O jogo começou a ser ganho na escolha do 11.
Como escrevi, Bah é o lateral direito do Benfica e a solução Tomás Araújo não poderia senão ser transitória. Num jogo deste nível e intensidade precisávamos de Bah. Mas Lage fez uma coisa ainda mais inteligente que foi colocar simultaneamente Bah e Araújo no 11, deixando desta vez António Silva no banco. Aproveitou-se o bom momento do central (que além disso é mais técnico do que Silva) e Bah regressou ao 11 como tinha de ser. Por acaso as coisas até podiam ter corrido mal e o jogo ter sido completamente diferente, logo por aquele lado. É que ainda no primeiro minuto Araújo tenta fintar um adversário, perde a bola quase sem colegas atrás de si e dá azo a um lance que foi bem resolvido mas que poderia ter sido de muito perigo. No entanto esse lance não gerou qualquer intranquilidade, fosse em Araújo, que embarcou para uma exibição sem nada a apontar, fosse na restante equipa que vulgarizou por completo um Atlético de Madrid que ainda não tinha perdido esta época, nem sequer contra o super Real Madrid. Nota ainda para a manutenção de Pavlidis no 11, quando alguns defendiam que se deveria jogar sem avançado fixo. Pelo contrário, Pavlidis permitiu fixar os centrais do Atleti e ao mesmo tempo serviu de ponto de apoio para os nossos ataques, tendo estado perto de marcar duas vezes e tendo conquistado o penalti que permitiu à equipa tranquilizar ainda mais.
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Também escrevi aqui, logo antes do jogo, que seria muito difícil bater esta equipa madrilena, cínica e simultaneamente muito talentosa. Uma equipa onde há 4 campeões do mundo. Uma equipa que jogou com um ataque extremamente móvel e perigoso. Eu tinha até algum receio de que um eventual resultado menos bom pudesse colocar em causa o momento positivo que se vive, quer a nível futebolístico quer em termos de empatia e ambiente entre jogadores e adeptos. Obviamente estava muito longe de imaginar uma goleada por 4-0!!
Foi uma noite europeia, uma noite de gala na qual o Benfica foi superior em tudo ao Atlético de Madrid, praticamente do princípio ao fim. A dada altura foi bem claro que os jogadores da equipa espanhola desistiram e apenas queriam que o jogo acabasse para evitar o avolumar do resultado.
Foi uma noite de grandes exibições no Benfica: Aurnes, Florentino, Carreras, Di Maria, Kokçu, Bah, Otamendi, Akturkoglu, Pavlidis, todos estiveram a um nível elevadíssimo. Eu hesitaria no homem do jogo, embora Carreras tenha sido a maior surpresa. A segurança e a confiança que demonstrou, com apontamentos de classe, foram algo de que não estava necessariamente à espera num jogo de tamanha responsabilidade. Tem sido dos jogadores que mais tem amadurecido e subido de rendimento esta época. O passe de Aurnes a isolar Akturkoglu, o movimento deste e a finalização foram talvez o ponto mais alto do jogo que de resto só teve golos de bola parada. É que tudo é muito rápido e feito praticamente de olhos fechados. Florentino foi gigante no meio campo, não se tendo limitado a cortar (muitas) bolas: também soube endossar jogo com qualidade. Mais uma vez quem veio do banco acrescentou: Amdouni ganhou um penalti; Beste assistiu num excelente canto em que a bola baixou subitamente caindo mesmo na cabeça de Bah; Leandro Barreiro deu pulmão nos últimos minutos, tendo ainda feito um excelente corte em carrinho que proporcionou mais uma oportunidade e Rollheiser também voltou a jogar muito bem. Já falei de Pavlidis que terá feito um dos melhores jogos enquanto referência atacante. Tudo somado houve Benfica a mais para um Atlético de Madrid que claramente não conseguiu recuperar do derbi de Domingo e foi simplesmente atropelado.
Há agora que dar continuidade contra o Nacional. Depois virá um outro grande desafio: fazer com que a pausa para as seleções não interrompa a série de bons resultados e boas exibições.