança que espero que tenha muito sucesso (embora tenha as minhas dúvidas) mas de resto o plantel ficou mais fraco porque saíram os dois melhores jogadores: Neves e Neres. Isto para já nem falar de Rafa. Dos 3 desequilibradores fica apenas 1, Di Maria, já em fim de carreira. Depois há as promessas Rollheiser, Prestianni e Schjeldrupe que veremos o que dão mas para já são muito verdes. 

Quanto a Roger Schmidt, nenhuma surpresa. O ano passado já disse o que pensava e infelizmente parece que tinha razão. Continua a apostar em João Mário, entrou com um duplo pivot no meio campo e mudou tudo na segunda parte. O seu estilo de jogo continua a ser o da posse de bola mas falta agressividade na frente e na defesa continuam a cometer-se demasiados erros. 

Assim não vamos lá.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Espanha, Argentina e os "melhores do mundo"

 Espanha e Argentina são os vencedores de Europeu e Copa América. Más notícias para portugueses e brasileiros que também tinham as suas ambições e vêem os seus vizinhos e rivais (mais no caso do Brasil) vencer. 

Espanha dominou

No caso do Europeu, a lógica imperou  do primeiro ao último jogo e não houve uma única surpresa digna de nota. Espanha afirmou-se como a melhor equipa desde o início e venceu com naturalidade. Inglaterra tinha dos melhores jogadores mas nunca conseguiu jogar um futebol de qualidade. Kane continua a ser um mistério - é um avançado de excelência mas nunca ganhou um único troféu. Bellingham é dos melhores médios em atividade mas só apareceu contra a Eslováquia. No duelo dos mais jovens, Dani Olmo, Wiiliams e Yamal foram melhores que Foden e Saka. Palmer marcou mas não chegou.

Foi um Europeu pouco espectacular, com poucos golos e pouco futebol. O que importa é o dinheiro e portanto os jogadores continuarão a chegar esgotados a estas competições, as quais cada vez têm mais equipas e mais jogos. A qualidade obviamente diminui.

Mas a Espanha foi a equipa mais imune a isso. Foi melhor em tudo - a que teve mais identidade, mais qualidade e melhores jogadores. Yamal e Williams foram dos melhores, assim como Olmo, Rodri e até o próprio guarda-redes. Os espanhóis têm muita confiança em si próprios e no seu modelo, além de uma enorme garra. Até jogadores como Carvajal e Cucurella que não são particularmente dotados tecnicamente conseguem ter um rendimento ao mais alto nível. Os jogadores espanhóis raramente falham e têm uma mentalidade muito forte. Merecem por isso inteiramente este título.

 

Argentina vence terceira competição seguida

Quanto à Copa América, há a ideia de que o nível de exigência é menor nas competições americanas, mas os factos não consubstanciam essa percepção. Em primeiro lugar a Argentina é campeã do mundo, o que desmente logo a tese à partida. Em 22 edições, os europeus ganharam 12 vezes e os sul-americanos 10. Depois, no que diz respeito a Portugal, temos um saldo exatamente nulo em mundiais contra equipas do continente americano: 2 vitórias, 2 empates, 2 derrotas - Brasil (vitória em 1966, empate em 2010), Uruguai (derrota em 2018, vitória em 2022), EUA (derrota em 2002, empate em 2014).

Seja como for, a Argentina renovou a sua vitória na Copa, apesar de ter vários jogadores em fim de carreira: Messi, Di Maria, o próprio Otamendi. Messi saiu mesmo lesionado na final e Di Maria acabou o jogo esgotado. Ambos foram ovacionados por todos os adeptos argentinos aquando das substituições. A Argentina venceu com esforço, mas bem, apesar da réplica forte da Colômbia. O Brasil não foi uma grande desilusão porque não havia ilusão: chegou em péssimo momento e confirmou as piores expectativas.

 

Fim de ciclo

 A vitória da Argentina não coloca um ponto final na rivalidade Messi-Ronaldo porque ela já tinha sido terminada em 2022. Infelizmente aí ficou claro de vez algo que há muito já se vinha vendo: Messi é um jogador de equipa que aparece nos grandes momentos, ao passo que Ronaldo é um jogador individualista que nas fases a eliminar não consegue aparecer. A saída do Manchester foi um momento decisivo porque definiu um caminho que depois já não teve retorno, o caminho do ego. O Mundial logo a seguir traduziu-se num enorme fracasso e sobre o Europeu já não vale a pena falar. As carreiras de ambos estão agora para todos os efeitos terminadas e claro que deixarão uma herança tremenda e o futebol não será o mesmo sem eles. Quanto a Di Maria parece que ainda jogará mais uma época no Benfica. Que os adeptos saibam apreciar o terem uma lenda a jogar no nosso futebol e no nosso clube.


Melhores do Mundo... sem ganharem nada


A este propósito, não posso deixar de criticar o provincianismo da maioria dos comentadores portugueses. Eles são realmente paroquiais e parece que não têm televisões em casa. Primeiro, durante anos, eles, todos os nossos jogadores e treinadores insistiam em que Ronaldo era "o melhor do mundo", quando de facto não era. Depois era Félix que o seria também, e agora Vitinha já é "um dos melhores do mundo", ao passo que Diogo Costa é "o melhor guarda redes do mundo". 

Não me levem a mal, não quero deitar abaixo o jogador português que tem imensa qualidade, mas já em 2019 o treinador do Dinamo de Zagrebe disse que "se Dani Olmo jogasse no Benfica valia tanto como João Félix". E agora está à vista que não apenas tinha razão como Olmo está a ter uma carreira muitíssimo melhor que Félix que saiu demasiado cedo com essas fantasias de ser o melhor do mundo. Quanto a Vitinha, é um bom jogador, mas para um médio naquela posição tinha de marcar mais golos e fazer mais assistências para estar num nível superlativo. E quanto a Diogo Costa, tenham dó! É um guarda-redes promissor, com algumas qualidades. Mas o que é que ele já ganhou? Para ser o melhor do mundo basta um qualquer comentador o dizer num programa de televisão? Mas que falta de noção!! Olhem para o currículo de Courtois, Emiliano Martinez, Neuer, Alisson Beker, Ter Stegen, Éderson, para já nem falar de Oblak e tantos outros...

domingo, 7 de julho de 2024

Uma seleção sacrificada a um ego

 O desfecho do jogo com a França foi o que esperava, embora Portugal até me tenha surpreendido. Pensei que perderíamos logo nos 90 minutos. Não porque não tivessemos equipa para ombrear com a França, mas porque jogaríamos com um avançado que não corre, não se desmarca, não pressiona e nem sequer tem já capacidade para finalizar.

É tudo demasiado evidente: Ronaldo não tem lugar a este nível mas a sua presença traz publicidade e consequentemente muito dinheiro que vai reverter para a Federação. Quando Martinez foi contratado, foi-lhe certamente dito que Ronaldo teria lugar cativo. É impensável que o seleccionador tenha ido à Arábia por sua alta recreação. Foi a Federação que lhe disse para ir.

O futebol há muito que não é sobretudo paixão, mas sim negócio. Mais recentemente ficámos a saber que o próprio sucesso desportivo é secundário face ao dinheiro.

Ronaldo, futebolisticamente falando, só não foi uma absoluta nulidade porque fez uma (boa) assistência para Bruno Fernandes. Mas para esse bom momento acontecer, vários maus e péssimos tiveram igualmente lugar. Ronaldo não se limitou a ser uma nulidade, foi um corpo estranho que prejudicou a equipa e tirou lugar a outros que claramente pior não fariam.

Ouvi ontem Miguel Henrique dizer que "Ronaldo continua a ser o nosso melhor finalizador". Ele realmente finaliza as jogadas, mas é matando-as, não colocando a bola dentro da baliza. MH representa aqui quase todos os comentadores cuja falta de coragem para apontar o óbvio roçou o repulsivo.

Ronaldo deu muito à seleção e ao país, pelo que vou terminar a minha apreciação por aqui. A única coisa que resta dizer é que realmente o ego é algo que nos pode levar ao sucesso mas que se não é controlado conduz à queda e ao ridículo.

Esta seleção poderia ter ido mais longe. Merecíamos pelo menos a oportunidade de disputar com a Espanha o acesso à final. Mas tudo foi sacrificado ao ego desmedido e ao narcisismo de um outrora grande jogador que não soube sair a tempo.


Cristiano Ronaldo: Portugal forward on brink of more international history  - BBC Sport

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Isto é verdade, Rui Costa?

https://desporto.sapo.pt/atualidade/artigos/mp-suspeita-que-rui-costa-paulo-goncalves-lf-vieira-e-soares-de-oliveira-criaram-plano-para-desviar-fundos-da-benfica-sad

https://observador.pt/especiais/vieira-rui-costa-paulo-goncalves-e-soares-oliveira-suspeitos-de-criarem-plano-para-desviar-fundos-da-benfica-sad/

 Não me refiro à veracidade da acusação. Refiro-me à sua mera existência.

Rui Costa pode dizer que não sabia (e provavelmente naqueles primeiros anos na SAD passava-lhe muita coisa ao lado), mas um presidente do Benfica não pode ter uma acusação destas a impender sobre si. 

Estes últimos anos têm sido maus demais. Já tenho dito que o Benfica precisa de uma limpeza. Neste momento já é quase uma refundação.

E ainda vejo benfiquistas a "celebrar" que não houve acusação de corrupção... Os padrões estão mesmo baixos.




quinta-feira, 9 de maio de 2024

Leverkusen recusa-se a perder

 Já não há palavras para a época que o Bayer Leverkusen está a fazer: campeão alemão com várias jornadas por disputar, finalista da Taça da Alemanha e agora finalista da Liga Europa, sem ter perdido uma única vez esta época!

Talvez ainda mais espantoso do que isto, é que o Leverkusen já por várias vezes esteve a perder até aos últimos minutos e depois deu a volta. Não consigo precisar quantas vezes isto aconteceu mas se disser 10 provavelmente não estarei a exagerar. O caso mais recente é o da Liga Europa: a perder por 0-2 até aos 82 minutos, marca nesse minuto e depois aos 90+7, mantendo a invencibilidade. O apuramento já estava garantido com o 1-2, o 2-2 permitiu manter a invencibilidade. E sabemos quão importantes são essses aspectos para a moral das equipas e para não quebrar o ciclo vitorioso. 

Vamos ver se conseguirão manter o registo até ao fim da época, o que significaria mais 2 troféus para a equipa de Alonso e Grimaldo ou se a desilusão chegará mesmo ao cair do pano. Seja como fôr, a conquista do campeonato alemão representa um feito inédito. Deixa de ser o clube do quase, o Neverkusen.

Nesta altura são os adversários quem ficam com a sensação do quase. Resta saber se os farmacêuticos lhes oferecem algumas caixas de aspirina no fim dos jogos.

Asi gana el Madrid

 Com mais ou menos golo nos últimos minutos, mais ou menos polémica arbitral, o Real Madrid está, como era esperado, em mais uma final da Champions. É incrível o poderio deste colosso. 

15ª a caminho... E para o ano ainda devem ter M'bapé...


Já agora, o Olympiacos, com David Carmo, Podence e Chiquinho (sim, o do Benfica) no 11 e João Carvalho no banco (da nossa formação) está a caminho da final da Liga Conferência, levando no momento em que escrevo uma vantagem de 3 golos sobre o Aston Villa (que é treinado pelo consagradíssimo e especialista em Liga Europa Unai Emery). Uma grande surpresa e um grande feito para os gregos.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Qual é o espanto?

 Fiquei um pouco surpreso com algumas reacções na blogosfera benfiquista por estes dias.

Como aqui disse há meses, o Benfica estava obrigado a ganhar no dragão. O empate ainda poderia eventualmente deixar uma réstia de esperança, mas a partir do momento em que não apenas perdemos como ainda fomos goleados, o campeonato ficou definido. A derrota em Alvalade foi o seu ponto final. 

A partir daí era apenas uma questão matemática: o Sporting não podia ser imediatamente campeão porque ainda haviam 6 ou 7 jogos em falta e portanto 18 ou 21 pontos em disputa, mas sê-lo-ia a 1,2,3 ou 4 jornadas do fim. Para quem está habituado a ver futebol, o Benfica tinha exactamente 0 % de possibilidades de ser campeão. É que até já tinha jogado com o Sporting e perdido, portanto nem "moral" tinha para esperar fosse o que fosse. 

Por isso dizer-se, como Rui Costa há uma semana, que "estamos na luta" é conversa para boi dormir, como se diz no Brasil. Não acredito que ele acreditasse nisso, nem que esperasse que alguém o levasse a sério. Se acreditava é porque tem pouca noção da realidade e nesse caso estamos em maus lençóis. Uma das características da liderança é o realismo. A esperança não é uma estratégia. 

Tudo bem que poderíamos (deveríamos) ter ganho ao Famalicão. Mas sinceramente não fazia qualquer diferença no final da época. Há muita coisa que vai ter que mudar e ganhar os últimos jogos até poderia dar uma falsa sensação de que estávamos no bom caminho. 

Por outro lado, percebo o argumento de que "temos" de ganhar aos famalicões todos do campeonato, mas as coisas simplesmente não funcionam assim. O Porto também "tinha" de ganhar (até para a manutenção da tralha directiva que ficará ali agarrada até ao último dia) e vai ficar atrás de nós. O ano passado o Sporting também "tinha" de ganhar e ficou em 4° lugar. 

E isto também não é uma questão de dinheiro. Veja-se o Liverpool que há umas semanas era líder e que entretanto perdeu o campeonato devido a derrotas com clubes menores. Se fosse o Benfica o que diríamos? Isto para não falar do United que está em 8° e há dias levou 4 do Crystal Palace, do Chelsea que está em 7° ou do Paris Saint German que falha novamente na Liga dos Campeões, etc. 

Chegando aos finalmentes, o que o Benfica necessita é de fazer um exame profundo do que correu mal esta época, porque grande parte dos erros são já reiterados. Desde a venda de João Félix (até já anteriormente, mas agravando-se a partir deste momento) adoptámos uma política de contratações completamente errada. Em geral o mercado dos clubes portugueses não é o europeu, porque não temos capacidade financeira para ombrear nem sequer com a classe média. Sim, por vezes vai-se buscar um Darwin, um Jonas ou um Gyokeres, mas essas são as excepções. O normal são os Robertos, os RDTs, os Weigels, os Arthures Cabrais e os Kokçus. Jogadores altamente sobrevalorizados, que os clubes de origem não querem (se não continuavam lá) e que não rendem cá (também devido ao "peso" da transferência e às expectativas criadas). 

Se olharmos para o plantel do Sporting encontramos imensos jogadores que vieram do mercado nacional (Pedro Gonçalves, Morita, Mateus Reis, Nuno Santos). No Benfica não sei se atualmente há algum. E já é assim há muito tempo. Mas no passado não era, pelo contrário. 

Este problema de política, aliado ao problema da prospecção (olheiros / scouting) explica algumas das lacunas e fragilidades do Benfica. Noutros posts falarei de outros problemas mais gerais, de que este é um efeito. 


sábado, 20 de abril de 2024

Oportunidade de ouro desbaratada

 O Benfica perdeu com o Marselha, uma equipa que, quase unanimemente, comentadores e analistas consideram bastante inferior. Aliás, o facto de antes do jogo a equipa francesa estar numa série de 5 derrotas consecutivas se não diz tudo anda lá perto.

O que eu não tenho visto ser salientado é que, para além do desperdício de ser eliminado pelo Marselha (coisa completamente diferente teria sido uma eliminação perante um Milão ou um Liverpool), o Benfica perdeu uma belíssima oportunidade de vencer a Liga Europa. 

É que com a conjugação dos resultados dos outros jogos, o Benfica jogaria a meia final com a Atalanta e, passando, a final com a Roma ou o Bayer Leverkussen. Ou seja, com equipas que estavam ao seu alcance.

O Benfica alcançou duas finais seguidas da Liga Europa, em 2013 e 2014. Na primeira teve um percurso relativamente tranquilo até à final mas ali apanhou o Chelsea que era claramente uma equipa muito mais forte. Batemo-nos muito bem e fomos infelizes mas o desfecho foi relativamente "normal". Já em 2014 o Benfica teve de eliminar o Tottenham nos oitavos e a Juventus nas meias. Depois jogou a final com o Sevilha, que é o Real Madrid da Liga Europa: tem "só" 7 vitórias. O Benfica perdeu nos penaltis (já é sina), numa noite extremamente infeliz do árbitro que para deitar sal na ferida de um jogo em que perdoou pelo menos dois penaltis aos espanhóis ainda conseguiu não ver Beto, o guarda-redes dos andaluzes, avançar um metro em relação à linha de baliza antes dos pontapés de penalti serem batidos. Lamentável e mais uma vez perdemos uma final europeia.

Ora este ano não apanharíamos nenhuma equipa claramente superior em termos de recursos financeiros ou de nome e palmarés europeu, nenhum "papa-taças", incluindo na final, se lá chegássemos. É verdade que Atalanta (na Europa) e Bayer (em todas as competições) têm demonstrado um futebol muito superior ao Benfica este ano. Mas isso vale o que vale. Já sem preocupações internas, o Benfica poderia ter-se concentrado exclusivamente na Liga Europa e a motivação subiria certamente. Temos dois campeões do mundo no plantel e jogadores com valor e algo a provar. Tínhamos todas as condições para poder vencer, no sentido em que partíamos (na minha opinião, claro) com as mesmas possibilidades dos outros.

Eu sei que esta conversa não muda nem adianta nada. De certo modo é até mais deprimente estar a pensar nisto. Mas os leitores que me perdoem. Estou de ressaca de uma época em que nem sequer me cheguei a inebriar... É triste chegar a abril com tudo perdido e nada por que lutar, num ano em que investimos tanto e em que as expectativas eram tão altas. E de facto as nossas possibilidades para estas eliminatórias eram mais favoráveis do que alguma vez me lembro, de modo a podermos chegar à final e ganhar.

Isso foi completamente desbaratado, cortesia do nosso treinador. De facto tudo o que aconteceu foi para mim tão previsível que por vezes quase gostaria de ser mais ingénuo e não ver as coisas de forma tão clara, pois essa antevisão chega a parecer maldição. É que quando Aubemeyang marcou na Luz eu comecei a ver o filme. E quando lhe deram liberdade para centrar aquela bola de morte em Marselha vi o desfecho final. A televisão ficou ligada mas eu já estava a fazer outras coisas. Nem olhei para os penaltis, já estava a escrever o post anterior, para exorcisar a minha ira.

Schmidt é um problema neste momento, mas não é a causa, nem a raiz do que está mal no Benfica. Temos ido ganhando alguma coisa, o que disfarça, mas há anos que falta cultura benfiquista no clube, exigência, rigor, profissionalismo. Provavelmente ainda escreverei algo sobre isso até ao final da época. 

Por agora, mantendo-me no tema Schmidt, também sob o ponto de vista do plantel, o desperdício do alemão é incompreensível e para mim indesculpável. Schmidt não soube utilizar a "raiva" de Kokçu e Arthur Cabral, por exemplo, para lhes dar oportunidade de provarem o seu valor em palcos que contavam. Em Alvalade Kokçu entrou já nos descontos. Um jogador que estava insatisfeito e queria mostrar mais, deveria ter tido oportunidade de, num jogo crucial (e com jogadores no ataque já esgotados), provar que realmente merecia mais protagonismo na equipa. Não é a jogar 5 e 10 minutos, já na fase caótica do jogo e em desespero que se pode mostrar e fazer alguma coisa. Agora em Marselha Schmidt colocou em campo Kokçu mais cedo, é verdade, mas sem ponta de lança, algo que fez com que o OM subisse as linhas, dificultando o jogo do turco que precisa de estar mais próximo da área adversária e de ter uma referência na frente que possa municiar. O mesmo é válido para Tiago Gouveia. Deu boas indicações no jogo anterior, como já vem dando ao longo da época, e nem sequer saiu do banco. Isto com um Rafa e um Di Maria que se arrastam literalmente em campo. É inconcebível, é um desperdício de recursos cujas consequências estão à vista. Tanto em Alvalade como em Marselha, os treinadores adversários foram fazendo substituições para levar mais o jogo para onde queriam. Já Schmidt mexeu pouco e mal e foi incapaz de tocar nas vacas sagradas.

Gosto muito de Di Maria e não sou ingrato. Para mim é impensável assobiar um jogador de uma qualidade superlativa que dá tudo o que tem fisicamente e quer vencer mais do que qualquer outro. Mas é evidente que o argentino já tem muitas limitações físicas (mesmo sendo fundamental na seleção é sempre gerido) e que por vezes tem de ser substituído. Schmidt porém está sempre à espera que os melhores jogadores resolvam, nunca é ele o protagonista, no sentido de dar algo mais ou diferente à equipa quando esta necessita. Não tem nenhum golpe de asa, não arrisca nada, é sempre conservador e conformista.

Ao contrário do habitual, ouvi ontem um pouco do debate futebolístico na CMTV. E Miguel Henrique teve uma análise sóbria e racional: qual a relação de Schmidt com o plantel e o restante staff? O trabalho diário é de qualidade? Schmidt vai aprender com os erros? Estas são algumas das perguntas que Rui Costa precisa de fazer e, em função das respostas, tomar as suas decisões. Pessoalmente não creio que o alemão tenha condições para continuar, mas atenção: para sair é necessário que venha alguém com mais capacidade. Para fazer o mesmo ou pior não vale a pena mudar, até porque o problema do Benfica é mais profundo do que uma mera questão de treinador.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Fim da linha

 Roger Schmidt teve todas as condições para fazer uma época muito diferente, para melhor.

Perdeu o jogo decisivo contra o Porto (disse logo que se não ganhassemos ali íamos para Alvalade já numa posição muito desfavorável) e depois, já no desespero, contra o Sporting (até um empate ainda deixava algumas esperanças...). Também perdeu a Taça de Portugal e a Taça da Liga.

O jogo de hoje não tem desculpa. O Benfica até não estava mal no jogo mas as substituições foram catastróficas: saiu o melhor jogador (Neres) e ficaram os totalmente inoperantes Di Maria e Rafa. Tengstedt foi a nulidade do costume e a sua saída só pecou por tardia. 

A derrota nos penaltis era óbvia, tanto que escrevi esta crónica antes. 

Obrigado pelo título do ano passado. 

auf Wiedersehen



PS - parabéns pela substituição de Odisseas por Trubin. Foi uma jogada de génio. 

PS2 - Grimaldo não presta para nada, como ouvi durante anos muitos benfiquistas dizer e depois de sair do Benfica nunca mais seria ninguém nem ganharia nada. 

terça-feira, 16 de abril de 2024

Eficácia

 Todos gostamos de futebol atacante e espectacular. Isso está mesmo na matriz do Benfica e foi reconhecido por vários treinadores, incluindo Jorge Jesus e Roger Schmidt para citar apenas os mais recentes.

No entanto a eficácia é um aspecto fundamental do jogo.

O Sporting será campeão este ano porque foi mais eficaz do que o Benfica. 

Veja-se o jogo que decidiu o título: o Sporting marca na primeira vez que vai à grande área do Benfica, aos 47 segundos. E durante o jogo o Benfica esteve quase sempre por cima, incluindo depois de empatar, mas quem venceu no fim foi o Sporting. Isto não é apenas a minha análise, são os factos, como demonstrados pelas estatísticas:

                       Sporting        Benfica

posse de bola        49                51

cantos                     7                13

remates                 14                14

remates à baliza     3                  4

golos esperados    0.96           1,32

ocasiões flagrantes 1                  3

bolas nos ferros      1                  1

Fontes: livescore, footbmob, espn, zerozero


Uma estatística que foi decisiva neste jogo foi a dos guarda-redes: 2 defesas para Israel, 1 para Trubin. Se fosse ao contrário teríamos vencido o jogo. O Sporting também se superiorizou nos duelos 53-47 e nos dribles 14 (74%)-10(48%). Mas o que realmente contou no fim foi a eficácia nas oportunidades flagrantes: o Sporting não desperdiçou nenhuma, o Benfica desperdiçou duas. (Mais uma vez faço notar que isto não são opiniões minhas, são estatísticas de sites independentes). 

Esta foi uma constante ao longo da época: o Sporting a marcar praticamente em todas as ocasiões criadas, o Benfica a desperdiçar demasiadas. Ainda neste jogo com o Famalicão, que sela o título, o Sporting marca no primeiro remate à baliza e depois só faz mais um o jogo todo. Mas o Famalicão não fez um único. Ou seja, o Sporting é eficaz à frente e atrás. O Benfica para ainda poder ser feliz esta época precisa de melhorar os seus índices de eficácia tanto no ataque como na defesa. Continuamos a conceder demasiadas oportunidades aos nossos adversários. 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Eriksson merecia mais

 O Benfica estava a fazer uma exibição razoável e tinha a eliminatória controlada.

Em Anfield a Atalanta vencia confortavelmente. 

Até que António Silva comete um erro enorme e abre uma autoestrada para o golo de Aubameyang que toda a gente sabia ser o mais perigoso jogador do Marselha.

Desde então o Benfica não mais se encontrou. Em vez de ajudar, o estádio só contribuiu para uma maior intranquilidade da equipa. Absolutamente lamentável, considerando até que Eriksson tinha acabado de ser homenageado e merecia um fim de jogo completamente diferente.

É óbvio que Schmidt poderia e deveria ter refrescado a equipa que já se sentia pesada. Certamente que sim. Mas não é por os adeptos assobiarem (inclusive Di Maria...) que Schmidt vai mudar. A única coisa que conseguiram foi perturbar e desmotivar uma equipa que sofreu 2 enormes revezes na passada semana.

Veremos se um golo de vantagem chega. De uma coisa tenho a certeza: em Marselha o ambiente será efervescente e de apoio incondicional à sua equipa. Mesmo que esteja a perder. Cada um que tire as suas conclusões. As minhas são claras: os adeptos do Benfica tiveram uma prestação miserável, vergonhosa. Além do já referido houve ainda confusão com as claques. (Quando é que acabam com os NN ou pelo menos tiram dali os inúmeros elementos criminosos que enquinam tudo e prejudicam o Benfica?) 

Volto à questão Liverpool. Como antevi, os ingleses pouparam jogadores. Disse que isso aumentava as hipóteses das outras equipas. Mas não antecipei que ficassem praticamente eliminados na 1a mão. Agora isto também mostra que a Atalanta (como já se vira com o Sporting) é uma equipa muito forte. Seja como for, o Benfica tinha (e continua a ter) uma janela de oportunidade para chegar à final e, quem sabe, finalmente voltar a vencer uma competição europeia. Agora todos têm de refletir. Todos. Não é só o treinador, são os próprios jogadores e dirigentes. Sentem-se à mesa, falem abertamente. Identifiquem os problemas e fortaleçam o espírito de grupo. E os adeptos que tenham juízo e deixem de criar mau ambiente. É triste. É um Benfica que eu já não reconheço. 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Mourinho? Por favor poupem-nos...

 Mourinho tem assistido a quase todos os jogos do Benfica, o que evidentemente tem a leitura - que o próprio não desconhece - de que está interessado no lugar de treinador do nosso clube. Assim, para todos os efeitos, Mourinho está-se a "oferecer" ao Benfica.

Schmidt deverá sair (quem sabe se até para o Bayern, que não conseguiu garantir Alonso e não deverá conseguir também Amorim), pelo que o Benfica deverá necessitar de um novo treinador. E as opções não abundam: Abel Ferreira, que agradaria a muitos (incluindo a mim) já disse que fica no Palmeiras mais dois anos (tudo pode mudar, mas seguramente não sairá nos próximos meses, que é quando necessitaremos de ter um treinador para a próxima época) e Marco Silva (outro nome sempre falado) também não deverá querer deixar um salário milionário e uma liga de topo onde acha que ainda pode chegar mais longe. 

Mourinho, de longe o treinador português mais titulado, surge assim como uma opção que alguns não vêem com maus olhos. Simplesmente o Mourinho que ganhou não é o mesmo de agora. O grosso dos títulos de Mourinho datam do período  2002-2010. Depois disso Mourinho ainda ganhou alguma coisa com o Real Madrid (não ganhar no Real é a excepção), um novo título de campeão no Chelsea (2014-2015) e taças no primeiro ano do Manchester United (2016-2017). Mas exceptuando a Liga Conferência (uma competição terciária) nunca mais voltou a vencer o que quer que fosse. Ou seja o período áureo de Mourinho data de há quase 15 anos e o último período vencedor de há quase 8. 

Isto acontece porque a "fórmula Mourinho" deixou de funcionar. Os treinadores em geral tornaram-se mais evoluídos tacticamente e Mourinho não tem já a idade ou a criatividade para se reinventar e apresentar algo de novo que seja eficaz. Pelo contrário, neste momento apenas "amarra" as equipas que treina a esquemas tácticos que limitam as capacidades dos jogadores. Por outro lado, o lado mental, a garra e concentração que as suas equipas tinham já não é um factor diferenciador. Note-se que mesmo esse efeito se perdia invariavelmente no segundo ou mais tardar o terceiro ano.

Veja-se como Mourinho não trouxe nada de novo ao Tottenham ou à Roma (que investiu mais do que nos anos anteriores, tendo ido buscar jogadores como Abraham, Dybala ou Lukaku). Aliás, desde a saída de Mourinho que a Roma começou a jogar muito melhor, a marcar mais golos e a ganhar mais jogos. As estatísticas de Mourinho na Roma são: 138 jogos, 68 vitórias, 31 empates e 39 derrotas (49,28% de vitórias). As de De Rossi são 15 jogos, 10 vitórias, 3 empates e 2 derrotas (66,66% de vitórias). 

Em conclusão, considero que Mourinho seria uma péssima escolha. É um treinador que merece respeito pelo seu percurso mas que cuja fase melhor da carreira já passou. Não trará nada de particularmente relevante mas quase de certeza porá o Benfica a jogar um futebol deprimente. Não é disso que precisamos.

Outras possibilidades? Cabe aos departamentos especializados e bem pagos no Benfica identificarem. Varandas até pode ser um péssimo gestor mas tomou duas excelentes decisões que farão dele para a posteridade um presidente muito importante da história do Sporting: o fim do apoio às claques e a contratação (que muitos consideraram louca) Amorim pagando uma cláusula de rescisão nunca antes vista em Portugal e a terceira maior (após a penalidade por pagamento em atraso) do futebol mundial por um treinador. 

Mas atenção: há muito mais coisas que estão mal no Benfica para além da questão do treinador. Há que tirar ilações do investimento colossal (à nossa dimensão) feito sem qualquer retorno. Na aposta em jogadores manifestamente sobrevalorizados, na contratação em campeonatos mais caros do que o nosso, nunca se apostando no mercado nacional, nas lacunas evidentes no plantel logo ao começar a época, entre outros erros de palmatória.

Rui Costa tem a palavra.

Uma janela de oportunidade

 O Benfica perdeu numa semana as duas competições nacionais. Todos vimos o que aconteceu e como, não quero escrever nada sobre o assunto.

Com o campeonato arrumado (a derrota do Porto assegura o 2° lugar), abre-se uma janela para a Europa. A partir daqui podemos concentrar-nos quase exclusivamente nas competições europeias. 

Nos quartos de final recebemos na primeira mão um Marselha completamente em cacos. O Benfica vem de duas derrotas duríssimas mas pelo menos tem a consciência de que jogou bem e que tudo fez para ganhar. O Marselha vem de 4 derrotas e más exibições. Na Luz precisamos de fazer uma exibição convincente e ter finalmente eficácia. 

Se passarmos esta etapa - e francamente temos obrigação de o fazer - seguidamente tudo é possível. Em circunstâncias normais, o Benfica não tem hipóteses contra o Liverpool. Mas o Liverpool está neste momento numa luta ombro a ombro com Arsenal e City na recta final do campeonato inglês. Não há dúvida de que essa será a sua prioridade. Isto aumenta um pouco as chances das outras equipas na Liga Europa.

Saiba Schmidt agora tirar partido na Europa da situação em que nos encontramos (perfeitamente resolvida) a nível interno. 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Toque a reunir

 O Benfica foi prejudicado na eliminatória da Taça? Foi, mas vamos esquecer isso.

Vamos esquecer isso e todas as dúvidas que possamos ter acerca do treinador, da composição do plantel, deste ou daquele jogador.

Já se percebeu que em caso de dúvida as decisões são contra o Benfica, que Di Maria pode levar pancada à vontade que não se marcam faltas e que o Sporting este ano é o querido dos árbitros.

A nossa tarefa - vencer em Alvalade - torna-se assim quase hercúlea.

Por isso eu apelo aos benfiquistas: pelo menos esta semana estejamos unidos à volta da equipa. Que os jogadores possam sentir todo o nosso apoio e carinho. A forma como se bateram para vencer na passada terça-feira honrou os pergaminhos do Benfica. Foi até ao último minuto e até à última gota de suor. 

Sábado terão - teremos - uma nova oportunidade. Vencendo colocamo-nos numa excelente posição para renovar o título de campeões.

Apelo por isso ao benfiquismo de todos para neste momento fazermos jus ao lema do nosso clube. 


Atualização - com a nomeação (que era já praticamente certa) de Soares (a) Dias, a tarefa tornou-se ainda mais difícil. E não, isto não é começar já com desculpas. A este sr. conheço eu de gingeira há muitos anos: 


Para quem não se lembra, Soares Dias não assinalou nenhum destes penalties a favor do Benfica mas viria a assinalar um contra (que fez com que perdessemos o jogo e qualquer hipótese de discutir o campeonato com o Porto) muito menos evidente.


https://justicabenfiquista.blogspot.com/2019/03/o-melhor-arbitro-portugues.html 

Mas a cair, ao menos que seja de pé.

terça-feira, 2 de abril de 2024

Benfica-Sporting - acompanhamento em direto

Atualizações


Equipas oficiais

Benfica: Trubin, Bah, Otamendi, António Silva, Aursnes, Florentino, João Neves, Neres, Di Maria, Rafa, Tengstedt

Sporting: Franco Israel, Diomande, Coates, Inácio, Esgaio, Hjulmand, Daniel Bragança, Nuno Santos, Trincão, Paulinho, Gyökeres


Neres mantém-se na equipa, ao passo que Cabral perde a titularidade para Tengstedt. No Sporting a surpresa maior é Bragança no lugar de Morita. 


15'30" - Tengstedt faz um chapéu subtil a Israel e a bola vai à barra. 

19'30" - oportunidade flagrante de Di Maria já praticamente dentro da pequena área. A bola foi "ao boneco" 

O Benfica domina mas ainda não conseguiu marcar 

33' mais uma jogada perigosa do Benfica com Tengstedt a ser carregado em falta mesmo à entrada da área com o árbitro a nada assinalar 

37'30" mais uma falta à entrada da área, desta vez sobre Di Maria não assinada. O árbitro assinala mesmo falta de Di Maria 😂

45"+3 cartão amarelo a Di Maria por chutar a bola após o apito do árbitro 

Final da primeira parte 

Adeptos do Sporting fazem a festa 

Boa primeira parte do Benfica mas faltou o golo para dar expressão ao domínio de jogo e assim o Sporting continua à frente na eliminatória 

Sporting muda 3 jogadores da linha defensiva ao intervalo 

Início da segunda parte 

45'30" - primeiro remate (e com perigo) pertence ao Sporting 

46" Golo do Sporting por Hjulmand

52" golo do Benfica por Otamendi 

54'20" golo do Sporting por Paulinho. Katamo mais uma vez surge quase sozinho na esquerda e Trubin defende para a frente oferecendo o golo a Paulinho 

O Benfica agora arrisca muito. Ou marca em breve ou arrisca sofrer novo golo e perder a eliminatória em definitivo 

Bola ao poste de Gyokeres

64' Golo de Rafa

72' Penalti não assinalado sobre Rafa 

Domínio avassalador do Benfica 

Algum cansaço (natural) nota-se na nossa equipa. Os jogadores têm dado tudo 

89' Grande oportunidade do Benfica 

Final da partida. Pelo meio houve um novo lance duvidoso na área do Sporting 

O Benfica mereceu pelo menos o prolongamento. Resta agora ir vencer a Alvalade. 


Caros benfiquistas, a esperança é sempre a última a morrer, pelo que continuamos a esperar uma época vitoriosa. Para já joga-se a passagem à final da Taça de Portugal e logo num derbi, aliás o derbi eterno.

Farei atualizações ao longo do dia e, dependendo do interesse e participação dos benfiquistas, eventualmente também ao longo do jogo.


Quem está mais pressionado? É difícil de dizer, porque se por um lado o Sporting tem estado melhor e os seus jogadores parecem mais confiantes, por outro o Benfica este ano já ganhou um título (supertaça) e já venceu o Sporting na Luz. Neste momento o Sporting parece ter mais a perder do que o Benfica. Por outro lado, Rúben sabe que só irá para o Liverpool se alcançar títulos. E ir treinar o Liverpool não é para qualquer um nem é uma oportunidade que se repita. Basta dizer que Eriksson admitiu recentemente que treinar o Liverpool era o seu sonho. Amorim está portanto sob fortíssima pressão.

De certo modo o Sporting encontra-se na mesma situação que em 2005 com Peseiro: pode ganhar ou perder tudo numa semana.


Grimaldo envia o seu apoio ao Benficahttps://www.abola.pt/futebol/noticias/grimaldo-publica-mensagem-antes-do-benfica-sporting-2024040215581744661


A minha previsão para o 11: Trubin, Bah, Otamendi, António Silva, Aursnes, Florentino, João Neves, João Mário, Di Maria, Rafa, Arthur Cabral.

A maior dúvida para mim é quem jogará do lado esquerdo. Neres tem tido a posição nos últimos jogos mas tem estado algo apagado. Além disso, Schmidt poderá querer dar outro tipo de equilíbrio ao meio campo e daí a inclusão de João Mário. Também poderia ser Kokçu mas o que aconteceu com a entrevista e também em Alvalade (onde jogou nessa posição e mal), leva-me a postar em Mário. Na frente também existem algumas dúvidas, podendo jogar qualquer um dos três avançados que temos.