terça-feira, 30 de setembro de 2014

Continuar a trabalhar - a procissão ainda vai no adro

O jogo do Benfica na Amoreira teve coisas boas e más.

Obviamente ganhar é sempre o objectivo dos jogos e nesse sentido - que é o mais importante - as coisas correram bem. No entanto houve alguns aspectos menos positivos como o ter permitido dois golos ao adversário que tornaram um jogo que parecia resolvido em algo de bastante complicado. A equipa depois teve muito mérito em não se ter desorientado e ter conseguido voltar à vantagem. 
Convirá porém trabalhar para corrigir os erros e desequilíbrios defensivos (apesar do Estoril ter também o seu mérito nos golos) e ser uma equipa ainda mais forte.

Mas mais importante ainda é perceber que os objectivos só poderão ser alcançados se continuar a haver um trabalho muito sério e constante. Nada está ganho à partida; nem mesmo quando os jogos parecem estar a correr de feição se pode achar que eles já estão ganhos e abrandar o ritmo. Há que respeitar e nunca subestimar os adversários. 

O Benfica está à frente e tem nesta altura uma boa vantagem. No entanto é muito cedo para atribuir a isso um valor decisivo ou sequer muito relevante. A procissão ainda vai no adro. O campeonato tem muitas jornadas, muitos meses e muitas peripécias pela frente.

O Porto continua a ter um plantel muito forte, com muitas soluções. O Sporting continua a ter uma equipa aguerrida, jovem e com qualidade, para além disso muito bem orientada, que não pode ser descartada na luta pelo título. 

Aquilo que podemos retirar destas primeiras jornadas é que podemos confiar nesta equipa do Benfica. Que ela tem capacidade e poderá atingir os objectivos pretendidos, a começar pelo bicampeonato. No entanto só com um trabalho muito intenso e constante eles se tornarão realidade. O campeonato é como uma maratona. Há que saber passar as várias fases e suportar as suas provações para, com inteligência e gerindo o esforço e a vantagem da melhor forma, chegar no fim à frente.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O incompetente

A expressão não é minha mas do próprio. 

Ao fazer o balanço do péssimo Mundial que Portugal fez, desapontando milhões de portugueses e descendentes de portugueses no Brasil,  Fernando Gomes, falando na primeira pessoa do plural, reconheceu a sua incompetência: "fomos incompetentes", foram as palavras textuais.

No entanto, estranhamente, a única consequência que retirou dessa incompetência foi a demissão do médico da seleção, como se a culpa pela triste figura que fizemos no Brasil fosse do "desgraçado" do médico. Como se fosse o médico quem programou a preparação, convocou os jogadores e escolheu os "onzes" e as tácticas. 

Apenas algumas semanas após este episódio (e pouco depois da renovação do contrato do selecionador), demitiu Paulo Bento. As culpas que eram do médico pelos vistos passaram a ser do selecionador, que umas semanas antes até vira os seus poderes reforçados...

O mais recente episódio da incompetência gritante deste Presidente da Federação Portuguesa de Futebol chegou com a apresentação de Fernando Santos.

No momento de apresentar o novo treinador, grande parte das perguntas incidiu sobre Paulo Bento, sobre a entrevista deste à RTP e sobre as versões contraditórias sobre o seu afastamento. Quando se queria olhar para o futuro de forma limpa e com optimismo, Gomes, com um novo selecionador ao seu lado, multiplicou-se em explicações e versões pouco congruentes sobre o que realmente se passou, deixando sombras a pairar sobre a seleção. Um episódio de incompetência pura: ou abordava o assunto antes da apresentação de Fernando Santos e dava nessa altura a sua versão dos factos, ou pura e simplesmente recusava-se a fazê-lo nesta altura, dizendo que estava ali para falar de Fernando Santos e o futuro e que este era o selecionador nacional, nada mais importando.

No entanto, o incompetente assumido - e isto é que é realmente grave - é muito competente para algum tipo de manobras, designadamente as sombrias e pouco limpas.

Desde que foi eleito para a Liga e depois para a Federação, Fernando Gomes começou por "ilibar" Hulk e Sapunaru, no caso das gravíssimas agressões que estes perpetraram, ao deixar cair o Conselho de Disciplina, considerando que este não fôra "competente" e vem agora "ilibar" Pinto da Costa, 10 anos depois, limpando-lhe o cadastro.

É um incompetente muito habilidoso.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

As "boas dores de cabeça"

A entrada a perder no jogo de domingo e a pouca índole atacante da equipa durante os primeiros 30 minutos apressaram Jorge Jesus a alterar muito cedo a disposição do 11 e a regressar ao esquema de dois avançados puros. A diferença foi notória: com Derley e Lima a equipa teve outra presença na área, outra acutilância.

Face ao que Talisca tem vindo a demonstrar - técnica, qualidade, envolvimento no jogo e golos - Jorge Jesus fica pois com um dilema. 

Claramente a posição onde Talisca se sentiria melhor é de Enzo. O argentino é porém o pêndulo da equipa e como tal é um titular indiscutível.

Até agora, Talisca tem jogado na posição de falso ponta de lança, segundo ponta de lança ou número 10 mas não há dúvida de que, sobretudo nos jogos em casa com equipas mais pequenas, se justifica uma presença mais permanente na área, função que Derley desempenha de um modo mais efectivo. Para além deste último, há aliás agora mais uma solução, Jonas.

No jogo com o Moreirense, Jesus optou por tirar o "trinco" Samaris e recuar Talisca que passou a jogar ao lado de Enzo. Realmente não se justificava um médio de cobertura, posicional, quando o adversário praticamente não atacava. No entanto também não é de crer que joguemos, sobretudo nos jogos mais difíceis, nomeadamente fora de casa e jogos europeus, sem um trinco de raiz ou pelo menos um jogador com características de cobertura e recuperação de bola.

Temos assim boas e variadas opções para o meio campo e para o ataque. Para além destes há ainda André Almeida, Cristante, Fedja e Rúben Amorim, Nélson Oliveira e Jara (para além dos jovens da equipa B).

Jorge Jesus tem muitas e boas dores de cabeça, como se costuma dizer, para escolher os 4 jogadores que jogam no centro do campo e no centro do ataque.

A "solução" poderá passar por uma alternância do esquema da equipa, entre os jogos fora e os jogos em casa, ora com um esquema de um ponta de lança, com Talisca no apoio e recuando para o meio campo quando a equipa defende, ora com dois pontas de lança, eventualmente com Enzo e Talisca no meio campo.


Se ainda não viu, não deixe de seguir o link para o nosso post sobre a "absolvição" de Pinto da Costa:

http://justicabenfiquista.blogspot.pt/2014/09/1-de-abril-anedota.html


1 de Abril? Anedota?

A notícia de ontem - que nem sequer aprofundei - de que Pinto da Costa foi (voltou a ser?) ilibado é algo que enjoa e que enoja. Algo que mais uma vez descredibiliza por completo a justiça portuguesa.

Faz lembrar aqueles filmes, passados em Gotham City ou nalgum outro local imaginário ou futurístico, nos quais praticamente todos os políticos, decisores e homens em lugares de poder são corruptos que ademais têm os juízes no seu bolso.

Digo-vos uma coisa, não deve ser fácil ser polícia e muito em particular polícia de investigação neste País. 

Pinto da Costa nunca foi praticamente condenado a coisa nenhuma, com excepção de uma pena de dois anos de suspensão pela justiça desportiva - da qual não recorreu - que aliás poucos efeitos práticos teve.

Nos tribunais foi absolvido em praticamente todos ou mesmo todos os processos, designadamente os ligados ao apito dourado e os que o opuseram a Carolina Salgado. Com o infame Lourenço Pinto à sua ilharga, passou incólume por tudo, desde subornos e corrupção a espancamentos encomendados.

Ora vir agora, passados todos estes anos, "absolver"mais uma vez Pinto da Costa só pode ter uma intencionalidade clara de branquear e tentar rescrever a história, possivelmente na esperança de daí retirar benefícios. 

Pelo que percebi, a Federação, com base na decisão judicial, anulou o castigo a Pinto da Costa. Trata-se de uma atitude repulsiva, que denota um comportamento e uma mentalidade viscosa. Fernando Gomes, é o responsável máximo por esta decisão. Convém registá-lo.

Nota: estava-me a esquecer de um "pormenor" importante. É que Pinto da Costa e Jacinto Paixão foram "absolvidos" alegadamente por as escutas não poderem ser aceites como meio de prova, apesar de Jacinto Paixão ter ele próprio feito um vídeo no qual confessou a corrupção.




quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Equipa (ainda) em construção

O Benfica terá feito (assim todos o esperamos) muito boas contratações, equilibrando um plantel que parecia em desagregação e perda acentuada de qualidade. Os negócios foram aparentemente bons, o problema é que aconteceram já nas vésperas do encerramento do mercado, o que significa que algumas pedras importantes não fizeram a pré-época, como Samaris e Cristante - ou nem sequer começaram ainda a jogar, como é o caso de Júlio César e Jonas. 

Esta equipa está portanto ainda em fase de construção ou crescimento. O próprio Talisca, que me pareceu desde o início um jogador com muita qualidade e enorme potencial, é um jovem que precisa de tempo para assentar na equipa. Samaris ainda mais, pois está no sector nevrálgico do centro do terreno. Por outro lado, jogadores como Bebé e Jonas terão também um espaço na equipa (embora este último não para a Liga dos Campeões) e o próprio Derley, se conseguir "crescer" e perder o medo também poderá ser uma opção válida. Na defesa veremos se Jardel será o titular do lugar.

A vitória por 5-0 em Setúbal foi evidentemente uma óptima notícia e um bom indicador da qualidade que existe e do que o Benfica poderá fazer esta época nas provas nacionais. Não permite porém embandeirar em arco, pois esta equipa perdeu jogadores que eram fundamentais na sua dinâmica do ano passado, jogadores de enorme classe, como Garay, Siqueira, Rodrigo e Markovic (para não falar de Oblak), precisando naturalmente de tempo para que os que chegaram consigam colocar a sua qualidade ao serviço da equipa e esta adquira nova dinâmica. 

É evidente que o posicionamento e a movimentação de Talisca não são os de Rodrigo, que a saída de Garay implica uma maior lentidão da defesa e que Samaris é um jogador com um estilo próprio, pelo que a equipa terá que "absorver" e se adaptar a estas realidades.

Perante uma equipa já bem estabelecida, bem trabalhada, que manteve o essencial da época passada e se reforçou "só" com Garay, Javi Garcia e Arshavin, a tarefa do Benfica tornou-se quase impossível quando erros individuais deitaram tudo a perder. Com uma desvantagem no marcador e em número de jogadores pouco depois do primeiro quarto de hora era quase impossível fazer diferente, pelo menos nesta fase. 

Nada está perdido, embora as coisas se tenham complicado. Não custa perceber que o Zénite é a equipa mais forte deste grupo. A vitória de um fraco Mónaco sobre o Leverkussen indica que o Benfica poderá, se der o seu máximo e souber ser inteligente, ficar em segundo lugar do grupo, vencendo os seus restantes jogos em casa e não perdendo fora com nenhum dos que passaram agora a ser os adversários diretos. Eventualmente terá mesmo que vencer um desses jogos, dependendo das combinações de resultados que forem surgindo.

Os adeptos estiveram bem ao reconhecer o esforço e ao apoiar a equipa. Há que continuar a trabalhar para que ela cresça, para que se torne mais sólida, mais segura, mais compacta. Será uma época longa e exigente mas penso que o Benfica pode, pelo menos ao nível nacional, fazer algo de parecido com o que aconteceu na época passada, nomeadamente ser campeão e talvez vencer a Taça. Seria certamente uma excelente época, que nos deixaria todos muito felizes. Quanto à Champions, penso que temos qualidade para poder passar este grupo, mas para isso precisamos de conseguir resultados - mais do que exibições - nesta fase em que a equipa ainda está em formação. A começar já em Leverkussen.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O plantel e as hipóteses do Benfica esta época

Com o plantel fechado até Dezembro, o Benfica apresenta um quadro de jogadores razoável para os objetivos a que se propõe esta época: renovar o título de campeão e passar a fase de grupos na Champions League.

Os piores receios não se verificaram, pois Gaitan e Enzo mantiveram-se no plantel e este foi ainda reforçado com Samaris e Cristante. Ou seja, existem várias soluções para o meio campo do Benfica.

Para duas posições no meio campo (6 e 8 como agora se repete muito) temos André, Enzo, Samaris, Cristante e o próprio Talisca, para além dos lesionados Rúben e Fedja. São portanto soluções de sobra e de qualidade. Nesta fase Samaris e Cristante lutarão por um lugar ao lado de Enzo, de acordo com o próprio Jorge Jesus, lugar que tem sido ocupado por André Almeida. Com o progredir da época podemos admitir outros cenários, pois JJ já disse que gostaria de contar com Samaris na "posição 8". Admitindo que em Janeiro o Valência poderá voltar à carga por Enzo, é de admitir que existam nessa altura reajustes no plantel.

Continuando a análise ao plantel. curiosamente, temos poucos extremos: para substitutos de Gaitan e Sálvio temos apenas Ola John, Bebé e Pizzi. Noutros anos existiram mais e melhores opções para as faixas.

O problema principal nesta altura reside no eixo do ataque: Lima é escasso. Talisca deu óptimas indicações mas não parece ser - pelo menos no imediato - um jogador com as características necessárias para jogar no ataque. Talisca é excelente no passe (finalmente temos quem cobre bolas paradas com qualidade), tem alguma velocidade mas não tem a dimensão física que um avançado necessita. Talvez JJ venha a "inventar" algum esquema ou solução que resolva este problema, mas para já o que se viu foi um Benfica com défice de concretização das várias oportunidades criadas.

Estamos ainda no início da época, por isso é de admitir que venhamos a melhorar. Para já o descalabro não aconteceu. Apesar das múltiplas saídas, a equipa continua equilibrada e com qualidade. As permanências de Luisão, Enzo, Sálvio e Gaitan eram fundamentais para manter alguma estabilidade e um patamar elevado de qualidade e Samaris e Cristante vieram dar mais soluções e acrescentar qualidade. Ficou a faltar um ponta de lança, que seria excelente ser Campbell. Talvez em Janeiro tal se possa concretizar, sendo de admitir que possa também sair Enzo nessa altura. Até lá teremos que usar a prata da casa no ataque, designadamente Derley e Nélson Oliveira na Champions e estes mais Jara no campeonato para jogarem ao lado ou em vez de Lima. É pouco mas é o que há. Esperemos que estes jogadores sejam capazes de agarrar a oportunidade e potenciar as suas qualidades. Caso Jesus acabe por decidir, como muitos crêem, que Bebé pode ser uma solução para o ataque, melhoramos um pouco o leque de soluções (embora fiquem depois menos soluções para as faixas...).

Seja como for, este grupo permite ter esperanças numa época de algum sucesso. No campeonato, o Benfica tem o conforto de ser o campeão em título e de o seu adversário estar sob bastante pressão em virtude do investimento enorme que realizou. O Porto não se pode dar ao luxo de perder mais um campeonato. O ambiente tornar-se-ia insuportável e a situação financeira descambaria. Nesse sentido, o Benfica tem uma tranquilidade maior para abordar os seus jogos, sobretudo mais para a frente na época, quando a pressão começar a aumentar. Veremos se conseguiremos transformar isso numa vantagem efectiva e suplantar o défice de valor que parece existir nesta fase em termos de cotação dos planteis.

Quanto à Champions, onde o Benfica não tem tido grande sucesso nos últimos anos, penso que existem possibilidades de suplantar este grupo e avançar para os oitavos. O Mónaco é uma equipa vulgar, o Bayer é uma equipa que já batemos no passado e que não está no patamar do Bayern ou do Dortmund e o Zénite é uma equipa forte, talvez o favorito do grupo. Qualquer equipa tem as suas chances e o Benfica tem que fazer uso da sua ampla experiência europeia para progredir na competição.




segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Falta um avançado

O Benfica foi melhor do que o Sporting e deveria ter vencido o jogo. Fez o suficiente para tal, não fosse o erro de Artur e um ataque demasiado perdulário na hora de finalizar.
Falta ao Benfica um avançado que crie e concretize situações de golo. Apenas Lima é escasso para este nível de exigência. Talisca tem dado boas indicações e ontem fez um jogo muito bom mas não tem as características de presença na área de um ponta de lança.
Por outro lado Derley, nas poucas oportunidades que teve, não conseguiu convencer, ao passo que Nélson Oliveira parece não contar para JJ.
Campbell seria uma excelente opção para reforçar o ataque mas parece-me muito difícil que tal se possa concretizar, até tendo em atenção a lesão de Giroud.

Por outro lado, a permanência de Enzo daria muitas garantias de que o Benfica, apesar das saídas altamente significativas de jogadores, poderia manter um nível qualitativo elevado esta época e ser competitivo contra plantéis mais caros (a começar, a nível interno, com o Porto que investiu muitos milhões). Com o grego Samaris, o regresso de Fedja, André Almeida, o novo médio aparentemente contratado ao Milan Cristante e o próprio Talisca passariam a existir várias e diversificadas opções no plantel para o meio campo.

Já uma saída de Enzo nesta altura obrigaria a equipa a começar quase do zero no que ao centro do terreno diz respeito. Um cenário que se deve pois evitar naquilo que depender do Benfica.

Quanto à defesa, se no centro Luisão e Jardel, com Lisandro à espera de uma oportunidade, vão chegando para a realidade do nosso campeonato, e na esquerda estamos bem servidos (há ainda Benito), já na direita não existe à partida uma alternativa consistente a Maxi. André Almeida pode episodicamente desempenhar as funções mas não tem o ritmo subida/descida necessário para dar dinâmica à equipa. Havia esperança de que Cancelo fosse essa alternativa mas por razões que desconheço saiu.

Finalmente no tocante à baliza penso que Artur terá ontem feito um dos últimos jogos como titular, devendo Júlio César assumir o lugar com naturalidade e com benefícios para a equipa. Artur nunca conseguiu aprender a sair dos postes ou a jogar com os pés, transmitindo assim nalguns jogos uma tremenda insegurança. Júlio César não sendo um Oblak é no entanto um guarda redes consistente, emocionavelmente estável, experiente e rodado ao mais alto nível. Creio que a sua entrada poderá dar estabilidade ao sector defensivo.

Muito está pois ainda em aberto neste dia de fecho do mercado de transferências que será de bastante ansiedade para os benfiquistas, nomeadamente a questão Enzo e do ponta de lança.