Com o dinheiro que foi gasto em contratações e no treinador, este seria o mínimo exigível - e sinceramente o expectável. Se o Benfica e o Porto já ganham quase todos os jogos, muitas das vezes por goleada, um Benfica com Jorge Jesus e com um plantel "anormal" na realidade portuguesa, com titulares de selecções de top, deveria realmente arrasar, como prometeu o treinador.
No entanto a única coisa arrasada para já é a esperança e confiança dos benfiquistas.
Eliminado da Champions, humilhado no Bessa, salvo de duas outras humilhações em pleno Estádio da Luz apenas nos últimos minutos (e graças ao talento individual dos jogadores), este Benfica é uma desilusão completa.
Claro que estádios vazios são a negação do futebol na sua dimensão mais autêntica, que é a da paixão e da emoção. Por outro lado e felizmente, também estamos ainda no início e há tempo de recuperar e começar a entrar nos eixos.
Mas para já o Benfica joga mal e feio. Faz lembrar os piores períodos por que Rui Vitória e Bruno Lage passaram no Benfica.
Mesmo nos jogos que ganhou, este Benfica raramente convenceu e praticamente nunca foi espectacular. Os jogos com o Famalicão e o Rio Ave foram talvez a excepção, tendo-se aí visto um bom futebol.
Voltando à questão do entrar nos eixos, a solução não pode ser ir buscar mais e mais jogadores. Em primeiro lugar porque, como dizia alguém, acho que ainda não descobriram um poço de petróleo ou uma galinha dos ovos de ouro na Luz. Em tempos de crise que se anunciam e sem receitas de bilheteira nem da Liga dos campeões muito já o Benfica investiu (esperemos que não demais). Sabemos porquê mas agora não é o momento de falar sobre isso.
Mas para além das questões financeiras, contratar mais não é a solução porque Jesus não consegue tirar rendimento dos que já lá tem.
Que treinador teve recursos destes nos últimos anos? Avançados de luxo, centrais vindos das equipas de topo da Premier League... Titulares de selecções de topo, incluindo Alemanha, Argentina, Brasil e Bélgica... Um avançado com a capacidade de Darwin... Um international alemão no banco...
Isto é um plantel de luxo para a realidade nacional e é escandaloso que Jorge Jesus queira contratar mais uma série de jogadores, praticamente para todas as posições.
Quer Lucas Assunção para uma posição na qual, para além dos titulares, já temos Jardel, Ferro e Tolibo. Ninguém presta? Será que vamos fazer um 11 completo só com centrais? Isto é inaceitável.
Depois quer William Carvalho ou Gerson, do Flamengo. Mas não temos Weigel, Gabriel e Samaris? Florentino não foi emprestado? Parece que andamos a brincar.
Quer também um lateral direito, depois de ter ido buscar Gilberto. Já adaptou Diogo Gonçalves (que noutra posição, coitado, nunca terá qualquer oportunidade) mas não chega. Nunca chega.
Toda esta instabilidade só mina a confiança dos jogadores. O contrário do que um treinador deve fazer. Ponha os olhos em Rúben Amorim.
Quando Jorge Jesus chegou pela primeira vez ao Benfica disse que os jogadores iam jogar o dobro. E se é verdade que houve várias contratações, os que já lá estavam realmente aumentaram imenso o rendimento: David Luiz, Luisão, Di Maria, Cardozo.
Neste Benfica deste ano, os jogadores não melhoraram nada. Esperava-se que Jesus pudesse aproveitar as características de Weigel e que finalmente o alemão mostrasse o seu futebol, mas nada. Cervi foi encostado mas Cebolinha também não está a fazer nada. Rafa está inconstante. Pizzi igual ou pior. Gabriel idem. Não se compara ao grande Gabriel de 2019.
Felizmente ainda há tempo para arrepiar caminho. Mas para já o que se vê de Jorge Jesus é mau e preocupante. Há uma grande instabilidade, em grande parte resultante deste constante falatório de entradas e saídas. Para piorar ainda mais as coisas, Jesus criticou Gonçalo Ramos sem razão nenhuma e a completo despropósito.
Alguém tem que pôr mão nisto antes que as coisas descambem de vez e JJ saia do Benfica com uma indemnização choruda e soframos a humilhação de não ganhar nada com um orçamento destes.