quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Classe numa noite europeia à Benfica

 O jogo começou a ser ganho na escolha do 11.

Como escrevi, Bah é o lateral direito do Benfica e a solução Tomás Araújo não poderia senão ser transitória. Num jogo deste nível e intensidade precisávamos de Bah. Mas Lage fez uma coisa ainda mais inteligente que foi colocar simultaneamente Bah e Araújo no 11, deixando desta vez António Silva no banco. Aproveitou-se o bom momento do central (que além disso é mais técnico do que Silva) e Bah regressou ao 11 como tinha de ser. Por acaso as coisas até podiam ter corrido mal e o jogo ter sido completamente diferente, logo por aquele lado. É que ainda no primeiro minuto Araújo tenta fintar um adversário, perde a bola quase sem colegas atrás de si e dá azo a um lance que foi bem resolvido mas que poderia ter sido de muito perigo. No entanto esse lance não gerou qualquer intranquilidade, fosse em Araújo, que embarcou para uma exibição sem nada a apontar, fosse na restante equipa que vulgarizou por completo um Atlético de Madrid que ainda não tinha perdido esta época, nem sequer contra o super Real Madrid. Nota ainda para a manutenção de Pavlidis no 11, quando alguns defendiam que se deveria jogar sem avançado fixo. Pelo contrário, Pavlidis permitiu fixar os centrais do Atleti e ao mesmo tempo serviu de ponto de apoio para os nossos ataques, tendo estado perto de marcar duas vezes e tendo conquistado o penalti que permitiu à equipa tranquilizar ainda mais. 

Galeria de fotos: clicar


Também escrevi aqui, logo antes do jogo, que seria muito difícil bater esta equipa madrilena, cínica e simultaneamente muito talentosa. Uma equipa onde há 4 campeões do mundo. Uma equipa que jogou com um ataque extremamente móvel e perigoso. Eu tinha até algum receio de que um eventual resultado menos bom pudesse colocar em causa o momento positivo que se vive, quer a nível futebolístico quer em termos de empatia e ambiente entre jogadores e adeptos. Obviamente estava muito longe de imaginar uma goleada por 4-0!!

Foi uma noite europeia, uma noite de gala na qual o Benfica foi superior em tudo ao Atlético de Madrid, praticamente do princípio ao fim. A dada altura foi bem claro que os jogadores da equipa espanhola desistiram e apenas queriam que o jogo acabasse para evitar o avolumar do resultado. 

Foi uma noite de grandes exibições no Benfica: Aurnes, Florentino, Carreras, Di Maria, Kokçu, Bah, Otamendi, Akturkoglu, Pavlidis, todos estiveram a um nível elevadíssimo. Eu hesitaria no homem do jogo, embora Carreras tenha sido a maior surpresa. A segurança e a confiança que demonstrou, com apontamentos de classe, foram algo de que não estava necessariamente à espera num jogo de tamanha responsabilidade. Tem sido dos jogadores que mais tem amadurecido e subido de rendimento esta época. O passe de Aurnes a isolar Akturkoglu, o movimento deste e a finalização foram talvez o ponto mais alto do jogo que de resto só teve golos de bola parada. É que tudo é muito rápido e feito praticamente de olhos fechados. Florentino foi gigante no meio campo, não se tendo limitado a cortar (muitas) bolas: também soube endossar jogo com qualidade. Mais uma vez quem veio do banco acrescentou: Amdouni ganhou um penalti; Beste assistiu num excelente canto em que a bola baixou subitamente caindo mesmo na cabeça de Bah; Leandro Barreiro deu pulmão nos últimos minutos, tendo ainda feito um excelente corte em carrinho que proporcionou mais uma oportunidade e Rollheiser também voltou a jogar muito bem. Já falei de Pavlidis que terá feito um dos melhores jogos enquanto referência atacante. Tudo somado houve Benfica a mais para um Atlético de Madrid que claramente não conseguiu recuperar do derbi de Domingo e foi simplesmente atropelado.













Há agora que dar continuidade contra o Nacional. Depois virá um outro grande desafio: fazer com que a pausa para as seleções não interrompa a série de bons resultados e boas exibições.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Equipa cínica e difícil de bater

 É como vejo o Atlético de Madrid. E não digo cínica (podia dizer também traiçoeira) num sentido moral negativo. Simplesmente têm um futebol que não necessita de muita posse de bola e muitas oportunidades para marcar. Viu-se com o Real Madrid como são difíceis de bater e lutam até ao fim. Mas atenção, não nos confundamos: o Atético não é meramente uma "equipa de combate"; há qualidade a rodos no seu plantel. Será muito, mas mesmo muito difícil.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

O novo prodígio inglês

 Guardiola também se engana. 

No início da época passada um jovem jogador inglês relativamente desconhecido para o grande público foi contratado pelo Chelsea ao Manchester City por 47 milhões de euros. No meio de uma loucura despesista iniciada com a compra de Enzo Férnandes ao Benfica por 120 milhões, e que ultrapassou já os 1000 milhões, a contratação de Cole Palmer ao City foi apenas mais uma e até passou relativamente despercebida.

Palmer é produto das escolas do City e deu nas vistas nos escalões jovens. Em 2020 teve a sua primeira aparição pela equipa principal e um ano depois marcou o primeiro golo na Taça da Liga Inglesa. Teria mais algumas aparições e golos (incluindo na final da Supertaça Europeia), mas numa equipa com tanto talento, as oportunidades eram limitadas. 

Surgiu o Chelsea e Palmer transferiu-se, tendo sido eleito o melhor jogador da equipa na época passada. Fez 27 golos e 15 assistências em todas as competições.

Este sábado Palmer fez 4 golos ao Brighton, tornando-se o primeiro jogador a fazer um poker na primeira parte de um jogo. Um caso sério a acompanhar. O Chelsea aliás, após uma época de absoluto desastre em 2022-23 no imediato pós Abramovic em que ficaram em 12º lugar com mais derrotas do que vitórias e um ano seguinte desapontante, mas melhor, em que ficaram em 6º, terá, tudo o indica, este ano uma palavra a dizer na luta pelos primeiros lugares. João Félix está pois em boa companhia para evoluir e finalmente se afirmar:muito embora seja evidente que a concorrência no plantel será fortíssima. 

domingo, 29 de setembro de 2024

Galo bateu o pé mas Águia deu-lhe a mão

Foi um jogo bem disputado e com emoção qb, aquele a que cerca de 60.000 espectadores assistiram na Luz esta noite de sábado. 

O Benfica confirmou os sinais positivos dos últimos jogos, mas voltou a sofrer um golo logo no início da partida, na primeira jogada de perigo do adversário, neste caso o Gil Vicente. E perigo relativo, diga-se, pelo menos na aparência. É que o lance parecia relativamente controlado, com a defesa posicionada e poucos adversários na zona de finalização. No entanto um passe magistral de Fujimoto (um jogador para voos mais altos do que um Galo) e uma desmarcação igualmente inteligente do avançado gilista inventaram uma jogada que surpreendeu por completo o Benfica. Na cara de Trubin, Félix Correia atirou de primeira e fez o golo.

Mais um jogo na Luz em que o Benfica entrou praticamente a perder e necessitava a partir desse momento de marcar pelo menos dois golos. 

A equipa não acusou o golpe e continuou a executar o plano delineado. Cerca de 9 minutos mais tarde, num canto de Di Maria, surgiu o empate através de um excelente cabeceamento de Otamendi. O capitão elevou-se até ao terceiro anel e no segundo poste cabeceou para o outro lado da baliza, sem hipóteses para o guarda-redes do Gil. E 8 minutos depois, desta vez de bola corrida, mas novamente de cabeça, o Benfica fez a reviravolta. Desta vez foi Aurnes a cruzar, mais uma vez da direita, e Akturkoglu cabeceou como mandam as regras, de cima para baixo, com força (beneficiando do facto de ter os dois pés no chão) para a direita e fora do alcance do guarda-redes. Mais um óptimo golo - e bem importante - do extremo turco.

O mais difícil estava feito, ainda na primeira parte. O Benfica continuou num bom ritmo, mas o Gil Vicente não desarmou nem se desorganizou, mantendo a incerteza sobre o desfecho da partida. 

Na segunda parte o Benfica entrou bem, mas o golo da tranquilidade não aparecia e sentia-se que faltava alguma coisa. Com o jogo a chegar à fase decisiva e com o resultado na vantagem mínima, Lage mexeu na equipa - e muito bem.

Elogiei aqui Amdouni e Cabral pelas recentes exibições defendendo que mereciam mais minutos e Lage colocou os dois em campo assim como Rollheiser aos 68 minutos. O treinador do Benfica foi proactivo e não ficou à espera do que poderia acontecer. E 10 minutos mais tarde, as substituições deram frutos. Rollheiser jogou para Amdouni, este deu duas passadas largas e em corrida e sem pedir licença disparou forte e colocado para a esquerda do guarda-redes. Mais um excelente golo, do tipo que eu gosto: futebol corrido, remate fácil e espontâneo. Um prémio justo para um jogador que já tinha atirado duas vezes aos ferros nos últimos jogos mas ainda estava à procura do primeiro golo pelo Benfica.

O jogo ficou resolvido (apesar do Gil ainda ter tido uma grande oportunidade para reduzir, com Trubin a fazer bem a mancha e evitar o golo). Nos últimos minutos vieram ainda mais dois golos: o terceiro do jogo de cabeça e segundo de canto (bem batido por Best) através de Florentino e um de Rollheiser, aí sim, com muitas culpas do guarda-redes - uma verdadeira oferta.

Tudo somado, foi um bom jogo do Benfica, no qual o Gil Vicente vendeu cara a derrota e não mereceria sofrer uma goleada. Mas o futebol é assim e desta vez o Benfica foi bastante eficaz. 

Nota para a titularidade de Tomás Araújo, algo que me surpreendeu um pouco, embora admita que, tendo Bah sofrido um golpe fundo na perna, Lage tenha preferido não arriscar. Araújo não comprometeu, até é um jogador tecnicamente evoluído e teve um par de chegadas à linha, mas a dinâmica que Bah dá é incomparável, pelo que é o titular em circunstâncias normais.

Em termos de exibições, toda a equipa esteve em bom plano (Pavlidis terá sido dos menos felizes, não porque tenha jogado mal mas porque não marcou nem teve quase finalizações - situação a rever), mas destaco Florentino, Aurnes, Akturkoglu e Amdouni (apesar do pouco tempo em jogo, teve um impacto decisivo). Gostei muito da dinâmica pelo corredor direito com Di Maria e Aurnes que carrilou muito jogo ofensivo na primeira parte. Di Maria também esteve bem - está mais disciplinado e fresco e o seu talento está a sobressair mais. Mas Florentino com imensas recuperações de bola e um golo seria talvez a minha escolha para homem do jogo (ainda que o prémio oficial tenha ido para Aurnes). Otamendi e Silva também estiveram bem. O capitão assinalou os 200 jogos pelo Benfica com um grande golo e António Silva também fez uma centena de jogos ontem. Absolutamente notável - é importante não esquecer que ainda não completou 21 anos.

Embandeirar em arco? Certamente que não. O Benfica tem obrigação de vencer os jogos para o campeonato, sobretudo em casa e não há qualquer razão para euforias, sobretudo quando estamos a 5 pontos do 1° lugar e, caso o Porto vença, ainda em 3°. No entanto o momento é positivo e devemos desfrutar dele. O Benfica jogou bem, ganhou e goleou. Há que continuar neste caminho. 

sábado, 28 de setembro de 2024

Antevisão Benfica-Gil Vicente e outros jogos

O Glorioso joga amanhã em casa. Sinto que estamos a subir de rendimento e espero que este jogo sirva para o confirmar. O Benfica tem naturalmente de vencer os seus jogos para, no imediato, se aproximar dos lugares acima, e em casa essa obrigação é ainda maior. 

O Gil Vicente é o campeão dos empates até agora, nada menos do que 4 em 6 jogos. 

Uma curiosidade para este jogo é se Lage manterá o 11 ou fará alterações. Uma natural será o regresso de Bah que o nosso treinador confirmou estar disponível. De recordar que quarta-feira voltamos a jogar na Luz, desta vez para receber o Atlético de Madrid. A carga competitiva vai aumentando pelo que ao meu ver se deve promover alguma rotação. Por outro lado estamos ainda em consolidação pelo que também não se quer mexer demais. Veremos o que decide Lage.

Em termos de outras Ligas, o destaque vai para o nosso adversário de quarta-feira na Liga dos Campeões, o Atlético, que recebe o Real Madrid domingo às 20h de Portugal, 21h em Espanha. Note-se que o Atlético de Madrid já jogou durante a semana para La Liga: venceu por um a zero o Celta, em Vigo na quinta-feira. Na Alemanha também haverá um grande jogo: Bayern-Bayer  - 17.30h de sábado. Em Inglaterra o City vai a Newcastle (sábado 12.30h) e o United recebe o Tottenham (domingo 16.30h).


quarta-feira, 25 de setembro de 2024

O que Lage precisa de melhorar




1. Bruno Lage entrou bem no Benfica e tem tomado boas decisões. 

2. Depois de vencer os três jogos disputados, alguns comentadores defenderam que afinal os adversários eram fraquíssimos e que o Benfica até deveria ter vencido mais facilmente. Entendamo-nos: uma equipa joga sempre o que a outra deixa. As equipas contra as quais o Benfica jogou são evidentemente menos fortes e têm menos soluções. Mas cada jogo tem a sua história e ter valores individuais superiores não garante coisa nenhuma, é preciso depois ter a capacidade de traduzir essa superioridade em jogo jogado e, mais importante ainda, em golos.

Mais: o Santa Clara chegou à Luz com o estatuto de surpresa do campeonato até ao momento e entrou no jogo a ganhar; o Estrela Vermelha não perdia em casa desde uma derrota pela margem mínima contra o Manchester City ainda no ano passado; e as deslocações ao Bessa não têm sido fáceis nos últimos anos. 

Nessa medida as vitórias do Benfica têm mérito.

3. Dito isto, há muita coisa a melhorar. Temos de ter a percepção clara de que o Sporting está fortíssimo, o que reduz a margem erro para quase zero, até porque já estamos a 5 pontos. E temos de perceber que temos de ser mais consistentes e competitivos se queremos ter sucesso já nesta época. 

4. Aspectos em que temos de melhorar:

a) consistência e rigor defensivo. 

António Silva está a subir de forma. Otamendi também. Mas ainda há erros e falhas de concentração que precisamos de reduzir ao mínimo. Os golos contra o Santa Clara e o Estrela Vermelha são disso exemplos. Neste último, não podem ir os dois centrais ao mesmo adversário, deixando outro sozinho, enquanto um lateral coloca este último em jogo e isolado frente ao guarda redes. Carreras tem estado muito bem, mas ainda é verde e haverão dores de crescimento (espero que Best possa ser alternativa para permitir ao espanhol esse tempo e espaço para melhorar). Na direita ainda não há alternativa a Bah. Apesar de Tomás Araújo ter feito um jogo consistente com o Boavista falta ver contra um adversário mais forte. Kaboré precisa ainda de ganhar rotinas.

b) controlo de jogo com bola 

O Benfica resolveu os últimos dois jogos na primeira parte e depois procurou gerir. Mas contra o Estrela Vermelha, que pressionou muito, o Benfica não foi capaz de manter posses de bola prolongadas e com isso retirar ímpeto ao adversário. É importante conseguirmos isso e temos jogadores para tal, sobretudo com este meio campo a três. 

c) condição física 

Tem-se notado uma quebra de rendimento da primeira para a segunda parte. Isso tem a ver também com a condição física. 

d) rotação e gestão do plantel 

Com a chegada de um novo treinador os jogadores ganham uma motivação extra e um novo ânimo porque se querem mostrar e reclamar mais oportunidades. Mas isso não dura sempre. Lage tem muitas e boas soluções e precisa de as utilizar. Leandro Barreiro já mostrou qualidade. Precisa de jogar mais tempo. É um jogador com boa rotação e capacidade de ganhar e manter a posse de bola. Amdouni tem uma qualidade acima da média. Akturkoglu mostrou já imensa qualidade e é naturalmente titular, mas Amdouni, seja na esquerda ou na direita, tem de jogar mais tempo. Arthur Cabral está a mostrar uma grande determinação e a desequilibrar as defesas adversárias com a sua capacidade física. Precisa de mais tempo. 

Este é um dos segredos do sucesso de Rúben Amorim: a rotação do plantel e a gestão física e mental que assim consegue, retirando o melhor de cada um e para a equipa. Rúben roda o meio campo, roda os centrais (incluindo com substituições durante o jogo, se necessário logo ao intervalo) e roda os alas. Só não roda (nos jogos "a doer", porque nos outros também os deixa no banco) Pedro Gonçalves e Gyokeres porque são os grandes desequilibradores da equipa. Lage precisa de aplicar este princípio no Benfica. 

Principalmente este ano em que o número de jogos roçará o absurdo não faz sentido nenhum estar a jogar sempre com os mesmos. Há que promover muita rotação. E pelo que se viu temos um plantel equilibrado e que permitirá fazê-lo.

e) eficácia atacante

Alguns treinadores e comentadores defendem que só se pode treinar o processo atacante no sentido da dinâmica e da criação de oportunidades e que depois a concretização, a finalização, não se treina, dependendo do jogador e do momento. Eu percebo o argumento mas não estou totalmente de acordo. Há aspectos que influenciam fortemente a probabilidade da bola entrar ou não. Um é a fluidez do jogo atacante. Se as bolas que chegam à zona de definição são já muito em esforço, a probabilidade de ser golo diminiu. Se resultam de um processo atacante bem oleado e chegam com mais naturalidade, o índice de concretização aumenta. Por outro lado, claro que os avançados podem e devem treinar a concretização e o remate. Eusébio fazia-o, Ronaldo idem. Um outro aspecto ainda é a tranquilidade. Se a equipa joga sobre brasas vai falhar mais, ao passo que se os processos estão consolidados e há mais segurança no que se faz, vai-se marcar mais. Por isso penso que podemos melhorar neste capítulo.

f) discurso / comunicação

Bruno Lage teve uma mensagem positiva e que se louva ao chegar ao Benfica, apelando à união, ao benfiquismo e prometendo trabalho e futebol atacante com os adeptos gostam. Mas isto é um discurso de entrada, não é algo que se possa sustentar ao longo de uma época inteira. Um treinador hoje é também um comunicador. Amorim é muito bom nisto, tem uma certa naturalidade que Lage nunca conseguirá. No entanto o Benfica tem muitos profissionais a trabalhar nesta área. Eles precisam de ajudar o treinador a comunicar de uma forma eficaz e motivadora ao longo de uma época longa de modo a se manter o élan. Não queremos revelar demasiado sobre a forma de jogar com análises demasiado detalhadas que dêem armas aos adversários mas também não se pode só dizer lugares comuns ou coisas redondas. A mensagem tem de ser dirigida de forma a alcançar objectivos pré-definidos e não ir ao sabor do que os média ou os nossos adversários querem. Deve ser proativa e não reactiva.

5. Uma nota final para a arbitragem. É um tema sobre o qual cada vez tenho menos vontade de ou paciência para falar, mas é importante que o Benfica esteja atento. Vejo os árbitros cada vez mais "simpáticos" para com o Sporting, a "darem" penalties "suaves", muito facilmente, e poucos cartões aos seus jogadores e muitos aos adversários. Com o Porto as coisas são semelhantes. Já em relação ao Benfica parece continuar a existir um estigma e um receio grande em que possa ficar a imagem de que estão a beneficiar o Benfica. Pouco mudou nos últimos anos. Os suspeitos do costume ajudam à festa: a SportTV e a imprensa desportiva continuam a ter um viés anti-Benfica, isso é absolutamente indiscutível. Como o combater? Nas instâncias relevantes da Liga e Federação, mas também através da comunicação. O Benfica tem de saber usar melhor o poder que os seus adeptos lhe conferem. Não queremos ser beneficiados mas não podemos aceitar ser constantemente prejudicados. 


sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Um Benfica renovado

O Benfica fez uma boa exibição contra o Santa Clara. Dominou do princípio ao fim, teve múltiplas oportunidades e fez 4 golos.

Voltámos a ver alegria nos jogadores e rapidez de execução, em total contraste com as anteriores exibições cinzentas, lentas e empasteladas.

Já no jogo da Liga dos Campeões, o Benfica entrou bem, ganhou vantagem (teve a felicidade das bolas terem entrado) e depois geriu o jogo. 

Gostaria de ter visto outro tipo de domínio, porque penso que temos qualidade para tal, mas as incidências do jogo e o pouco tempo de treino com Bruno Lage ajudam a explicar o que se passou. Em primeiro lugar, a lesão de Bah. Aliada à necessária substituição de Rolheiser para equilibrar o meio campo, isto significou que Lage já só poderia alterar a equipa mais uma vez até ao fim. Obviamente adiou esse momento o mais possível. Mas note-se que as substituições estavam previstas já antes do golo do Estrela Vermelha. 

No essencial, conseguiu-se o que importava. Começámos bem e vencemos fora, o que é sempre de destacar. A última derrota dos sérvios em sua casa acontecera contra o City e por 3-2. 


                                    ***

Apesar das saídas de João Neves, João Mário, Rafa, Neres e do próprio Marcos Leonardo, o que vimos nestes dias mostra que continua a existir qualidade no Benfica suficiente para montar um bom 11 e ter opções no banco.

Akturkoglu e Amdouni chegaram já em cima do fecho do mercado e pouco se sabia deles mas ambos me pareceram futebolistas com qualidade e acutilância. Akturkoglu então "ameaça" mesmo ser um caso sério. Koksu a jogar na sua posição é outra coisa. Finalmente vejo bolas paradas a serem batidas com qualidade (foram anos e anos a ver cantos sofríveis ou mesmo maus).

Onde me parecem existir fragilidades é na defesa. Carreras está a melhorar mas ainda é um pouco verde (quanto a Best, veremos), ao passo que Kaboré mostrou hoje carências sérias e só a ajuda de Akturkoglu estancou a sangria que estava a ocorrer no seu flanco. No eixo a saída de Morato reduz o lote de centrais de qualidade (e envergadura) quando os sinais de declínio de Otamendi já são evidentes.

Hoje houve mais um erro algo básico dos centrais que resultou em golo.

Há muito trabalho a fazer, mas acredito que a base é boa. É necessária agora união de todos, incluindo os adeptos, e confiança no que se está a fazer. 

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Lage merece o apoio dos benfiquistas

 Rui Costa errou em toda a linha ao manter Schmidt após o fracasso da época passada. Todos os sinais indicavam que o seu ciclo no Benfica estava esgotado e isso mesmo escrevi aqui, em tempo: https://justicabenfiquista.blogspot.com/2024/04/fim-da-linha.html

Os posts seguintes foram sempre no mesmo sentido. Para mim era absolutamente previsível o desfecho que acabou por se verificar. O problema é que Rui Costa tomou a decisão completamente fora de tempo, já com a época a decorrer e precisamente quando o mercado fechou, o que limita muitíssimo o espaço de manobra de um novo treinador.

Nestas circunstâncias Bruno Lage é uma escolha que poderá fazer algum sentido, na medida em que é alguém que conhece o clube e a realidade nacional. Lage assume a liderança da equipa de futebol num momento muito difícil e só por isso merece o nosso apoio. O apoio e a tolerância que Schmidt já não tinha, facto que também contribuiu para o seu insucesso. Em sentido contrário, espero que o apoio dos benfiquistas possa contribuir para o sucesso desta época.

Lage tem bons princípios de jogo e é um treinador sério, dedicado e profissional. Os problemas poderão estar na sua capacidade de lidar com o lado emocional dos jogadores. Se por um lado, na sua primeira passagem pelo Benfica o impacto foi extraordinário, já na segunda época as coisas correram muito mal e houve uma total incapacidade de contrariar um ciclo negativo. Pelo contrário, de jogo para jogo a equipa piorava.

Nesse sentido tem de haver um apoio muito forte da estrutura, dos adeptos, da matriz do clube, do benfiquismo em suma. Mais uma vez, infelizmente eu tive razão quando, em tempo, alertei para que esse apoio estava a faltar a Schmidt: https://justicabenfiquista.blogspot.com/2023/08/mas-o-que-e-isto.html 

Esta é a última oportunidade para Rui Costa por a casa em ordem e restaurar a identidade do clube. Foi feita uma restruturação na SAD e contratado um novo treinador. Todos terão o meu apoio. Principalmente Lage que assume o leme desta nau num momento de turbulência. Quando a época acabar será o momento de fazer o balanço.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Benfica à deriva

 O que se está a passar no Benfica é surreal, é mau demais.

Não há rumo, não há estratégia, não há liderança.

Cada dia traz novas notícias de entradas e saídas, num rodopio, um entreposto de jogadores que faz sentido apenas para os empresários e intermediários que vão enchendo os bolsos à conta da paixão dos adeptos. 

O clube, esse vai ficando cada vez mais depauperado. 

Rui Costa deveria assumir a sua incapacidade e convocar eleições. Seria uma decisão difícil mas honrada que os benfiquistas saberiam apreciar quando a poeira assentasse. 

Temo no entanto que Rui Costa esteja refém da teia de interesses que junta uma série de parasitas que vivem à volta e à conta do clube. 

Assim se vai diluindo o verdadeiro benfiquismo. Assim se vão esquecendo os valores que fizeram deste o maior clube nacional e um dos maiores da Europa.

Neste momento o Benfica já não é o primeiro clube nacional em termos de títulos no futebol sénior, o que é absolutamente escandaloso considerando o que o Porto passou nos últimos anos com severas limitações orçamentais.

Em termos de futebol jogado e plantel o Benfica é neste momento o terceiro clube de Portugal. 

Há que arrepiar caminho urgentemente ou arriscamo-nos a repetir os anos 90. 

domingo, 11 de agosto de 2024

Medíocre. Previsível. Famalicão 2 Benfica 0

 Dos 3 candidatos ao título, o Benfica é de longe o mais fraco, pelo menos nesta altura.

O Porto foi uma surpresa para mim, pois imaginei que haveria um impacto grande da saída de um presidente que quase se confunde com a história do clube e de um treinador que parecia ser quem segurava as pontas soltas de um plantel com uma qualidade já bastante depauperada. No entanto a pré-época mostrou que existe um trabalho táctico forte e Villas Boas é claramente um dirigente bem preparado.

O Sporting manteve tudo igual ao ano passado: o modelo de jogo, a consistência e a grande agressividade atacante.

Quanto ao Benfica... ninguém percebe.

Eu não escrevi na pré-época porque, para além de não interessarem para nada, esses jogos não mostram muita coisa. No entanto perder com o Fulham e empatar com o Brentford não são propriamente grandes sinais.

Mas acima de tudo o que não se vê é uma estratégia. 

Foi contratado um ponta de lança que espero que tenha muito sucesso (embora tenha as minhas dúvidas) mas de resto o plantel ficou mais fraco porque saíram os dois melhores jogadores: Neves e Neres. Isto para já nem falar de Rafa. Dos 3 desequilibradores fica apenas 1, Di Maria, já em fim de carreira. Depois há as promessas Rollheiser, Prestianni e Schjeldrupe que veremos o que dão mas para já são muito verdes. 

Quanto a Roger Schmidt, nenhuma surpresa. O ano passado já disse o que pensava e infelizmente parece que tinha razão. Continua a apostar em João Mário, entrou com um duplo pivot no meio campo e mudou tudo na segunda parte. O seu estilo de jogo continua a ser o da posse de bola mas falta agressividade na frente e na defesa continuam a cometer-se demasiados erros. 

Assim não vamos lá.

segunda-feira, 15 de julho de 2024

Espanha, Argentina e os "melhores do mundo"

 Espanha e Argentina são os vencedores de Europeu e Copa América. Más notícias para portugueses e brasileiros que também tinham as suas ambições e vêem os seus vizinhos e rivais (mais no caso do Brasil) vencer. 

Espanha dominou

No caso do Europeu, a lógica imperou  do primeiro ao último jogo e não houve uma única surpresa digna de nota. Espanha afirmou-se como a melhor equipa desde o início e venceu com naturalidade. Inglaterra tinha dos melhores jogadores mas nunca conseguiu jogar um futebol de qualidade. Kane continua a ser um mistério - é um avançado de excelência mas nunca ganhou um único troféu. Bellingham é dos melhores médios em atividade mas só apareceu contra a Eslováquia. No duelo dos mais jovens, Dani Olmo, Wiiliams e Yamal foram melhores que Foden e Saka. Palmer marcou mas não chegou.

Foi um Europeu pouco espectacular, com poucos golos e pouco futebol. O que importa é o dinheiro e portanto os jogadores continuarão a chegar esgotados a estas competições, as quais cada vez têm mais equipas e mais jogos. A qualidade obviamente diminui.

Mas a Espanha foi a equipa mais imune a isso. Foi melhor em tudo - a que teve mais identidade, mais qualidade e melhores jogadores. Yamal e Williams foram dos melhores, assim como Olmo, Rodri e até o próprio guarda-redes. Os espanhóis têm muita confiança em si próprios e no seu modelo, além de uma enorme garra. Até jogadores como Carvajal e Cucurella que não são particularmente dotados tecnicamente conseguem ter um rendimento ao mais alto nível. Os jogadores espanhóis raramente falham e têm uma mentalidade muito forte. Merecem por isso inteiramente este título.

 

Argentina vence terceira competição seguida

Quanto à Copa América, há a ideia de que o nível de exigência é menor nas competições americanas, mas os factos não consubstanciam essa percepção. Em primeiro lugar a Argentina é campeã do mundo, o que desmente logo a tese à partida. Em 22 edições, os europeus ganharam 12 vezes e os sul-americanos 10. Depois, no que diz respeito a Portugal, temos um saldo exatamente nulo em mundiais contra equipas do continente americano: 2 vitórias, 2 empates, 2 derrotas - Brasil (vitória em 1966, empate em 2010), Uruguai (derrota em 2018, vitória em 2022), EUA (derrota em 2002, empate em 2014).

Seja como for, a Argentina renovou a sua vitória na Copa, apesar de ter vários jogadores em fim de carreira: Messi, Di Maria, o próprio Otamendi. Messi saiu mesmo lesionado na final e Di Maria acabou o jogo esgotado. Ambos foram ovacionados por todos os adeptos argentinos aquando das substituições. A Argentina venceu com esforço, mas bem, apesar da réplica forte da Colômbia. O Brasil não foi uma grande desilusão porque não havia ilusão: chegou em péssimo momento e confirmou as piores expectativas.

 

Fim de ciclo

 A vitória da Argentina não coloca um ponto final na rivalidade Messi-Ronaldo porque ela já tinha sido terminada em 2022. Infelizmente aí ficou claro de vez algo que há muito já se vinha vendo: Messi é um jogador de equipa que aparece nos grandes momentos, ao passo que Ronaldo é um jogador individualista que nas fases a eliminar não consegue aparecer. A saída do Manchester foi um momento decisivo porque definiu um caminho que depois já não teve retorno, o caminho do ego. O Mundial logo a seguir traduziu-se num enorme fracasso e sobre o Europeu já não vale a pena falar. As carreiras de ambos estão agora para todos os efeitos terminadas e claro que deixarão uma herança tremenda e o futebol não será o mesmo sem eles. Quanto a Di Maria parece que ainda jogará mais uma época no Benfica. Que os adeptos saibam apreciar o terem uma lenda a jogar no nosso futebol e no nosso clube.


Melhores do Mundo... sem ganharem nada


A este propósito, não posso deixar de criticar o provincianismo da maioria dos comentadores portugueses. Eles são realmente paroquiais e parece que não têm televisões em casa. Primeiro, durante anos, eles, todos os nossos jogadores e treinadores insistiam em que Ronaldo era "o melhor do mundo", quando de facto não era. Depois era Félix que o seria também, e agora Vitinha já é "um dos melhores do mundo", ao passo que Diogo Costa é "o melhor guarda redes do mundo". 

Não me levem a mal, não quero deitar abaixo o jogador português que tem imensa qualidade, mas já em 2019 o treinador do Dinamo de Zagrebe disse que "se Dani Olmo jogasse no Benfica valia tanto como João Félix". E agora está à vista que não apenas tinha razão como Olmo está a ter uma carreira muitíssimo melhor que Félix que saiu demasiado cedo com essas fantasias de ser o melhor do mundo. Quanto a Vitinha, é um bom jogador, mas para um médio naquela posição tinha de marcar mais golos e fazer mais assistências para estar num nível superlativo. E quanto a Diogo Costa, tenham dó! É um guarda-redes promissor, com algumas qualidades. Mas o que é que ele já ganhou? Para ser o melhor do mundo basta um qualquer comentador o dizer num programa de televisão? Mas que falta de noção!! Olhem para o currículo de Courtois, Emiliano Martinez, Neuer, Alisson Beker, Ter Stegen, Éderson, para já nem falar de Oblak e tantos outros...

domingo, 7 de julho de 2024

Uma seleção sacrificada a um ego

 O desfecho do jogo com a França foi o que esperava, embora Portugal até me tenha surpreendido. Pensei que perderíamos logo nos 90 minutos. Não porque não tivessemos equipa para ombrear com a França, mas porque jogaríamos com um avançado que não corre, não se desmarca, não pressiona e nem sequer tem já capacidade para finalizar.

É tudo demasiado evidente: Ronaldo não tem lugar a este nível mas a sua presença traz publicidade e consequentemente muito dinheiro que vai reverter para a Federação. Quando Martinez foi contratado, foi-lhe certamente dito que Ronaldo teria lugar cativo. É impensável que o seleccionador tenha ido à Arábia por sua alta recreação. Foi a Federação que lhe disse para ir.

O futebol há muito que não é sobretudo paixão, mas sim negócio. Mais recentemente ficámos a saber que o próprio sucesso desportivo é secundário face ao dinheiro.

Ronaldo, futebolisticamente falando, só não foi uma absoluta nulidade porque fez uma (boa) assistência para Bruno Fernandes. Mas para esse bom momento acontecer, vários maus e péssimos tiveram igualmente lugar. Ronaldo não se limitou a ser uma nulidade, foi um corpo estranho que prejudicou a equipa e tirou lugar a outros que claramente pior não fariam.

Ouvi ontem Miguel Henrique dizer que "Ronaldo continua a ser o nosso melhor finalizador". Ele realmente finaliza as jogadas, mas é matando-as, não colocando a bola dentro da baliza. MH representa aqui quase todos os comentadores cuja falta de coragem para apontar o óbvio roçou o repulsivo.

Ronaldo deu muito à seleção e ao país, pelo que vou terminar a minha apreciação por aqui. A única coisa que resta dizer é que realmente o ego é algo que nos pode levar ao sucesso mas que se não é controlado conduz à queda e ao ridículo.

Esta seleção poderia ter ido mais longe. Merecíamos pelo menos a oportunidade de disputar com a Espanha o acesso à final. Mas tudo foi sacrificado ao ego desmedido e ao narcisismo de um outrora grande jogador que não soube sair a tempo.


Cristiano Ronaldo: Portugal forward on brink of more international history  - BBC Sport

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Isto é verdade, Rui Costa?

https://desporto.sapo.pt/atualidade/artigos/mp-suspeita-que-rui-costa-paulo-goncalves-lf-vieira-e-soares-de-oliveira-criaram-plano-para-desviar-fundos-da-benfica-sad

https://observador.pt/especiais/vieira-rui-costa-paulo-goncalves-e-soares-oliveira-suspeitos-de-criarem-plano-para-desviar-fundos-da-benfica-sad/

 Não me refiro à veracidade da acusação. Refiro-me à sua mera existência.

Rui Costa pode dizer que não sabia (e provavelmente naqueles primeiros anos na SAD passava-lhe muita coisa ao lado), mas um presidente do Benfica não pode ter uma acusação destas a impender sobre si. 

Estes últimos anos têm sido maus demais. Já tenho dito que o Benfica precisa de uma limpeza. Neste momento já é quase uma refundação.

E ainda vejo benfiquistas a "celebrar" que não houve acusação de corrupção... Os padrões estão mesmo baixos.




quinta-feira, 9 de maio de 2024

Leverkusen recusa-se a perder

 Já não há palavras para a época que o Bayer Leverkusen está a fazer: campeão alemão com várias jornadas por disputar, finalista da Taça da Alemanha e agora finalista da Liga Europa, sem ter perdido uma única vez esta época!

Talvez ainda mais espantoso do que isto, é que o Leverkusen já por várias vezes esteve a perder até aos últimos minutos e depois deu a volta. Não consigo precisar quantas vezes isto aconteceu mas se disser 10 provavelmente não estarei a exagerar. O caso mais recente é o da Liga Europa: a perder por 0-2 até aos 82 minutos, marca nesse minuto e depois aos 90+7, mantendo a invencibilidade. O apuramento já estava garantido com o 1-2, o 2-2 permitiu manter a invencibilidade. E sabemos quão importantes são essses aspectos para a moral das equipas e para não quebrar o ciclo vitorioso. 

Vamos ver se conseguirão manter o registo até ao fim da época, o que significaria mais 2 troféus para a equipa de Alonso e Grimaldo ou se a desilusão chegará mesmo ao cair do pano. Seja como fôr, a conquista do campeonato alemão representa um feito inédito. Deixa de ser o clube do quase, o Neverkusen.

Nesta altura são os adversários quem ficam com a sensação do quase. Resta saber se os farmacêuticos lhes oferecem algumas caixas de aspirina no fim dos jogos.

Asi gana el Madrid

 Com mais ou menos golo nos últimos minutos, mais ou menos polémica arbitral, o Real Madrid está, como era esperado, em mais uma final da Champions. É incrível o poderio deste colosso. 

15ª a caminho... E para o ano ainda devem ter M'bapé...


Já agora, o Olympiacos, com David Carmo, Podence e Chiquinho (sim, o do Benfica) no 11 e João Carvalho no banco (da nossa formação) está a caminho da final da Liga Conferência, levando no momento em que escrevo uma vantagem de 3 golos sobre o Aston Villa (que é treinado pelo consagradíssimo e especialista em Liga Europa Unai Emery). Uma grande surpresa e um grande feito para os gregos.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Qual é o espanto?

 Fiquei um pouco surpreso com algumas reacções na blogosfera benfiquista por estes dias.

Como aqui disse há meses, o Benfica estava obrigado a ganhar no dragão. O empate ainda poderia eventualmente deixar uma réstia de esperança, mas a partir do momento em que não apenas perdemos como ainda fomos goleados, o campeonato ficou definido. A derrota em Alvalade foi o seu ponto final. 

A partir daí era apenas uma questão matemática: o Sporting não podia ser imediatamente campeão porque ainda haviam 6 ou 7 jogos em falta e portanto 18 ou 21 pontos em disputa, mas sê-lo-ia a 1,2,3 ou 4 jornadas do fim. Para quem está habituado a ver futebol, o Benfica tinha exactamente 0 % de possibilidades de ser campeão. É que até já tinha jogado com o Sporting e perdido, portanto nem "moral" tinha para esperar fosse o que fosse. 

Por isso dizer-se, como Rui Costa há uma semana, que "estamos na luta" é conversa para boi dormir, como se diz no Brasil. Não acredito que ele acreditasse nisso, nem que esperasse que alguém o levasse a sério. Se acreditava é porque tem pouca noção da realidade e nesse caso estamos em maus lençóis. Uma das características da liderança é o realismo. A esperança não é uma estratégia. 

Tudo bem que poderíamos (deveríamos) ter ganho ao Famalicão. Mas sinceramente não fazia qualquer diferença no final da época. Há muita coisa que vai ter que mudar e ganhar os últimos jogos até poderia dar uma falsa sensação de que estávamos no bom caminho. 

Por outro lado, percebo o argumento de que "temos" de ganhar aos famalicões todos do campeonato, mas as coisas simplesmente não funcionam assim. O Porto também "tinha" de ganhar (até para a manutenção da tralha directiva que ficará ali agarrada até ao último dia) e vai ficar atrás de nós. O ano passado o Sporting também "tinha" de ganhar e ficou em 4° lugar. 

E isto também não é uma questão de dinheiro. Veja-se o Liverpool que há umas semanas era líder e que entretanto perdeu o campeonato devido a derrotas com clubes menores. Se fosse o Benfica o que diríamos? Isto para não falar do United que está em 8° e há dias levou 4 do Crystal Palace, do Chelsea que está em 7° ou do Paris Saint German que falha novamente na Liga dos Campeões, etc. 

Chegando aos finalmentes, o que o Benfica necessita é de fazer um exame profundo do que correu mal esta época, porque grande parte dos erros são já reiterados. Desde a venda de João Félix (até já anteriormente, mas agravando-se a partir deste momento) adoptámos uma política de contratações completamente errada. Em geral o mercado dos clubes portugueses não é o europeu, porque não temos capacidade financeira para ombrear nem sequer com a classe média. Sim, por vezes vai-se buscar um Darwin, um Jonas ou um Gyokeres, mas essas são as excepções. O normal são os Robertos, os RDTs, os Weigels, os Arthures Cabrais e os Kokçus. Jogadores altamente sobrevalorizados, que os clubes de origem não querem (se não continuavam lá) e que não rendem cá (também devido ao "peso" da transferência e às expectativas criadas). 

Se olharmos para o plantel do Sporting encontramos imensos jogadores que vieram do mercado nacional (Pedro Gonçalves, Morita, Mateus Reis, Nuno Santos). No Benfica não sei se atualmente há algum. E já é assim há muito tempo. Mas no passado não era, pelo contrário. 

Este problema de política, aliado ao problema da prospecção (olheiros / scouting) explica algumas das lacunas e fragilidades do Benfica. Noutros posts falarei de outros problemas mais gerais, de que este é um efeito. 


sábado, 20 de abril de 2024

Oportunidade de ouro desbaratada

 O Benfica perdeu com o Marselha, uma equipa que, quase unanimemente, comentadores e analistas consideram bastante inferior. Aliás, o facto de antes do jogo a equipa francesa estar numa série de 5 derrotas consecutivas se não diz tudo anda lá perto.

O que eu não tenho visto ser salientado é que, para além do desperdício de ser eliminado pelo Marselha (coisa completamente diferente teria sido uma eliminação perante um Milão ou um Liverpool), o Benfica perdeu uma belíssima oportunidade de vencer a Liga Europa. 

É que com a conjugação dos resultados dos outros jogos, o Benfica jogaria a meia final com a Atalanta e, passando, a final com a Roma ou o Bayer Leverkussen. Ou seja, com equipas que estavam ao seu alcance.

O Benfica alcançou duas finais seguidas da Liga Europa, em 2013 e 2014. Na primeira teve um percurso relativamente tranquilo até à final mas ali apanhou o Chelsea que era claramente uma equipa muito mais forte. Batemo-nos muito bem e fomos infelizes mas o desfecho foi relativamente "normal". Já em 2014 o Benfica teve de eliminar o Tottenham nos oitavos e a Juventus nas meias. Depois jogou a final com o Sevilha, que é o Real Madrid da Liga Europa: tem "só" 7 vitórias. O Benfica perdeu nos penaltis (já é sina), numa noite extremamente infeliz do árbitro que para deitar sal na ferida de um jogo em que perdoou pelo menos dois penaltis aos espanhóis ainda conseguiu não ver Beto, o guarda-redes dos andaluzes, avançar um metro em relação à linha de baliza antes dos pontapés de penalti serem batidos. Lamentável e mais uma vez perdemos uma final europeia.

Ora este ano não apanharíamos nenhuma equipa claramente superior em termos de recursos financeiros ou de nome e palmarés europeu, nenhum "papa-taças", incluindo na final, se lá chegássemos. É verdade que Atalanta (na Europa) e Bayer (em todas as competições) têm demonstrado um futebol muito superior ao Benfica este ano. Mas isso vale o que vale. Já sem preocupações internas, o Benfica poderia ter-se concentrado exclusivamente na Liga Europa e a motivação subiria certamente. Temos dois campeões do mundo no plantel e jogadores com valor e algo a provar. Tínhamos todas as condições para poder vencer, no sentido em que partíamos (na minha opinião, claro) com as mesmas possibilidades dos outros.

Eu sei que esta conversa não muda nem adianta nada. De certo modo é até mais deprimente estar a pensar nisto. Mas os leitores que me perdoem. Estou de ressaca de uma época em que nem sequer me cheguei a inebriar... É triste chegar a abril com tudo perdido e nada por que lutar, num ano em que investimos tanto e em que as expectativas eram tão altas. E de facto as nossas possibilidades para estas eliminatórias eram mais favoráveis do que alguma vez me lembro, de modo a podermos chegar à final e ganhar.

Isso foi completamente desbaratado, cortesia do nosso treinador. De facto tudo o que aconteceu foi para mim tão previsível que por vezes quase gostaria de ser mais ingénuo e não ver as coisas de forma tão clara, pois essa antevisão chega a parecer maldição. É que quando Aubemeyang marcou na Luz eu comecei a ver o filme. E quando lhe deram liberdade para centrar aquela bola de morte em Marselha vi o desfecho final. A televisão ficou ligada mas eu já estava a fazer outras coisas. Nem olhei para os penaltis, já estava a escrever o post anterior, para exorcisar a minha ira.

Schmidt é um problema neste momento, mas não é a causa, nem a raiz do que está mal no Benfica. Temos ido ganhando alguma coisa, o que disfarça, mas há anos que falta cultura benfiquista no clube, exigência, rigor, profissionalismo. Provavelmente ainda escreverei algo sobre isso até ao final da época. 

Por agora, mantendo-me no tema Schmidt, também sob o ponto de vista do plantel, o desperdício do alemão é incompreensível e para mim indesculpável. Schmidt não soube utilizar a "raiva" de Kokçu e Arthur Cabral, por exemplo, para lhes dar oportunidade de provarem o seu valor em palcos que contavam. Em Alvalade Kokçu entrou já nos descontos. Um jogador que estava insatisfeito e queria mostrar mais, deveria ter tido oportunidade de, num jogo crucial (e com jogadores no ataque já esgotados), provar que realmente merecia mais protagonismo na equipa. Não é a jogar 5 e 10 minutos, já na fase caótica do jogo e em desespero que se pode mostrar e fazer alguma coisa. Agora em Marselha Schmidt colocou em campo Kokçu mais cedo, é verdade, mas sem ponta de lança, algo que fez com que o OM subisse as linhas, dificultando o jogo do turco que precisa de estar mais próximo da área adversária e de ter uma referência na frente que possa municiar. O mesmo é válido para Tiago Gouveia. Deu boas indicações no jogo anterior, como já vem dando ao longo da época, e nem sequer saiu do banco. Isto com um Rafa e um Di Maria que se arrastam literalmente em campo. É inconcebível, é um desperdício de recursos cujas consequências estão à vista. Tanto em Alvalade como em Marselha, os treinadores adversários foram fazendo substituições para levar mais o jogo para onde queriam. Já Schmidt mexeu pouco e mal e foi incapaz de tocar nas vacas sagradas.

Gosto muito de Di Maria e não sou ingrato. Para mim é impensável assobiar um jogador de uma qualidade superlativa que dá tudo o que tem fisicamente e quer vencer mais do que qualquer outro. Mas é evidente que o argentino já tem muitas limitações físicas (mesmo sendo fundamental na seleção é sempre gerido) e que por vezes tem de ser substituído. Schmidt porém está sempre à espera que os melhores jogadores resolvam, nunca é ele o protagonista, no sentido de dar algo mais ou diferente à equipa quando esta necessita. Não tem nenhum golpe de asa, não arrisca nada, é sempre conservador e conformista.

Ao contrário do habitual, ouvi ontem um pouco do debate futebolístico na CMTV. E Miguel Henrique teve uma análise sóbria e racional: qual a relação de Schmidt com o plantel e o restante staff? O trabalho diário é de qualidade? Schmidt vai aprender com os erros? Estas são algumas das perguntas que Rui Costa precisa de fazer e, em função das respostas, tomar as suas decisões. Pessoalmente não creio que o alemão tenha condições para continuar, mas atenção: para sair é necessário que venha alguém com mais capacidade. Para fazer o mesmo ou pior não vale a pena mudar, até porque o problema do Benfica é mais profundo do que uma mera questão de treinador.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Fim da linha

 Roger Schmidt teve todas as condições para fazer uma época muito diferente, para melhor.

Perdeu o jogo decisivo contra o Porto (disse logo que se não ganhassemos ali íamos para Alvalade já numa posição muito desfavorável) e depois, já no desespero, contra o Sporting (até um empate ainda deixava algumas esperanças...). Também perdeu a Taça de Portugal e a Taça da Liga.

O jogo de hoje não tem desculpa. O Benfica até não estava mal no jogo mas as substituições foram catastróficas: saiu o melhor jogador (Neres) e ficaram os totalmente inoperantes Di Maria e Rafa. Tengstedt foi a nulidade do costume e a sua saída só pecou por tardia. 

A derrota nos penaltis era óbvia, tanto que escrevi esta crónica antes. 

Obrigado pelo título do ano passado. 

auf Wiedersehen



PS - parabéns pela substituição de Odisseas por Trubin. Foi uma jogada de génio. 

PS2 - Grimaldo não presta para nada, como ouvi durante anos muitos benfiquistas dizer e depois de sair do Benfica nunca mais seria ninguém nem ganharia nada. 

terça-feira, 16 de abril de 2024

Eficácia

 Todos gostamos de futebol atacante e espectacular. Isso está mesmo na matriz do Benfica e foi reconhecido por vários treinadores, incluindo Jorge Jesus e Roger Schmidt para citar apenas os mais recentes.

No entanto a eficácia é um aspecto fundamental do jogo.

O Sporting será campeão este ano porque foi mais eficaz do que o Benfica. 

Veja-se o jogo que decidiu o título: o Sporting marca na primeira vez que vai à grande área do Benfica, aos 47 segundos. E durante o jogo o Benfica esteve quase sempre por cima, incluindo depois de empatar, mas quem venceu no fim foi o Sporting. Isto não é apenas a minha análise, são os factos, como demonstrados pelas estatísticas:

                       Sporting        Benfica

posse de bola        49                51

cantos                     7                13

remates                 14                14

remates à baliza     3                  4

golos esperados    0.96           1,32

ocasiões flagrantes 1                  3

bolas nos ferros      1                  1

Fontes: livescore, footbmob, espn, zerozero


Uma estatística que foi decisiva neste jogo foi a dos guarda-redes: 2 defesas para Israel, 1 para Trubin. Se fosse ao contrário teríamos vencido o jogo. O Sporting também se superiorizou nos duelos 53-47 e nos dribles 14 (74%)-10(48%). Mas o que realmente contou no fim foi a eficácia nas oportunidades flagrantes: o Sporting não desperdiçou nenhuma, o Benfica desperdiçou duas. (Mais uma vez faço notar que isto não são opiniões minhas, são estatísticas de sites independentes). 

Esta foi uma constante ao longo da época: o Sporting a marcar praticamente em todas as ocasiões criadas, o Benfica a desperdiçar demasiadas. Ainda neste jogo com o Famalicão, que sela o título, o Sporting marca no primeiro remate à baliza e depois só faz mais um o jogo todo. Mas o Famalicão não fez um único. Ou seja, o Sporting é eficaz à frente e atrás. O Benfica para ainda poder ser feliz esta época precisa de melhorar os seus índices de eficácia tanto no ataque como na defesa. Continuamos a conceder demasiadas oportunidades aos nossos adversários. 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Eriksson merecia mais

 O Benfica estava a fazer uma exibição razoável e tinha a eliminatória controlada.

Em Anfield a Atalanta vencia confortavelmente. 

Até que António Silva comete um erro enorme e abre uma autoestrada para o golo de Aubameyang que toda a gente sabia ser o mais perigoso jogador do Marselha.

Desde então o Benfica não mais se encontrou. Em vez de ajudar, o estádio só contribuiu para uma maior intranquilidade da equipa. Absolutamente lamentável, considerando até que Eriksson tinha acabado de ser homenageado e merecia um fim de jogo completamente diferente.

É óbvio que Schmidt poderia e deveria ter refrescado a equipa que já se sentia pesada. Certamente que sim. Mas não é por os adeptos assobiarem (inclusive Di Maria...) que Schmidt vai mudar. A única coisa que conseguiram foi perturbar e desmotivar uma equipa que sofreu 2 enormes revezes na passada semana.

Veremos se um golo de vantagem chega. De uma coisa tenho a certeza: em Marselha o ambiente será efervescente e de apoio incondicional à sua equipa. Mesmo que esteja a perder. Cada um que tire as suas conclusões. As minhas são claras: os adeptos do Benfica tiveram uma prestação miserável, vergonhosa. Além do já referido houve ainda confusão com as claques. (Quando é que acabam com os NN ou pelo menos tiram dali os inúmeros elementos criminosos que enquinam tudo e prejudicam o Benfica?) 

Volto à questão Liverpool. Como antevi, os ingleses pouparam jogadores. Disse que isso aumentava as hipóteses das outras equipas. Mas não antecipei que ficassem praticamente eliminados na 1a mão. Agora isto também mostra que a Atalanta (como já se vira com o Sporting) é uma equipa muito forte. Seja como for, o Benfica tinha (e continua a ter) uma janela de oportunidade para chegar à final e, quem sabe, finalmente voltar a vencer uma competição europeia. Agora todos têm de refletir. Todos. Não é só o treinador, são os próprios jogadores e dirigentes. Sentem-se à mesa, falem abertamente. Identifiquem os problemas e fortaleçam o espírito de grupo. E os adeptos que tenham juízo e deixem de criar mau ambiente. É triste. É um Benfica que eu já não reconheço. 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Mourinho? Por favor poupem-nos...

 Mourinho tem assistido a quase todos os jogos do Benfica, o que evidentemente tem a leitura - que o próprio não desconhece - de que está interessado no lugar de treinador do nosso clube. Assim, para todos os efeitos, Mourinho está-se a "oferecer" ao Benfica.

Schmidt deverá sair (quem sabe se até para o Bayern, que não conseguiu garantir Alonso e não deverá conseguir também Amorim), pelo que o Benfica deverá necessitar de um novo treinador. E as opções não abundam: Abel Ferreira, que agradaria a muitos (incluindo a mim) já disse que fica no Palmeiras mais dois anos (tudo pode mudar, mas seguramente não sairá nos próximos meses, que é quando necessitaremos de ter um treinador para a próxima época) e Marco Silva (outro nome sempre falado) também não deverá querer deixar um salário milionário e uma liga de topo onde acha que ainda pode chegar mais longe. 

Mourinho, de longe o treinador português mais titulado, surge assim como uma opção que alguns não vêem com maus olhos. Simplesmente o Mourinho que ganhou não é o mesmo de agora. O grosso dos títulos de Mourinho datam do período  2002-2010. Depois disso Mourinho ainda ganhou alguma coisa com o Real Madrid (não ganhar no Real é a excepção), um novo título de campeão no Chelsea (2014-2015) e taças no primeiro ano do Manchester United (2016-2017). Mas exceptuando a Liga Conferência (uma competição terciária) nunca mais voltou a vencer o que quer que fosse. Ou seja o período áureo de Mourinho data de há quase 15 anos e o último período vencedor de há quase 8. 

Isto acontece porque a "fórmula Mourinho" deixou de funcionar. Os treinadores em geral tornaram-se mais evoluídos tacticamente e Mourinho não tem já a idade ou a criatividade para se reinventar e apresentar algo de novo que seja eficaz. Pelo contrário, neste momento apenas "amarra" as equipas que treina a esquemas tácticos que limitam as capacidades dos jogadores. Por outro lado, o lado mental, a garra e concentração que as suas equipas tinham já não é um factor diferenciador. Note-se que mesmo esse efeito se perdia invariavelmente no segundo ou mais tardar o terceiro ano.

Veja-se como Mourinho não trouxe nada de novo ao Tottenham ou à Roma (que investiu mais do que nos anos anteriores, tendo ido buscar jogadores como Abraham, Dybala ou Lukaku). Aliás, desde a saída de Mourinho que a Roma começou a jogar muito melhor, a marcar mais golos e a ganhar mais jogos. As estatísticas de Mourinho na Roma são: 138 jogos, 68 vitórias, 31 empates e 39 derrotas (49,28% de vitórias). As de De Rossi são 15 jogos, 10 vitórias, 3 empates e 2 derrotas (66,66% de vitórias). 

Em conclusão, considero que Mourinho seria uma péssima escolha. É um treinador que merece respeito pelo seu percurso mas que cuja fase melhor da carreira já passou. Não trará nada de particularmente relevante mas quase de certeza porá o Benfica a jogar um futebol deprimente. Não é disso que precisamos.

Outras possibilidades? Cabe aos departamentos especializados e bem pagos no Benfica identificarem. Varandas até pode ser um péssimo gestor mas tomou duas excelentes decisões que farão dele para a posteridade um presidente muito importante da história do Sporting: o fim do apoio às claques e a contratação (que muitos consideraram louca) Amorim pagando uma cláusula de rescisão nunca antes vista em Portugal e a terceira maior (após a penalidade por pagamento em atraso) do futebol mundial por um treinador. 

Mas atenção: há muito mais coisas que estão mal no Benfica para além da questão do treinador. Há que tirar ilações do investimento colossal (à nossa dimensão) feito sem qualquer retorno. Na aposta em jogadores manifestamente sobrevalorizados, na contratação em campeonatos mais caros do que o nosso, nunca se apostando no mercado nacional, nas lacunas evidentes no plantel logo ao começar a época, entre outros erros de palmatória.

Rui Costa tem a palavra.

Uma janela de oportunidade

 O Benfica perdeu numa semana as duas competições nacionais. Todos vimos o que aconteceu e como, não quero escrever nada sobre o assunto.

Com o campeonato arrumado (a derrota do Porto assegura o 2° lugar), abre-se uma janela para a Europa. A partir daqui podemos concentrar-nos quase exclusivamente nas competições europeias. 

Nos quartos de final recebemos na primeira mão um Marselha completamente em cacos. O Benfica vem de duas derrotas duríssimas mas pelo menos tem a consciência de que jogou bem e que tudo fez para ganhar. O Marselha vem de 4 derrotas e más exibições. Na Luz precisamos de fazer uma exibição convincente e ter finalmente eficácia. 

Se passarmos esta etapa - e francamente temos obrigação de o fazer - seguidamente tudo é possível. Em circunstâncias normais, o Benfica não tem hipóteses contra o Liverpool. Mas o Liverpool está neste momento numa luta ombro a ombro com Arsenal e City na recta final do campeonato inglês. Não há dúvida de que essa será a sua prioridade. Isto aumenta um pouco as chances das outras equipas na Liga Europa.

Saiba Schmidt agora tirar partido na Europa da situação em que nos encontramos (perfeitamente resolvida) a nível interno. 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Toque a reunir

 O Benfica foi prejudicado na eliminatória da Taça? Foi, mas vamos esquecer isso.

Vamos esquecer isso e todas as dúvidas que possamos ter acerca do treinador, da composição do plantel, deste ou daquele jogador.

Já se percebeu que em caso de dúvida as decisões são contra o Benfica, que Di Maria pode levar pancada à vontade que não se marcam faltas e que o Sporting este ano é o querido dos árbitros.

A nossa tarefa - vencer em Alvalade - torna-se assim quase hercúlea.

Por isso eu apelo aos benfiquistas: pelo menos esta semana estejamos unidos à volta da equipa. Que os jogadores possam sentir todo o nosso apoio e carinho. A forma como se bateram para vencer na passada terça-feira honrou os pergaminhos do Benfica. Foi até ao último minuto e até à última gota de suor. 

Sábado terão - teremos - uma nova oportunidade. Vencendo colocamo-nos numa excelente posição para renovar o título de campeões.

Apelo por isso ao benfiquismo de todos para neste momento fazermos jus ao lema do nosso clube. 


Atualização - com a nomeação (que era já praticamente certa) de Soares (a) Dias, a tarefa tornou-se ainda mais difícil. E não, isto não é começar já com desculpas. A este sr. conheço eu de gingeira há muitos anos: 


Para quem não se lembra, Soares Dias não assinalou nenhum destes penalties a favor do Benfica mas viria a assinalar um contra (que fez com que perdessemos o jogo e qualquer hipótese de discutir o campeonato com o Porto) muito menos evidente.


https://justicabenfiquista.blogspot.com/2019/03/o-melhor-arbitro-portugues.html 

Mas a cair, ao menos que seja de pé.

terça-feira, 2 de abril de 2024

Benfica-Sporting - acompanhamento em direto

Atualizações


Equipas oficiais

Benfica: Trubin, Bah, Otamendi, António Silva, Aursnes, Florentino, João Neves, Neres, Di Maria, Rafa, Tengstedt

Sporting: Franco Israel, Diomande, Coates, Inácio, Esgaio, Hjulmand, Daniel Bragança, Nuno Santos, Trincão, Paulinho, Gyökeres


Neres mantém-se na equipa, ao passo que Cabral perde a titularidade para Tengstedt. No Sporting a surpresa maior é Bragança no lugar de Morita. 


15'30" - Tengstedt faz um chapéu subtil a Israel e a bola vai à barra. 

19'30" - oportunidade flagrante de Di Maria já praticamente dentro da pequena área. A bola foi "ao boneco" 

O Benfica domina mas ainda não conseguiu marcar 

33' mais uma jogada perigosa do Benfica com Tengstedt a ser carregado em falta mesmo à entrada da área com o árbitro a nada assinalar 

37'30" mais uma falta à entrada da área, desta vez sobre Di Maria não assinada. O árbitro assinala mesmo falta de Di Maria 😂

45"+3 cartão amarelo a Di Maria por chutar a bola após o apito do árbitro 

Final da primeira parte 

Adeptos do Sporting fazem a festa 

Boa primeira parte do Benfica mas faltou o golo para dar expressão ao domínio de jogo e assim o Sporting continua à frente na eliminatória 

Sporting muda 3 jogadores da linha defensiva ao intervalo 

Início da segunda parte 

45'30" - primeiro remate (e com perigo) pertence ao Sporting 

46" Golo do Sporting por Hjulmand

52" golo do Benfica por Otamendi 

54'20" golo do Sporting por Paulinho. Katamo mais uma vez surge quase sozinho na esquerda e Trubin defende para a frente oferecendo o golo a Paulinho 

O Benfica agora arrisca muito. Ou marca em breve ou arrisca sofrer novo golo e perder a eliminatória em definitivo 

Bola ao poste de Gyokeres

64' Golo de Rafa

72' Penalti não assinalado sobre Rafa 

Domínio avassalador do Benfica 

Algum cansaço (natural) nota-se na nossa equipa. Os jogadores têm dado tudo 

89' Grande oportunidade do Benfica 

Final da partida. Pelo meio houve um novo lance duvidoso na área do Sporting 

O Benfica mereceu pelo menos o prolongamento. Resta agora ir vencer a Alvalade. 


Caros benfiquistas, a esperança é sempre a última a morrer, pelo que continuamos a esperar uma época vitoriosa. Para já joga-se a passagem à final da Taça de Portugal e logo num derbi, aliás o derbi eterno.

Farei atualizações ao longo do dia e, dependendo do interesse e participação dos benfiquistas, eventualmente também ao longo do jogo.


Quem está mais pressionado? É difícil de dizer, porque se por um lado o Sporting tem estado melhor e os seus jogadores parecem mais confiantes, por outro o Benfica este ano já ganhou um título (supertaça) e já venceu o Sporting na Luz. Neste momento o Sporting parece ter mais a perder do que o Benfica. Por outro lado, Rúben sabe que só irá para o Liverpool se alcançar títulos. E ir treinar o Liverpool não é para qualquer um nem é uma oportunidade que se repita. Basta dizer que Eriksson admitiu recentemente que treinar o Liverpool era o seu sonho. Amorim está portanto sob fortíssima pressão.

De certo modo o Sporting encontra-se na mesma situação que em 2005 com Peseiro: pode ganhar ou perder tudo numa semana.


Grimaldo envia o seu apoio ao Benficahttps://www.abola.pt/futebol/noticias/grimaldo-publica-mensagem-antes-do-benfica-sporting-2024040215581744661


A minha previsão para o 11: Trubin, Bah, Otamendi, António Silva, Aursnes, Florentino, João Neves, João Mário, Di Maria, Rafa, Arthur Cabral.

A maior dúvida para mim é quem jogará do lado esquerdo. Neres tem tido a posição nos últimos jogos mas tem estado algo apagado. Além disso, Schmidt poderá querer dar outro tipo de equilíbrio ao meio campo e daí a inclusão de João Mário. Também poderia ser Kokçu mas o que aconteceu com a entrevista e também em Alvalade (onde jogou nessa posição e mal), leva-me a postar em Mário. Na frente também existem algumas dúvidas, podendo jogar qualquer um dos três avançados que temos. 

sábado, 30 de março de 2024

Más sensações

 Mais ainda do que o resultado, a magra vitória ou a exibição, o jogo de ontem deixou-me más sensações. Foram os 3 penaltis falhados, dois deles por Cabral que até tinha voltado à titularidade, os assobios a Kokçu, uma falha que podia ter sido comprometedora de Trubin e um par de calafrios antes do fim do jogo. Nas vésperas dos dérbies, o Sporting venceu um jogo complicado e os seus atletas acabaram todos abraçados, ao passo que na Luz o ambiente não era famoso. Veremos se isto é prenúncio de alguma coisa já daqui 3 dias. Até lá, boa Páscoa. 

quinta-feira, 21 de março de 2024

A pausa antes da decisão final

 Esta pausa nas competições clubísticas parece autenticamente um intervalo comercial para aguçar o apetite do espectador pelo desfecho final. Um expediente de suspense. Até porque estes jogos das seleções não têm o mínimo interesse.

O Benfica partirá para a fase final da época sem qualquer margem de erro. O Porto já está fora da luta pelo título e o Sporting parte na melhor posição possível, na liderança e dependendo de si, ainda com margem de erro, para ganhar as duas competições nacionais.

No dia 3 de março, imediatamente antes do jogo com o Porto escrevi que era o jogo decisivo. Uma não vitória nesse jogo (estava muito longe de imaginar que um desastre daqueles poderia acontecer)  

"abre caminho para o Sporting assumir a liderança à entrada na recta da meta, ficando [o Benfica] depois dependente de uma vitória improvável (pois o Sporting jogará de cadeirinha, no seu estádio, bastando-lhe um empate) e já quase desesperada no dérbi".

É esta a situação em que estaremos quando as competições reatarem. E é bom termos essa consciência.

Primeiro que tudo teremos o Chaves em casa. É o último classificado, não pode haver margem para qualquer tipo de deslize. Atenção: não é jogo para estar a tentar "demonstrar" seja o que for, colocar muito o pé no acelerador e ir em busca de goleadas. Há que entrar forte para tentar resolver o jogo cedo e se possível gerir depois. Isto porque 4 dias mais tarde recebemos o Sporting para a Taça.  Um jogo também de grande importância: vale uma final da Taça.

E outros quatro dias depois temos o derby decisivo para o campeonato.

 Vencer em Alvalade? Sim, é obrigatório. A "leveza" com que Schmidt encarou o jogo com o Porto transmitiu-se à equipa, enquanto do outro lado o adversário viu aquele jogo como "de vida ou de morte". Agora será a mesma coisa. Tudo bem que o Benfica possa ter um estilo mais pausado e menos "voraz" do que o Sporting. Mas se nestas partidas não equiparar - no mínimo - a agressividade e intensidade do adversário, voltará a perder e poderá colocar em causa até o segundo lugar. Este é o tudo por tudo. Há que ganhar ou ganhar. Não é um jogo de desespero, é um jogo para conquistar a vitória. Para ir a Alvalade recuperar pontos de que precisamos para o objectivo do título. Esta mensagem muito simples tem de ser passada aos jogadores, ao mesmo tempo que é preciso escalar uma verdadeira equipa, não apenas 11 indivíduos a correr cada um para seu lado. A táctica tem de ser a certa mas os jogadores também têm de dar tudo, não é cada um estar apenas preocupado com o seu rendimento individual e o que se dirá sobre si.

Vencendo em Alvalade o Benfica ficaria na liderança à condição, sendo que o Sporting terá ainda uma deslocação ao Porto e o tal jogo em atraso que obrigatoriamente terá de vencer para regressar ao 1º lugar. Isto partindo do pressuposto de que o Sporting ganha na Amadora antes dos jogos com o Benfica. Se não o conseguir, as coisas podem tornar-se um pouco mais risonhas para nós.



segunda-feira, 18 de março de 2024

O Benfica europeu

O Benfica cumpriu a sua "obrigação", eliminando o Rangers. Obrigação no sentido em que temos um maior orçamento e uma equipa mais forte, como ficou demonstrado ao cabo da eliminatória. Já na Luz merecíamos um resultado muito diferente, pois o Glasgow marcou no primeiro ataque que fez à nossa baliza e depois logo após o nosso empate, tendo feito pouco para o merecer. Na Escócia o jogo foi mais equilibrado e o Benfica até aceitou remeter-se alguns períodos à defesa, acabando por marcar precisamente num contra ataque no qual toda a equipa do Rangers estava metida dentro do nosso meio campo. 

Foi uma eliminatória brilhante? Não, mas em princípio jogámos o suficiente para merecer a passagem. 

O Benfica tem sido algo maltratado pela comunicação social este ano. Se no ano passado houve, até dada altura, um estado de graça de Schmidt com os média, este ano é o contrário: os elogios tornaram-se em críticas por vezes a roçar o insulto. Note-se que eu não alinho no discurso de que os média e os comentadores estão todos contra o Benfica, que são todos "pasquins" e "avençados", etc. Essa mentalidade não nos leva a lado nenhum e corresponde a uma percepção distorcida da realidade: muitos dos jornalistas ou comentadores insultados em alguns blogs como "anti" são na realidade benfiquistas. Dito isto há que reconhecer que muitas vezes, possivelmente em razão da sua grandeza ímpar, embora também não se possam excluir más intenções por parte de alguns, o Benfica é tratado nos média de uma forma diferente dos outros.

Assim, enquanto Rúben Amorim pode dar descanso a meia equipa e assim perder logo em Alvalade a eliminatória com a Atalanta sem que ninguém esboce uma crítica; enquanto o Porto é eliminado mas fez uma eliminatória "épica"; já o Benfica chega a ser criticado após eliminar o Rangers!

O que se diria se no Benfica tivesse sido feito o que fez Amorim? Não precisamos de imaginar, basta recuar ao tempo de Jorge Jesus no nosso clube: quando ele promoveu alguma rotação na Liga Europa todos os comentadores lhe caíram em cima. Porque Jesus estava a desvalorizar a competição, estava a desonrar os pergaminhos do clube, um treinador de um grande não podia fazer isto, tinha de jogar com os melhores, eles são profissionais pagos para isto, blá, blá, blá. Mas agora quando Amorim o faz, está muito bem pensado, o Sporting não tem plantel para as duas competições, o campeonato é o principal objectivo, etc, etc.


Também é curioso que o Sporting "não tenha plantel" (só o Benfica é que tem). Quanto custou Paulinho? Quanto custou Gyokeres? Hjulmand? St Juste? Segundo o transfermark, respetivamente 16, 21, 18 e 10. Só aqui estamos a falar de 65 milhões. Gyokeres está, é verdade, a fazer uma época tremenda e a justificar plenamente o investimento. Mas de Paulinho não se pode dizer exatamente o mesmo e já está no Sporting há anos suficientes para o juízo ser bem sustentado. Fresneda custou 7 milhões,  Trincão outros 7, Diomande 7,5 e Esgaio 5,5. Juntando aos 65 já vamos em 92 milhões de euros.

Por que é que isto é importante? Porque o Sporting é apresentado nos média como uma equipa de tostões, que faz praticamente milagres, que se bate contra um clube rico e esbanjador (o Benfica). A obrigação, a pressão é sempre do Benfica. O Sporting já está a fazer "mais do que o esperado e a sua obrigação". Amorim, como excelente treinador e profissional que é, percebe essa narrativa e sabe retirar partido dela. 

A questão é que, como acabámos de ver, é uma estória falsa. Aliás, ninguém fala de outra parte que são os perdões de dívida do Sporting, esses sim, susceptíveis de criar distorções na competição e favorecimentos indevidos. Se o Benfica compra jogadores caros é porque fez receitas para isso. Já o Sporting compra porque não paga as dívidas.

Em relação ao Porto, sobre a gestão não vale sequer a pena dizer nada. A "guerra civil" em curso é plenamente esclarecedora. Agora "A Bola" escrever "Gigantes" porque perderam só por um com o Arsenal, depois de terem ganho à base da sorte na primeira mão, e foram eliminados nos penalties, parece-me excessivo. (Já agora: Diogo Costa não era "dos maiores especialistas do mundo em defender penaltis"?) Sim, o Porto bateu-se bem, mas foi basicamente uma equipa defensiva que nunca arriscou nada. Se fosse o Benfica seguramente que o discurso seria diferente ("falta de rasgo", "falta de ambição", "estava ao alcance", etc). 

Depois os portistas dizem que são os maiores de Portugal em termos europeus. Mas nunca ganharam em Inglaterra (e levaram muitas goleadas) ao passo que o Benfica venceu em Inglaterra 4 vezes! E não, não foi no tempo da televisão a preto e branco. Foi recentemente (eu vi todas essas vitórias) e perante Arsenal, Liverpool, Everton e Tottenham, alguns dos maiores de Inglaterra. Também eliminámos o Manchester United na Champions (e sem precisar de anular golos perfeitamente legais ao adversário...).

O que se retira de tudo isto é para os outros perder é normal. Só o Benfica é que tem todas as obrigações e mais alguma. Aliás, mesmo quando ganha não tem mérito. É interessante que esta tenha sido a primeira vitória de um clube português em casa do Glasgow, mas mais uma vez isso não interessa nada e não tem mérito nenhum porque os escoceses nem sabem jogar futebol, só rugby. O que tem mérito é bater-se bem com gigantes do futebol mundial como a Atalanta ou perder apenas por 1 com um Arsenal devastador na Liga dos Campeões. 

Vem agora o Marselha, clube com historial, como bem sabemos, que tem uma equipa interessante (o principal goleador é Aubameyang) e adeptos fervorosos. Será uma eliminatória difícil. Basta dizer que o Marselha este ano já eliminou Ajax, Aek de Atenas, Shakthar Donetsk e Villareal, este último com uma goleada de 4-0 em Marselha que resolveu logo a eliminatória na primeira mão. Agora claro que o Benfica tem todas as possibilidades de passar em frente. O Benfica está neste momento nos terceiros quartos de final consecutivos a nível europeu (duas vezes Liga dos Campeões, uma vez Liga Europa). Naturalmente queremos fazer mais, mas é um registo positivo.

domingo, 17 de março de 2024

Inacreditável. Época de pesadelo

 Não tenho escrito nada por pura superstição. As coisas estavam a correr um bocadinho melhor e como teoricamente ainda podemos ganhar tudo achei que nesta altura já basta o ruído dos anti benfiquistas e dos média sempre sedentos de sangue.

O que não poderia imaginar é que o ruído, para não dizer a traição, viria de dentro do próprio balneário. 

Esta é uma época inacreditável. É por demais evidente que falta liderança no Benfica a um ponto quase inconcebível. Desde Agosto que alerto para isso. Limito-me a constatar coisas que para mim são evidentes, não tenho nenhuma informação privilegiada ou pelo menos não recorro a ela. E no entanto tanta gente paga principescamente dentro do clube não se apercebe destas evidências e não resolve os problemas.

Lourenço Pereira Coelho, Luizão, Javier Garcia, para não falar do treinador e do Presidente, ninguém é capaz de lidar com a grotesca indisciplina deste plantel.

Desde Agosto que digo que há problemas graves, mas chegamos a meados de Março a continuar a dar tiros nos pés. Os casos já quase não têm conta: Vlachodimos, Neres, Morato, Musa, Ristic, Jurassec, Arthur Cabral, o próprio Di Maria e agora o mais grave de todos, Kokçu.

Independentemente das opções do treinador que muito aqui já critiquei, é inconcebível que numa fase decisiva da época, um jogador venha publicamente criticá-lo e colocar em causa a sua autoridade. O Benfica não tem outra opção senão afastar imediatamente o turco da equipa. 

São casos a mais. Quase só um milagre poderia salvar esta época de ser um falhanço espectacular. Esse milagre passaria por ultrapassar o Marselha (equipa perfeitamente acessível a um Benfica "normal"), vencer o campeonato ou ficar em segundo lugar e vencer a Taça de Portugal (cenário de "mal menor"). Infelizmente não acredito nesse milagre e temo que lentamente venhamos a hipotecar todas as chances de sucesso nas próximas semanas. Oxalá esteja enganado. 

segunda-feira, 4 de março de 2024

Incompetência

 Roger Schmidt não tem condições para continuar no Benfica. A única questão é se sai nos próximos dias/semanas ou no final da época. E não tem condições porque não tem competência.

É verdade que Schmidt é campeão pelo Benfica e fez uma muito boa Champions na época passada.

Mas desde então - aliás já desde a renovação - as decisões têm sido mais do que questionáveis e o futebol do Benfica tem-se vindo a degradar, culminando na débacle de ontem, de alguma forma anunciada. 

Schmidt é incompetente porque não prepara os jogos e não estuda os adversários devidamente. A este nível isso não é possível. 

Ontem parecia um jogo de homens contra rapazes ou de profissionais contra amadores. Sendo que o Benfica tem atletas com mais qualidade e até experiência do que o Porto, a diferença esteve toda nos treinadores. É um facto que o Benfica venceu o Porto 3 vezes na era Schmidt. Mas em duas delas esteve em vantagem numérica desde a primeira parte, tendo acabado por vencer com dificuldade e pela margem mínima. Ontem com a expulsão de Otamendi (segunda exibição seguida para esquecer) o jogo acabou e a questão ficou apenas de saber quantos sofreríamos. Aliás desde o primeiro minuto de jogo que se percebeu que a defesa do Benfica era um passador e o ataque inexistente.

As conferências de imprensa de Schmidt também sugerem que ele não percebe muito do assunto. As explicações são demasiado simplistas e o discurso pouco ou nada mobilizador. Fazem-me lembrar Graham Souness quando disse que o futebol são 11 duelos individuais. Se a coisa funciona assim não se percebe para que é necessário um treinador. 

Ontem Schmidt veio dizer que o Porto esteve melhor a todos os níveis e que estava mais fresco. Sim, é verdade. Mas quem é que há dias tinha dito que o calendário não o preocupava? Que acreditava na forma da equipa? Quem é que deu a titularidade a João Mário para o combate a meio campo que se adivinhava? Quem é que tem esgotado João Neves, que parece um bombeiro a apagar fogos, deixando-o quase sozinho no meio, com parceiros como Mário ou Kokçu, quando tem Florentino no banco? Quem deixa Rafa em campo até aos 90 minutos em jogos em casa contra equipas pequenas e a golear?

Quem é o responsável por o Porto ter sido melhor "física, mental e tacticamente"? Quando se diz "melhor" estamos a falar de 5 golos de diferença melhor (e podiam ter sido mais). 

O que aconteceu ontem já tinha acontecido várias vezes esta época. Começou na Champions mas também aconteceu recentemente contra Sporting e Toulouse. A diferença foi que ontem as bolas começaram a entrar cedo.

Uma humilhação destas não pode passar incólume. Não basta dizer que é futebol e que estas coisas acontecem. Eu já antes do jogo com o Sporting para a primeira volta tinha previsto o pior. Uma vitória à 25ª hora com dois golos nos descontos mascarou muita coisa. Mas ontem tudo ficou completamente destapado. O Benfica foi completamente anulado porque o treinador adversário estudou os nossos pontos fortes e foi ferido e abatido porque o treinador adversário estudou os nossos pontos fracos. Shmidt não fez uma coisa nem outra. Já contra o Sporting se viu que a equipa não tinha guião. Ontem isso foi ainda mais gritante. 

Ontem os jogadores do Benfica entraram para dentro de campo a ver o que é que o jogo dava. Não tinham qualquer plano minimamente estudado. Pareciam desconhecer o adversário que iam enfrentar. Fez lembrar os combates em que amadores vão para dentro do ringue porque até sabem umas coisas e lá na rua são durões. Depois chocam com a realidade, ou seja duas mãos (e por vezes pés, cotovelos, joelhos) a bater-lhes na cara e só querem é sair dali o mais rápido possível. 

Tenham vergonha! Isto é o Benfica! 

Uma última nota sobre o plantel. O Benfica tem 3 pontas de lança para jogar com um (no caso de ontem o pior dos 3) ou nenhum de início. Foi buscar Rollheiser, não se sabe bem para quê. Mas não tem um defesa esquerdo em situação de jogar (Bernat é o que se sabe, Carreras é uma nulidade) após dispensar dois no início da época e não tem um substituto para Bah (para além de Aursnes, o pau para toda a obra). Uma equipa que quer jogar um futebol ofensivo e não tem laterais é algo de inacreditável. Schmidt é seguramente um dos mas não o único responsável por isto.

domingo, 3 de março de 2024

Exigem-se responsabilidades.

Eu ainda quis acreditar mas aconteceu exatamente o que mais temia. Um Roger Schmidt emaranhado nos seus próprios equívocos e labírintos, preso a opções mais do que questionáveis, sem rasgo nem noção da importância dos momentos. Este era um jogo para entrar com tudo, para mostrar quem é (era) o campeão, para dominar desde o início.

Mas com a opção por Morato percebi mesmo antes do jogo que íamos voltar aos maus, péssimos, hábitos das adaptações e das contenções. Já em Alvalade achei que a substituição de Bah por Morato tinha sido má. Se as coisas foram um pouco menos desastrosas na segunda parte do que na primeira, isso nada teve a ver com essa substituição. Teve a ver com o normal abrandamento de quem está a ganhar e a reacção de quem está a perder (reacção que esta noite nem conseguimos ter). 

Este jogo foi vergonhoso, uma exibição (?) escandalosa do Benfica e a culpa é única e exclusivamente de Roger Schmidt. O Benfica foi completamente vulgarizado por um Porto mediano porque Sérgio Conceição com menos recursos consegue fazer muito mais do que Schmidt. Há muito, mas muito tempo que não via um banho de bola tão grande, tão humilhante como este. Desde o primeiro minuto que foi assim e até ao último não percebi qual a estratégia e o que queria Schmidt deste jogo. Defendemos mal e fomos completamente inofensivos. Foi uma réplica, para pior, do que aconteceu em Alvalade. Não há nada, mas mesmo nada de positivo a retirar deste jogo que nos afasta provavelmente definitivamente do título. 

Foi uma época de enorme investimento. Uma época em que jogaram 6 atletas na posição de lateral esquerdo. Em que chegamos à fase final sem ter um 11 base, sem ter sequer um sistema definido, sem que, excepção feita aos centrais, a Di Maria e João Neves, nenhum jogador tem posição definida no 11. (Mesmo João Mário e Aursnes que são sempre titulares já jogaram em diferentes posições ao longo da época).

Só mesmo Schmidt achava que João Mário, Tengstedt, Morato e Kokçu na ala seriam soluções num jogo desta natureza. São erros, equívocos e decisões inexplicáveis a mais. Cabe a Rui Costa tirar ilações do que hoje ficou por demais evidente.

Decisivo

 O jogo com o Porto é decisivo. Ou o Benfica vence e arranca para a vitória no campeonato ou abre caminho para o Sporting assumir a liderança à entrada na recta da meta, ficando depois dependente de uma vitória improvável (pois o Sporting jogará de cadeirinha, no seu estádio, bastando-lhe um empate) e já quase desesperada no dérbi. 

Para vencer teremos de jogar como uma verdadeira equipa - e com muita cabecinha! Só assim e só depois disso os grandes nomes poderão aparecer.