segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Despeçam Luisão!

 Parece que há controvérsia na estrutura do Benfica. Luisão deu um raspanete aos jogadores após a derrota na Supertaça e isso supostamente caiu mal. Alguns dizem que caiu mal junto dos jogadores, outros dizem que caiu mal junto do treinador e de Rui Costa.

Ora, enquanto a estrutura se entretém neste "mal estar" ou "incómodo" pela intervenção de Luisão, este blogue tem uma novidade para dar: os benfiquistas não estão "incomodados", os benfiquistas estão revoltados com mais este falhanço e mais uma derrota com um clube que não é rival mas sim inimigo do Benfica.

Este clube encara estes jogos como uma guerra, enquanto os nossos entram em campo como meninos de coro. 

Enquanto isto não for entendido não ganhamos. Luisão parece que é o único a compreender, por isso provavelmente está lá a mais... 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

As finais são para se perder

Já cansa.

Este foi possivelmente o último jogo com o Porto que vi. E nem vi todo. 

A partir do primeiro golo, que me pareceu precedido de falta sobre Rafa, desliguei. E arrependo-me de ter visto umas dezenas de minutos na segunda parte: ainda me irritei com um penalti não assinalado por mão de Corona (como sempre sem intervenção do VAR) e com o segundo golo daquela equipa de arruaceiros na sequência do lance.

Mas acima de tudo irritei-me com os protestos e gritaria dos arruaceiros em cada lance, perante a passividade dos árbitros - e do banco do Benfica.

Mau demais. 

Dito isto, há mais dois pontos a referir. O primeiro é que o Benfica perde todas as finais e perde 90% dos jogos contra o Porto. Já escrevi amplamente sobre esse tema e não vale a pena insistir. Já enjoa. A segunda é que não jogamos nada e que quando vi que o meio campo era Taarabt e Weigel soube logo que íamos perder. E desta vez a culpa nem foi do alemão.

Assim não dá.

Agora é esquecer e festejar o Natal que é muito mais importante do que os pontapés na bola. 

domingo, 6 de dezembro de 2020

Ferreiro mata Ferreira

 Costuma-se dizer que em caso de ferreiro espeto de pau. Neste caso, Waldschmidt ("ferreiro da mata, ou bosque") foi o carrasco do clube da Mata Real e capital do móvel. 

Foi um desfecho cruel para o Paços, que fez um bom jogo, mas não propriamente injusto: o Benfica fez o suficiente para ganhar. Uma vitória arrancada a ferros, mais propriamente o ferro do ferreiro do espeto de pau (que até então pouco tinha feito, admita-se).

Não foi, é verdade, uma exibição muito conseguida do Benfica. Muitos passes errados, muitas bolas perdidas, muita desconcentração. Um dos factores para isso é, não tenho dúvidas, a sobrecarga competitiva e a falta de tempo de recuperação dos atletas. Isto não tem nada a ver com os "milhões". Não é por ganharem mais que os jogadores deixam de ter os seus limites físicos ou necessidade de descanso.

Isto não significa que não necessitemos de melhorar. Claramente há muita coisa que temos que corrigir. Falta entendimento colectivo, falta coordenação, falta discernimento para tomar as melhores decisões.

O tempo poderá ajudar a melhorar algumas coisas, ao passo que o calendário (com a interrupção do campeonato) poderá permitir uma melhor gestão física do plantel. Veremos.

Tudo isso à parte, acho que este jogo mostra que a dupla Weigel, Taarabt definitivamente não funciona. Na verdade nenhum destes jogadores me convence num meio campo à dois. Num 4-3-3 talvez, porque as responsabilidades estão mais divididas. No 4-4-2 em que jogamos, Weigel não é suficientemente agressivo a defender e Taarabt desequilibra demasiado a equipa com as suas perdas de bola. Aliás, talvez o 3-5-2 fosse o sistema mais adequado para tirar o máximo rendimento deste plantel, mas isso fica para uma outra altura.

Desta noite, ficam os três pontos, a crença e a capacidade de luta da equipa. Pouco mais. Mas já é qualquer coisa. 

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Princípio da retoma?

 O Benfica venceu ontem de forma clara um jogo no qual teve várias coisas contra:

- ausência de vários jogadores importantes por lesões e razões médicas;

- uma chegada atribulada à Madeira com insultos de supostos adeptos (notei o forte sotaque nortenho dos mesmos);

- entrada a perder com um golo oferecido;

- um penalti claro a seu favor não assinalado;

- um relvado em estado impróprio. 

Para uma equipa que vinha de maus resultados para o campeonato, estes factores eram tudo o que não se desejava, podendo acentuar ainda mais a crise de confiança. Apesar deles, o Benfica dominou o jogo de forma clara, obtendo uma vitória que não oferece qualquer discussão. 

É evidente que a exibição deixou a desejar e que voltou a haver sinais preocupantes, nomeadamente um novo erro infantil de Ottamendi. Mas, nas circunstâncias, conseguimos o que mais importava: a vitória. Aliás as estatísticas mostram que o domínio do Benfica foi quase absoluto. Recorde-se que jogar no Funchal tem sempre algum risco e que o Porto perdeu mesmo em sua casa contra este Marítimo. (Jorge Jesus ainda se queixou do anti-jogo do adversário, mas sinceramente já vi bastante pior). 

Este jogo vem na sequência de dois outros, realizados após a paragem no campeonato: um jogo para a Taça deprimente, que terá sido talvez (espero) o momento em que batemos no fundo esta época e um jogo para a Liga Europa em que estivemos a perder por 2-0 e conseguimos recuperar para 2-2, perante um adversário forte, consistente e bem orientado. 

Nada disto são razões para celebrar ou podermos afirmar que o pior já passou. É isso que espero e em que quero acreditar, mas tal carece ainda de confirmação e sobretudo de uma melhoria significativa da qualidade de jogo; de uma muito maior confiança e tranquilidade da equipa (como um todo, também não vale a pena estar a singularizar ou perseguir Ottamendi) e, claro está, do mais importante de tudo: uma sequência de vitórias.

Os jogos que aí vêm, de grau de dificuldade médio, oferecem uma boa oportunidade para a equipa crescer e consolidar processos. Veremos se tal acontece. 

É importante que sim, até porque a 23/12 (estranha data para um jogo de futebol) disputamos a Supertaça com o Porto. Não muito tempo depois, a 17 de Janeiro, novo confronto, desta vez no Porto e para o campeonato e no último dia do mês deslocação a Alvalade.

Convém por isso dar corda aos sapatos. Jorge Jesus mostrou nervosismo neste jogo e sinceramente é bom que sinta a pressão de ganhar e de apresentar resultados. Nos últimos jogos parecia acomodado e distante. O Benfica fez o maior investimento da história na sua vinda e contratações, pelo que o treinador precisa de retribuir com um trabalho ainda mais dedicado do que o normal. 

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Orçamento de milhões, futebol de tostões

Eliminado da Champions, formou-se a ideia de que o Benfica arrasaria a nível interno.
Com o dinheiro que foi gasto em contratações e no treinador, este seria o mínimo exigível - e sinceramente o expectável. Se o Benfica e o Porto já ganham quase todos os jogos, muitas das vezes por goleada, um Benfica com Jorge Jesus e com um plantel "anormal" na realidade portuguesa, com titulares de selecções de top, deveria realmente arrasar, como prometeu o treinador.
No entanto a única coisa arrasada para já é a esperança e confiança dos benfiquistas. 
Eliminado da Champions, humilhado no Bessa, salvo de duas outras humilhações em pleno Estádio da Luz apenas nos últimos minutos (e graças ao talento individual dos jogadores), este Benfica é uma desilusão completa. 
Claro que estádios vazios são a negação do futebol na sua dimensão mais autêntica, que é a da paixão e da emoção. Por outro lado e felizmente, também estamos ainda no início e há tempo de recuperar e  começar a entrar nos eixos. 
Mas para já o Benfica joga mal e feio. Faz lembrar os piores períodos por que Rui Vitória e Bruno Lage passaram no Benfica. 
Mesmo nos jogos que ganhou, este Benfica raramente convenceu e praticamente nunca foi espectacular. Os jogos com o Famalicão e o Rio Ave foram talvez a excepção, tendo-se aí visto um bom futebol.
Voltando à questão do entrar nos eixos, a solução não pode ser ir buscar mais e mais jogadores. Em primeiro lugar porque, como dizia alguém, acho que ainda não descobriram um poço de petróleo ou uma galinha dos ovos de ouro na Luz. Em tempos de crise que se anunciam e sem receitas de bilheteira nem da Liga dos campeões muito já o Benfica investiu (esperemos que não demais). Sabemos porquê mas agora não é o momento de falar sobre isso.
Mas para além das questões financeiras, contratar mais não é a solução porque Jesus  não consegue tirar rendimento dos que já lá tem.
Que treinador teve recursos destes nos últimos anos? Avançados de luxo, centrais vindos das equipas de topo da Premier League... Titulares de selecções de topo, incluindo Alemanha, Argentina, Brasil e Bélgica... Um avançado com a capacidade de Darwin... Um international alemão no banco...
Isto é um plantel de luxo para a realidade nacional e é escandaloso que Jorge Jesus queira contratar mais uma série de jogadores, praticamente para todas as posições. 
Quer Lucas Assunção para uma posição na qual, para além dos titulares, já temos Jardel, Ferro e Tolibo. Ninguém presta? Será que vamos fazer um 11 completo só com centrais? Isto é inaceitável.
Depois quer William Carvalho ou Gerson, do Flamengo. Mas não temos Weigel, Gabriel e Samaris? Florentino não foi emprestado? Parece que andamos a brincar. 
Quer também um lateral direito, depois de ter ido buscar Gilberto. Já adaptou Diogo Gonçalves (que noutra posição, coitado, nunca terá qualquer oportunidade) mas não chega. Nunca chega. 
Toda esta instabilidade só mina a confiança dos jogadores. O contrário do que um treinador deve fazer. Ponha os olhos em Rúben Amorim. 
Quando Jorge Jesus chegou pela primeira vez ao Benfica disse que os jogadores iam jogar o dobro. E se é verdade que houve várias contratações, os que já lá estavam realmente aumentaram imenso o rendimento: David Luiz, Luisão, Di Maria, Cardozo. 
Neste Benfica deste ano, os jogadores não melhoraram nada. Esperava-se que Jesus pudesse aproveitar as características de Weigel e que finalmente o alemão mostrasse o seu futebol, mas nada. Cervi foi encostado mas Cebolinha também não está a fazer nada. Rafa está inconstante. Pizzi igual ou pior. Gabriel idem. Não se compara ao grande Gabriel de 2019. 
Felizmente ainda há tempo para arrepiar caminho. Mas para já o que se vê de Jorge Jesus é mau e preocupante. Há uma grande instabilidade, em grande parte resultante deste constante falatório de entradas e saídas. Para piorar ainda mais as coisas, Jesus criticou Gonçalo Ramos sem razão nenhuma e a completo despropósito. 
Alguém tem que pôr mão nisto antes que as coisas descambem de vez e JJ saia do Benfica com uma indemnização choruda e soframos a humilhação de não ganhar nada com um orçamento destes. 

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Vitória suada. Otamendi absolvido

 O Benfica teve um jogo mais difícil do que seria de prever. O jogo não fluiu como habitualmente, tivemos poucas oportunidades claras e chegámos a ser dominados (embora por um curto período) durante a segunda parte.

Poderia partir daqui para uma crítica feroz à equipa, a Jorge Jesus e até a Vieira. É fácil dizer que não se admite que uma equipa com um orçamento como o do Benfica tenha que sofrer tanto para vencer o Farense. No entanto esse tipo de argumentação (se a tal se pode chamar argumentação) é simplista e demagógico. 

O Porto não perdeu em casa com o Marítimo? (A primeira vez na história). Qual a diferença de orçamentos? 

O United não foi goleado em casa pelo Tottenham? O Liverpool não foi esmagado pelo Aston Villa? 

Os orçamentos não ganham jogos, ou pelo menos não garantem que se ganhem todos os jogos. E, pormenor importante, o Benfica GANHOU este jogo. 

E a verdade é que neste o Farense jogou muito bem, com muita intensidade, uma pressão alta que nos perturbou e apresentou em acréscimo a tudo isto uma condição física invejável. 

O Benfica até marcou cedo, numa das primeiras oportunidades (rematou muito, mas quase sempre mal) e isso terá dado a ideia de que o jogo seria fácil. Sobretudo Rafa na direita surgia na zona de perigo com alguma facilidade, pelo que se adivinhavam mais golos. No entanto isto não aconteceu e sentia-se que o Farense quando atacava era acutilante. 

Na segunda parte, quando se esperava que o Benfica corrigisse os posicionamentos e melhorasse a dinâmica, aconteceu o contrário e foi o Farense que acabou por chegar ao golo e consequente empate com alguma naturalidade.

Jesus mexeu e temi o pior: Weigel por Gabriel, Seferovic por Waldshmidt e Pedrinho por Rafa. No entanto as alterações acabaram por se revelar mais do que correctas. Seferovic fez dois golos e Weigel, pela primeira vez desde que chegou ao Benfica, mostrou real qualidade. O alemão transfigurou-se completamente, aparecendo com grande decisão nas zonas onde a bola caía, antecipando-se, fazendo passes longos (alguns falhados como é normal quando se arrisca mais) e imprimindo muita velocidade ao jogo. Foi um Weigel que eu nunca tinha visto no Benfica e que, assim sim, é uma mais-valia. Foi decisivo no terceiro golo que acabou com o jogo.

Ainda voltando ao suíço, não deixa de ser curioso que todos os anos seja dado como dispensável e último na ordem dos avançados e que depois acabe por ser o de maior rendimento. Como alguém disse, tem 7 vidas como um gato. 

Aproveito aliás (tanto mais que não escrevi sobre os primeiros jogos do campeonato)  para dizer que Taarabt, que já tenho criticado, fez um grande jogo em Famalicão, mostrando que talvez possa afinal jogar naquela posição. O futuro o dirá. 

Quanto a Otamendi, que os média querem já desmoralizar, acho que demonstrou na primeira parte uma enorme categoria, sendo uma pena que a sua estreia fique marcada por supostos erros e associada a um golo do adversário. Não o merecia. Se no penalti a decisão do árbitro ainda se poderá aceitar (eu não marcaria), já é completamente inaceitável que a falta óbvia e descarada sobre o argentino no lance do segundo golo do Farense passe em claro quer do árbitro quer do VAR. Mas, enfim, sendo quem são não admira. 

Foi aliás uma sequela do filme que passou no dia anterior no dragão... (onde as saídas se multiplicam, mas esse será tema para outro artigo). 

Em resumo, ganhámos um jogo mais complicado do que o previsto. A exibição não foi a mais conseguida mas o mais importante foi conseguido. 

Lideramos com 3 pontos de vantagem à terceira jornada. 


sexta-feira, 18 de setembro de 2020

A ilusão do "correr mais"

 O filme Patton começa com um discurso do célebre General americano no qual ele defende que a ideia de "morrer pelo nosso país" é absurda. Para vencer uma batalha e no fim a guerra, a receita é exactamente a contrária: manter-se vivo e fazer com que o outro morra pelo seu país.

Isto a propósito daqueles que acham que o problema do Benfica é que os seus jogadores correm menos do que os outros.

O futebol não é uma prova de atletismo. Quem corre mais, das duas uma: ou tem uma capacidade física e atlética anormal, muito superior aos outros (o que no futebol moderno não é expectável), ou vai ficar mais cansado do que os outros mais cedo. Quem está mais cansado toma piores decisões.

O objectivo do futebol não é correr à doida, dar tudo em cada lance. O objectivo do futebol é correr inteligentemente. Se possível, correr menos até do que a outra equipa: fazer correr a outra equipa atrás da bola, desgastá-la e nos momentos certos feri-la com golos decisivos.

A ideia de que os jogadores devem andar a correr desvairados atrás da bola e dos adversários não faz qualquer sentido. Os grandes jogadores são os que prevêem as jogadas, antecipam os movimentos e são capazes de estar no lugar certo no momento certo. Não são aqueles que correm muito e chegam sempre tarde (ou demasiado cansados para tomar as decisões certas). 

Antigamente até se dizia que o que corre é a bola e não o jogador. Claro que o futebol evoluiu tacticamente, que é mais dinâmico e que, estando todas as equipas relativamente mais preparadas, a velocidade (por vezes mais de execução e antecipação do que de corrida) acabam por ser um factor importante. Mas o que se exige é correr bem. Correr nos momentos certos. Saber fazer os piques nos momentos desequilibrantes. 

Não passar o jogo em correrias sem sentido, a atravessar o campo de um lado ao outro, como baratas tontas atrás da bola, para chegar a meio da segunda parte e estar de rastos, prontos para levar o golpe de misericórdia.

O que interessa não é correr até à exaustão. O que importa é fazer a outra equipa correr até à exaustão. 

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Balão rebenta à primeira

 Que a vinda de Jorge Jesus era um risco tremendo, todos sabíamos.

O que poucos esperávamos era que o estado de graça de Jesus durasse apenas um jogo. 

A eliminação da Liga dos Campeões é desastrosa para o Benfica e dificilmente aceitável para os sócios. 

Muitos milhões de contratações exigiam muito, mas mesmo muito mais rendimento e por isso JJ fica já marcado negativamente - tanto perante os sócios como perante quem o foi buscar ao Brasil. 

Vieira apostou tudo, o que foi possivelmente um erro e está, qual tragédia grega, a pagar por isso. 

Este ano Vieira abriu os cordões à bolsa - bolsa do Benfica, bem entendido - e contratou jogadores que não são habituais no futebol português. Jogadores muito acima da média, como Vertongen, Cebolinha. Jogadores de campeonatos superiores, como o espanhol e o alemão, para além do já referido inglês. 

No entanto a fortuna nada quis com o Benfica e o belga marcou um autogolo ao passo que Zivkovic, que durante anos se arrastou na Luz, arrumou a eliminatória. Sendo que a rescisão custou dinheiro, pagámos ao sérvio para nos eliminar. 

Fado, sina, karma, o que lhe queriam chamar. 

Certo é que as coisas se complicaram muitíssimo. Financeiramente e desportivamente. 

Não vou falar muito sobre o jogo porque pareceu um guião pré escrito em que o desfecho era necessariamente a derrota do Benfica. No primeiro tempo tivemos um domínio quase total e no segundo os gregos foram quase plenamente eficazes nas poucas oportunidades que tiveram. 

Fiquei porém espantado com as escolhas de Jesus. Pensava (e escrevi aqui) que Seferovic e Taarabt seriam dispensados. Tinha curiosidade em ver o que se passaria com Weigel, tão nulo foi o seu rendimento na época passada e não sendo ele o jogador robusto que JJ  costuma ter naquela posição. 

Fiquei espantado por Rafa só ter entrado quando a eliminatória estava perdida, por Gabriel e Waldshmidt não terem saído do banco, por Pedrinho ter jogado naquela posição. 

Note-se que Taarabt, Pedrinho e até Weigel nem fizeram uma má primeira parte, pelo contrário. A questão para mim é que não eram as melhores opções, pelo menos nas posições que ocuparam. 

Está mais do que provado que a dupla Weigel / Taarabt não funciona. É um meio campo que não oferece garantias defensivas. Gabriel teria que ter sido titular. Rafa idem, fosse no lugar de Pizzi (um dos melhores na primeira parte, diga-se), fosse no de Pedrinho. Seferovic NUNCA deveria ter sido titular (e falhou uma boa oportunidade e um golo cantado). 

Quando não se joga com os melhores, coisas destas acontecem. 

Esta equipa não me espantaria se fosse Bruno Lage o treinador, com as suas manias e fetiches. Assim não há desculpas. 

O crédito e a confiança em JJ estão comprometidos. E isto ao fim de um jogo... 



quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Onze finais europeias perdidas

 É inacreditável.


O Benfica pura e simplesmente perde todas as finais europeias em que se vê envolvido. 

Béla Guttmann tinha aparentemente razão e a sua previsão sombria (que muitos consideram uma maldição) já nem se limita aos séniores: agora até as Youth Leagues de júniores estão incluídas.

Para quem não sabe, ou não se lembra, o ex-treinador húngaro do Benfica, bicampeão europeu (1961 e 1962), saiu em litígio com a direcção e terá dito algo como: "nem daqui a 100 anos voltam a ser campeões europeus" ou "sem mim, nem daqui a 100 anos o Benfica conquistará uma Taça continental".  

É absolutamente inacreditável. São 11 (onze) as finais perdidas! Seguidas!!!

O Benfica ganhou uma Taça Latina (1950) e as duas Taças dos Campeões referidas e desde então perdeu TODAS as finais em que se viu envolvido. Oito em séniores e agora três em júniores. Seja por uma razão, seja por outra, o desfecho é sempre o mesmo. Praticamente nem vale a pena ver os jogos.

Ontem foi mais um exemplo. O Benfica marca um auto-golo, falha um penalty e acaba o jogo a atirar bolas à barra, com o Real Madrid completamente remetido à sua defesa e a perder tempo. 

Nas finais europeias do Benfica a lei de Murphy tem 100% de taxa de aplicação. Já perdemos por todas as razões imaginárias. Perdemos por pouca sorte, por arbitragens miseráveis, com golos nos últimos segundos... 

No Benfica as finais são para se perder.


A culpa é de Gutman? A verdade é que explicações individuais para cada uma das derrotas ou falar simplesmente em "coincidências" neste momento já não é convincente. 

O Porto ontem fez uma publicação provocadora que recordava a sua vitória na Youth League (na única final em que participou). Mas olhemos para o historial do Porto na Europa: 5 finais europeias ... 4 vitórias. Se contabilizarmos a Youth League são 5 em 6. Contra factos não há argumentos. O Porto vai às finais para ganhar, o Benfica vai para perder.


Será psicológico? Algo mais?

Em termos práticos, só vale a pena concentrarmo-nos no que podemos controlar. 

E isso é simplesmente a nossa atitude e comportamento. Penso que o Benfica não está a perder finais por falta de empenho, vontade de vencer ou sequer falta de qualidade. Muito pelo contrário. 

Não se pode falar nunca de vontade em excesso mas pode-se falar de ansiedade, de uma carga emocional exagerada, um certo dramatismo na forma como estas competições são encaradas. 

Ainda ontem Hélder Conduto passou o jogo a dizer coisas como "acredita Benfica". 

Encaram-se estes jogos como se fossem algo de transcendente, algo de sobrenatural. Parece que atraímos já a má sorte e o desfecho negativo com a ansiedade que projectamos. E depois as coisas acontecem mesmo: os penalties não assinalados pelo árbitro (e os falhados pelos nossos jogadores), os golos nas primeiras ou únicas oportunidades dos adversários, os golos nos últimos minutos... É um pouco como nos jogos contra o Porto. Parece que entramos já a perder.


Enfim, tudo isto são reflexões que não se pretendem de carácter científico. Muito menos estou a crucificar atletas (ainda ontem os rapazes tudo tentaram - faltou mais uma vez a tal "sorte"). Estas reflexões são apenas uma tentativa de racionalização de algo que é de facto inexplicável e sem comparação no mundo do futebol.


PS - Temos ainda o case study do Sevilha: 6 finais da Liga Europa, 6 vitórias. Será também coincidência?

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Lista de dispensas

Todas as atenções estão concentradas na possibilidade da vinda de Cavani (e na confirmação de Vertonghen), agora que a contratação de Cebolinha já está assegurada. 
São três jogadores de uma categoria superlativa, que não tem passado pelo Benfica nos últimos anos. (Há ainda Waldschmidt que não conheço.)

O Benfica tinha no seu plantel alguns jogadores de qualidade - já lá vou - mas craques desta dimensão não. Cebolinha é o que vi menos mas o facto de ser um jogador de selecção brasileira diz muito.
A confirmarem-se as notícias, as contratações de Vertonghen e Cavani dariam uma outra dimensão ao Benfica, uma outra capacidade de competir a nível europeu. E, claro, uma obrigação de ganhar tudo a nível nacional.

As contratações melhorarão muito um plantel no qual há já qualidade: Odysseas, Grimaldo, Rúben Dias, Florentino, Gabriel, Pizzi, Rafa e Vinícius são jogadores que poderiam facilmente fazer parte dos plantéis de grandes clubes europeus sem envergonhar. E depois há ainda o caso de Weigel que alguns insistem que é um grande jogador mas que até ao momento não mostrou nada. Mas claro que tenho consciência que jogou num clube e num campeonato altamente competitivos pelo que alguma qualidade terá.

Tem faltado ao Benfica agressividade defensiva e acutilância ofensiva. A confirmarem-se as contratações, as coisas vão mudar para melhor. Vertonghen é um defesa com os níveis certos de agressividade e assertividade e Cebolinha é um jogador que assume o jogo ofensivo e avança sobre os adversários. Sobre Cavani nem vale a pena falar.

Vamos então às dispensas.

A seguinte lista é um misto do que eu acho e do que penso que JJ decidirá:

Zlobin
Tomás Tavares (emprestado)
Jardel
Fejsa
Taarabt
Chiquinho
Zivkovic
Dyego Sousa
Ferreyra (que regressou do empréstimo)
Seferovic

Estou quase seguro de que a grande maioria destes sairá mesmo. E não posso dizer que não concorde, apesar de reconhecer que alguns deles são jogadores interessantes e/ou que deram o seu melhor ao clube. Simplesmente acho que o seu rendimento não está ao nível de um Benfica. No caso de Fejsa e Jardel o caso é diferente: com a idade e historial de lesões simplesmente chegaram ao fim do seu ciclo no clube. A minha maior dúvida é Seferovic porque apesar de tudo é um jogador agressivo, com características interessantes de velocidade, poder físico e capacidade de choque. 

Numa segunda linha, temos outros jogadores que estarão na "corda bamba", sobretudo por a concorrência dos ser muito forte, casos de Cervi, Jota (empréstimo) e Samaris. São jogadores de que gosto e que têm qualidade mas que nas actuais circunstâncias não terão grandes hipóteses de jogar. No caso de Samaris, só com a saída de Weigel ou Gabriel (em que não acredito) faria sentido continuar, até porque, segundo a imprensa, JJ gosta de Florentino e aposta no jogador. 



segunda-feira, 27 de julho de 2020

Venha a Taça de Portugal

O facto da época ter sido boa ou má - e foi muito má - é irrelevante no próximo Sábado: há um título muito importante em disputa e o Benfica tem que fazer tudo para o vencer.

A Taça é o segundo título mais importante em Portugal e o Benfica já há alguns anos que não a vence.

Vencê-la não salvará a época mas dará um sabor muito diferente ao seu final. Uma época na qual o Benfica teve tudo para sair triunfante a nível nacional e marcar uma diferença acentuada face ao seu principal (único?) opositor, mas em que falhou miseravelmente, única e exclusivamente por culpa própria.

Há um nome a defender, assim como o orgulho (depois de duas derrotas contra o Porto na Liga) e o palmarés para enriquecer.

Temos noção de que apesar de algumas melhoras, este Benfica está longe de convencer. A defesa parece uma manta de retalhos, não oferecendo qualquer segurança. A dinâmica colectiva é coxa: apesar de alguns momentos razoáveis no jogo contra o Sporting, houve demasiados passes falhados e a dada altura da segunda parte fomos quase dominados por uma equipa de benjamins. Os falhanços individuais são mais do que muitos e vários jogadores estão numa má forma física.
Aparentemente, o período final de Lage permitiu uma cultura de laxismo e falta de exigência que está a ser difícil inverter (nesse aspecto a vinda de JJ tenderá a mudar radicalmente as coisas).

O "super plantel" que o Benfica alegadamente teria esta época traduziu-se afinal numa equipa menos do que mediana, com vários jogadores a não mostrarem qualidade para estar no Benfica (e a serem devolvidos à procedência (JM) em Janeiro e outros tantos em sub-rendimento.

Mas claro que também este Porto está muito longe de ser uma equipa temível e a derrota contra o Braga demonstra isso mesmo. Diria até que é uma equipa vulgar e inclusivamente não esteve a salvo de casos esta época, antes pelo contrário (Danilo, Nakajima, Marega...).

Simplesmente, o Porto foi mais consistente e mais maduro do que o Benfica. Isto deveu-se a uma atitude competitiva e mental mais forte. A diferença entre as duas esteve na entrega em campo e não no talento.

Sábado temos que inverter os termos e ser nós a equipa mais combativa, com mais garra e vontade de conquistar a Taça. Se assim fôr temos todas as condições para a conquistar.

Uma última nota para felicitar o Braga pelo 3º lugar e expressar o meu nojo para com o Sporting Clube de Portugal.

É absolutamente vergonhoso que se vá buscar a meio da época um treinador a um clube rival e se chegue ao fim da época sem pagar o devido. Mais uma vez os caloteiros procurarão obter perdões e vantagens indevidas. Foi por isso inteiramente justo e quase poético que o Braga tenha ultrapassado o Sporting na última jornada, com derby e "semi-clássico" Braga-Porto à mistura. Para coroar o ridículo já costumeiro para as bandas de Alvalade, ainda veio Amorim dizer que "nada muda". É verdade...

domingo, 19 de julho de 2020

Jogar o dobro?

A pequena amostra dos comentários ao meu anterior post indica sentimentos mistos por parte dos benfiquistas.
Agora, claro que como adeptos deste grande clube, o que todos desejamos são vitórias e títulos. Se Jorge Jesus entrar bem e as coisas começarem a carburar, os adeptos naturalmente irão agregar-se à volta da equipa. Se as coisas pelo contrário não correrem bem, as críticas não demorarão.
Uma coisa porém é expectável: Jorge Jesus costuma colocar uma elevada fasquia em termos de exigência e retirar um rendimento elevado dos jogadores que treina. Assim, é legítimo esperar que muitos destes jogadores venham a produzir muito mais do que fizeram, por exemplo, na presente época.

Jogadores como Gabriel ou Weigel - e quem acompanha as crónicas neste blogue sabe como tenho sido crítico do alemão - poderão eventualmente vir a constituir um meio campo muito diferente, para melhor.
Talvez Weigel possa finalmente mostrar o que levou o Benfica a pagar 20 milhões pelo seu passe e levar a equipa para outro patamar. Nada me deixaria mais satisfeito, futebolisticamente falando.
Uma coisa é certa, muito mudará no Benfica nos próximos meses: muitos jogadores entrarão e outros tantos serão dispensados, a famosa estrutura será renovada e haverá uma nova energia à volta do futebol do Benfica.
Esperemos que tudo isto possa ser capitalizado numa nova era de sucesso e títulos.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

JJ regressa - o que pensam os benfiquistas?

Jorge Jesus volta e traz consigo todos os adjuntos e ainda médicos do Flamengo...
Também quererá jogadores, nomeadamente Gerson e Bruno Henriques.
Lembrem-se que JJ renovou há pouco mais de um mês com o Flamengo. Saiu do Benfica como saiu.
É o grande trunfo de Vieira para fazer esquecer as derrotas desta época e todos os processos judiciais.
Resultará?
Acima de tudo, que ambiente encontrará JJ no Benfica? Como será recebido pelos adeptos? É que ao contrário do que aconteceu em 2009, o Benfica é hoje um clube muito dividido.
Tenho muita curiosidade em saber como se sentem os benfiquistas espalhados pelo mundo.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Tenham vergonha - demitam-se

O Benfica partiu para esta época:

1) como campeão em título,
2) com 120 milhões de euros para construir um plantel forte e colmatar as saídas de Félix e Jonas,
3) enfrentando um adversário que PERDEU OS MELHORES JOGADORES (Herrera, Brahimi, Filipe e Éder Militão) e estava limitado nas contratações pelo fair play financeiro.

Os resultados desportivos foram:
Campanha europeia vergonhosa.
Perda do campeonato após vantagem de 7 pontos, tendo perdido os dois clássicos com o Porto.Em 3 campeonatos o Benfica perde dois para um clube falido.
Taça de Portugal - a ver.

Em termos de contratações:

Raúl de Tomás foi um desastre, jogou sempre a titular sem ter nem de perto qualidade para isso, até que se tornou demasiado evidente a sua incapacidade (neste momento é suplente de um clube que desceu de divisão);
Caio Lucas e Cádiz - sem comentários;
Weigel - desnecessário, atirou com Florentino (que é muito melhor jogador) para fora não apenas do 11 como dos convocados, rebentou completamente com o balneário e custou-nos o campeonato (quando chegou tínhamos 7 pontos de vantagem);
Diego Souza - sem comentários;
Pedrinho, outro chapa 20, tal como os nulos Tomás e Weigel, que segundo JJ é um jogador banal;
já os jogadores que eram necessários, nomeadamente para as laterais, nunca vieram.

Depois no plano financeiro houve:

o caso da OPA, que ninguém percebeu e que foi declarada ilegal pela CMVM;
a antecipação de receitas NOS, pouco condicente com a ideia de que as finanças e a tesouraria do Benfica estão em excelente forma;
novo empréstimo obrigacionista nos últimos dias.

E finalmente há os casos vergonhosos em que Vieira está constantemente envolvido e nos quais arrasta o nome do Benfica na lama. Não vou sequer referir estes casos porque isto já não tem nada a ver com desporto nem futebol.

Sr. Vieira: tenha vergonha. Demita-se e não volte a aparecer à frente dos benfiquistas.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Vieira não sabe mais

O regresso de Jorge Jesus ao Benfica nesta fase seria um risco. Poderia funcionar, dado que Jesus é um grande treinador, mas também poderia falhar, porque o futebol não é uma ciência exacta e JJ tem anticorpos no clube.
Na minha opinião não faz sentido: Jesus teve o seu tempo no Benfica, depois saiu nas circunstâncias de que todos se recordam para o principal rival e agora está numa nova etapa no Brasil. Os regressos muitas vezes desapontam porque existe um sucesso anterior que é o termo de comparação, aumentando ainda mais a pressão. Também há um certo cansaço (principalmente com uma personalidade como JJ) que às primeiras contrariedades se manifestaria, criando um mau ambiente.
Mas mais ainda do que estes factores, o regresso de Jesus representaria uma inversão de 180 graus na política desportiva que supostamente é o futuro do Benfica: a aposta na academia do Seixal.
Jesus gosta de jogadores feitos, não é muito de apostar em jovens ainda em formação. Essa terá sido aliás uma das razões para a sua saída (como bicampeão) do clube: a aposta num novo modelo, centrado na formação. O regresso de Jorge Jesus seria a negação desse modelo. E indica (porque apesar da vinda não ser certa, o desejo de Vieira é-o) que não há uma visão estratégica e que as coisas navegam ao sabor dos interesses do próprio Vieira.
Em concreto, a (tentativa de) contratação de Jesus parece uma medida eleitoralista para acalmar as críticas.
Ou seja, é uma medida que Vieira toma por interesse próprio e não em nome do Benfica (que supostamente ficaria melhor servido com uma política de aposta na formação). Numa situação de desespero, vira-se para o treinador que acha que será o salvador.
Vieira teve muito tempo para se consolidar como líder e aprender com os erros que cometeu. Não o conseguiu. Está à vista que não tem uma visão clara para fazer do Benfica um clube dominante internamente e competitivo internacionalmente. Ao fim destes anos todos o seu crédito está esgotado.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Um desfecho previsível

A derrota de hoje não me surpreendeu nada. Estive até para a antecipar aqui mas achei que não vinha daí nenhuma vantagem.
No entanto era evidente já há algum tempo que Lage não tinha condições para continuar.
Agora não vale a pena bater mais no ceguinho.
Deu o que podia e inclusivamente temos que lhe agradecer pelo campeonato do ano passado.
As atenções viram-se agora para Vieira e para as terríveis decisões tomadas no passado recente e muito especialmente este ano.
Os benfiquistas já estavam insatisfeitos e com razão com o que se passou no ano do suposto penta, no qual houve um desinvestimento inexplicável no plantel.
Mas as decisões deste ano roçam a gestão danosa e indiciam que o Benfica é gerido de fora, obedecendo a interesses estranhos.
De facto, só um cego ou um patego não vê que desde a venda de João Félix que o Benfica começou a desbaratar dinheiro com muito pouco sentido ou lógica.
Primeiro foram as contratações chapa 20,como aqui em tempo alertei: Raul de Tomás, Weigel e Pedrinho. Depois as renovações com jogadores que tinham contratos válidos por 2 e mais anos. Uma pessoa mais desconfiada diria que o tal "crédito"  dos 120 milhões foi abatido em comissões de renovações...
Depois houve a estória mal explicada da OPA.
E há ainda, claro, os diferentes casos pouco claros na justiça que em nada prestigiam o clube.
Este campeonato perdido acontece num contexto em que o Porto está financeiramente de rastos, sendo incapaz de contratar qualquer jogador com um mínimo de mercado.
Também sobre a vertente financeira, a antecipação de receitas e o empréstimo obrigacionista causam perplexidade. Havia tanta pujança financeira e de repente temos necessidade de ter dinheiro vivo em caixa? Algo não bate certo.
Vieira insinuou que ia pensar sobre se deveria continuar mas ninguém acredita verdadeiramente numa saída antes das eleições.
Nessa altura os benfiquistas terão que pensar muito bem.
Claro que o passado um pouco mais distante foi desastroso e que foi feita uma recuperação do clube. Mas isso também não pode servir para tudo, para sempre.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Orçamento chumbado - sinal importante

LFV teve hoje uma derrota com o chumbo do orçamento.
A margem não foi muito grande, mas a notícia é que muitos sócios com 20 votos (o principal reduto do apoio de Vieira) se opuseram.
É um sinal claro de insatisfação e de fadiga dos sócios em relação a esta liderança cada vez mais errática.
Veremos se foi uma situação episódica ou se uma tendência de viragem.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Prendam-nos todos

Há muito tempo que é óbvio para mim que as claques de futebol são o albergue de marginais e criminosos. O caso de Alcochete e as detenções de hoje, com a apreensão de várias armas e drogas são apenas os casos mais visíveis e mediáticos de uma atividade criminosa bem conhecida de quem preste a mínima atenção a estes fenómenos.
Prendam-nos todos, mas mesmo todos. Os do Benfica, os do Sporting e os do Porto. Estes últimos, inexplicavelmente continuam a actuar em impunidade, apesar das suas façanhas serem conhecidas, estarem documentadas em vários vídeos e inclusivamente terem sido confessadas, em estilo gabarolas, em livro autorado pelo líder dos superdragões.
O despautério associado ao caso deste indivíduo é tal que Fernando Madureira é legitimado pela Liga e pela Federação, andando aos abraços com o imbecil Pedro Proença. Isto apesar de múltiplas agressões, ameaças e coacção gravadas em plena luz do dia e as referidas confissões de vários outros crimes. E temos ainda o caso de Vítor Catão, também gravado em vídeo. É absolutamente escandaloso e inacreditável que estes indivíduos não tenham ainda sido detidos.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Rua

Resultados desastrosos, recordes negativos, futebol patético, declarações miseráveis.

Chega de amadorismo.

PS - Bruno Lage tem que sair de imediato mas as culpas não são apenas suas. Perder dois campeonatos em três para um clube falido e intervencionado pela UEFA, quando supostamente respiramos saúde financeira e vendemos um jogador por 120 milhões de euros há menos de um ano, é um atestado de absoluto falhanço e incompetência.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Uma vergonha

O Benfica é um grande negócio para muitos: dirigentes, treinadores, jogadores, empresários e intermediários. Toda essa gente ganha muito dinheiro em ordenados, prémios e comissões. Os adeptos por sua vez não ganham dinheiro nenhum. Têm alegrias quando o clube vence, sentindo (ou iludindo-se) que eles próprios ganharam alguma coisa e desilusões, por vezes profundas, com as derrotas. Mas em geral gastam dinheiro e tempo com o seu clube. São eles que alimentam todo o negócio. Alimentam os ídolos que depois saem por milhões. Mas eles adeptos não vêem nem um cêntimo.

O Benfica, tendo milhões de adeptos, é um negócio muito apetecível. As receitas são brutais, muito dinheiro corre, o que quer dizer muitas comissões. Só isso explica negócios completamente ruinosos para o clube como Roberto, Raúl de Tomas, Weigel e quase de certeza Pedrinho.

Isto para dizer que até Weigel chegar o Benfica estava bem (para o panorama nacional e os padrões que aqui se praticam). Tinha uma vantagem ampla e o campeonato parecia ganho. Depois veio Weigel por 20 milhões. Foi necessário mexer num meio campo que estava a funcionar bem e as coisas descambaram por completo.

É óbvio que há muito mais culpas. O alemão não é o único responsável pela perda de toda a vantagem que tínhamos e pelo péssimo futebol que passámos a apresentar desde a sua chegada. Claro que ter um elemento nulo no meio campo que não ataca nem defende é um grande handicap para qualquer equipa. É verdade também que quando ele não joga costumamos ganhar. No entanto quando uma equipa como o Benfica, que apesar de tudo tem jogadores de qualidade acima da média, não consegue sequer marcar um golo ao Tondela é porque há muita incompetência de quem dirige a equipa.

Falo, claro está, de Bruno Lage. É verdade que fez um trabalho extraordinário no ano passado. Mas parece cada vez mais evidente que o sucesso ficou-se a dever muito a 1) João Félix (em quem Lage teve o mérito de apostar) e 2) a um factor psicológico que este ano não está a funcionar e não é certo que alguma vez volte a acontecer.

Lage entrou como um treinador humilde mas rapidamente se convenceu de pairar numa esfera superior, armando-se em moralista e envolvendo-se em teimosias e conflitos, por exemplo com Samaris.

O futebol deste Benfica é paupérrimo. Não tem ideias, não tem imaginação, não tem dinâmica. Lage mexe mal na equipa, por vezes tirando os melhores jogadores. Não tem capacidade de dar a volta a situações negativas, afundando a equipa num ciclo depressivo.

Para acabar a noite de ontem em vergonha, uns criminosos foram apedrejar o autocarro do clube, ferindo dois jogadores.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

O campeonato terminará realmente?

Penso que não.

Com o pânico que aqui previ (e não era muito difícil fazê-lo) que se instalaria com o corona vírus, os campeonatos de todo o mundo pararam, como aliás parou o mundo à sua volta.

Agora diz-se que o campeonato recomeçará com jogos à porta fechada.

Mas o que acontecerá quando jogadores acusarem positivamente? Não estou a falar de uma possibilidade remota, estou a falar de algo que tem uma possibilidade de praticamente 100% de acontecer.

Nessa altura voltaremos praticamente à estaca zero. Dir-se-á que é uma inconsciência continuar. E o ambiente tornar-se-á muito tenso.

Nessa altura ponderar-se-ão possibilidades e o mais certo é haver uma decisão administrativa: ou não há campeão ou é decretado campeão quem está à frente. Dir-se-á que se tentou mas que as circunstâncias (e a segurança) ditam que não é possível continuar.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

O fim do futebol?

A crise do COVID19 afecta todos os sectores e profissões mas afecta muito em particular o futebol.

Duas razões para isto:
1) em tempos exigentes económica e financeiramente, haverá menos dinheiro disponível - bancos, investidores e grandes empresas canalizarão o seu dinheiro para necessidades mais imediatas ou mais essenciais para o seu negócio;
2) face a uma ameaça de um vírus muito contagioso, espectáculos de 30, 40, 50.000 pessoas estão completamente fora de questão. Eventualmente no Verão o futebol pode ter espectadores, mas até quando? O vírus surgiu na China ainda no Outono. Estamos na Primavera e ele está a atingir o seu pico nos países europeus. Por isso, enquanto não existir vacina teremos público apenas durante três ou 4 meses? No pico do calor em Portugal?

Estes dois factores reforçam-se mutuamente, criando uma espiral negativa: com menos receitas há menos jogadores de qualidade e menos motivação dos espectadores para ir aos estádios, com menos gente nos estádios (e/ou mesmo a obrigação de jogos à porta fechada), as receitas de publicidade, patrocínios, transmissões televisivas também diminuirão.

Isto é no futuro. Mas já no imediato há clubes em situação delicada que não conseguem responder às obrigações de tesouraria sem receitas. De Espanha chegam notícias de grandes cofrtes salariais nos principais clubes.

Por isso considero que o futebol está em estado de emergência e que rapidamente têm que se procurar caminhos para ultrapassar esta situação sob pena do negócio se tornar inviável a curto prazo.

quarta-feira, 11 de março de 2020

O estranho negócio Pedrinho

O Benfica esteve interessado em Bruno Guimarães, um jogador que todos reconheciam ter grande valor. O negócio acabou por ser arrebatado pelo Lyon, por cerca de 22 milhões de euros.

Poucos dias depois, o Benfica virou-se para Pedrinho, um jogador completamente diferente quer do ponto de vista da qualidade, quer da posição em campo.
No entanto os valores do negócio são, ao que parece, sensivelmente iguais: 20 milhões de euros. Curiosamente o mesmo valor de RDT e Weigl... Agora pelos vistos é sempre assim. Se calhar é para arredondar.

Este caso de Pedrinho (que no aeroporto mostrou um desconhecimento completo do Benfica) foi tão estranho que levou o então olheiro do Benfica no Brasil a demitir-se, dizendo que estavam a ser contratados jogadores sem qualidade:

 "Entendendo que o papel dos empresários e o interesse destes passou a prevalecer sobre a análise objetiva do valor dos jogadores, tornando seu trabalho inútil e prescindível, entendeu que deveria terminar a ligação que mantinha com o Benfica". - comunicado de imprensa.

Curiosamente perguntaram ontem a Jorge Jesus sobre Pedrinho. A sua resposta foi esta:

"Se me perguntarem se há jogadores no Brasil na mesma posição do Pedrinho melhores do que ele, eu digo que há e mais do que um, são vários. Cebolinha [Everton, do Grémio], Dudu [Palmeiras], Rony [Palmeiras], Michael [Flamengo]. Já lhe disse quatro!".

Face a isto, temos que nos perguntar: a quem aproveitam estes negócios? Porque ao Benfica já se viu que não é...

terça-feira, 10 de março de 2020

Pânico

A Federação acabou de decidir que os jogos desta jornada (e das seguintes, sem data definitiva) se vão realizar à porta fechada.
É uma decisão drástica, de que não recordo precedentes, motivada pelo Corona vírus. 
A mesma decisão já havia sido tomada antes em Itália. Israel já decretou um período de quarentena para todos os visitantes do país. 
Na Grécia todos os profissionais do Olympiakos estão a ser testados depois do presidente ter sido infectado com o vírus. 
As bolsas mundiais estão em queda livre. 
É o pânico generalizado. 

domingo, 8 de março de 2020

O que se passa com Bruno Lage?

A equipa do Benfica é hoje a imagem do seu treinador: apática, mole, à espera do que lhe vai acontecer.

É estranho porque no ano passado vimos uma equipa confiante, a jogar um bom futebol: atacante, apoiado, com a bola e os jogadores sempre em progressão para a baliza adversária.

Claro que este ano não temos João Félix que era importante no sistema de jogo de Lage, ao fazer a ligação entre o meio campo e o ataque, mantendo em sentido  a defesa adversária graças à sua imprevisibilidade e sentido de baliza. O ano passado havia ainda Jonas que entendia também muito bem esse papel de ligação entre sectores.

Mas isso não explica tudo.

Lage dispôs de várias soluções que, não tendo a mesma qualidade, podiam trazer algo à equipa. É há Vinicius que garante muitos golos.

Mais do que a falta de jogadores (que é uma realidade que se verifica sobretudo nas competições europeias) ou mesmo da má forma de vários titulares, o principal problema do Benfica hoje é a falta de uma ideia de jogo.

Bruno Lage não consegue este ano nem dar consistência e coesão à equipa, nem tirar partido das qualidades dos jogadores que tem. Não consegue aplicar o sistema do ano passado aos jogadores deste ano, mas também é incapaz de criar um novo, adaptado a estes mesmos jogadores.

Começa a ser demasiado - experiências a mais, duplas a mais, erros a mais -, demasiados jogos sem ganhar. Começa a escassear o tempo e a esgotar-se o crédito de Lage.

sábado, 7 de março de 2020

Medíocres

O que é isto?

Mas admite-se que uma equipa com 7 pontos de vantagem perca o campeonato em 5 jornadas?!

Aquelas renovações todas com jogadores que ainda tinham dois e três anos de contrato foram para quê?

Estão a gozar com os benfiquistas?

Tenham vergonha na cara.

sexta-feira, 6 de março de 2020

As contradições do Benfica

Acabaram de ser conhecidas as contas do Benfica e os resultados são excelentes. Mérito da direcção? Claro que sim e não há como o negar.
Pode-se dizer que o Benfica é o maior clube português (o que é indiscutível) mas o Porto e o Sporting também são grandes e as suas contas são desastrosas. Já o Braga que é muito mais pequeno tem boas contas. Por isso o factor determinante é a gestão e a sua qualidade. Aliás o Benfica esteve praticamente falido há duas décadas atrás.
Agora o que não se compreende é como é que esta superioridade não se reflecte nos plantéis!
Muito até pelo contrário: o Porto em geral impõe-se ao Benfica nos confrontos directos. O ano passado foi a excepção.
Esta é uma contradição no trabalho desta direcção, que leva muitas pessoas a interrogarem-se sobre se a prioridade são os resultados financeiros ou os desportivos.
A longo prazo, a saúde financeira será o mais importante, mas a questão é que o insucesso desportivo, nomeadamente a nível europeu, também pode ter um impacto muito negativo nas receitas.

Outra coisa que não se entende são as contratações: não se contratam defesas para poder ser alternativas aos titulares mas gastam-se 20 milhões num jogador para uma posição para a qual existiam já várias alternativas válidas. Contrata-se um jogador espanhol por 20 milhões cujo rendimento foi nulo, quando existem avançados muito melhores e mais baratos em mercados que, ao contrário do espanhol (e do alemão) estão ao nosso alcance.
Por falar em 20 milhões, é essa a nova unidade, a nova bitola para as contratações do Benfica?
Parece que sim, porque aparentemente é esse o valor pelo qual nos preparamos para contratar mais um jogador: Pedrinho. Que não é titular indiscutível do... Corinthians.
Isto depois de não termos querido dar 20 ou 21 por um outro jogador que realmente parece muito acima da média, Bruno Guimarães.
Jogador que aliás exibe uma estampa física (vulgar cabedal) assinalável, ao contrário de Pedrinho que, como o nome indica, é mais um levezinho...
Será que no Benfica ainda ninguém se apercebeu de que um dos problemas da nossa equipa é a falta de poderio físico, a insuficiente capacidade de choque?
Nos jogos europeus e mesmo contra o Porto isso é evidente. Temos uma equipa demasiado macia, problema que se tornou gritante com a lesão de Gabriel.

Enfim são algumas reflexões soltas cujo fio condutor é a discrepância entre a qualidade do trabalho da direcção nalgumas áreas e a gritante falta de visão, a roçar o amadorismo e quase o dolo, noutras. Infelizmente estas últimas são as mais importantes para os sócios e os adeptos.

Dito de outra maneira e sintetizando: não se entende por que razão um clube tão pujante financeiramente não se consegue impor a outro que está falido.

terça-feira, 3 de março de 2020

Miserável, terceiro-mundista

O futebol português é simplesmente uma vergonha.

O que aconteceu na Liga Europa é a consequência lógica da gestão danosa, da corrupção que grassa no futebol português (e que infelizmente parece estar bastante mais disseminada pela sociedade portuguesa do que eu pensava).

A incompetência começa na cúpula: Pedro Proença é, como dirigente, o que foi como árbitro: um vaidoso completamente incapaz. Todo ele é forma e estilo, zero de substância. Como árbitro prejudicava o Benfica em TODOS os jogos, alegadamente por ser benfiquista e muito honesto... (pausa para rir)

Fernando Gomes é muito apreciado dentro da Federação, incluindo pelo seleccionador e os jogadores. Mas tem um passado no mínimo duvidoso e não se quer envolver no charco da clubite, quando deveria ser a autoridade máxima e o garante da decência do nosso futebol.

Aquilo que aconteceu no Porto aquando da visita do Benfica, com enforcados, faixas com mensagens de ódio, bolas de golfe - acontecimentos gravíssimos - foi completamente ignorado por aquelas autoridades quando a sua obrigação era a de uma acção rápida e firme

Este estado de coisas - que não mudou assim tanto desde o apito dourado, altura em que o Porto deveria ter perdido os títulos referentes às épocas em que comprovadamente corrompeu árbitros com viagens e prostitutas - motiva um clima de guerrilha permanente Benfica-Porto que seca tudo à volta e está a matar o futebol português.

Neste estado de coisas, o Benfica, por muito que isso nos custe admitir, tem igualmente muitas culpas e muito a explicar.

O futebol português foi dominado pelo Porto durante três décadas através de um sistema de corrupção económica e institucional. Árbitros, quinhentinhos, agências de viagens, doping, observadores, dirigentes, tudo estava controlado e tudo está disponível para consulta no youtube graças às escutas da polícia judiciária.

O problema é que nada mudou, atendendo a que as condenações foram todas revertidas. Agora sabemos que há corrupção ao mais alto nível nas instâncias judiciais. Agora percebemos por que razão os juízes do Porto não quiseram condenar o clube e Pinto da Costa.

E tudo voltou à normalidade de um país de terceiro mundo.

A dada altura, o Benfica percebeu que por muito que fizesse em campo não conseguia ganhar. E iniciou uma estratégia de influência nos lugares de poder para contrariar o poder do Porto.

Esta é a realidade e assim chegámos à situação presente que envergonha os benfiquistas que têm verticalidade e decência: vouchers mal explicados e manobras no limite da legalidade que equipas de advogados agora procuram demonstrar que não configuram actos de corrupção.

É preciso começar do zero. Estes dirigentes, do Benfica, do Porto, do Braga, têm todos, sem excepção, negócios e passados obscuros e têm que ser investigados. Todos têm que abandonar o futebol. O mesmo é válido para a arbitragem e para os dirigentes da Liga e Federação. No caso do Sporting, a situação é diferente: gente amadora e incompetente que está a destruir o que resta do clube e que por essas razões deveria demitir-se urgentemente.

Se eu acho que isto vai acontecer? Acho que não. Somos, infelizmente, um país retrógrado e corrupto.

Agora as consequências estão à vista: o Benfica caminha para perder um campeonato que teve no bolso, envolvido em escândalos e investigações policiais, contratações que ninguém entende, comissões e negociatas mal explicadas que parecem feitas para dar dinheiro a ganhar aos amigos; o Porto é controlado por claques e informáticos criminosos e está em falência financeira; o Sporting caminha para a extinção; os clubes portugueses são eliminados por equipas de terceira e quarta linha da Europa. E os dirigentes assobiam para o ar.

Todos caminham alegremente para o abismo.

segunda-feira, 2 de março de 2020

Infelizmente previsível

O Benfica nunca poderia perder em casa com o Braga depois de perder no dragão. Essa incapacidade de estar à altura dos grandes momentos (ainda por cima duas semanas seguidas), mostrou desde logo que esta equipa não tinha a fibra de campeão. O que aconteceu hoje nada mais foi do que a consequência lógica do que já estava visto. E assim um campeonato que estava praticamente ganho é atirado borda fora por falta de liderança e maturidade.

A celebrada hegemonia está perdida. O Porto vai conqiuistar o seu segundo campeonato em 3 anos e o 5º em 10. O Porto que é, diga-se, um clube completamente falido financeiramente. O problema é que a falência no Benfica é desportiva e de liderança. Isso é absoltamente claro. Quando se perdem 8 pontos em 4 jornadas e se é eliminado da Liga Europa depois de estar duas vezes em vantagem na eliminatória em nossa casa é porque não há estrutura nem liderança.

Uma derrocada completa que desmente por completo os discursos de LFV. Uma vergonha e uma desilusão enorme para os benfiquistas que não mereciam isto.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A defesa de papel - Weigl e Taarabt

Mais uma derrota (neste caso no conjunto da eliminatória) mais um jogo de terror para a defesa do Benfica, mais três golos sofridos.

O momento do Benfica é mau e não se recomenda. Mas como explicar o que está a acontecer? Quais as causas?

A primeira realidade indesmentível é que quando joga com equipas mais fortes o Benfica por regra empata ou perde. Este ano perdeu os dois jogos com o Porto, com o Braga venceu um e perdeu outro; na Liga dos Campeões perdeu 3 jogos, empatou um e ganhou dois e na Liga Europa empatou um e perdeu outro. No total temos 7 derrotas, dois empates e apenas três vitórias. Ou seja, ao nosso nível (ou ao nível a que aspiramos) temos no presente ano uns míseros 16,6% de vitórias.

Portanto, tendo o Benfica jogado recentemente na Liga Europa, com o Porto e com o Braga é "normal", segundo estes padrões, que tenha perdido a maioria e não tenha ganho nenhum. Quando Bruno Lage diz que fizemos um jogo "à Benfica" ou quando Rúben diz que "fizemos um bom jogo" estão no fundo a aceitar a "normalidade" deste estado de coisas.

Mas isto não explica tudo. A verdade é que a partir de dada altura começámos a sofrer golos e a conceder oportunidades aos nossos adversários, mesmo os mais frágeis, como não acontecera até ali. Isto não começou a acontecer há muito tempo. Há um mês atrás tínhamos acabado de vencer dois jogos fora seguidos (um deles o Sporting), mantínhamos 7 pontos de avanço e tudo parecia ir bem...


O primeiro jogo em que os problemas foram evidentes foi o Benfica-Rio Ave para a Taça de Portugal, disputado a 14 de Janeiro. O Benfica vence por 3-2 na Luz com muitas dificuldades. Depois ainda há dois jogos (os referidos acima) em que não sofremos golos (vitórias em Paços e em Alvalade por 2-0) e a partir daí é o descalabro:  desde 31.01 até 27.02 o Benfica disputa 8 jogos e consegue apenas 3 vitórias! Concede 3 derrotas e empata dois dos jogos (que lhe valem uma qualificação para o Jamor e uma eliminação da Liga Europa).

Quadro 1 - Fonte: "A Bola".

Mas o mais revelador aqui são os golos sofridos: 14 golos. Uma média de quase dois por jogo... E isto com Vlachodimos ainda a fazer grandes exibições... Curiosamente marcámos exactamente os mesmos 14.

O que aconteceu? Os defesas deixaram de saber jogar?

Não: o meio campo deixou de ser pressionante e de proteger a defesa. Porquê? Porque Bruno Lage decidiu desfazer a dupla Gabriel-Taarabt (que se estabelecera aos poucos, após diferentes tentativas e diferentes esquemas de jogo) e introduzir Weigl na equipa.

Para que não hajam dúvidas, aqui estão os 9 jogos imediatamente antes da entrada de Weigl no 11:

Quadro 2. Jogos imediatamente antes da chegada de Weigl.


Nestes 9 jogos temos 23 golos marcados e 7 sofridos. 6 vitórias e 3 empates. Note-se bem que nestes jogos estão incluídos dois jogos da Champions, um jogo com o Braga, um jogo em Guimarães e ainda jogos da Taça e Taça da Liga em que não jogámos com os principais titulares.

Ou seja, os números não deixam dúvidas: a entrada de Weigl na equipa coincidiu com o descalabro defensivo da equipa e também com perda de rendimento ofensivo. Isto é um facto. Logo na sua estreia Weigl é substituído com o Benfica a perder em casa com o Aves (último classificado...) e é só após a sua saída que o Benfica dá à volta ao jogo. No quadro abaixo está o registo dos primeiros jogos com Weigl:


Como referi acima, o Benfica-Rio Ave foi  (pelo menos para mim) o primeiro grande sinal de preocupação. O Benfica venceu mas não convenceu e concedeu inúmeras oportunidades ao adversário. Mas depois ainda ganhámos em Alvalade e Paços - sem sofrer golos - pelo que se diria que as coisas estavam novamente bem e que não se podia imputar a Weigl a diferença (para pior) do rendimento da equipa.

E de certa forma isso é verdade. Depois de no jogo com o Rio Ave dar a titularidade a Weigl e Taarabt, em Alvalade e Paços Lage aposta na dupla Gabriel-Weigl. Parece encontrar-se um novo equilíbrio e a segurança defensiva regressa. No jogo seguinte (ver o primeiro quadro), Lage volta à fórmula Weigl-Taarabt e voltamos a sofrer dois golos. Depois com o Famalicão jogam Gabriel e Taarabt, sofremos mais uma vez dois golos e o brasileiro lesiona-se.

Daí para cá é o que se sabe (e consta do quadro 1), praticamente sempre com a dupla Weigl-Taarabt. Nos últimos jogos houve um único jogo em que não sofremos pelo menos um golo. Foi o Gil Vicente-Benfica (um jogo difícil, num terreno em que o Porto perdeu e o Braga de Amorim empatou). O Benfica ganhou por 1-0. Quem jogou? Samaris e Weigl, com Taarabt no apoio ao ataque.

A evidência está à vista: a dupla Weigl-Taarabt não funciona. A equipa fica completamente desequilibrada e abrem-se autoestradas para a nossa baliza, expondo os nossos defesas (que é óbvio que não estão num bom momento). Neste momento, com a lesão de Gabriel, impõe-se em absoluto a entrada de Samaris na equipa, seja para jogar com Florentino seja com Weigl (com Taarabt penso que não, porque se poderiam manter os desequilíbrios que só Gabriel tem a capacidade de disfarçar quando o marroquino ali joga).

Agora do que não tenho dúvidas é de que se Bruno Lage continuar a insistir na sua teimosia e jogar com a dupla Weigl-Taarabt no meio campo vamos perder o campeonato e a Taça de Portugal.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

O caso Marega

O Porto ganhou e ficou a um ponto do Benfica, quando há apenas uma semana atrás podia ter ficado a 10... mas a principal notícia da noite de ontem, que vai dar origem a intermináveis debates televisivos e crónicas jornalísticas foi o caso dos insultos a Marega.


Marega marcou um golo e, na opinião dos adeptos do Vitória, celebrou de forma "excessiva", atendendo a que é um ex-jogador do clube.

Seguiram-se insultos, vaias e até cadeiras atiradas para o relvado. Marega agarrou numa cadeira e provocou os adeptos, fazendo o ambiente aquecer ainda mais.

Depois o público começou a vaiar Marega de cada vez que a bola ia na sua direcção e, no meio dessas vaias, foram também audíveis sons a imitar macacos, uma manifestação de um racismo que não tem cabimento e já não deveria existir nos estádios.

O maliano indignou-se e decidiu abandonar o campo. Entre o golo e a sua decisão passaram-se aproximadamente 8 minutos.

Estes são os factos. Vamos agora à minha opinião sobre eles.

Os urros que se ouviram (não é possível quantificar quantas pessoas terão participado neles, até porque o som das vaias não é assim tão distinto - a diferença é que um é contínuo e o outro interrompido) são uma coisa indigna, inaceitável e absolutamente condenável. Sobre isso acho que todos concordarão, com excepção dos racistas autênticos, tipo nazis ou skinheads.

Só que eu aqui coloco outra questão: e um estádio cantar em uníssono "SLB, filhos da p...?" É bonito? Merece ser aplaudido? Ou merece ser condenado? Colocar bonecos enforcados em pontes, é bonito?

Fazer, como acontece em muitos estádios (e lamentavelmente também no da Luz) um coro antes do guarda-redes bater a bola e, nessse momento gritar "filho da p...", é muito bonito?

Dir-se-á que são coisas diferentes - e eu concordo que são diferentes. Chamar a uma pessoa macaco por ser negro é pior do que insultar a mãe de outra pessoa simplesmente por ser de outro clube. É verdade.

Mas não podemos ignorar completamente uma das manifestações como coisa normal e rasgar as vestes em indignação, com  discursos moralistas, na outra.

Até por outra razão: a base destes ataques não é o racismo. A base dos ataques é o fanatismo clubista que traz ao de cima as paixões mais básicas e baixas dos adeptos.

Isto percebe-se facilmente quando se verifica que Marega nunca foi alvo de insultos racistas pelos adeptos do Guimarães quando era jogador do clube. O racismo é uma forma de atacar a pessoa por ser de outro clube, que não difere substancialmente do "filho da p...". A "desumanização" do adversário é uma realidade, o racismo é apenas um instrumento desse objectivo. Nenhum adepto (ou apenas uma minoria ínfima deles) é racista para com os seus atletas.

A terminar, há que ter memória e recordar que ainda recentemente o Porto foi acusado pela UEFA de racismo num jogo contra o Young Boys da Suíça. Na altura o clube desvalorizou e negou.

O mesmo (ou pior) já tinha aliás acontecido uns anos antes, nomeadamente em 2012. Na altura o Porto defendeu-se dizendo que a UEFA tinha ouvido mal. Que o que os adeptos gritavam era "Hulk, Hulk, Hulk"...

Notícia "Correio da Manhã" : https://www.cmjornal.pt/desporto/detalhe/fc-porto-diz-que-canticos-racistas-eram-gritos-por-hulk-com-video

Notícia "Público": https://www.publico.pt/2012/02/18/jornal/city-queixase-a-uefa-de-racismo-fc-porto-defende-que-gritos-eram-para-hulk-e-kun-24016967


Racismo é feio, não devia ter lugar nos estádios. Mas eu digo não também à hipocrisia e falso moralismo.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Sem desculpa

O Benfica perdeu numa semana 6 pontos, teve duas derrotas e um empate (este para a Taça e com muita sorte) e poucos acreditam neste momento no título.

No futebol tudo muda numa semana. Ainda há não muito tempo, Sérgio Conceição colocava o seu lugar à disposição e falava-se de crise no Porto.

Há exactamente uma semana podíamos ter alcançado 10 pontos de vantagem e praticamente colocar um ponto final na questão do campeão. Mas acabámos por perder, depois veio a exibição medíocre em Famalicão e hoje nova derrota.

No entanto há muito a apontar, muitos erros, demasiados tiros nos pés. São tantos que até alimentam teorias da conspiração segundo as quais sempre que o Porto está à beira de cair numa crise profunda o Benfica trá-lo de volta à vida...

Foto Lusa


Os erros são visíveis. O primeiro prende-se com Samaris. Toda a gente sabe da importância do grego para a conquista do campeonato no ano passado. Foi simplesmente fundamental. É um jogador feito para os grandes jogos, que sente a camisola, tem fibra, não se intimida. É um jogador que conhece muito bem aquela posição e que assegura um enorme equilibrio à equipa.

Sem que ninguém percebesse porquê, Bruno Lage decide ostracizar o jogador depois do jogo com o Porto na Luz (no qual aliás já não jogou a segunda parte)... Esse é o primeiro erro que aliás é persistente.

Depois houve uma aposta insistente em dois avançados que não funcionavam, um dos quais já não está sequer no Benfica. Finalmente Vinícius impôs-se mas Lage continua a insistir em Seferovic que já se percebeu que não tem qualidade suficiente e que não acrescenta rigorosamente nada vindo do banco.

Há coisas que não se percebem. Tal como Samaris, Florentino também de um dia para o outro desapareceu completamente da equipa e nem opção é no banco na maioria das vezes. Simultaneamente vai-se contratar Weigel de quem ainda não se viu absolutamente nada que justificasse nem a contratação (20 milhões...) nem ter tirado o lugar a quem era titular. Isto para já nem falar do que aconteceu na Liga dos Campeões.

Repare-se, não estou a criticar opções pontuais, para as quais o treinador pode ter razões que nós desconhecemos. Estou a criticar opções que já mostraram não funcionar ou a insistência em excluir jogadores que já mostraram ter rendimento.

Como por exemplo as substituições no dragão e hoje. Como é possível tirar, hoje, Cervi para colocar o nulo Seferovic ou, nos dois jogos, colocar três pontas de lança e bombear bolas sem o mínimo perigo? É que nem meia jogada de perigo criámos no conjunto dos dois jogos...

Ver o Benfica jogar neste momento é penoso. A nossa defesa é um passador, o meio campo quase não existe e o ataque é ineficaz, vivendo apenas do génio de Rafa ou da eficácia (que hoje não existiu) de Vinícius.

Lage precisa rapidamente de arrepiar caminho das suas teimosias e concentrar-se mais no seu trabalho. Admiro o seu discurso positivo e a sua coerência e desportivismo, mas isso não chega nem pode substituir as ideias que são necessárias em termos futebolísticos. O futebol do Benfica carece neste momento de muita coisa, desde a segurança defensiva à criatividade atacante, passando pelo controlo do meio campo. E isso é responsabilidade do treinador.

Já agora, igualmente lamentável foi assitir aos comentários na Btv após o jogo. Segundo os comentadores, Lage explicou tudo muito bem e o Benfica realizou uma grande exibição... Confrangedor.


PS - Taarabt não é solução para o meio campo. É um bom jogador, que verticaliza bem e sai bem da pressão mas não pode jogar ali. Não é um jogador para um meio campo a dois. Não equilibra o meio campo.
PS 2 - Gabriel é um jogador absolutamente fundamental para o Benfica. A sua lesão, da qual obviamente todos esperamos que possa recuperar totalmente, tão cedo quanto possível, é uma notícia desastrosa para o Benfica. Até por isso, a entrada de Samaris é essencial e urgente.


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Não pode valer tudo

O Benfica voltou a perder no dragão, num jogo em que deveríamos ter cometido menos erros mas que fica também marcado por casos graves de arbitragem.
Tais casos são conhecidos e não vale a pena estar aqui a insistir. O penalti para mim é o mais escandaloso, porque não se percebe como é que um jogador pode jogar deliberadamente a bola com a mão quando está de costas e não vê a trajectória dessa mesma bola. Isto já para nem falar da falta de Soares nas costas de Ferro.
No entanto culpar Soares Dias é simplista. O problema é mais vasto, como se vê pelo VAR. O que me conduz ao tema do artigo. Não pode valer tudo.
O ambiente criado à volta destes jogos é tenso, há muita rivalidade e alguma hostilidade. Até aí compreendemos. Lisboa é a capital, o Benfica é o maior clube nacional e para equilibrar estas contas, o clube mais bairrista e regionalista tem que usar dos trunfos de que dispõe, nomeadamente criando um ambiente menos hospitaleiro.
O problema é quando se ultrapassam os limites - e isso acontece em todas as visitas do Benfica. São ameaças de morte, são agressões a adeptos, são tarjas gigantes na bancada com insultos e insinuações, são bolas de golfe, são apedrejamentos, etc, etc.
Ou seja, situações que extravasam completamente o âmbito de uma rivalidade normal e resvalam para a violência e a criminalidade organizada.
O problema não é de hoje, mas cada vez é mais visível aos olhos de todos e como tal cada vez menos tolerável numa sociedade que se pretende civilizada.
Eu não sou nenhum politicamente correcto e acho bem que o futebol tenha uma boa dose de virilidade. Agora, isso não pode significar que o Benfica vá ao Porto para ser o cordeiro sacrificial, ou um saco de pancada para aliviar as frustrações de adeptos fanáticos e continuar a alimentar claques delinquentes e criminosas.
Porque se assim for, se estas são as regras do jogo, o que deve impedir o Benfica de retribuir na mesma moeda, aquando das visitas do Porto?
Eu pergunto-me até : o que acontecerá se, como é bem possível, Benfica e Porto se encontrarem no Jamor? Está a ser alimentado um monstro que pode vir a ter consequências gravíssimas.
Claro que dentro do campo, apesar do Benfica poder ter, aqui ou ali, feito mais, este ambiente infernal deu frutos. Os árbitros estavam altamente pressionados - pela bancada e o banco do Porto - e decidiram quase sempre pela equipa da casa. Mas eu até certa medida compreendo : eles também são humanos, têm as suas famílias e inclusive já foram ameaçados.
Eles simplesmente não têm condições para arbitrar estes jogos.
Aliás o que aconteceu este ano foi a repetição do que aconteceu nos anteriores. Este ano Marega e Pepe cedo agrediram Taarabt, que se sabe ser um dos mais influentes jogadores do Benfica. No ano passado Pepe tentou logo de início provocar e intimidar João Félix. Há dois anos, Filipe teve uma entrada assassina sobre Jonas e se continuarmos a recuar chegamos ao infame Paulinho Santos e às suas múltiplas agressões que chegaram a partir o maxilar de João Vieira Pinto...
Porque é que eles fazem isto? Porque podem. Porque sabem que os árbitros vão permitir.
Repare-se, o Porto não tem princípios nem limites : desde fruta, café com leite, conselhos matrimoniais, invasões dos centros arbitrais, ameaças de morte, já vimos que ali vale tudo ; com a Liga miserável que temos, subserviente ao Porto (basta lembrar a felicidade do seu presidente com as vitórias do Porto quando era árbitro, que até beijinhos dava aos  jogaseusdores) nada é feito para punir estes comportamentos ; pelo que resta apenas uma intervenção do governo. Ou então, se nada acontecer, se nada for feito, daqui a não muito tempo estaremos a lamentar algo de bem mais grave.
Para ganhar, não pode valer tudo. Se não, isto deixa de ser um desporto e passa a ser um combate de milícias e uma competição de batoteiros.