sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A defesa de papel - Weigl e Taarabt

Mais uma derrota (neste caso no conjunto da eliminatória) mais um jogo de terror para a defesa do Benfica, mais três golos sofridos.

O momento do Benfica é mau e não se recomenda. Mas como explicar o que está a acontecer? Quais as causas?

A primeira realidade indesmentível é que quando joga com equipas mais fortes o Benfica por regra empata ou perde. Este ano perdeu os dois jogos com o Porto, com o Braga venceu um e perdeu outro; na Liga dos Campeões perdeu 3 jogos, empatou um e ganhou dois e na Liga Europa empatou um e perdeu outro. No total temos 7 derrotas, dois empates e apenas três vitórias. Ou seja, ao nosso nível (ou ao nível a que aspiramos) temos no presente ano uns míseros 16,6% de vitórias.

Portanto, tendo o Benfica jogado recentemente na Liga Europa, com o Porto e com o Braga é "normal", segundo estes padrões, que tenha perdido a maioria e não tenha ganho nenhum. Quando Bruno Lage diz que fizemos um jogo "à Benfica" ou quando Rúben diz que "fizemos um bom jogo" estão no fundo a aceitar a "normalidade" deste estado de coisas.

Mas isto não explica tudo. A verdade é que a partir de dada altura começámos a sofrer golos e a conceder oportunidades aos nossos adversários, mesmo os mais frágeis, como não acontecera até ali. Isto não começou a acontecer há muito tempo. Há um mês atrás tínhamos acabado de vencer dois jogos fora seguidos (um deles o Sporting), mantínhamos 7 pontos de avanço e tudo parecia ir bem...


O primeiro jogo em que os problemas foram evidentes foi o Benfica-Rio Ave para a Taça de Portugal, disputado a 14 de Janeiro. O Benfica vence por 3-2 na Luz com muitas dificuldades. Depois ainda há dois jogos (os referidos acima) em que não sofremos golos (vitórias em Paços e em Alvalade por 2-0) e a partir daí é o descalabro:  desde 31.01 até 27.02 o Benfica disputa 8 jogos e consegue apenas 3 vitórias! Concede 3 derrotas e empata dois dos jogos (que lhe valem uma qualificação para o Jamor e uma eliminação da Liga Europa).

Quadro 1 - Fonte: "A Bola".

Mas o mais revelador aqui são os golos sofridos: 14 golos. Uma média de quase dois por jogo... E isto com Vlachodimos ainda a fazer grandes exibições... Curiosamente marcámos exactamente os mesmos 14.

O que aconteceu? Os defesas deixaram de saber jogar?

Não: o meio campo deixou de ser pressionante e de proteger a defesa. Porquê? Porque Bruno Lage decidiu desfazer a dupla Gabriel-Taarabt (que se estabelecera aos poucos, após diferentes tentativas e diferentes esquemas de jogo) e introduzir Weigl na equipa.

Para que não hajam dúvidas, aqui estão os 9 jogos imediatamente antes da entrada de Weigl no 11:

Quadro 2. Jogos imediatamente antes da chegada de Weigl.


Nestes 9 jogos temos 23 golos marcados e 7 sofridos. 6 vitórias e 3 empates. Note-se bem que nestes jogos estão incluídos dois jogos da Champions, um jogo com o Braga, um jogo em Guimarães e ainda jogos da Taça e Taça da Liga em que não jogámos com os principais titulares.

Ou seja, os números não deixam dúvidas: a entrada de Weigl na equipa coincidiu com o descalabro defensivo da equipa e também com perda de rendimento ofensivo. Isto é um facto. Logo na sua estreia Weigl é substituído com o Benfica a perder em casa com o Aves (último classificado...) e é só após a sua saída que o Benfica dá à volta ao jogo. No quadro abaixo está o registo dos primeiros jogos com Weigl:


Como referi acima, o Benfica-Rio Ave foi  (pelo menos para mim) o primeiro grande sinal de preocupação. O Benfica venceu mas não convenceu e concedeu inúmeras oportunidades ao adversário. Mas depois ainda ganhámos em Alvalade e Paços - sem sofrer golos - pelo que se diria que as coisas estavam novamente bem e que não se podia imputar a Weigl a diferença (para pior) do rendimento da equipa.

E de certa forma isso é verdade. Depois de no jogo com o Rio Ave dar a titularidade a Weigl e Taarabt, em Alvalade e Paços Lage aposta na dupla Gabriel-Weigl. Parece encontrar-se um novo equilíbrio e a segurança defensiva regressa. No jogo seguinte (ver o primeiro quadro), Lage volta à fórmula Weigl-Taarabt e voltamos a sofrer dois golos. Depois com o Famalicão jogam Gabriel e Taarabt, sofremos mais uma vez dois golos e o brasileiro lesiona-se.

Daí para cá é o que se sabe (e consta do quadro 1), praticamente sempre com a dupla Weigl-Taarabt. Nos últimos jogos houve um único jogo em que não sofremos pelo menos um golo. Foi o Gil Vicente-Benfica (um jogo difícil, num terreno em que o Porto perdeu e o Braga de Amorim empatou). O Benfica ganhou por 1-0. Quem jogou? Samaris e Weigl, com Taarabt no apoio ao ataque.

A evidência está à vista: a dupla Weigl-Taarabt não funciona. A equipa fica completamente desequilibrada e abrem-se autoestradas para a nossa baliza, expondo os nossos defesas (que é óbvio que não estão num bom momento). Neste momento, com a lesão de Gabriel, impõe-se em absoluto a entrada de Samaris na equipa, seja para jogar com Florentino seja com Weigl (com Taarabt penso que não, porque se poderiam manter os desequilíbrios que só Gabriel tem a capacidade de disfarçar quando o marroquino ali joga).

Agora do que não tenho dúvidas é de que se Bruno Lage continuar a insistir na sua teimosia e jogar com a dupla Weigl-Taarabt no meio campo vamos perder o campeonato e a Taça de Portugal.

17 comentários:

  1. Mas ninguém vê um só nome?!?!?
    Grimaldo!
    Até o Ferro parece banal a ter de estar sempre a safá-lo.
    Com o Grimaldo, nem com o Garay em campo, como tanto ele fazia com as palermices do JJ à proocura do Lateral Esquerdo perfeito!

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    1. Mas o Grimaldo não jogou na primeira fase da época? E no ano passado?

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  2. Até aos 33 minutos de jogo o alemão não tinha feito um passe para a frente!
    Depois desisti!
    20 milhões por um rapaz que produz menos que o Florentino e muito menos que o Samaris?
    Palhaçada!

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    1. Ele normalmente devolve imediatamente a bola a quem lhe passou. Atenção que eu não estou a querer deitar o homem abaixo nem a dizer que ele não possa vir a revelar qualidades.
      Agora o que é um facto é que a sua entrada no 11 foi extemporânea, injusta para quem saiu, desestabilizou a equipa e afectou negativamente o rendimento e os resultados do Benfica.

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  3. Quando da contratação do alemão, pensei que teríamos um tipo atlético para o meio campo, que bem necessitávamos, dado que a nossa equipa há muito que peca por ter muitos pesos leves e jogadores «macios» no choque e na pressão. Afinal sai-nos um trinca-espinhas levezinho e mais macio que pele de donzela, que passa o jogo em passese para o lado e para trás. Se é para durar, meus ricos 20 milhões!

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  4. Tamb'em acho que weigl é um flop. Mas a nossa defesa com estes quatro meninos é um desatino. Salva-se o GR, vamos lá ver até quando. Estou muito pessimista.

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  5. o weigl para já não demonstrou ser uma mais valia nem muito menos conseguiu ainda mostrar aquilo que já demonstrou na alemanha.

    o que desequilibra a equipa é o taarabt jogar naquela posição é não tem a ver com as qualidades dele mas com a falta de características para aquela posição, sobretudo a que são exigidas pela táctica do lage.

    até admito que a dupla weigl, taarabt não funcione mas a verdade é que os problemas sempre existiram com taarabt e com quem ele fizesse dupla.
    a diferença é antes por vários motivos os erros que aconteciam não se traduziam no resultado.

    agora existe um mito é o de que a sua entrado injusta para quem saiu, inicialmente quem saiu foi o taarabt e se calhar até bem até porque isso até trouxe mais segurança do que a que tínhamos anteriormente.
    depois existiu uma gestão entre weigl, taarabt e gabriel sem que nenhum tenha saído e a coisa já não corria bem mesmo sem weigl.
    por fim quem saiu foi o gabriel mas por lesão.
    por isso não estou a ver quem é que foi o alvo da injustiça.

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    1. Eu também acho que Taarabt não deve jogar ali, aliás acho que isso resulta bastante claro do texto. Mas bem ou mal, essa foi a opção do Lage durante muitas jornadas: estabilizou a dupla Gabriel-Taarabt. E a verdade é que as coisas até estavam a resultar, porque o Gabriel é um jogador excepcional.
      Desfazer essa dupla foi por isso injusto em primeiro lugar para o Taarabt e em segundo lugar para o Florentino e o Samaris, que já lá estavam. Foi injusto inclusivé para o Gabriel porque, como assinalas bem, também ele começou a entrar num esquema de rotação que não se justificava e que visava apenas acomodar a entrada do Weigl. Ou seja, foi criado um problema onde ele não existia em virtude de uma contratação que não se justificava. O balneário sente estas coisas e penso que o próprio Gabriel ficou desestabilizado (surgiram notícias de que ele estaria insatisfeito e parece-me que houve realmente sinais nesse sentido antes da lesão).
      Se o Weigl pegasse de estaca e o rendimento da equipa até melhorasse, tudo seria esquecido. O problema é que isso não aconteceu. A equipa ficou ainda mais desequilibrada. A solução natural seria introduzir Samaris na equipa (como aconteceu em Barcelos com bons resultados) mas Lage parece insistir no erro.
      Quanto à dupla Weigl-Taarabt parece-me o pior dos dois mundos e os resultados estão à vista para o provar.

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    2. mas a dupla gabriel taarabt estava a resultar apenas porque simplesmente não estávamos a ser penalizados porque os erros eram os mesmos que acontecem agora.

      mas se o taarabt não devia de jogar ali então não era injusto o weigl ter entrado até porque o taarabt poderia ir para outra posição, como já foi, onde não fica tão exposto.

      para o samaris o que foi injusto foi ele ter sido colocado de parte desde o inicio da época a vinda do weigl não modificou nada até porque veio substituir o fejsa que também era uma opção antes do samaris.

      o florentino já tinha saído do onze antes da vinda do weigl por isso a ser injusto para o florentino foi a entrada do taarabt no onze e não a do weigl.

      na parte da rotação discordamos era precisa, alias o mal é não se fazer o mesmo tipo de rotação noutras posições, existem jogadores a cair para o lado de tanto serem utilizados.
      a rotação não foi para acomodar a entrada do weigl ela começou porque o a lage antes do weigl achava que não tinha jogadores para a fazer, alias a rotação começa num castigo do taarabt.

      a contratação teve menos justificação porque tínhamos, temos, outros problemas maiores só por isso porque jogadores para jogar no meio só tinhas três florentino samaris e gabriel, porque o taarabt não deveria ser opção ali.

      pois mas eu para diz que disse não dou, mas só uma coisa jogadores que ficam chateados só porque chega concorrência também não servem, é que um dia eles também chegaram para ser concorrência de outros e alias o desempenho do gabriel quando chegou ainda foi pior que o weigl, e se calhar pelas mesmas razões.

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    3. Só em relação ao último ponto: não é ficar chateado porque chegou concorrência. É ficar chateado por chegar um jogador que entra logo a indiscutível no 11 - porque a a rotação é entre os outros, o Weigl desde que chegou só não jogou quando esteve castigado.
      Aliás é curioso que aconteceu o mesmo o ano passado no Porto. Estavam 7 pontos à frente e chegou o Pepe que veio interferir com uma defesa que estava a funcionar muito bem com o Felipe e o Militão. Por coincidência ou não perderam o campeonato. Esperemos que no nosso caso isso não aconteça.

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    4. mas ai esta errado o weigl entrou na rotação ele não jogou contra o Famalicão, as duas vezes, e não estava castigado em nenhuma delas.

      casa em que não existe pão todos ralham e ninguém tem razão , neste caso todos ralham e se calhar todos tem razão.
      é que no mesmo período em que entrou o weigl o cervi saiu e o andre também e o rafa esta uma miséria e o tt idem.
      muito mais de ser um problema de um ou outro caso é o de serem todos ao mesmo tempo.

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    5. No primeiro jogo com o Famalicão foi dito que o Weigl tinha uma infecção respiratória. Não estava castigado mas lesionado.

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  6. O Lage não deixa ele jogar na sua posição só por isso!

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    1. Qual é a posição? À frente do Samaris? Se for isso eu até posso concordar.Aliás é o que proponho.

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  7. ........como é possivel uma equipa grande jogar com um defesa esquerdo que é um zero à esquerda a defender????.....tem sido por aquele lado que a maioria das equipas adversárias tem atacado, lembram-se do jogo nos "corruptos?????..........e. também não entendo o Nuno Tavares, que é um esquerdino, ter servido para jogar, a lateral direito e agora não servir para jogar no seu lugar de lateral esquerdo........mistérios.................

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    1. Vamos lá ver uma coisa: o Grimaldo está no Benfica há 4 anos. Tem 9 troféus ganhos, incluindo 3 campeonatos. Segundo o transfermark vale 35 milhões de Euros, atrás apenas do Rúben Dias.
      Não defende muito bem? Isso já sabemos há muito tempo. É um lateral muito ofensivo que dá outras coisas à equipa. Também o Mourinho dizia que o Marcelo não defendia bem e foi buscar o Coentrão...
      Essa ideia de que os problemas do Benfica são culpa do Grimaldo não faz qualquer sentido quando estamos a falar de um dos melhores jogadores do plantel. Se ele não presta o que dizer dos outros?
      O problema é que a equipa está defender mal como um todo e expõe mais as fragilidades individuais. O problema está sobretudo no meio campo.

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