Mais uma derrota (neste caso no conjunto da eliminatória) mais um jogo de terror para a defesa do Benfica, mais três golos sofridos.
O momento do Benfica é mau e não se recomenda. Mas como explicar o que está a acontecer? Quais as causas?
A primeira realidade indesmentível é que
quando joga com equipas mais fortes o Benfica por regra empata ou perde. Este ano perdeu os dois jogos com o Porto, com o Braga venceu um e perdeu outro; na Liga dos Campeões perdeu 3 jogos, empatou um e ganhou dois e na Liga Europa empatou um e perdeu outro. No total temos 7 derrotas, dois empates e apenas três vitórias. Ou seja, ao nosso nível (ou ao nível a que aspiramos) temos no presente ano uns
míseros 16,6% de vitórias.
Portanto, tendo o Benfica jogado recentemente na Liga Europa, com o Porto e com o Braga é "normal", segundo estes padrões, que tenha perdido a maioria e não tenha ganho nenhum. Quando Bruno Lage diz que fizemos um jogo "à Benfica" ou quando Rúben diz que "fizemos um bom jogo" estão no fundo a aceitar a "normalidade" deste estado de coisas.
Mas isto não explica tudo. A verdade é que a partir de dada altura começámos a sofrer golos e a conceder oportunidades aos nossos adversários, mesmo os mais frágeis, como não acontecera até ali. Isto não começou a acontecer há muito tempo. Há um mês atrás tínhamos acabado de vencer dois jogos fora seguidos (um deles o Sporting), mantínhamos 7 pontos de avanço e tudo parecia ir bem...
O primeiro jogo em que os problemas foram evidentes foi o Benfica-Rio Ave para a Taça de Portugal, disputado a 14 de Janeiro. O Benfica vence por 3-2 na Luz com muitas dificuldades. Depois ainda há dois jogos (os referidos acima) em que não sofremos golos (vitórias em Paços e em Alvalade por 2-0) e a partir daí é o descalabro: desde 31.01 até 27.02 o Benfica disputa 8 jogos e consegue apenas 3 vitórias! Concede 3 derrotas e empata dois dos jogos (que lhe valem uma qualificação para o Jamor e uma eliminação da Liga Europa).
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Quadro 1 - Fonte: "A Bola". |
Mas o mais revelador aqui são os golos sofridos: 14 golos. Uma média de quase dois por jogo... E isto com Vlachodimos ainda a fazer grandes exibições... Curiosamente marcámos exactamente os mesmos 14.
O que aconteceu? Os defesas deixaram de saber jogar?
Não: o meio campo deixou de ser pressionante e de proteger a defesa. Porquê? Porque
Bruno Lage decidiu desfazer a dupla Gabriel-Taarabt (que se estabelecera aos poucos, após diferentes tentativas e diferentes esquemas de jogo) e introduzir Weigl na equipa.
Para que não hajam dúvidas, aqui estão os 9 jogos imediatamente antes da entrada de Weigl no 11:
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Quadro 2. Jogos imediatamente antes da chegada de Weigl. |
Nestes 9 jogos temos
23 golos marcados e 7 sofridos. 6 vitórias e 3 empates. Note-se bem que nestes jogos estão incluídos dois jogos da Champions, um jogo com o Braga, um jogo em Guimarães e ainda jogos da Taça e Taça da Liga em que não jogámos com os principais titulares.
Ou seja, os números não deixam dúvidas: a entrada de Weigl na equipa coincidiu com o descalabro defensivo da equipa e também com perda de rendimento ofensivo. Isto é um facto. Logo
na sua estreia Weigl é substituído com o Benfica a perder em casa com o Aves (último classificado...) e é só após a sua saída que o Benfica dá à volta ao jogo. No quadro abaixo está o registo dos primeiros jogos com Weigl:
Como referi acima, o Benfica-Rio Ave foi (pelo menos para mim) o primeiro grande sinal de preocupação. O Benfica venceu mas não convenceu e concedeu inúmeras oportunidades ao adversário. Mas depois ainda ganhámos em Alvalade e Paços - sem sofrer golos - pelo que se diria que as coisas estavam novamente bem e que não se podia imputar a Weigl a diferença (para pior) do rendimento da equipa.
E de certa forma isso é verdade. Depois de no jogo com o Rio Ave dar a titularidade a Weigl e Taarabt,
em Alvalade e Paços Lage aposta na dupla Gabriel-Weigl. Parece encontrar-se um novo equilíbrio e a segurança defensiva regressa. No jogo seguinte (ver o primeiro quadro), Lage volta à fórmula Weigl-Taarabt e voltamos a sofrer dois golos. Depois com o Famalicão jogam Gabriel e Taarabt, sofremos mais uma vez dois golos e o brasileiro lesiona-se.
Daí para cá é o que se sabe (e consta do quadro 1), praticamente sempre com a dupla Weigl-Taarabt.
Nos últimos jogos houve um único jogo em que não sofremos pelo menos um golo. Foi o Gil Vicente-Benfica (um jogo difícil, num terreno em que o Porto perdeu e o Braga de Amorim empatou). O Benfica ganhou por 1-0.
Quem jogou? Samaris e Weigl, com Taarabt no apoio ao ataque.
A evidência está à vista:
a dupla Weigl-Taarabt não funciona. A equipa fica completamente desequilibrada e abrem-se autoestradas para a nossa baliza, expondo os nossos defesas (que é óbvio que não estão num bom momento). Neste momento, com a lesão de Gabriel,
impõe-se em absoluto a entrada de Samaris na equipa, seja para jogar com Florentino seja com Weigl (com Taarabt penso que não, porque se poderiam manter os desequilíbrios que só Gabriel tem a capacidade de disfarçar quando o marroquino ali joga).
Agora do que não tenho dúvidas é de que
se Bruno Lage continuar a insistir na sua teimosia e jogar com a dupla Weigl-Taarabt no meio campo vamos perder o campeonato e a Taça de Portugal.