segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A peste verde

Na época 2013/2014 o Benfica perdeu a final da Liga Europa com o Sevilha (que entretanto revalidou esse título) num jogo em que o árbitro perdoou 3 penalties claros aos espanhóis. No dia seguinte as manchetes dos desportivos falavam de Beto como o herói da final quase não referindo o roubo descarado e flagrante que aquele miserável árbitro fizera ao Benfica, objectivamente impedindo-o de ganhar a Liga Europa. Foi preciso os espanhóis, num programa televisivo, admitirem que o que se passara não fora justo e que o Benfica tinha todas as razões para estar revoltado, para se falar um pouco a medo desse roubo no nosso país.

Na época seguinte (a época passada), o Sporting perdeu um jogo com o Shalke 04 no qual o árbitro (por indicação do famigerado árbitro de baliza) assinalou uma grande penalidade quando uma bola bateu claramente na cara de um seu jogador. No dia seguinte os jornais traziam a toda a largura da 1ª página as palavras "ROUBO" e houve um alvoroço nacional com os Ribeiros, os Ritas e tantos outros em completo alvoroço como se o mundo se preparasse para acabar no dia seguinte.

Na quarta-feira, o treinador do Sporting voltou a falhar clamorosamente na Liga dos Campeões, não alcançando um apuramento que constituía o principal objectivo da época. É mesmo caso para dizer que as contas saíram furadas a Bruno de Carvalho e que caso algo mais corra mal a nível nacional não demorará muito até as comadres se zangarem. É verdade que há uma decisão prejudicial ao Sporting num golo de canto que resolveria a eliminatória e que o fiscal resolveu dizer que a bola afinal ultrapassara a linha. Mais uma vez caiu aqui o Carmo e a trindade. Mas quantas decisões dessas e piores teve o Benfica a seu desfavor nos últimos anos na Liga dos Campeões e Liga Europa sem que ninguém se importasse e menos ainda indignasse? Na eliminatória com o Chelsea em 2011/2012 o Benfica teve uma clara grande penalidade por mão descarada de John Terry na Luz que todo o estádio viu menos o árbitro - ou melhor viu, mas não quis marcar. Depois em Londres o árbitro marca um penalty aos 20 ' e expulsa um nosso jogador aos 40' em dois lances muito duvidosos. Estávamos nos quartos da Champions que o Chelsea viria a vencer. Ninguém se indignou ou falou em roubos. E o que dizer quando nas meias finais da Liga Europa contra a Juventus, um jogador dos italianos derruba Enzo Peres com uma "rabada" nas barbas do árbitro e este finge que não vê? Ou quando em Turim o árbitro desse jogo expulsa Enzo e não contente expulsa Markovic do banco (sem que este nada tivesse feito) deixando-nos depauperados para a final que depois seria ainda o "espectáculo" de que falámos no primeiro parágrafo? Isso sim são ROUBOS!

Por isso ao cabo de uma jornada em que o Benfica sofreu um golo que na altura dava um empate em flagrante fora de jogo (depois de na anterior ter tido um penalty claro sobre Mitroglou que ficou por assinalar); em que o Sporting venceu com dois penalties e uma expulsão de um jogador da Académica; ao cabo de tudo isto ainda os ouço falar, chorar e lamentar-se a propósito das arbitragens e vejo os jornais a alimentarem essa novela, digo: CHEGA! Não há paciência para essa conversa de carpideiras, de meninos choramingões, de calimeros. Cresçam e apareçam! 

Vamos (re)começar a época

Ao 4º jogo oficial, o Benfica continua a apresentar um futebol muito fraco, sem ligação, falho em ideias e pouco eficaz. Em termos defensivos a equipa está insegura e só não sofreu mais golos porque Júlio César o evitou. Há falta de entendimento entre os jogadores, parecendo muito fácil aos nossos  adversários fazer combinações à entrada da nossa área e aparecerem isolados à frente da baliza (ainda que ontem tenha existido um fora de jogo flagrante no segundo golo).
 
Aquilo que se diz dos defesas pode-se dizer acerca do meio-campo: muitas vezes os jogadores parecem perdidos em campo, correndo a apagar fogos. Pizzi demonstra nesta fase uma grande incapacidade em ligar os sectores da equipa; ontem foi Samaris quem, apesar de também ter cometido erros, mais tentou pressionar o adversário e carregar jogo. Para mim foi, a seguir a Gaitan (de quem falarei adiante) dos melhores em campo. Em geral parece haver um grande nervosismo que se reflecte numa (ou resulta de?) grande desorganização em campo. Os jogadores jogam sobre brasas e a bola queima nos pés.
 
Aflorado o lado negativo, passemos ao positivo. Em primeiro lugar, a aposta nos jovens tem dado alguns resultados. Nélson Semedo parece-me ser uma boa aposta, Victor Andrade claramente tem talento (embora seja ainda bastante verde), Gonçalo Guedes ontem entrou bem e outros seguramente se seguirão. Rui Vitória tem o mérito de não temer apostar nestes jogadores e de lhes dar confiança para irem lá para dentro e mostrarem as suas qualidades. Isso merece ser louvado. Por outro lado, Rui Vitória tem demonstrado arrojo nas substituições - ainda que por vezes elas pareçam ser fruto de um quase desespero. Pela segunda vez consecutiva, vendo-se a perder, Vitória apostou em dois pontas de lança mais Jonas e tirou um lateral. Penso que isso também merece ser elogiado e que marca a diferença em relação a treinadores que fazem substituições a partir dos 80 e por vezes muitos minutos. Destaco ainda uma outra coisa em que Vitória me parece que merece crédito: apesar das coisas estarem a correr mal (nem o Moreirense nem o Arouca mereciam estar em vantagem sobre o Benfica), o treinador do Benfica manteve (alguma) cabeça fria durante os jogos e um discurso ponderado após os mesmos.
 
 
O campeonato agora para por duas semanas para compromissos das seleções. A boa notícia é que estamos apenas 1 ponto atrás dos nossos adversários e que haverá agora tempo para trabalhar com calma (os que ficarem, porque muitos se ausentarão para representar as suas selecções) e assentar ideias e processos. Há muito trabalho pela frente! Rui Vitória tem que perceber que o Benfica tem que ter muito mais consistência defensiva, muito mais segurança na troca de bola (o número de passes falhados ou mal feitos é inacreditável) e mais soluções ofensivas para desmontar as defesas cerradas dos adversários da liga dos pequeninos (que são quase todos com excepção do Porto e do Sporting). O Benfica precisa de mais velocidade no ataque, nas combinações e nas desmarcações, mais movimentação dos jogadores e mais dinâmica ofensiva.
 
É verdade que noutras épocas os começos não foram muito mais auspiciosos. Derrotas e empates nas primeiras jornadas foram uma realidade em quase todas as últimas 6 épocas. O que mais preocupa nesta fase é uma certa indefinição do modelo de jogo que se reflecte nesse facto de nem defendermos bem (que era a marca das equipas de Vitória no passado) nem atacarmos com grande critério. Mas em abono da verdade há que reconhecer que o estágio nas Américas não permitiu a Rui Vitória trabalhar muito a equipa antes da época começar e que a indefinição do plantel também não ajudou à sua estabilização emocional.

Quero por isso acreditar que estas duas semanas - e o encerramento do mercado - permitirão a todos assentar ideias, consolidar processos e ganhar tranquilidade para enfrentar o início a sério da época: vem aí a Champions e o jogo no dragão. São precisas respostas à altura da equipa. Todos têm que trabalhar mais e melhor - como Samaris disse após o jogo - nos treinos e na preparação dos jogos. Todos têm que fazer o trabalho de casa para chegar aos jogos e as coisas saírem com mais naturalidade, sem tanto nervosismo, sem tanta sofreguidão, sem tanta dependência da inspiração do momento (que não tem sido muita).

Mas atenção: a saída de Gaitan (ontem fez "só" duas assistências) nesta altura seria o hipotecar definitivo da época. Não digo em termos de títulos, porque mesmo com ele e mais um ou outro reforço de última hora (Siqueira seria uma excelente notícia) as minhas expectativas são muito limitadas. Digo em termos de fazer uma época minimamente aceitável e que permita construir bases para o futuro. Sem Gaitan acho que poderíamos enfrentar uma época penosa. 

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Fazer uma boa Champions

O sorteio da fase de grupos foi razoável para o Benfica. O Atlético de Madrid é o favorito do grupo mas não é impossível ao Benfica bater os espanhóis na Luz, o Galatasaray, embora forte, é uma equipa que está ao nosso alcance e o Astana é seguramente um dos clubes mais fracos desta fase de grupos.
Tudo somado, o Benfica deverá discutir o apuramento e, na pior das hipóteses, terá a passagem à Liga Europa praticamente assegurada. Ou seja, um cenário bem melhor do que o da época passada na qual fomos tristemente eliminados das competições europeias sem honra nem glória. Por outro lado, o Benfica tem boas possibilidades (caso encare os jogos com máxima seriedade) de fazer 6 pontos contra o Astana, o que lhe permitirá por si só um encaixe financeiro importante.
Conforme tenho dito nos últimos dias (mais digerida a derrota contra o Arouca) devemos ver esta época como uma época de transição, na qual as expectativas não devem ser elevadas. Acima de tudo temos que criar as bases de uma equipa forte e renovada, pois a verdade é que vários jogadores do Benfica já estão numa fase adiantada das suas carreiras. (Nessa perspectiva a saída de Maxi acaba por não ter sido assim tão má pois permitiu o aparecimento de Nelson Semedo). Júlio César, Eliseu e Luisão são alguns dos exemplos dessa relativa veterania.
No caso particular da Champions, parece-me que Rui Vitória poderá ter aqui algum espaço que não tem no campeonato, ou seja, ninguém lhe exigirá que ganhe todos os jogos ou que se apure em primeiro lugar e o passado recente oferece um termo de comparação muito baixo, pelo que tudo o que fôr alcançado será sempre visto como positivo. Desejo e acredito que num contexto desses, sem obrigação de assumir os jogos do princípio ao fim e sem o estatuto de claro favorito, Vitória possa libertar-se e contribuir para que o Benfica tenha boas prestações.
O calendário também me parece favorável à partida: começamos com o jogo mais fácil em casa, numa jornada em que um ou ambos os nossos competidores pelo apuramento perderão pontos e acabamos a fase de grupos recebendo o Atlético em casa. Parece-me auspicioso.
 
Finalmente gostaria de destacar o feito de Nélson Évora que alcançou a medalha de bronze nos mundiais de atletismo (triplo salto), competindo realmente com os melhores do mundo. Se acrescentarmos que Évora já não é um jovem (em termos desportivos) e que teve uma longa série de lesões, este feito é ainda mais admirável. Parabéns ao nosso atleta!

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Proença, Guerra, Vitória e a miragem

Pedro Proença foi demitido das suas funções na UEFA e a nossa comunicação social apressou-se a garantir que tal já era sabido desde que o mesmo assumira funções de presidente da Liga. Poderá ou não ser assim. Ángel María Villar é presidente da Real Federación Española de Fútbol e simultaneamente vice presidente da FIFA e da UEFA. Bem sei que as federações são membros da FIFA e da UEFA, ao contrário das Ligas mas o argumento da "incompatibilidade" entre os cargos desempenhados por Proença parece-me frágil. Poderá por isso haver outras razões. A TSF adiantava ontem que o apoio indirecto de Proença ao sorteio (respaldando a posição dos aliados Sporting e Porto) terá caído mal no Comité de Arbitragem da UEFA do qual Proença foi agora dispensado. Alguma blogosfera benfiquista, aquela que ocupa 80 ou 90% do seu tempo a acusar LFV de tudo e mais alguma coisa, está aparentemente muito chocada com a presença de Pedro Guerra no Prolongamento da TVI24. Eu escrevi aqui algumas vezes sobre esse programa, dizendo que o anterior representante do Benfica, Fernando Seara, não se impunha minimamente, permitindo que o programa fosse um desfiar de anti-benfiquismo do princípio ao fim. Não me identificando com o estilo de Guerra, não estou porém minimamente preocupado com a sua presença no programa, antes achando muito bem que Serrão e Barroso provem do seu próprio veneno. Se esses blogs se preocupassem mais em apoiar e defender o Benfica provavelmente sentiam-se como eu e a maior parte dos benfiquistas, que apenas desejamos o sucesso do nosso clube. Mas como esses blogs estão acima de tudo preocupados em atacar e tentar destruir Vieira e tentar chegar ao poder no Benfica, a presença de Guerra (que realmente é um defensor acrítico do actual presidente) incomoda-os bastante. Dito isto, é evidente que o Benfica atravessa um período complicado, de incertezas e dúvidas. Há muita desconfiança entre os benfiquistas acerca da capacidade de Rui Vitória em levar este porta-aviões que é o Benfica a bom porto. Essa desconfiança, que partilho, não se prende com o facto de estarmos a um ponto dos nossos rivais. Prende-se com o que (não) vimos de Vitória no Guimarães e agora nos primeiros jogos à frente do Benfica. Com questões de personalidade e questões de capacidade. No entanto - e aproveito para o esclarecer para quem tenha feito uma leitura apressada do meu último artigo - ainda dou o benefício da dúvida ao nosso treinador e acima de tudo considero que é preciso dar-lhe tempo e espaço para desenvolver esse trabalho. É nesse sentido que defendo que devemos baixar as expectativas e não insistir na questão do tri. Pelo que já vi, Vitória terá sempre muita dificuldade em lidar com essa pressão, que no fundo aponta já para o passado e para uma comparação entre o que então foi alcançado e o que agora está a ser feito. Por isso considero mais inteligente apontar o discurso para que esta é uma época de transição, na qual as expectativas têm que ser diminuídas. Só assim conseguiremos salvaguardar a posição do treinador. Caso assim não seja, ao próximo desaire os benfiquistas estarão a pedir a cabeça do treinador. Nomeadamente aqueles que passaram os últimos anos a atacar o anterior treinador e a defender a contratação de... Rui Vitória.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O "Tri" é uma miragem

Fosse qual fosse o treinador do Benfica esta época, renovar o título seria sempre muito difícil. Já no ano passado tal só aconteceu quase por milagre: a vitória no dragão foi muito feliz, tal como o empate obtido em Alvalade já nos descontos. Dada a mudança de treinador, o cenário tornou-se ainda mais difícil.

Nunca escondi que a minha escolha seria Marco Silva, um treinador ambicioso e que tinha já um "estágio" em Alvalade que o ajudaria a adaptar-se com mais facilidade às exigências de treinar o Benfica. LF Vieira convenceu-se porém - mal - de que o treinador era apenas uma peça que fechava o puzzle da "estrutura", bastando contratar alguém competente e sério que as coisas funcionariam.

Mas não é assim. Rui Vitória é claramente um homem sério, bem formado, seguramente com conhecimentos sólidos na área da educação física, ou "motricidade humana" como agora se chama e do futebol mas com praticamente nenhuma experiência a este nível de exigência. Por isso Rui Vitória está a ter no Benfica um período de aprendizagem e adaptação que vai ainda durar não apenas muito mais semanas mas até meses. Isto claro, se não fôr demitido entretanto.

Só depois desse período de aprendizagem é que Rui Vitória poderá conseguir explanar todos os seus conhecimentos tácticos e concepções de jogo com suficiente auto-confiança - os quais poderão ou não suficientes para o grau de exigência do Benfica. Até lá, Vitória irá experimentando, tacteando e tentando, irá remendando. Durante esse período o Benfica perderá certamente muitos pontos, tornando a conquista do campeonato numa miragem. 

Quando se tornou claro que esta era a aposta de LFV escrevi o seguinte:

Neste quadro de mudança de paradigma faz realmente sentido apostar num treinador com um perfil de Rui Vitória que já treinou as camadas jovens do Benfica. No entanto tem que se levar este exercício de planeamento do futuro um pouco mais longe. O Benfica vai apostar na formação em que termos? Uma aposta em criar os alicerces de uma equipa de futuro, projectando jovens para patamares superiores de competitividade? Uma aposta de futuro, sem pressão de ganhar títulos importantes nos próximos dois ou três anos?  Se for assim, Vitória pode ser o homem certo. Mas estarão os benfiquistas prontos para ver o clube voltar a ficar em 3º no campeonato?

Se a ideia não é esta, se a ideia é continuar a ter uma equipa competitiva que se bata e possa até ser superior à do Porto e continue a estar um patamar acima do Sporting, ganhando ou ficando perto de ganhar o campeonato, então temo que Vitória possa não ter experiência e capacidade para esses voos. Mais, Vitória está longe da realidade Liga dos Campeões e dos palcos das grandes decisões. Apesar de ser um bom treinador, poderá ser um novo Paulo Fonseca, alguém sem preparação (e se calhar sem estaleca) para estas andanças. O Benfica não é o Guimarães.

Quando as minhas suspeitas se começam infelizmente a confirmar, renovo a minha pergunta, endereçando-a à direcção: estamos preparados para o cenário de não ganhar nada de relevante esta época mantendo porém a aposta no treinador e na formação? 

Caso a resposta seja positiva, haverá que rapidamente baixar as expectativas dos adeptos explicando que esta é uma época de transição, na qual se construirão bases para títulos vindouros, dando alguma folga ao treinador e aliviando a pressão sobre todos. 

Caso a resposta seja negativa, caso se insista no discurso do "Tri", aumentarão as possibilidades de Rui Vitória vir a ser despedido a meio da época. Num tal cenário ficarei sem perceber com que bases se partiu para esta aposta.

Em qualquer um dos casos acho que é importante para os benfiquistas - especialmente os mais lúcidos, que são capazes de pensar as coisas um pouco mais além do imediato - começarem a baixar as expectativas e a deixar de colocar muita pressão sobre a equipa. Com este ou com outro treinador será sempre muito difícil ganhar esta época. Com Rui Vitória porque já demonstrou estar um pouco perdido e numa fase de aprendizagem e experiência que praticamente tornam impossível uma corrida séria ao título (a não ser que os outros candidatos percam muitos pontos, ao contrário do que aconteceu nas últimas épocas). Caso Vitória viesse a ser despedido, isso significaria que estávamos já atrasados na corrida e não seria um treinador novo que de um momento para o outro iria alterar fundamentalmente o estado de coisas.

domingo, 23 de agosto de 2015

Assim será difícil

Ao terceiro jogo oficial, o Benfica continua a denotar uma grande carência ao nível dos princípios de jogo: não se percebe bem qual o modelo, há um grande nervosismo e muita atrapalhação entre os jogadores, pouca certeza no passe e uma enorme insegurança defensiva. Hoje até criámos inúmeras oportunidades de golo mas por esta ou aquela razão não fomos capazes de marcar. Rui Vitória apostou tudo (acabámos o jogo com apenas 3 jogadores de características defensivas e 7 atacantes, algo que eu não me lembro de alguma vez ver num jogo de futebol e que elogio, porque acho que era o que havia a fazer) mas faltou sempre qualidade no último passe ou na finalização.
 
Claro que é muito cedo e que nada ainda está perdido (a não ser a supertaça) mas 2 derrotas em 3 jogos oficiais começa a fazer soar todos os sinais de alarme.
 
Voltando ao jogo desta noite, insisto em que a falta de segurança defensiva é algo de preocupante que não tem que ver com a escolha dos jogadores mas com os posicionamentos. Claro que no início da época há sempre muitas arestas por limar, o problema é que se isto acontece com o Arouca então vamos perder muitos pontos esta época. Nos primeiros 15 minutos poderíamos ter sofrido pelo menos 3 golos (há duas defesas gigantes de Júlio César com as pernas). Aos poucos começámos a criar jogadas perigosas e até entrávamos na área do Arouca com grande facilidade mas depois faltava sempre aquela qualidade que define os lances. Jonas e Gaitan, os nossos melhores jogadores, estiveram mal neste capítulo, tornando muito difícil podermos virar o jogo, tanto mais que o guarda-redes do Arouca estava inspirado. 
Insisto porém em que jogámos com o Arouca, uma equipa esforçada mas muito limitada. Com jogadores da qualidade dos que temos, a equipa teria que fazer muito mais e é isso torna o futuro realmente sombrio.
 
Ao intervalo saiu Ola John (que até estava a ser dos melhores) e entrou Vitor Andrade. Vitória terá dito aos jogadores para terem calma e não tentarem resolver demasiado depressa. O problema é que a equipa passou apenas a jogar mais lento e não melhor e o fim do jogo tornou-se penoso para nós: os jogadores não sabiam o que fazer à bola e Vitor Andrade tentava assumir o jogo e resolver sozinho, o que não era a melhor opção mas se compreendia face à falta de soluções ofensivas. A entrada de Carcela só atrapalhou ainda mais o nosso futebol, com este e Gaitan a trocarem a bola na mesma zona do terreno sem progressão e Jimenez quase não teve oportunidades para resolver uma vez que a equipa não utilizou o futebol directo que dois pontas de lança de área pediam. Porquê? Talvez por falta de instruções claras acerca do que deveria ser feito mas também - certamente - porque ninguém queria assumir a responsabilidade de centrar a bola para a área. Nélson Semedo foi dos que se mostrou mais e pediu bola para o fazer mas o serviço aos pontas de lança nunca foi suficientemente bom.
 
Em suma há muito trabalho pela frente mas este resultado vem colocar mais dúvidas acerca do que está a ser feito. 
 
Enfim, são algumas notas soltas que procuram fazer algum sentido do jogo mau a que acabei de assistir e que me deixou, tal como a todos os benfiquistas, muito desapontado e preocupado. 
 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Reagrupar, olhar para a frente

O que lá vai ficou para trás, é passado.
Mas o campeonato começa agora é nisso que temos que nos concentrar neste momento com toda a atenção.
Rui Vitória foi duramente criticado pelo jogo da supertaça, a meu ver com razão porque efectivamente esteve mal. No entanto, nada está perdido em termos da época se - e isto é fundamental - o treinador for capaz de estar à altura do desafio, acreditar nas suas capacidades e perceber rapidamente que está no Benfica e não no Guimarães.
O Benfica tem neste momento um plantel que em nada fica a dever aos rivais. Os problemas no ataque estão resolvidos com as contratações de Jimenez e Mitroglou. Nas alas, caso Gaitan continue teremos do melhor que existe em Portugal.  Na defesa Lisandro voltou a mostrar que temos 3 centrais de qualidade; na esquerda Vitória tem que deixar de inventar e apostar em Eliseu que é titular da selecção e na direita pelo contrário a "invenção" de Nelson Semedo pode ser a primeira agradável surpresa da aposta na formação; quanto a guarda redes e meio campo nem vale a pena falar: temos claramente os melhores de Portugal.
É isto que neste momento temos que recordar, percebendo que a época será longa e que o campeonato só agora vai começar. Vitória tem seguramente conhecimento e competências muito acima do que demonstrou até agora no Benfica. Precisa de acreditar nas suas capacidades e mostrar liderança para que os jogadores e adeptos o sigam com confiança.
Há clubes que já nos habituaram às euforias de ganhar tudo ao fim de meia dúzia de vitórias ou às arrogâncias de acharem que vão ganhar tudo antes mesmo da época começar.
O Benfica começou mal, disso não há dúvida. Mas que satisfação não nos daria, depois do muito que já se disse em tão pouco tempo, dos ataques de que estamos a receber e da arrogância que alguns já exibem, chegarmos ao fim da época novamente campeões nacionais?
Ora olhando para a realidade nacional e para as qualidades e defeitos dos nossos adversários, esse objectivo parece-me ao nosso alcance.
Há agora que serenar, reagrupar e trabalhar com muito afinco para poder paulatinamente chegar ao fim da época e ter razões para estar satisfeito.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Medo do Sporting? Não me envergonhem...

As declarações de Rui Vitória no fim do jogo falando em "receio" da equipa ao entrar em campo são completamente inaceitáveis.

Jorge Jesus expressa-se mal, dá erros grosseiros de Português e não raro desrespeita os seus colegas, como foi o caso de Manuel Machado ou agora Rui Vitória. Mas de uma coisa não existem já dúvidas: Jorge Jesus é muito competente como treinador. Ao contrário do que alguns iluminados e "adiantados mentais" tentaram fazer crer, JJ não é um treinador banal que ganhou apenas porque tinha plantéis de sonho. JJ ganhou porque elevou muito o rendimento dos jogadores do Benfica, de tal forma que jogadores anteriormente considerados banais chegaram aos maiores da Europa.
 
Uma das coisas que os detractores de Jorge Jesus alegavam é que nos jogos grandes este "inventava" e que era tacticamente batido por qualquer treinador que soubesse um mínimo da poda. Li e ouvi isto várias vezes ao longo destes anos. Também ouvi dizer que com os plantéis que ele tinha qualquer um minimamente competente venceria e que Rui Vitória, por exemplo, tinha muito mais mérito por aquilo que conseguia fazer com recursos mínimos no Guimarães.
 
Ontem estas teses começaram a ser desmontadas para mal dos benfiquistas. A estrutura evidentemente não ganhou o jogo e Rui Vitória foi batido em toda a linha por Jorge Jesus.
 
O que mais me desiludiu ontem em Rui Vitória foi perceber que ele se deixou condicionar pelo discurso de Jorge Jesus e que caiu como um patinho na sua esparrela. JJ passou a semana a provocar, dizendo que o Benfica era uma equipa à sua imagem, na esperança de que Vitória se deixasse influenciar e inventasse, como veio efetivamente a fazer. Vitória quis surpreender apenas para provar que o seu Benfica não era o Benfica de JJ. Os resultados foram desastrosos. As "surpresas" começaram com o duplo pivot Fedja e Samaris. Eu não sou à partida contra esta solução, até acho que o Benfica terá que evoluir para um sistema no qual o meio campo tenha outro tipo de ocupação. Mas achará Vitória que é num jogo que decide um título que se vai experimentar um sistema que nunca foi ensaiado anteriormente? Isto é um erro de principiante.
 
Depois Vitória deu a titularidade a Sílvio, que foi medíocre, parecendo querer provar novamente o seu distanciamento em relação a JJ que apostava em Eliseu, o que tantos "iluminados" criticavam asperamente. Quanto ao mau rendimento de Talisca já não o imputo tanto ao treinador, mas a verdade é que quando se mexe tanto e não existem rotinas se torna mais difícil aos jogadores com funções de ligar o jogo desempenharem a sua missão com sucesso. Quanto a Ola John prefiro já nem dizer nada.
 
Vitória passou a pré-época a dizer - e bem - que havia que manter as coisas boas e aos poucos ir introduzindo o seu cunho. JJ fez um joguinho psicológico acusando-o de não ter ideias e Vitória altera tudo à pressa com os resultados que se viram. E não me venham dizer que "só" perdemos por 1-0 e que até podíamos ter empatado! Só me faltava agora que os benfiquistas se contentassem em perder por poucos com o Sporting... A época já começou, não há desculpas.

Acima de tudo, o que me preocupa é que Rui Vitória demonstrou pouca personalidade e ser influenciável, algo que é fatal num líder. A seu favor tem a atenuante de nunca ter estado nestas funções - de uma exigência e dificuldade que nenhum de nós consegue sequer imaginar. Só os políticos - e de um modo diferente - estão expostos a este nível de pressão e stress. Mas essa é a realidade do futebol. O futebol - a este nível - não é para moles, nem para pessoas hesitantes ou inseguras.
 
No fim do jogo, Rui Vitória cometeu ainda outro erro grave. Disse que a equipa entrou "receosa". Mas o que é isto? O Benfica agora entra em campo com medo do Sporting? Se isso é verdade (e é o próprio treinador quem o diz) de quem é a responsabilidade disso? Não é uma equipa a imagem do seu treinador?
 
Vitória perdeu o primeiro título - o mais fácil de ganhar porque depende apenas de um jogo. Mas para além disso queimou muitos cartuchos de uma só vez. Tenho a certeza absoluta que a desconfiança dos benfiquistas em relação à sua capacidade é agora generalizada. E isto ao fim de apenas um jogo oficial. É bom que a tal estrutura abra bem os olhos.

Jonas dá chapada a JJ

Depois da palmada que deu a Jonas em campo (e que tentou disfarçar depois com uma simulação de cumprimento) JJ teve a resposta que merecia: Jonas deu-lhe uma violenta palmada nas costas já à saída do estádio, à porta do autocarro do Sporting.
A história parece inventada mas é relatada pela Rádio Renascença que terá presenciado a cena:
 
 
Jonas terá ainda dito, de dedo em riste: tem respeito pelos jogadores do Benfica!
 
Devo dizer que louvo Jonas pela sua atitude.

Mau começo e sinais preocupantes

Já se sabia que a presente época ia trazer dificuldades acrescidas. Sabia-se que Rui Vitória precisaria de algum tempo para conseguir aplicar as suas ideias. No entanto perder, especialmente com o Sporting e com o Porto, é sempre mau e numa final ainda pior.

Por outro lado, verifica-se que nesta fase o Benfica está ainda num estágio atrasado de preparação - e a época já começou. Há lacunas no plantel que aqui assinalámos e que - sublinhe-se bem - serão (muito) agravadas se Gaitan for vendido. Mas para além disso, parece-me que o iniciar o jogo de hoje com um sistema de jogo (o 4-2-3-1) que não foi preparado na pré-época não foi uma boa ideia.
 
O Benfica fez um jogo fraco, sem ideias claras, sem agressividade, muito passivo. Não conseguiu manter a posse de bola por mais de alguns segundos seguidos e não conseguiu trocar mais de 3 ou 4 passes consecutivos. Não se percebeu qual o plano de jogo.
 
Para mim é difícil identificar algum aspecto positivo neste jogo. Uma ilação podemos porém tirar: é que as estruturas não ganham jogos, como eu sempre suspeitei. Veremos se a estrutura do Benfica consegue porém dar ao treinador a estabilidade e os recursos necessários para enfrentar os desafios que se avizinham. A liderança da equipa em termos estratégicos e tácticos caberá porém a Rui Vitória. A primeira impressão em relação ao seu trabalho não foi boa, como o próprio reconheceu. Esperemos que a última o seja.