Rui Vitória passou por momentos difíceis na sua época de estreia. Nessa altura mostrou porém uma característica que foi determinante para dar a volta à situação: um grande equilíbrio emocional que lhe permitiu não entrar em pânico, não se deixar afectar ao ponto de desacreditar nas suas capacidades e, no momento da verdade, ter tido a frieza e capacidade de análise para tomar as decisões certas.
Espero, como todos os benfiquistas autênticos, que isso vá acontecer novamente esta época e que a eliminação da UEFA possa ter sido um momento de viragem. É porém demasiado cedo para juízos desse tipo e não é uma vitória em casa contra um adversário frágil que nos deve levar a embandeirar em arco.
Dito isto, o Benfica fez uma belíssima exibição. Começámos com alguma falta de confiança, como seria de esperar face ao desastre europeu, mas o golo logo aos 7 minutos contribuiu para uma mudança de atitude para melhor. Com o segundo golo e a expulsão de um homem do Setúbal o jogo ficou resolvido. Mas independentemente de factores aleatórios, houve razões para a melhoria substancial de rendimento: uma, talvez a principal, chama-se Krovinovic. O meio campista foi sempre inconformado e quase sempre decidiu bem, fazendo uso da sua técnica acima da média bem como da sua visão de jogo. Jogou e fez a equipa jogar.
Outro factor que fez a diferença para melhor foi a atitude da equipa. Apesar de alguma hesitação no início, algum medo de errar, sentiu-se que a equipa queria responder ao momento negativo e capitalizar do empate do Porto em vésperas de clássico.
O melhor veio na segunda parte. A ganhar e a jogar contra 10, a equipa libertou-se e começou a praticar um futebol atacante veloz e colectivo como já há muito não se via. Os golos foram aparecendo com naturalidade e a goleada reflecte o que se passou em campo.
Para além de Krovi, devem também ser destacadas as exibições de Grimaldo, Cervi (aquele corredor foi um pesadelo para os sadinos), Pizzi e Luisão. O capitão voltou aos golos e ainda foi o responsável pela expulsão de um adversário, numa arrancada espectacular na qual por momentos fez o papel de extremo direito perante a admiração das bancadas.
A fragilidade do adversário, potenciada pelo bom jogo do Benfica, não nos permite porém retirar grandes ilações desta vitória. Será já na sexta-feira que um teste de um outro nível nos será colocado. Um teste que precisamos de superar para realmente conseguimos inverter o rumo desta época. Do jogo de hoje ficam boas indicações mas (para além, claro, dos 3 pontos e da consequente recuperação face ao primeiro lugar) pouco mais. É de facto na sexta-feira que as coisas se poderão definir mais.
Uma última palavra para Jonas e os seus agora 101 golos. Notável. É um privilégio termos um jogador desta categoria na nossa equipa. O seu futebol aveludado é de outro patamar. Precisamos muito da sua continuada inspiração.
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Zero!!
A exibição (?) do Benfica de ontem voltou a ser deprimente.
O jogo de ontem fica como um marco. Vários "recordes" negativos foram batidos no que respeita ao registo do Benfica na Champions. Chegámos, parece-me, a um ponto em que a reflexão sobre a continuidade de Rui Vitória tem que ser levada muito a sério, assim como a identificação de possíveis alternativas.
O problema não é apenas os maus resultados. De certa forma, esse nem é o principal problema. Por muito embaraçosos que sejam os resultados da Liga dos Campeões este ano - e são-no de facto - o crédito que Rui Vitória alcançou com as campanhas dos dois últimos anos merecem no mínimo um voto de confiança face a uma conjuntura de resultados negativos.
O problema maior são as exibições miseráveis, a falta de ideias de jogo e de entrosamento da equipa. Não há mecanização, não há dinâmica, não há posicionamentos correctos. Cada jogador parece jogar sozinho, sem saber bem o que fazer com a bola.
O rendimento individual espelha o colectivo: tem vindo sempre a piorar. Todos os jogadores têm regredido, alguns parece que deixaram de saber jogar.
Ora isto é responsabilidade da equipa técnica.
Terá por isso que se começar a pensar muito seriamente no futuro. É verdade que Rui Vitória não terá desaprendido de um ano para o outro. Mas a realidade deprimente da falta de qualidade de jogo da equipa não deixa espaço para dúvidas sobre a ineficácia do trabalho de treino.
Os próximos jogos são decisivos.
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Assim, sim
Se o jogo do Benfica em Manchester não foi mau (perder nunca é bom mas há que reconhecer que a equipa fez um jogo válido e que não foi bafejada pela sorte - incluindo nas decisões arbitrais) já o jogo em Guimarães foi bastante razoável, com momentos de qualidade.
Voltámos a ver mecanismos, rotinas, equilíbrio como equipa. Em suma, trabalho de treino posto em prática no jogo.
Não foi um jogo perfeito - longe disso. Houve ainda erros individuais quase primários e períodos de alguma desconcentração. No entanto, sentiu-se já uma ideia de jogo e uma confiança diferente entre os jogadores.
A curva parece agora ascendente.
Rui Vitória voltou a optar por três médios e a equipa respondeu positivamente, apresentando um equilíbrio e segurança que não se viam havia algum tempo.
Gostei muito de Krovinovic. Parece estar a encontrar o seu ritmo e a intensidade necessária para a posição. Gostei também de Samaris na posição de Pizzi, mostrando mais uma vez que é um jogador com o qual o Benfica pode contar. Creio que esta solução de três médios será para manter nos jogos fora. Em casa penso que a
opção continuará a ser por dois avançados com Jonas a fazer a ligação meio campo -ataque.
Com mais uma paragem extensa no campeonato (para jogos de seleção e Taça) Rui Vitória terá bastante tempo para consolidar esta solução.
O empate do Sporting mostra bem que o campeonato está muito longe de estar perdido e que as coisas podem mudar muito rapidamente, por vezes em apenas uma ou duas jornadas. O Porto terá igualmente os seus percalços: não descobriram de repente a fórmulas da invencibilidade nem Sérgio Conceição é um iluminado no meio de ignorantes.
As coisas têm em geral corrido bem para o seu lado, certamente também por mérito e trabalho, mas no último jogo já demonstraram dificuldades e se o árbitro não tivesse deixado passar dois penalties (um deles escandaloso) as coisas poderiam ter dado ainda mais para o torto. É quando os momentos difíceis chegarem - e vão chegar - que se verá a real capacidade desta equipa.
Pelo nosso lado não há obviamente razões para qualquer embandeirar em arco por uma vitória em Guimarães. A nossa margem de erro continua muito diminuta e se queremos chegar ao penta (e certamente queremos) precisaremos de continuar a subir de rendimento. Os erros de Svilar, André Almeida e a paragem colectiva no golo do Vitória são três falhas básicas que não se devem repetir. A concentração tem que ser mantida ao longo de todo o jogo.
Uma nota final para o vídeo árbitro: como aqui antecipeihttp://justicabenfiquista.blogspot.pt/2017/05/a-ilusao-do-video-arbitro.html, aliás um pouco contra a corrente, não veio resolver os problemas com as arbitragens, nem sequer com os chamados erros grosseiros. O que aconteceu este fim de semana foi memorável pela negativa.
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