segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Noite mágica: (h)à Benfica!

Impossible? Parecia, mas houve Benfica. 


 O futebol é imprevisível e essa é uma das razões pelas quais o adoramos. Outra é o Benfica em si, porque quem ama o futebol, ama o Benfica.

Foi uma noite mágica na qual o Benfica ganha na raça, encarnada em João Neves. 

O resultado é surpreendente e a forma como a ele se chegou inacreditável, mas já lá irei. 

Excelente arbitragem de Soares Dias que eu já aqui critiquei duramente várias vezes. 


Depois do amasso que sofremos em San Sebastián, onde o resultado poderia ter sido muito mais embaraçoso, naquela que foi a 5a derrota da época, ninguém sabia como iria reagir a equipa.

Eu escrevi aqui há dias que Roger Schmidt andava desorientado e podia ter já perdido o balneário. Também escrevi que se o Benfica tinha renovado no ano passado, ainda antes da conquista do título, então era porque estava seguro de que ele era o homem certo para liderar o nosso futebol no futuro próximo. Nesse sentido não se percebia porque não lhe tinha sido dado outro tipo de apoio quando se começou a ver que ele estava a ter dificuldades.

Pois bem, houve duas coisas desde o jogo com a Real Sociedad que Schmidt fez bem. A primeira foi assumir a responsabilidade total pela péssima exibição (Di Maria também esteve bem ao dizer que a culpa era dos jogadores, pois isso, apesar de não ser verdade porque a táctica e a estratégia foram erradas, deu o sinal de solidariedade interna). A segunda foi, na conferência de antevisão do derby, assumir a má fase da equipa e dizer o que eu aqui disse uns dias antes: se o Benfica tinha um contrato longo consigo era porque confiava nele. Depois acrescentou uma coisa em sentido contrário ao que eu disse, mas na realidade é ele que tem razão: disse que essa confiança não pode ser posta em causa por uma má fase.

Eu concordo (claro que se tivéssemos perdido com o Sporting a disposição de todos era outra) mas a minha maior preocupação nem eram os resultados. Eram os problemas disciplinares mas também a questão da mudança de sistema. Não se muda de sistema a meio da época, isso não dá resultado, nem se joga uma partida decisiva a nível europeu com uma táctica colada com cuspo.

Mas Roger fez uma terceira coisa bem feita que foi regressar à linha de 4 defesas e fazer João Neves regressar ao centro do terreno. 

O jogo foi muito bem disputado e bastante equilibrado na primeira parte. Após uns minutos de ascendente do Benfica, o Sporting até estava a começar a controlar o jogo, mas as principais oportunidades foram inicialmente nossas, duas por Rafa mais a bola de João Mário a que Florentino não conseguiu chegar, perante a baliza vazia. Depois o Sporting tem duas bolas que eram golos quase certos e que Trubin tira. Um cabeceamento de Diomandé e uma bola de Gonçalves na cara do golo. Nesta última é um facto que o jogador do Sporting remata quase à figura mas a verdade é que Trubin cresceu na baliza (e ele já é bem grande).

 E quando se pensava que o intervalo chegaria sem golos, um mau passe para João Mário fez este perder a bola dando azo a um contra ataque letal do Sporting. Foi um grande golo - apesar da bola entrar entre Trubin e o poste ela levava fogo.

Foi uma machadada dura, para uma equipa que vinha de um péssimo jogo e da previsível mas sempre dolorosa eliminação da Champions. 

Na segunda parte o Sporting entrou a querer dominar mas logo muito cedo surge a expulsão de Gonçalo Inácio. Percebeu-se que as coisas mudariam.

No entanto, apesar de curtos períodos em que o Benfica conseguiu jogar no meio campo do Sporting e recuperar rapidamente a bola fazendo uma sequência de ataques, estes acabavam quase sempre em centros que não davam em nada. A verdade é que o Benfica quase não conseguia rematar à baliza. Uma das excepções foi um tiro de Di Maria aos 76 minutos que Adam desviou para a barra.

Schmidt mexera já na equipa mas as substituições não pareceram melhorar a equipa. Talvez se possa dizer que Cabral terá eventualmente mais poder de choque na área, mas a verdade é que parece chegar sempre atrasado. Talvez seja azar, mas o brasileiro parece mesmo desfazado em relação à equipa. 

A remar contra a maré esteve sempre, desde o início, Neves que ora recuperava bolas atrás, ora levava a equipa para a frente. É um esgravulha com imenso talento, um pequeno enorme jogador. Rafa e Di Maria também tentavam de todas as formas. 

Ainda sobre as substituições também não se percebia por que razão, precisando de marcar, Schmidt não tirou Morato para colocar Jurasek ou porque esperou até aos 85 minutos para lançar Guedes. 

Mas o futebol é sortilégio e no final o que conta são os resultados. Quem poderia adivinhar que, a perder aos 93, noventa e três (!!!) minutos, o que o colocaria a 6 pontos do Sporting, o Benfica acabaria o jogo na liderança?? 

Há dias eu escrevi que apesar do mau momento, essa era uma possibilidade, mas nunca poderia imaginar um jogo destes. Os últimos minutos foram mágicos! 

A chave desta vitória não esteve sobretudo no talento (embora sem grande qualidade individual ela não pudesse ter acontecido) mas sim na raça, na crença, no querer benfiquista. O empate surge com Trubin já na área do Sporting! Desde o livre que antecedeu o canto!!! 

Neves personalizou-o como ninguém (repetindo um golo fundamental ao Sporting, à semelhança da época passada), mas Aurnes (assistência para o segundo) foi também um batalhador incansável que tentou sempre, dando tudo. Mas todos os jogadores fizeram o que estava ao seu alcance, nunca baixando os braços e acreditando literalmente até ao último minuto. Foi incrível, ainda para mais com o suspense da avaliação da posição de Rafa pelo VAR.

Foi uma vitória não sei se justa, porque é difícil dizer que o Sporting mereceu perder, mas que os jogadores do Benfica conquistaram com todo o mérito. Schmidt teve nova frase lapidar: "mais bonito do que isto é impossível". 

A festa foi espectacular, só lamento um (não sei se houve algum outro) adepto que entrou em campo e fez gestos obscenos para os jogadores do Sporting. Totalmente injustificado e lamentável. O que diríamos se nos fizessem isso a nós em Alvalade? As pessoas têm de parar com este tipo de comportamentos. A festa tem de ser por nós e de forma positiva, não a insultar ou atacar os outros. Picardias, claro, rivalidade sempre, mas dentro do espírito de desportivismo e decência. 

Mas voltando ao jogo, o mais incrível e improvável é que os dois golos resultam de cruzamentos (que muitas vezes se diz que não resultam - e antes disso não estavam realmente a resultar); o primeiro, num canto, é Morato, que possivelmente deveria ter cedido o seu lugar a Jurasek, a fazer a assistência; o segundo é marcado por Tengstedt, um herói improvável, por quem a maioria não dá muito... 

Agora note-se ainda o seguinte: Amorim, que tem feito quase milagres no Sporting e tem sido um excelente treinador, com fama de ler bem o jogo e fazer bem as substituições, substituiu Morita por Paulinho aos 85 minutos; Schmidt, que estava sob enorme pressão (e via-se na sua expressão facial) e não tem acertado muito nas substituições, lançou Tengstedt que viria a decidir o jogo e manteve Morato que iniciou a reviravolta com a sua assistência (para um golo espectacular de João Neves, diga-se). 

Será esta vitória o "clique" que se sentia que estava a faltar desde o início da época? 

O momento em que João Neves arma o remate; uma excelente execução técnica. 

António Silva e Otamendi apressam os companheiros para o centro do terreno: ainda acreditavam na vitória. 
Tengstedt vai fazer golo aos 96':21"
Imagem curiosa: havia três jogadores em frente à baliza para finalizar. 
António Silva e Trubin à espera da decisão do VAR. 
Aursnes saúda Tengstedt após a confirmação do golo 





quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Vergonha. Só falta perder com o Sporting

 Uma exibição vergonhosa, a fazer lembrar Vigo. Curiosamente o treinador do Benfica na altura era também alemão.

Schmidt está perdido e é duvidoso que se volte a reencontrar. A sua saída parece uma questão de tempo. 

E pode acontecer já no Domingo. Uma derrota em casa com o Sporting, com tudo o que de humilhante isso teria (terá?), poderá ser o gatilho para esse acontecimento. 

E pelo que vemos da forma como jogam as duas equipas, a derrota será o desfecho previsível. Realisticamente, o Sporting tem uma equipa que, com as suas limitações, tem uma ideia de jogo clara e intérpretes adequados ao sistema. Já o Benfica não tem nem um 11 base nem um modelo de jogo claro. Os jogadores estão desligados uns dos outros e os equívocos são mais que muitos.

Artur Cabral é uma nulidade, não há alternativa a Bah, João Mário não adianta nem atrasa, Tensteg não é jogador para o Benfica e a troca de Vlachodimos por Trubin foi, até ver, uma péssima ideia. A importância de Grimaldo é agora bem evidente, provando o quão errados estavam alguns adeptos.

Por falar em adeptos, o comportamento de alguns deles foi também, mais uma vez, deplorável. Infelizmente, como clube muito grande que é, existe no interior do Benfica muita gente que não presta. Já o sabíamos mas mostrar isso ao Mundo é envergonhar todos e a história centenária deste clube. Há que identificar estas pessoas, bani-los para sempre e entregá-los às autoridades. Aliás, o Benfica tem de pensar muito bem em acabar com esta claque. Uma claque com um histórico de crimes graves.

Hoje é um dia triste para o Benfica, em que passámos uma dupla humilhação. Uma em campo, em que o resultado de 3-1 acaba por ser o melhor o jogo, pois podíamos facilmente ter perdido por 5 ou 6 e outra nas bancadas nas quais aqueles adeptos se voltaram a comportar como selvagens. Uma imagem triste do Benfica e também de Portugal.

Voltando ao lado puramente futebolístico, infelizmente o que está a acontecer não é surpreendente. Há muito que alerto para a necessidade da estrutura aparecer e apoiar o treinador - praticamente não tenho escrito sobre outra coisa. Se o ano passado quiseram renovar com tanta pressa é porque estavam plenamente convencidos da competência do treinador alemão. Por isso teriam tido que o apoiar quando surgiram os primeiros problemas e sinais de que Schmidt estava algo perdido. Digo "teriam tido" porque agora já me parece tarde. 

O que aconteceu na primeira parte deste jogo é sinal de total desorientação. A linguagem corporal de treinador e jogadores após a partida é ilustrativa de desânimo e resignação. 

Veremos o que acontece Domingo. No futebol há muitas surpresas. Vencendo o derbi, o Benfica assumiria a liderança do campeonato. No entanto não sei se isso seria suficiente para reverter o mau momento e o ciclo negativo em que Schmidt entrou. Perdendo acho que se acaba o crédito do alemão. Ser eliminado da Europa e praticamente perder o campeonato em novembro é (ou deveria ser) impensável no Benfica, especialmente com um orçamento destes. Custa a perceber como Schmidt mudou tanto em menos de um ano.

domingo, 29 de outubro de 2023

Um Benfica triste e incaracterístico

 O Benfica continua a somar maus resultados esta época e agora já nem jogos em casa contra equipas pequenas nos valem. 


Tudo começa com demasiadas incertezas de Roger Schmidt. Ao passo que na época passada acertou um 11 logo na pré-época, este ano muda de equipa a cada jogo. Nenhum sector escapa: já tivemos 3 (três!!!) guarda redes titulares esta época, e na esquerda já jogaram também três jogadores; no meio campo não há maneira de acertar - o número de duplas já é quase incontável; no ataque também tem havido mudanças, com um Artur Cabral que não convence a obrigar o treinador a experimentar as várias soluções existentes no plantel.

Mas os intérpretes não são o único problema. Há vários problemas na equipa que não se explicam unicamente a partir do baixo rendimento dos jogadores. Quando uma equipa funciona bem, parece que todos os jogadores são bons; quando funciona mal parece que nenhum presta.

O Benfica defende mal, dá demasiado espaço, não pressiona como fazia na última época, passando por isso muito tempo a correr atrás da bola e não marca golos suficientes. Os sectores estão demasiados distantes, a equipa parece desconexa. Schmidt falou já este ano em equilíbrio e tem razão nesse diagnóstico, o problema é que não o consegue resolver. Aursnes é um bom jogador e tapa vários buracos mas não é solução para o meio campo. E Chiquinho penso que já terminou o seu ciclo no Benfica. Cada vez que tem entrado este ano não acrescenta rigorosamente nada.

Mas acima de tudo a equipa parece triste, lenta, sem rasgo e com pouca confiança. 

Os diferentes casos (Neres, Vlachodimos, Di Maria e João Victor) claro que não contribuíram nada para o espírito de equipa. A liderança de Schmidt poderá estar em causa e se assim fôr vai ser muito difícil recuperar a autoridade. 

Desde agosto que venho alertando para estes problemas de balneário. Quando as coisas não correm bem nesse capítulo, quando não há união, tudo se torna muito mais difícil e o sucesso fica distante. 

E claro que não posso terminar sem dizer que Trubin poderia ter sido o herói da partida mas acaba por estar ligado a este desaire com um frango inaceitável. Já não é o primeiro. Na selecção ucraniana teve outro momento inexplicável recentemente ao sofrer um golo num remate a meio da baliza. Veremos se não arranjámos um problema complicado na baliza.

quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Futebol internacional - Botafogo

 O Botafogo voltou a vencer, após o despedimento de Bruno Lage. O treinador teve uma passagem infeliz pelo clube carioca. 

Lage fez uma notável segunda metade de época no Benfica em 2019, após a saída de Rui Vitória. Recuperou uma desvantagem de 8 pontos e tornou o Benfica campeão. Mas na época seguinte, após um início novamente fantástico, viu o o título escapar-se-lhe entre as mãos, desperdiçando uma vantagem idêntica. Lage entrou em conflito com alguns jogadores e enredou-se em labirintos de teimosias e contradições em grande parte criados por si mesmo.

Agora no Fogão Lage teve uma nova oportunidade mas voltou a entrar por descaminhos, repetindo os erros do passado. A equipa já tinha entrado numa trajectória descendente e a tremenda vantagem pontual diminuiu substancialmente, a ponto da liderança começar a ficar em risco. Recorde-se que o Botafogo tem John Textor como principal acionista. O milionário norte-americano esteve interessado em investir no Benfica e será dessa ligação (que nunca se concretizou) que se lembou do nome de Lage. Além disso o treinador sucedia a outro treinador português, Luís Castro que, esse sim, fez um excelente trabalho. Mas a aposta em Lage falhou redondamente e os próprios jogadores já não acreditavam na sua liderança. Lage deu logo um enorme tiro no pé ao, após a primeira derrota e de forma não apenas surpreendente mas completamente inexplicável, colocar o seu lugar à disposição. Foi extemporâneo e deu logo a imagem de que não tinha capacidade para suportar a pressão. Ou dava rapidamente a volta à situação com vitórias categóricas nas semanas seguintes (o que não aconteceu) ou a sua liderança ficava irremediavelmente comprometida, como se verificou.

Agora, já sem Bruno Lage, o Botafogo voltou a vencer (e logo o Fluminense que era candidato ao título) e beneficiou ainda das derrotas do Palmeiras, Grémio e dos empates do Bragantino e do Flamengo. Uma jornada perfeita que lança definitivamente o Botafogo para a recta final da época. O título já não é uma miragem. Faltam 12 jornadas e o Fogão tem 9 pontos de vantagem para o Bragantino (de Pedro Caixinha) que não era sequer candidato e 11 sobre Grémio, Palmeiras e Flamengo.

Nota ainda para Gabriel que tem sido um esteio desta equipa. É um jogador do qual sempre gostei e que lamentei que tivesse saído do Benfica. Não temos no plantel nenhum jogador como ele. É técnico, atlético, duro e raçudo. Não será o mais veloz dos jogadores mas é um box to box, intratável nos duelos individuais, com bom jogo aéreo e capacidade de finalização. Contra o Fluminense fez mais uma enorme exibição.

Já em Inglaterra o Arsenal venceu o City em casa e assumiu a liderança a par do Tottenham (a surpresa de início de campeonato, tanto mais que este ano perdeu Kane). No que diz respeito à Premier League, foi a primeira vitória do Arsenal sobre o City desde 2015! Para encontrar um resultado  que não fosse uma derrota do Arsenal era preciso recuar a 2017!

Foi por isso um feito importante para o discípulo de Guardiola. Embora o City continue a ser favorito para a revalidação do título, o Arsenal afirmou-se capaz de vencer os clubes de topo, a começar pelo tricampeão. 


terça-feira, 3 de outubro de 2023

Porto e Inter. Em que patamar está este Benfica?

 O Benfica venceu o Porto de forma justa e clara, mas apenas pela vantagem mínima.

Estando atrás, jogando em casa e estando o Porto fragilizado pela ausência dos dois centrais habitualmente titulares, o Benfica tinha a "obrigação" de ganhar

Essa obrigação foi ainda mais acentuada quando o Porto ficou reduzido a 10. 

No entanto sabemos como o Benfica tem tido dificuldades em vencer o Porto nos últimos anos. Nalguns casos por manifesta falta de sorte ou estrelinha, noutros por rendimento insuficiente e noutros ainda por decisões escandalosas das equipas de arbitragem (o golo de Maicon 1 metro fora de jogo, que deu um campeonato, é um caso emblemático). Nessa medida, uma vitória como esta nunca pode ser desvalorizada. No ano passado a vitória no Porto, à 10ª jornada, foi decisiva para a conquista do título.

Foi um jogo um pouco incaracterístico. Schmidt surpreendeu toda a gente ao apostar num 11 ultra-atacante, o mais ofensivo da época. Se virmos bem, o Benfica entrou em campo com 3 defesas de raíz (Aursnes é uma adaptação), dois jogadores no meio campo, um deles de características mais ofensivas, e 4 atacantes. Ou seja, num certo sentido, Schmidt jogou num 4-2-4 sendo que um dos elementos do "2" é também um jogador mais vocacionado para atacar... Penso que o 4-1-5 ainda não existe... Acresce que jogaram ao mesmo tempo Rafa, Neres e Di Maria, algo que alegamente não seria possível. E logo contra o Porto. 

O sinal era portanto claro: para a frente, o jogo é para ganhar.



Isso é algo de bastante positivo. Noutros jogos com o Porto no passado o Benfica alterou a sua identidade e perdeu com isso. Desta vez manteve ou até reforçou a sua identidade e esperou que fosse o Porto a adaptar-se. 

Claro que se pode colocar a questão sobre se este 11 tem o equilíbrio necessário. O Benfica entrou com vontade de mandar no jogo e atacar, mas aos poucos o Porto susteve esse ímpeto e estava a controlar mais o jogo. Depois houve o lance que tudo mudou. Atenção porque o lance faz parte do jogo, não é uma coisa de mero acaso ou que tenha caído do céu. Se Neres não estivesse em campo o lance não aconteceria (João Mário nunca teria velocidade para se antecipar naquela bola). 

Isto para dizer que se alguns acham que aquele meio campo não dá para jogos deste grau de exigência e que essa aposta foi a razão porque o Porto estava a conseguir aos poucos impor o seu jogo, a verdade é que a aposta de risco de Schmidt deu frutos porque Neres conseguiu causar uma expulsão de um adversário. Outra coisa que não é dita é que a aposta de risco de Conceição (subir muito a defesa) não funcionou: uma expulsão, um amarelo alaranjado para David Carmo e um recuo na segunda parte para evitar males maiores.

Após a expulsão o Benfica jogou de forma lenta até ao final da primeira parte, certamente porque no subconsciente dos jogadores estava já a ideia de que venceriam necessariamente o jogo. Mas essa atitude foi muito arriscada porque  o Porto aproveitou essa moleza para tentar a sua sorte no ataque e por duas vezes esteve perto do golo, com Trubin a fazer duas muito boas intervenções.

Na segunda parte tudo mudou e o jogo pareceu sinceramente um jogo típico de campeonato na Luz: o Benfica instalado no meio campo adversário, a ter ofensiva atrás de ofensiva e o Porto remetido totalmente à defesa, a esperar que o tempo corresse sem a bola entrar na sua baliza. Acabámos por marcar numa bola enrolada chutada por Di Maria após mais uma grande jogada de Neres pela esquerda. Foi um golo esperado e justo. Pensei que poderíamos marcar mais, mas o jogo mudou um pouco de dinâmica: o Porto quis vir mais para a frente, Schmidt mexeu no sentido de fechar mais o nosso meio campo e deixámos de ser perigosos. Nota negativa mais uma vez para Artur Cabral que nada mostrou apesar de ter entrado quando a defesa do Porto estava já muito desgastada.

A arbitragem foi normal, o que desagradou ao Porto. Anormal seria não expulsar um jogador que trava outro que vai isolado para a baliza com a bola à sua frente, ou marcar penalty num lance em que o guarda redes tira a bola do avançado antes do contacto normal entre os dois. Boa intervenção de Trubin, sublinho mais uma vez. E ainda sobre as "queixas" de Conceição (são mais desculpas do que outra coisa), recordar a expulsão de Eustáquio no ano passado é dar tiros nos pés. Eustáquio poderia ter sido expulso logo na primeira entrada e na segunda também poderia ter levado vermelho directo. Já esta época Eustáquio viu-lhe perdoada a expulsão por duas vezes no mesmo jogo, não tendo sequer visto o amarelo, num dos maiores escândalos até ao momento. Haja noção do ridículo.

Dito isto, o Porto não foi o adversário que costuma ser. Algum mérito nosso mas também alguma fragilidade deles. Contra 10 as coisas ficaram muito facilitadas porque este plantel do Porto não está ao nível do nosso. Para além de Diogo Costa, Pêpe e Taremi, a equipa não tem jogadores que façam a diferença. O central que entrou nunca tinha jogado...

Não podemos por isso tirar muitas conclusões desse jogo. E nesse sentido (e todos os outros) o jogo com o Inter esta noite será de enorme importância. Após a derrota disparatada com o Salzburgo em casa, o Benfica precisa de começar a pontuar. Um empate seria uma forma de reequilibrar as contas do grupo, uma vitória permitiria apagar o tropeção da 1ª jornada. Mas este será sem dúvida o primeiro grande teste a este Benfica 2023/24. Temos indiscutivelmente um plantel com muita qualidade e muitas soluções, provavelmente o melhor desde 2004/05. Mas até ao momento ainda não "carburámos" como deve ser. Veremos se o começamos a fazer esta noite ou se pelo contrário serão expostos alguns dos problemas que o início de época mostrou, sobretudo a nível defensivo. Certo é que encontraremos um adversário não apenas consistente mas com imensa qualidade, que foi finalista da Champions no ano passado e está em primeiro no campoenato (agora com os mesmos pontos que o Milan e mais 10 do que a Roma de Mourinho), tendo vencido por 4-0 fora no sábado. Será um teste a sério para este Benfica e um jogo muito importante para a definição do que nos sucederá em termos de competições europeias.



quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Preocupação

 O Benfica perdeu o jogo teoricamente mais fácil que terá nesta edição da Liga dos Campeões e complicou bastante as contas do apuramento.

Foi mais um jogo com demasiadas peripécias. Onde o Benfica mostrava o ano passado solidez, mostra este ano fragilidade. Sofremos golos em 5 dos 7 jogos, num total de 8, ou seja mais de um golo por jogo. Mais uma vez tivemos um jogador expulso.

Neste momento há demasiadas dúvidas e equívocos no 11 do Benfica. 

Em relação à baliza, foi criado um problema onde ele não existia. Vlachodimos era um guarda-redes que dava garantias mas para alguns só as suas limitações ou fragilidades contavam. 

Na lateral direita, Bah comete demasiados erros e já não é a primeira vez que compromete a equipa. Na lateral esquerda a situação é absurda e não é preciso dizer mais.

No meio campo não se entende a situação de Florentino (embora seja verdade que não tem estado ao mesmo nível do ano passado é uma solução muito mais válida do que Chiquinho que sempre que entrou fez a equipa piorar). 

E no ataque concordo com a aposta em Musa mas não se entende que Cabral passe de titular a terceira opção. Quanto a Neres já não há palavras. 

Em suma, são demasiados casos e opções mais do que questionáveis. Já o tinha escrito e volto a afirmar: Schmidt parece-me algo desorientado neste início de época. Creio que seria importante que os dirigentes se sentassem com ele e percebessem qual o problema. Caso contrário esta época pode vir a ser uma grande desilusão. 

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Isto já não é futebol! Eles são doentes...

 Esta jornada o Benfica goleou, com alguns momentos de brilhantismo, e em Braga assistiu-se a um jogo de grande intensidade, emotivo, com belos golos e incerteza até ao último segundo. O Boavista voltou a vencer, terminado a jornada na liderança e sendo a grande surpresa deste início de campeonato.

Mas infelizmente estes aspectos positivos, os golos, a emoção, o futebol enquanto tal, tudo é ensombrado por uma praga, uma doença que existe no futebol português e que dá por nome de FC Porto. O que ali se passa já não é futebol, já não é desporto.

A verdade objectiva é que o FC Porto é uma organização criminosa que tem o futebol português refém há mais de 40 anos. Ao estilo mafioso, o FC Porto montou uma teia de poder através do suborno, da intimidação e da violência. E ninguém tem coragem de erradicar esta doença porque em Portugal as instituições são fracas e nalguns casos também elas corruptas.

A história dos crimes do FC Porto ainda não foi feita, apesar de algumas aproximações como o filme "Corrupção" de João Botelho, baseado em grande medida no livro "Eu Carolina" mas também numa das investigações mais completas da Polícia Judiciária, com provas irrefutáveis, que juízes corruptos se encarregaram de deitar fora. 

Pinto da Costa desde cedo se rodeou de comparsas e capangas, desde pugilistas a proxenetas, passando por polícias armados a actuar à margem da lei, para intimidar e obter o que queria.

Quando, após a sua fuga para Espanha para evitar a prisão, se apresentou na esquadra, foi escoltado por um conjunto de marginais da claque Superdragões. Vários membros dessa claque foram responsáveis por homicídios na noite do Porto, ligados a uma luta pelo poder no narcotráfico, e mais recentemente Marco "Orelhas"e o filho assassinaram brutalmente e de forma premeditada um outro membro da claque com dezenas de facadas. São estes meninos que não há muito tempo prestaram uma visita ao centro de árbitros que, por mera coincidência, é na Maia. 

Há filmes de Martin Scorsese que são estórias de embalar ao pé desta história real.

O FC Porto, com a sua história de corrupção e violência, a falta de desportivismo, a total ausência de fair play, o mau perder, a permanente intimidação e coacção dos adversários é uma praga, uma vergonha para o futebol português.

Até quando continuará este espectáculo deplorável a envergonhar o país? 

domingo, 27 de agosto de 2023

Mas o que é isto?

 "Foi bom em Lisboa", diz a mulher de David Neres.

São já casos a mais para uma época... e ainda só vamos na terceira jornada. 

Rui Costa, Lourenço Coelho e Luisão têm que pôr ordem nisto. Sem disciplina, sem união não há equipa que vença. 

Claro que as opções de Schmidt são em alguns casos discutíveis, para não dizer mais. Os casos de Ristic, Musa, Neres são difíceis de compreender. Se o lateral não joga quando o seu concorrente directo está lesionado, vai jogar quando? Neres é o jogador mais criativo e fantasista que temos (a par de Di Maria), além de possuir um remate fortíssimo e vê sempre o jogo a partir do banco. Musa marca golos em poucos minutos mas hoje foi o terceiro avançado a entrar (e em boa hora, porque caso contrário se calhar tínhamos empatado).

Tudo isto é verdade (mais o "caso Vlachodimos", quase inexplicável), mas é preciso calma, tranquilidade. A época está a começar e certamente haverá oportunidades para estes e outros somarem minutos e jogos.

Espero bem que os dirigentes consigam pacificar um ambiente que está claramente demasiado tenso e pesado.

E espero também que este desabafo da mulher de Neres seja apenas isso, que não se repita (as mulheres dos jogadores não devem dar palpites) e sobretudo que o brasileiro não saia. Se David Neres não é o melhor jogador do Benfica, está lá perto. Deixá-lo sair seria um erro tremendo. Dificilmente encontramos um semelhante. Temos Di Maria, é certo, mas o argentino aguentará uma época inteira? Tenho dúvidas. E depois quem teremos para desequilibrar? Quem teremos para abrir brechas em defesas altamente fechadas? 

Pede-se liderança a Rui Costa neste momento conturbado. O Benfica ganhou mas há coisas que precisam de ser consertadas. 5 golos sofridos em 3 jogos também não é normal e não são números de campeão.


PS - Chiquinho é a segunda vez que entra para de alguma forma acalmar o jogo e manter a posse de bola e falha completamente nessa missão. Hoje jogou mesmo muito mal, sendo responsável pelo segundo golo. Tem claramente que mudar de atitude. 

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Início atribulado

O Benfica tem aparentemente o melhor plantel em Portugal. Tem, sem qualquer dúvida, as maiores individualidades do meio campo para a frente, onde as opções são de luxo para a nossa realidade. Na defesa e meio campo defensivo as coisas são mais equilibradas, até porque saíram Grimaldo e Lucas Veríssimo, falando-se ainda em propostas por Mourato e na saída de João Victor. De 6 centrais que chegámos a ter, arriscamo-nos a ficar com 2 de qualidade comprovada...

Este é um dos sintomas de uma época que parecia ir ser um passeio e que começa a dar sinais de poder ser complicada.

No Bessa é verdade que o Benfica foi extremamente infeliz e que o resultado é altamente injusto, se é que se pode falar disso em futebol. Do 1-1 para o 1-2 o Benfica faz uma partida notável e mesmo até ao 2-2 estávamos a dominar claramente o jogo. Mas no futebol o que conta são os resultados e neste momento temos já 3 pontos para recuperar, o que poderá não ser tão fácil quanto parece. Além disso houve erros defensivos que não se podem admitir. 

Desse mau jogo fica ainda a situação de Vlachodimos. Claro que o grego não fez o melhor jogo. O primeiro golo é um pouco "esquisito" e no segundo sai a destempo da baliza, tornando um lance que parecia algo inofensivo num golo eminente. Mas também não se justifica que Schmidt o aponte quase como o culpado pela derrota. Os jogos perdem-se e ganham-se como equipa. Não pode haver bodes expiatórios. E houve ainda a situação de Di Maria. A um jogador com a sua experiência exige-se contenção nestes momentos.

Foi uma aplicação exemplar da lei de Murphy. O Boavista teve imensos amarelados mas nós é que ficámos reduzidos a 10 (num lance em que a avaliação do árbitro me parece muito exagerada, mas enfim), a seguir à expulsão sofremos logo golo nessa mesma jogada, apesar da entrada de Mourato; atacámos muito e atirámos bolas à barra mas o Boavista nas poucas oportunidades que teve fez 3 golos...

Enfim, já lá vai e esperemos que seja "aquele" jogo que acontece sempre uma vez por época, na qual apesar de todos os esforços para ganhar e múltiplas oportunidades se perde porque aparentemente estava escrito que assim seria. Depois disso já vencemos- não sem dificuldade - o Estrela da Amadora em casa. Mais uma vez, foi um jogo em que a produção ofensiva claramente deveria ter tido outro resultado, ou seja, outro aproveitamento. Eficácia precisa-se. E desse jogo resulta também evidente que Neres é um elemento que desequilibra como nenhum outro (exceptuando talvez Di Maria) e que tem de jogar com regularidade.

Acima de tudo precisamos todos (treinador e plantel) de nos convencer que os nomes não ganham jogos e que "merecer" não basta - é preciso colocar a bola dentro das redes adversárias mais vezes do que o oponente; e recordar também uma máxima do futebol: os ataques ganham jogos mas as defesas ganham campeonatos. Por fim, lembrar o nosso lema; sem união será impossível ganhar seja o que for. 

segunda-feira, 3 de julho de 2023

Di Maria é um dos maiores jogadores do mundo

A confirmar-se a contratação de Di Maria estamos a falar da vinda de um dos maiores futebolistas do Mundo para o Benfica.

Na Juventus pouco podia fazer, dado que o clube, apesar de ter bons jogadores, está em queda há muito. Mas reparem que de resto foi decisivo e muitas vezes o principal protagonista quer em clubes como Real Madrid e Paris St G quer na seleção Argentina. Nessas equipas jogou ao lado dos outros maiores do mundo (Cristiano Ronaldo, Neymar, Messi e Mbapé, entre outros) e não raras vezes foi o melhor em campo e aquele que decidiu os jogos. Isto, recordo, em equipas que eram ou são verdadeiras constelações de estrelas. Veja-se por exemplo a Argentina campeã do mundo. Uma equipa onde jogadores da categoria de Lautaro e Dybala praticamente não jogaram.

Di Maria é um jogador fenomenal: é imprevisível, desequilibrador e inconformado. Ainda na final do campenato do mundo foi absolutamente decisivo com um golo e um penalty sofrido. E quando o treinador o decidiu tirar com o resultado em 2-2 (após a Argentina ter estado a vencer por 2-0), saiu com humildade e de forma natural.

Estamos portanto a falar de uma estrela de calibre mundial. 35 anos obviamente que não é "velho". É ainda um jogador com muito para dar. E a classe não se perde, muito pelo contrário, quando existe só se refina com o tempo. Há é que ter cuidado porque o Inter (de Miami) ainda estará a tentar qualquer coisa.

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Campeões, campeões, campeãs

 O Benfica conquistou este sábado o título nacional de hóquei em patins terminando com um jejum que durava já desde 2016 (15/16 tinha sido o último campeonato ganho). 

Esta época já tínhamos vencido a Supertaça ao bater o Porto por 4-2, mas note-se que no ano anterior o Porto alcançou a dobradinha (fomos finalistas derrotados da Taça). Aliás o Benfica também não vence a Taça desde 2014/2015. Venceu a "Taça 1947" que se realizou apenas um ano (2020) e que o Benfica ganhou ao bater o Sporting na final por penalties. A "Taça 1947" de algum modo substituiu nesse ano a Taça de Portugal que não se realizou devido ao Covid. 

Essa Supertaça talvez tenha moralizado a equipa para a conquista deste campeonato, no qual batemos sucessivamente os dois maiores rivais. Depois do factor casa ter sido decisivo contra o Porto, agora alcançámos o título em Alvalade, ao vencer por 3-1 no jogo 4 (curiosamente o playoff também ficou 3-1). Era importante vencer na casa do adversário, até pelo que disse um dirigente do Sporting que colocou em causa o mérito da nossa equipa. A equipa entrou com personalidade e apesar de ter sofrido o primeiro golo (após um período de pressão do Sporting), manteve-se confiante e deu a volta ao resultado. Depois foi sobretudo defender. Embora ambas as equipas tivessem tido oportunidades para fazer mais golos, incluindo através de livres directos, o resultado ficou-se pelos 3-1. Praticamente todos os jogadores estiveram num bom plano mas é justo destacar antes de mais Pedro Henriques que defendeu praticamente tudo: perdi a conta ao número de defesas. Depois Gonçalo Pinto que fez os dois primeiros golos e Ordones que marcou o 3 golo num míssil que Girão nem viu. Aliás esse golo, ainda ainda no primeiro terço da segunda parte, foi um tónico decisivo para a vitória. É que ele surge na sequência de um livre directo para o Sporting que Pedro Henriques defende 3 - três - vezes com brilhantismo. 11 segundos depois a bola está no fundo da baliza do Sporting. É um lance que merece ser visto e revisto. Também gostei muito do jogo de Edu Lamas (assistência para o 2º golo). Independentemente de para onde vai, foi dedicado e profissional. E falando de destaques não podíamos esquecer o Diogo Rafael que leva sempre aquela imensa alma benfiquista para dentro do ringue.

O resumo do jogo está disponível no site oficial do Benfica: https://www.slbenfica.pt/pt-pt/agora/noticias/2023/06/18/hoquei-em-patins-sporting-benfica-jogo-4-final-play-off-campeonato-nacional 



Uma última nota sobre o hóquei (masculino) do Benfica. A Golden Cup foi, para todos os efeitos (excepto provavelmente a contabilidade oficial) a Taça ou Liga dos Campeões em 2022. Estiveram lá todas as equipas principais (Barcelona, Porto, Sporting, Liceo da Corunha, Óquei de Barcelos, Réus, etc.). Houve uma fase de grupos, seguida de quartos, meias e final. As equipas dispoutaram esta competição após não se terem querido inscrever na Liga dos Campeões, em divergência com o seu formato. O Benfica foi o vencedor: após eliminar Barcelona e Liceo (a equipa da casa), bateu o OC Barcelos por 5-1 na final. A questão é que esta foi um torneio particular organizado pelo Liceo e portanto não será contabilizado. De todas as formas, o Benfica é o clube português com maior palmarés internacional com 3 Taças Intercontinentais, 2 Continentais, 2 Taças dos Campeões e 2 Taças CERS. No entanto a nível nacional as coisas já estiveram melhores (e também piores). O Benfica igualou agora o Porto em campeonatos (24). No entanto está atrás em Taças (15-18) e sobretudo em Supertaças (8-23). Este problema com as Supertaças é idêntico ao futebol e foi muito por aqui que o Porto começou a crescer, a ponto de nos igualar em títulos. 

O campeonato em hóquei segue-se ao alcançado no basquetebol, também contra o Sporting. Aí a superioridade foi ainda mais evidente. Vencemos um jogo in extremis e perdemos outro , mas depois vencemos por duas vezes em Alvalade de forma expressiva, a primeira então  foi um cabaz autêntico (101-57!!!). O Benfica é assim bicampeão de basquetebol.

Estas vitórias seguem-se ao título no futebol e no voleibol. Falta ainda concluir o futsal, mas o Sporting está em vantagem por 2-1 e eu sempre disse que era favorito, tal como nós o éramos no basket. 

Isto nos masculinos. Porque nos campeonatos femininos há também que louvar as nossas atletas, a começar pelas hoquistas. O Benfica conquistou este ano um inédito decacampeonato! 10 campeonatos seguidos! Também vencemos a Taça de Portugal (3ª seguida) e a Supertaça (9 seguidas!). Mérito das atletas e da lenda Paulo Almeida. 

No futsal, as meninas também se sagraram campeãs, neste caso hexacampeãs! Além disso fizeram um triplete ao conquistar igualmente a Taça e a Taça da Liga. Isto junta-se ao futebol feminino em que as nossas atletas também foram campeãs e venceram a Taça da Liga.

Em resumo, faltando ainda a conclusão do futsal, podemos já dizer que esta é uma época muito positiva para o Benfica. O principal objetivo foi alcançado e as modalidades também se portaram bem. O problema continua a ser o andebol. O Benfica o ano passado até venceu a Supertaça e teve a magnífica conquista da Liga Europeia EHF, mas este ano voltámos ao normal do passado recente que é ganhar pouco ou nada. Para encontrar títulos antes de 2022 tínhamos de recuar a 2018, ano em que vencemos a supertaça e Taça de Portugal. Curiosamente no andebol o Benfica até consegue ganhar muitas supertaças. Mas a verdade é que não somos campeões de andebol desde 2008.  Não conheço a secção e quais os problemas em concreto mas de facto 15 anos sem ser campeão é muito tempo.


domingo, 11 de junho de 2023

Recuperar a grandeza do Benfica

A contratação de Kokçu é uma ótima notícia. Assim como a renovação de Otamendi. Kokçu pelo que tenho visto é um jogador de categoria. Não costumo acompanhar o campeonato holandês mas sabemos que é um campeonato de passagem para grandes jogadores. Basta lembrar Romário ou Ronaldo fenómeno, para não falar da fornada recente de jogadores do Ajax ou da belíssima experiência com Aurnes. Além de uma boa, esperemos que ótima contratação, esta operação mostra que o Benfica consegue ser atractivo para jogadores muito promissores e que a direcção não está a dormir à sombra da bananeira mas sim a procurar criar condições ainda melhores para o treinador. Isto aplica-se igualmente à renovação de Otamendi. Não é um jogador jovem, obviamente, mas é um líder, um vencedor, um guerreiro que dá tudo e que está habituado aos palcos mais exigentes do futebol mundial. Aquilo que estamos a ver é um trabalho sério e atempado para entrar na próxima época com boas perspectivas em relação a todas as provas nacionais e até a uma campanha interessante na Europa. Rui Costa e a sua equipa estão a trabalhar com critério. E são benfiquistas, aspecto que conta muito. Ao ver as imagens do primeiro dia de Kokçu no Benfica e ao vermos hoje a final da Liga dos Campeões - parabéns Éderson, Rúben Dias e Bernardo Silva - percebemos que têm passado pelo nosso clube (e estão lá atualmente) jogadores de classe mundial, lendas do futebol. Se recuarmos no tempo temos Eusébio, Coluna, Águas e tantos outros, Chalana, Humberto Coelho, etc. Mas mais recentemente estivemos em duas finais de Taças dos Campeões (uma delas com o lendário Milão) que poderíamos ter vencido, com jogadores como Mozer, Valdo, etc. E ainda mais recentemente tivemos estrelas como Simão, Aimar, Di Maria, Saviola, Cardozo, Luizão, David Luiz e muitos outros. Isto significa que o Benfica está num patamar muito alto no futebol europeu e que o que lhe falta para alcançar prémios, como diz Roger Smith, internacionais se calhar é menos do que pode parecer. Olhe-se para o Sevilha. Tem tido alguns bons jogadores mas nada que explique a quantidade quase absurda de Ligas Europa. Isto é apenas um exemplo, até porque não é previsível que vamos jogar muito na Liga Europa ou pelo menos não é essa a nossa intenção. O Inter é outro exemplo: uma equipa que achamos que poderíamos ter eliminado foi à final e contra um super Manchester City não teve a sorte do jogo ou ter-se-ia mesmo "arriscado" a ganhar. O que está então a faltar ao Benfica? Na minha opinião duas coisas. Uma é a consistência. Grandes jogadores têm passado pelo clube e nalguns anos tivemos grandes equipas, mas a seguir a boas épocas a preocupação foi vender. Eu sei que há que realizar vendas e ter contas equilibradas mas nos últimos anos de Vieira esse parecia ser o objectivo principal. Isso é a inversão da lógica clubística: a saúde financeira deve ser um meio para o sucesso desportivo e não o contrário. Ter consistência neste contexto significa ter todos os anos ewuipas competitivas e ter uma linha estratégica que tem continuidade ao longo dos anos. Dizer que se vai ter a espinha dorsal da selecção nacional num ano, que se vai apostar na formação no seguinte e contratar Jorge Jesus no outro, porque se quer "ganhar no imediato" é andar ao sabor do vento. Isto resultava do facto de Vieira se guiar por uma lógica de poder pessoal (para não dizer enriquecimento) e não pelos interesses do clube. Neste momento as coisas são diferentes. A outra coisa que falta ao Benfica (e ao futebol português em geral) é confiança. Não achamos que somos capazes. Achamos sempre que os outros são melhores do que nós. Oscilamos entre isso e desvalorizar os outros. Ambas as atitudes são erradas. O que é necessário para vencer é ser melhor dentro do campo. E isso é possível mais vezes do que parece porque temos qualidade, como procurei mostrar. Talvez ao nível da compleição física tenhamos alguma desvantagem em relação a outros países e outros clubes. Mas aí cabe ter a inteligência, a capacidade e a confiança para conseguir levar o jogo para o campo que mais nos interessa e onde temos vantagem. E isso acontece no plano técnico, no toque de bola e por vezes na velocidade. Olhe-se para a equipa de Espanha que ganhou tudo no futebol mundial e esteve imbatível em torneios consecutivos. Com a excepção de Sérgio Ramos (que tem apenas 1,83) eram todos "pequeninos": Xavi, Iniesta, Villa, Fabregas... Simplesmente o adversário nem via a bola. A comparação não é para dizer que temos a mesma qualidade ou devemos jogar como a Espanha, mas sim que temos de levar o jogo para o lado que mais nos convém se e quando enfrentarmos adversários mais físicos. Ainda mais um exemplo: Busquets. Neste caso não o refiro por ser baixinho. Pelo contrário, estamos a falar de um jogador com 1,90m. Mas a sua compleição e morfologia (alto e muito magro) não só não parece de um jogador daquela posição (uma posição de choque em geral) como não parece a mais adequada para um jogador de futebol. No entanto é considerado por muitos um dos melhores médios do mundo naquela função. Falta-nos consistência e confiança em nós próprios. Vencer a um nível elevado não deve ser visto como inacessível nem sequer como um feito extraordinário. Deve ser visto com alguma normalidade num clube como o Benfica. Agora para isso é necessário qualidade, algo que começamos a ver neste plantel. Uma última nota. Acho que temos sido demasiado vulneráveis aos jogos mentais do Porto nos últimos anos e por isso temos perdido tantas vezes, muitas delas na Luz, o que é inadmissível. O que vi no hóquei foi já um muito bom sinal. Mais uma vez, a questão é confiança (não num sentido superficial de confiança vazia e balofa, mas a confiança que resulta do trabalho sério e que não se deixa abalar ao mais pequeno percalço). As palavras de Florentino na fase final da época foram importantes: acreditamos no processo. Não lhes demos troco nem nos deixemos distrair pelos truques e mind games. Concentremo-nos sempre no jogo e em expressar as nossas qualidades no seu máximo expoente.

terça-feira, 6 de junho de 2023

Campeões no futebol, nas finais em modalidades

O Benfica é campeão nacional, com todo o mérito e justiça. Nos últimos jogos a equipa não tremeu nem fraquejou. A vantagem adquirida nos primeiros dois terços do campeonato provou-se decisiva, permitindo chegar ao final da prova em primeiro, apesar dos percalços sofridos em Abril. Na fase final do campeonato, o jogo com o Braga mostrou-se decisivo, porque trouxe tranquilidade, sobretudo para o jogo de Alvalade. A exibição em Portimão foi a prova de que o campeão estava de volta. Se a conquista não merece a mais pequena contestação, há porém que perceber o que correu menos bem e há que reforçar a equipa para a próxima época. Apesar da excelente surpresa que foi João Neves, considero que necessitamos de um centro campista. Há também a difícil substituição de Grimaldo, um jogador que dava uma enorme dinâmica atacante e além disso ainda marcava golos, incluindo de livre. E se Gilberto sair (e na fase final da época o brasileiro não conseguiu responder às necessidades da equipa) também será necessário encontrar uma solução. De resto eu não mexeria muito. Mas se a época foi de sucesso no futebol (a participação na Liga dos Campeões foi muito boa também), nas modalidades também estamos bem posicionados para mais títulos. Para já no Voleibol (cuja época termina mais cedo), vencemos o campeonato e a Taça de Portugal. Mas depois nas outras, com excepção do Andebol, estamos na final em todas - e curiosamente sempre com o Sporting como adversário. No hóquei em patins eliminámos o Porto ontem. O factor casa foi decisivo. Vencemos os 3 jogos em casa e perdemos os dois fora. Também foi muito importante esmagar o Porto no primeiro jogo, com um impressionante 5-0. Vamos jogar na final contra o Sporting que não teve dificuldade em eliminar o Óquei de Barcelos (3-0). No Basquetebol, a final já começou e vencemos o primeiro jogo, em casa, num jogo electrizante: a cerca de 1 minuto parao fim tínhamos o jogo praticamente ganho, a 3.7 segundos do fim estávamos a perder e no último fôlego conseguimos a vitória. Mas até por aqui se viu que as coisas não serão fáceis. E por fim temos o Futsal, onde o Sporting de 2010 para cá é em geral favorito. O Benfica chegou a estar em risco de ser eliminado na meia final ao perder o primeiro jogo, em casa, contra o Braga. Mas lá corrigiu e venceu os dois jogos seguintes, apurando-se para a final. Nos últimos anos o Benfica não tem tido muita sorte e por vezes foi perdulário. A derrota nas meias finais da Liga dos Campeões do ano passado foi uma coisa algo inexplicável. Depois de estarmos a ganhar por 3-0 deixamos o Barcelona dar a volta ao jogo e perdemos a 17 segundos do fim! O Barcelona viria a vencer o Sporting na final por uns claros 4-0. Este ano perdemos novamente na meia final, num jogo estranho com o Palma que depois viria a vencer também o Sporting numa final também algo estranha. Esperemos que desta vez tenhamos mais sorte.

terça-feira, 23 de maio de 2023

"Como é que o Santa Clara pode parar o Benfica?"

Ouvi hoje nalguns canais perguntas do estilo: "como pode o Santa Clara parar o Benfica?", "como deve o Santa Clara jogar?" ou "o que esperas do Santa Clara?". Já sobre o Guimarães não ouvi muita coisa, excepto que se perder por 11-0 (!!), o Benfica poderá, em caso de empate, perder o título ou ter de jogar uma finalíssima com o Porto. "No futebol já vi de tudo"; "tudo é possível no futebol", asseveram.

Certíssimo. O que aparentemente não é possível, nem merece ser considerado é a possibilidade do Guimarães empatar ou vencer no Porto. Isso pelos vistos já não é futebol, nem é tema "como deverá o Guimarães jogar" ou que obrigação tem o Guimarães por respeito para com a verdade desportiva.

Enfim, mais um exemplo da comunicação social amestrada, submissa e temerosa em relação ao Porto. Eu percebo. Os árbitros e suas famílias já foram ameaçados, jornalistas foram múltiplas vezes agredidos no dragão ao longo destas décadas (o Valdemar Duarte, por exemplo, entre muitos, muitos outros, incluindo por capangas de Pinto de Costa), a família do treinador do Porto foi atacada quando saía de carro do estádio e o ano passado até a festejar o título mataram um dos seus ao murro, pontapé e facadas, 16 ou 18. Tudo bons rapazes. Há pois razões objetivas para ter medo. Mas isto é o contrário do que deve ser o desporto.

O futebol português vive um ambiente de medo, bafiento. Os árbitros, que tantas vezes criticamos, se calhar são tanto ou talvez até mais vítimas do que quaisquer outros (ver os ataques aos talhos de um árbitro, as "visitas de cortesia" dos dragões ao centro de estágios, as ameaças de Luís Gonçalves todas as semanas). Alguém que ponha mão nisto. Ao fim de 40 anos se calhar já é tempo. 

sábado, 20 de maio de 2023

As minhas desculpas aos leitores

 


 Tenho de pedir desculpas aos meus leitores. Escrevi aqui (clicar) que era um autêntico escândalo que o Porto fosse só a 4ª equipa de futebol com mais penalties do mundo. E defendi que os jogos deviam começar com 3 penalties a favor do Porto. 

Pois bem, o Porto já é a equipa do mundo com mais penalties nesta década (e nas outras imagino que também não tenha estado longe desse lugar, especialmente nas décadas "de ouro" dos quinhentinhos, café com leite e fruta para dormir), mas eu estava errado - e por isso penitencio-me perante os leitores. Afinal não eram 3 mas sim 4 os penalties a que o Porto deve legalmente, juridicamente, por uma questão de estatuto, ter direito por jogo.

E neste jogo finalmente teve-os. Primeiro num lance muito duvidoso em que Octávio parece promover o contacto e atirar-se contra o jogador do Famalicão (e em que a Sporttv, ou seja o VAR, praticamente não deu repetições) foram logo dois a abrir o jogo. Como o primeiro foi falhado, atirado à figura do guarda-redes que não se mexeu, Fábio Veríssimo manda repetir. E depois do Famalicão empatar contra todas as expectativas lá vieram mais dois. O terceiro num lance em que os jogadores da equipa da casa se queixam de que a bola teria saído pela linha final antes da situação que resulta em penalty. Não me pareceu mas mais uma vez o VAR (Sporttv) não mostrou repetições, nem Fábio Veríssimo analisou esse momento. 

Palavras para quê? Eu tinha vergonha se a minha equipa ganhasse assim. Um dia as coisas mudarão. Entretanto o futebol português continuará o "lixo" de que Conceição falou. Eu diria pocilga. E como disse Bernard Shaw, nunca lutes com um Porco: vais-te sujar e o Porco gosta. 


 

 

 Uma última nota: os adversários já têm medo de falar das arbitragens, mesmo depois de levarem com 4 penalties em cima. Dizem que não querem falar desses temas. Há uma semana, o treinador do Portomonense, depois de levar 5 que podiam ter sido 10 (e em que há um penalty claríssimo sobre Ramos que não é assinalado) vem falar da arbitragem. Eles sabem de quem é que precisam de ter medo e de quem é que podem falar à vontade sem temer quaisquer consequências.