quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Esperado mas ainda assim muito negativo

O Benfica saiu da Champions sem honra nem glória, confirmando o pior cenário que se começou logo a adivinhar na primeira jornada da competição.
Embora este desfecho fosse esperado, há que admitir que a prestação da nossa equipa é bastante fraca e fica aquém dos mínimos exigíveis, mesmo considerando as limitações do plantel.
A única boa notícia da noite foi a vitória do Mónaco que nos afasta da Liga Europa. Pelo menos não teremos que jogar semana após semana uma competição que dá pouca visibilidade, pouco prestígio e pouco dinheiro para o desgaste que provoca.
O Benfica terá assim que se concentrar nas provas internas, onde defende todos os títulos, naturalmente com prioridade no campeonato.

Voltando à Liga dos Campeões, Jorge Jesus não tem realmente conseguido boas prestações, tendo a deste ano sido francamente má. Dois golos marcados e seis sofridos é um péssimo balanço que demonstra que não se tratou apenas de um problema de sorte e azar.

A menor valia do plantel também não pode explicar tudo, por duas razões: noutros anos tivemos plantéis com imensa qualidade e não fizemos melhor (com excepção de uma época); equipas parecidas ou inferiores ao Benfica em termos de qualidade estão a fazer bastante melhor: Basileia, Mónaco ou Sporting.

Aquilo que podemos afirmar é que o Benfica de Jorge Jesus não se tem dado bem com a Liga dos Campeões, claramente porque há algo na abordagem dos jogos que não funciona. Se é (apenas) devido à questão dos dois pontas de lança é algo que eu não sei avaliar.

No imediato regressamos à realidade da competição interna, onde temos ganho, apesar de não estarmos a jogar particularmente bem. O jogo com o Moreirense para a Taça foi até dos mais bem conseguidos nos tempos recentes. É importante que o desaire europeu não se reflita na mente dos jogadores num sentido negativo e depressivo.

Como assinalei há pouco tempo atrás, aproxima-se uma fase complicada de jogos na qual o Benfica não pode claudicar mais. A europa já foi mas agora importa agarrarmo-nos às competições internas nas quais dentro de pouco tempo o Benfica enfrentará o Porto num jogo que pode marcar o ulterior desenvolvimento da época.

Taça - adversário Benfica nos 8ºs de final

Eliminado das competições europeias ontem, o Benfica ficou há segundos a saber que defrontará o Braga na Luz.
Já o Sporting vai a Vizela.
O sorteio é bom na medida em que nos permite eliminar o segundo adversário mais difícil da prova. Se o conseguirmos, como temos obrigação, ficará em prova apenas uma equipa ao nível do Benfica.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Um Domingo em cheio

Quem diria? Numa jornada em que a partida o Benfica era quem corria mais riscos, acabámos por ganhar pontos aos dois rivais. E isto depois de entrarmos no jogo a perder.

São excelentes notícias, nomeadamente por, como assinalámos no anterior post, na Choupana se ter iniciado um ciclo difícil e importante de jogos e também pelo facto do campeonato agora se interromper durante algumas semanas. Esta folga pontual e temporal dá ao Benfica melhores condições psicológicas para trabalhar no (muito) que a equipa precisa para se consolidar.

Na Madeira o Benfica precisava sobretudo de garantir o resultado. Se isto é verdade para todos os jogos, o que eu pretendo aqui sublinhar é que nesta fase da época, tendo por adquirido que a equipa ainda procura o seu equilíbrio fundamental, sobretudo no meio campo, há que privilegiar a objectividade e o resultado em detrimento da qualidade futebolística.

O Benfica não tem sido muito capaz de ter o controlo do jogo, algo que no ano passado alcançou (dando a dada altura a ideia de que era quase impossível perder um jogo), mas tem vencido. Ontem na segunda parte apostou claramente em manter o resultado - e conseguiu-o.

No entanto isto não pode ser uma estratégia para a época. O Benfica ontem não sofreu na segunda parte mas podia ter sofrido, inclusivamente numa jogada mal anulada por fora de jogo inexistente.

É pois preciso fazer mais e melhor. É preciso sobretudo ter outro controlo do meio campo. Samaris tarda em integrar-se naquela posição tão importante no sistema táctico de Jorge Jesus. Creio que André Almeida seria a melhor solução nesta fase, mas já percebemos que Jesus não apostará nela por razões que desconheço.

Espero que Fedja possa estar de regresso rapidamente. Se não estou em erro, dezembro ou janeiro foram apontados como datas do seu regresso. Esperemos que isso aconteça.

Também Sílvio, quando puder regressar, será um importante reforço para as laterais.

No entanto, para além das questões das peças individuais, é a equipa como um todo que precisa de evoluir harmoniosamente como ainda não acontece. O facto de termos apenas dois jogadores no "miolo" e extremos muito atacantes obriga a compensações e equilíbrios muito precisos, sob pena da equipa ser apanhada completamente em contrapé (como aconteceu em Braga). 

Já tem sido referido muitas vezes que Rodrigo, com a sua grande mobilidade e Lima com a sua grande capacidade de trabalho constituíam uma primeira linha de pressão que este ano desapareceu. Também é uma realidade que havia mais talento (para além de Rodrigo e Matic, que jogou até dezembro, Markovic e André Gomes, já para não falar dos defesas Garay e Siqueira muito dotados tecnicamente ), o que punha as outras equipas mais em sentido. 

O equilíbrio desta equipa terá pois que ser feito de outra forma. Estas semanas de interlúdio no campeonato serão pois úteis para trabalhar nalguns aspectos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Calendário: ciclo de jogos decisivos

1. O Benfica inicia Domingo um ciclo muito difícil de jogos que decidirão muito do sucesso desta época.

O quadro de jogos é o seguinte:

9/11 Nacional-Benfica
(a 14/11 a seleção jogará com a Arménia)
22/11 Benfica-Moreirense (Taça de Portugal)
26/11 Zénite-Benfica
30/11 Académica-Benfica
7/12 Benfica-Belenenses
9/12 Benfica-Bayer Leverkussen
14/12 Porto-Benfica

2. Deste ciclo de 6 jogos sairá uma decisão - a continuidade na Europa - e uma maior definição do resultado final do campeonato: nos últimos 5 anos o confronto entre Benfica e Porto determinou o campeão e na maioria dos casos isso aconteceu logo na primeira volta (em 2010 o golo de Saviola projetou-nos para a liderança de que não mais sairíamos, em 2011 a goleada sofrida no dragão afundou-nos definitivamente, em 2012 e 2013 foram os jogos da segunda volta que marcaram a passagem da liderança do Benfica para o Porto e no ano passado a vitória dos "11 Eusébios" marcou a época). Diga-se de passagem que este ano o título poderá ainda ter no Sporting um terceiro candidato o que baralharia as contas tal como as concebemos a partir dos casos dos últimos anos.

3. É evidente que o Benfica procura ainda um equilíbrio e uma dinâmica e que existem (ainda) limitações claras. Nas alas com a lesão de Ola John deixou de haver qualquer rotatividade e Sálvio e Gáitan já se ressentem desse facto. O núcleo nevrálgico da equipa ainda tem muitas intermitências a funcionar: Samaris é substituído em praticamente todos os jogos e já jogaram pelo menos 5 duplas diferentes. As boas notícias são que Enzo parece estar a subir de forma, Júlio César parece começar a agarrar a baliza (dando outra tranquilidade ao sector) e Jardel e Lisandro têm estado a melhorar, dando razoáveis garantias. Isto para já não referir, sob pena de nos tornarmos repetitivos, o extraordinário rendimento de Talisca que é mesmo craque. Derley também tem evoluído o seu jogo e Lima quando passar o período de menos sorte que claramente atravessa começará a facturar com regularidade. 

4. A questão que eu me coloco é se haverá tempo para esta equipa se consolidar e crescer. Isto porque, com todo o realismo, o Porto tem um plantel impressionante com vários - muitos mesmo - jogadores capazes de fazer a diferença. O próprio Sporting está mais forte do que o ano passado (já jogou na Luz e recebeu o Porto para o campeonato), com Nani e mais banco. O seu calcanhar de Aquiles é claramente a defesa. Num cenário destes, teremos que ser inteligentes, calculistas e "resultadistas". Temos que ser realistas e perceber que neste momento não somos favoritos no campeonato nem na Liga dos Campeões. Esse será o primeiro passo para aumentarmos as nossas hipóteses de alcançar os objectivos pretendidos. 








quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Os lucros e benefícios da Benfica TV


A Benfica TV foi um projeto pioneiro (não apenas em Portugal) que constituiu um golpe tremendo no sistema do futebol português.


Com a Benfica TV o clube adquiriu um poder tremendo, ao mesmo tempo que atacava a hegemonia da Sport tv, altamente conotada com o Porto e que dominava o nosso futebol.

A Benfica TV, ao mesmo tempo que criava um canal de comunicação de massas direto entre o clube e os adeptos, permitindo que as mensagens chegassem sem intermediários, fio e é um contrapeso tremendo à Sport Tv, nomeadamente nos subscritores de conteúdos pagos. Para além dos jogos do Benfica em casa, incluíndo equipa B, juniores e modalidades, o canal adquiriu os direitos de transmissão da Liga Inglesa (claramente a mais espectacular do mundo) e ainda outros produtos como os combates internacionais da UFC (artes marciais mistas) que têm ganho grande popularidade em todo o mundo.

Deve também dizer-se que os conteúdos feitos pela Benfica TV, como entrevistas, debates e programas de opinião têm melhorado muito e atingido nalguns casos patamares elevados de qualidade.

Recentemente soube-se, através  do Relatório e Contas da época passada, que a Benfica TV tinha gerado uma receita de 28, 1 milhões de euros. 

Esta notícia é importante porque muitos queriam fazer-nos crer que a decisão de romper com a Sport TV e transmitir os jogos em casa na Benfica TV tinha sido uma má decisão em termos comerciais.

Sempre defendi que as decisões têm que ser analisadas na sua globalidade, de um ponto de vista estratégico e não apenas contabilístico e que portanto a decisão tinha sido correcta e até fundamental para o Benfcia acabar com o sistema de poder em vigência no futebol português e assim conseguir uma competição limpa onde tivesse mais hipóteses de ganhar.

Estes números mostram porém que mesmo do ponto de vista comercial, a decisão foi excelente e os resultados superam todas as expectativas. 

Descontando os gastos ou despesas de funcionamento da Benfica TV, avaliados em 11 milhões (ver notícia abaixo transcrita do "Público"), o canal deu 17 milhões de euros de lucros. É um resultado óptimo. 

Alguns dirão que estes valores ficam abaixo da última oferta da Sport TV. A própria notícia abaixo sublinha isto. Mas aí há que considerar três coisas: 1) essa oferta resultou apenas do facto do Benfica ter exigido mais precisamente por ter uma capacidade negocial muito forte adveniente de ter sempre de reserva a possibilidade de transmitir os jogos na Benfica TV; 2) uma maior receita para o Benfica equivaleria a uma maior receita para o Porto que obrigatoriamente recebe 80% do que o Benfica recebe; 3) - o factor mais importante - a Benfica TV dá-nos um poder e capacidade de promover a marca Benfica que dificilmente pode ser quantificado. 

Como nota final gostaria de sublinhar que não gosto desta nova designação de "BTV". Acho que a Benfica TV é a Benfica TV e não pode haver qualquer timidez ou vergonha em afirmar o nome do clube no nome do seu canal. Duvido que qualquer pessoa que não goste do Benfica vá subscrever o canal apenas por este de Benfica TV tenha passado a BTV. Espero aliás que esta história seja reversível e que o canal volte a ter o clube no nome.


Benfica TV rendeu 17 milhões de euros “limpos”

Encaixe em 2013-14 é inferior à última oferta da Olivedesportos, que atingia os 22,2 milhões de euros por ano.

O Benfica iniciou na época passada uma nova forma de explorar os seus direitos televisivos, trocando a venda a uma empresa externa pela transmissão dos seus jogos no canal do clube. Afinal o que compensa mais? Os números publicados no relatório e contas da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Benfica indicam que a receita líquida gerada pela Benfica TV (17,1 milhões) ficou abaixo da última oferta da Olivedesportos (22,2 milhões), embora seja mais do dobro dos 8 milhões que a empresa de Joaquim Oliveira pagava até à época passada.
 “A BTV [Benfica TV], no seu novo modelo e, ainda, único em todo o mundo, gerou no presente exercício receitas brutas de 28,1 milhões de euros. Resultados que esperávamos, mas de que muitos desconfiavam. Resultados que superaram a oferta feita pela anterior empresa titular dos nossos direitos televisivos.”, diz Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, logo na mensagem inicial no relatório e contas da época 2013-14, enviado na sexta-feira à noite à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Só que para fazer a comparação com o anterior modelo, é necessário igualmente perceber quais são as despesas da Benfica TV, que tem “70 colaboradores” (como é referido no relatório) e adquiriu direitos de transmissão de jogos de campeonatos estrangeiros, como o inglês e o grego. Em nenhum capítulo do relatório, é especificado o balanço líquido da Benfica TV, mas a dado ponto é referido que “os gastos operacionais consolidados [da SAD do Benfica] aproximaram-se dos 109,2 milhões de euros, sendo a sua variação essencialmente explicada pela inclusão da Benfica TV no perímetro de consolidação da Benfica SAD, que gerou um impacto de 11 milhões de euros, e pelo aumento dos gastos com o pessoal.”
Há ainda referência a um acréscimo de 5,2 milhões de euros nos fornecimentos e serviços de terceiros, explicada pela Benfica TV e pela organização da final da Liga dos Campeões,  mas, ao que o PÚBLICO apurou, os valores destes serviços já estão englobados nos gastos operacionais consolidados.
Podemos, então, subtrair os 11 milhões de euros de custos da Benfica TV aos 28,1 milhões de euros de receitas brutas do canal para chegar a uma receita líquida de 17,1 milhões de euros. Em 2012, a Olivedesportos tinha oferecido 111 milhões por cinco temporadas, o que dava uma média de 22,2 milhões por época, mais cinco milhões do que a receita agora gerada pelo canal do Benfica. Nesta comparação, não é possível saber qual seria o valor líquido da oferta da Olivedesportos, mas, por outro lado, há igualmente receitas e despesas da Benfica TV que não estão relacionadas com a transmissão dos jogos caseiros da equipa profissional de futebol. Refira-se ainda que a Benfica TV já superou os 300 mil assinantes, segundo o relatório enviado à CMVM.
Outro dado relevante do relatório e contas do Benfica é a subida considerável dos gastos com pessoal. A SAD benfiquista gastou 62,2 milhões de euros (ME) em salários e prémios, mais 25,3% do que na época anterior (50,4 ME). Estes valores fizeram o clube da Luz descolar dos rivais, já que o FC Porto reduziu ligeiramente os gastos com pessoal (de 50,8 para 44,1 ME) e o Sporting fez um corte brutal (de 41,7 para os 25M).
“Os gastos com o pessoal registaram um crescimento de 25,3%, o qual é essencialmente justificado pelo investimento efectuado no plantel de futebol, que implicou um aumento da massa salarial, e pela distribuição de prémios de objectivos e desempenho por atletas, equipa técnica e estrutura profissional de futebol”, justifica-se no relatório da SAD — destes 63,2 milhões, 43,9M dizem respeito a remunerações fixas e dez milhões a prémios. O administrador financeiro da SAD, Soares de Oliveira, recebeu remunerações de 299 mil euros e Rui Costa 230 mil.
Como já era conhecido, desde que o Benfica apresentou o resumo das contas no mês passado, a SAD “encarnada” obteve um lucro de 14,2 milhões de euros na época 2013-14, um valor bem melhor do que os 368 mil euros de resultados positivos da SAD do Sporting e que contrasta com o elevado prejuízo da SAD do FC Porto no mesmo período: 38,4 milhões.
Tal como já era público no primeiro resumo das contas, o Benfica obteve na época passada resultados operacionais (sem vendas de jogadores) de 105 milhões de euros (ficando pela primeira vez acima dos 100 milhões), bateu um recorde de transferências de jogadores (encaixe de 75,6 milhões de euros) e o passivo subiu 2% para 449,1 milhões. Os capitais próprios melhoraram, mas são negativos (8,4 milhões), tal como acontece nos rivais - o FC Porto tem capitais próprios negativos de 28,5M e o Sporting de 118M negativos, estando as três sociedades na chamada situação de falência técnica.

De volta à luta

A vitória do Bayer sobre o Zénite fazia com que vencendo na Luz o Benfica voltasse às contas da qualificação. 

E assim aconteceu, num jogo difícil, no qual a pressão era muito alta, mas no qual a equipa deu uma boa resposta e venceu com alguma felicidade mas bem. Talisca voltou a ser decisivo num momento em que Jorge Jesus já tinha arriscado tudo.

Estamos agora em igualdade pontual com os russos e a apenas um ponto do Mónaco que na próxima jornada se desloca à Alemanha. 

O cenário está porém ainda longe de se poder considerar muito risonho, pois os dois jogos que temos pela frente são de dificuldade máxima.

Na próxima jornada o Benfica vai à Rússia onde não pode perder. O ideal seria mesmo ganhar. Com uma vitória e uma previsível derrota do Mónaco na Alemanha, o Benfica passava para um lugar de qualificação à entrada para a última jornada que disputamos em casa contra o Bayer. Caso o outro jogo (Mónaco-Zénite) resultasse num empate, o Benfica poderia até perder com os alemães que se qualificaria na mesma para os oitavos de final.

Caso o Benfica empate na Rússia, precisará depois de vencer o seu jogo em casa e esperar que o Zénite não vá vencer ao Principado. No entanto, se o Mónaco vencesse na Alemanha e depois vencesse o Zénite, seria ele que se qualificaria com 11 pontos, contra os 8 que o Benfica faria neste cenário.

São os vários "ses" ou cenários possíveis para o Benfica progredir para os oitavos da Champions. Como já expliquei, acho que o cenário de qualificação para a Liga Europa não nos interessa pois obriga a equipa a grande desgaste físico e emocional, com um retorno desportivo e financeiro limitado. A qualificação para os oitavos da Champions vale monetariamente o mesmo que a chegada à final da Liga Europa.

Refira-se ainda que se o Benfica vencer os seus dois jogos deverá qualificar-se, excepto se o Mónaco vencer também os seus. Ou seja, não dependemos exclusivamente de nós. Em todo o caso, estou convencido de que vencendo o Zénite na Rússia ficaremos muito perto da qualificação. 

A tarefa é pois muito difícil, como é evidente. Nestas qualificações não se podem desperdiçar pontos em casa como aconteceu na primeira jornada contra precisamente os russos, que aliás têm muitos e bons estrangeiros. 

Caso o Benfica perca em São Petersburgo fica automaticamente eliminado da Champions, restando-lhe disputar a vaga pela Liga Europa. Isto porque ficará a 3 pontos dos russos e em desvantagem no confronto directo, que é o primeiro factor de desempate em caso de igualdade pontual. 

Desta vez Jesus terá que ser mais astuto que Villas-Boas e os que ficaram e chegaram terão que ser melhores que os que partiram, como Garay, Javi Garcia e Witsel. Na multinacional do Zénite, agora também patrocinada pelo gás russo, cabem ainda Hulk e Danny, para além dos locais Kerzakov e Arshavin, entre outros. O orçamento é monstruoso.

Não será fácil mas acredito que o Benfica pode consegui-lo se for calculista, inteligente e estiver no máximo das suas capacidades.

Agora regressa porém o campeonato e é nisso que temos que nos focar. Vem aí um jogo habitualmente difícil, no terreno da Choupana na Madeira. A vitória é imprescindível para manter o primeiro lugar. Será o primeiro de 3 jogos fora em quatro jornadas. A equipa terá que estar ao seu melhor para sair deste ciclo como um líder reforçado. 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

"Mas nós estamos a querer desculpar este árbitro auxiliar??"

"Naaão, não, não!" responderam em coro os outros comentadores, como se isso fosse um crime de lesa-pátria, um pecado de bradar aos céus. Para eles aquele auxiliar não tinha mesmo perdão!!

Este foi o cenário de um dos programas desportivos de ontem. Os outros foram parecidos: o fiscal de linha não tem perdão por ter tomado uma decisão certa! 

Os "moderadores" ajudavam à festa, demonstrando quão "grave" foi a decisão - acertada, há que o repetir - do bandeirinha. Os programas abriram com este "caso" - o caso da decisão correcta que deveria ter sido errada para o fiscal de linha poder ser "ilibado".

Há um desejo de "sangue" de fazer uma caça às bruxas (talvez pelo jogo ter sido na noite de halloween) e de queimar o fiscal numa fogueira pelo seu erro, perdão, pelo seu acerto numa decisão fundamental do jogo. "Como é possível", perguntam-se os comentadores; "é inaudito", "inaceitável", dizem os outros, muito alterados e indignados.

Foram espectáculos entre o cómico e o grotesco que mostraram 1) que há muita gente doente da cabeça; 2) que o anti-benfiquismo grassa em todos os canais da nossa miserável televisão; 3) que Portugal continua a merecer o epíteto de Eça de Queirós: "uma choldra torpe". 

Razões mais do que suficientes para os benfiquistas pura e simplesmente deixarem de assistir - por inteiro - a estes programas. Dessa forma não fazem parte da palhaçada, não contribuem para as audiências e para a influência dos mesmos. Eu devo dizer que há muitos meses que não assistia a nenhum por motivos destes. Depois do que vi ontem passarão certamente muitos mais.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Talisca resolve

Num jogo a seguir a uma derrota e antes de uma jornada decisiva na Champions, o barómetro acusava níveis elevados. A vitória era imprescindível e o adversário não era dos mais fáceis.
O Benfica teve uma boa resposta, perante um Rio Ave que se fechou muito na sua retaguarda e apostou em manter o 0-0 o máximo tempo possível.

Mais uma vez Talisca tinha a chave das balizas adversárias e no momento certo soube usá-la. Mais um hino ao futebol. Começo a perder a conta aos golos monumentais do baiano - um jovem com apenas 20 anos e na sua primeira época fora do Brasil. Estamos perante um craque que temos que saber continuar a fazer crescer.

Depois do golo porém regressaram os problemas que se têm observado em vários jogos: o Benfica tem dificuldade em manter a vantagem no marcador, em "congelar" o jogo, ou seja, baixar o respetivo ritmo, em manter uma posse "tranquila" de bola. É claramente algo em que devemos trabalhar pois o Benfica precisa de saber manter vantagens no marcador. Hoje dá a ideia de que se tentamos apenas "manter" a vantagem baixamos demasiado o ritmo e a intensidade e deixamos o adversário crescer em confiança, se tentamos marcar mais golos acabamos por sofrer em contrapé como aconteceu com o Braga. 

Já amanhã temos um jogo decisivo para a continuidade na Champions. O Benfica precisá impreterivelmente de vencer esta partida e tem todas as condições para o conseguir. 

Precisamos de continuar a evoluir, a assentar processos, a ganhar rotinas, pois há muitos jogadores novos. No entanto os jogos a doer, verdadeiramente decisivos, não param. Mais do que notas artísticas nesta fase precisamos de ser resultadistas. 

Vem aí uma fase verdadeiramente decisiva do campeonato. Nas próximas quatro jornadas, o Benfica joga fora 3 vezes, com três deslocações de alto risco a campos onde temos perdido pontos nas últimas épocas. Na próxima jornada vamos à Madeira jogar com o Nacional, depois vamos a Coimbra e à jornada 13 vamos ao Dragão. Muito do campeonato vai começar a tomar forma nestas jornadas. Jogos destes entre os principais candidatos podem marcar o campeonato: em 2009 a vitória sobre o Porto (golo de Saviola) à 14ª jornada lançou o Benfica para o título; no ano passado nova vitória sobre o Porto, dessa vez por 2-0 e à 15ª jornada, também nos fez acelerar para uma época de sonho. Desta vez o jogo é no dragão mas já é mais do que hora de o Benfica lá vencer para o campeonato.

Duas notas finais sobre a imprensa desportiva portuguesa. A primeira prende-se com a diferença de tratamento da derrota do Benfica em Braga, a qual foi quase comparada à queda de Roma e a derrota do Sporting - essa sim estrondosa - que afinal nada mais é do que um acidente de percurso. É também curioso que se diga que Marco Silva quase não tem responsabilidade no que se passou e que as culpas devem ser assacadas aos jogadores. É curioso porque o elementar bom senso deveria levar os autores de tão brilhantes análises a pensar que se 11 (ou 14) jogadores estiveram mal, então provavelmente a tactica não foi bem preparada. Aliás se há jogo no qual uma equipa deu uma "cabazada" táctica à outra, esse jogo foi o de Guimarães. Não digo isto para atacar Marco Silva, com que até simpatizo, mas sim para mostrar a diferença de tratamento que existe para com Jesus que sempre que a equipa perde é o culpado e um péssimo treinador.

A outra nota prende-se com a originalidade portuguesa. Nos outros países criticam-se as decisões erradas dos árbitros e auxiliares. Em Portugal criticam-se as certas. O fiscal de linha acertou ao anular o golo do Rio Ave, algo que motivou grande "indignação". Cambadas de mentecaptos, autênticos atrasados mentais, dedicam minutos e horas a determinar onde estava afinal o malandro fiscal de linha, para, por processos de intenção inenarráveis, chegar à conclusão que havia uma intenção clara de anular o golo e beneficiar o Benfica. É gente sem classificação.