sábado, 20 de abril de 2024

Oportunidade de ouro desbaratada

 O Benfica perdeu com o Marselha, uma equipa que, quase unanimemente, comentadores e analistas consideram bastante inferior. Aliás, o facto de antes do jogo a equipa francesa estar numa série de 5 derrotas consecutivas se não diz tudo anda lá perto.

O que eu não tenho visto ser salientado é que, para além do desperdício de ser eliminado pelo Marselha (coisa completamente diferente teria sido uma eliminação perante um Milão ou um Liverpool), o Benfica perdeu uma belíssima oportunidade de vencer a Liga Europa. 

É que com a conjugação dos resultados dos outros jogos, o Benfica jogaria a meia final com a Atalanta e, passando, a final com a Roma ou o Bayer Leverkussen. Ou seja, com equipas que estavam ao seu alcance.

O Benfica alcançou duas finais seguidas da Liga Europa, em 2013 e 2014. Na primeira teve um percurso relativamente tranquilo até à final mas ali apanhou o Chelsea que era claramente uma equipa muito mais forte. Batemo-nos muito bem e fomos infelizes mas o desfecho foi relativamente "normal". Já em 2014 o Benfica teve de eliminar o Tottenham nos oitavos e a Juventus nas meias. Depois jogou a final com o Sevilha, que é o Real Madrid da Liga Europa: tem "só" 7 vitórias. O Benfica perdeu nos penaltis (já é sina), numa noite extremamente infeliz do árbitro que para deitar sal na ferida de um jogo em que perdoou pelo menos dois penaltis aos espanhóis ainda conseguiu não ver Beto, o guarda-redes dos andaluzes, avançar um metro em relação à linha de baliza antes dos pontapés de penalti serem batidos. Lamentável e mais uma vez perdemos uma final europeia.

Ora este ano não apanharíamos nenhuma equipa claramente superior em termos de recursos financeiros ou de nome e palmarés europeu, nenhum "papa-taças", incluindo na final, se lá chegássemos. É verdade que Atalanta (na Europa) e Bayer (em todas as competições) têm demonstrado um futebol muito superior ao Benfica este ano. Mas isso vale o que vale. Já sem preocupações internas, o Benfica poderia ter-se concentrado exclusivamente na Liga Europa e a motivação subiria certamente. Temos dois campeões do mundo no plantel e jogadores com valor e algo a provar. Tínhamos todas as condições para poder vencer, no sentido em que partíamos (na minha opinião, claro) com as mesmas possibilidades dos outros.

Eu sei que esta conversa não muda nem adianta nada. De certo modo é até mais deprimente estar a pensar nisto. Mas os leitores que me perdoem. Estou de ressaca de uma época em que nem sequer me cheguei a inebriar... É triste chegar a abril com tudo perdido e nada por que lutar, num ano em que investimos tanto e em que as expectativas eram tão altas. E de facto as nossas possibilidades para estas eliminatórias eram mais favoráveis do que alguma vez me lembro, de modo a podermos chegar à final e ganhar.

Isso foi completamente desbaratado, cortesia do nosso treinador. De facto tudo o que aconteceu foi para mim tão previsível que por vezes quase gostaria de ser mais ingénuo e não ver as coisas de forma tão clara, pois essa antevisão chega a parecer maldição. É que quando Aubemeyang marcou na Luz eu comecei a ver o filme. E quando lhe deram liberdade para centrar aquela bola de morte em Marselha vi o desfecho final. A televisão ficou ligada mas eu já estava a fazer outras coisas. Nem olhei para os penaltis, já estava a escrever o post anterior, para exorcisar a minha ira.

Schmidt é um problema neste momento, mas não é a causa, nem a raiz do que está mal no Benfica. Temos ido ganhando alguma coisa, o que disfarça, mas há anos que falta cultura benfiquista no clube, exigência, rigor, profissionalismo. Provavelmente ainda escreverei algo sobre isso até ao final da época. 

Por agora, mantendo-me no tema Schmidt, também sob o ponto de vista do plantel, o desperdício do alemão é incompreensível e para mim indesculpável. Schmidt não soube utilizar a "raiva" de Kokçu e Arthur Cabral, por exemplo, para lhes dar oportunidade de provarem o seu valor em palcos que contavam. Em Alvalade Kokçu entrou já nos descontos. Um jogador que estava insatisfeito e queria mostrar mais, deveria ter tido oportunidade de, num jogo crucial (e com jogadores no ataque já esgotados), provar que realmente merecia mais protagonismo na equipa. Não é a jogar 5 e 10 minutos, já na fase caótica do jogo e em desespero que se pode mostrar e fazer alguma coisa. Agora em Marselha Schmidt colocou em campo Kokçu mais cedo, é verdade, mas sem ponta de lança, algo que fez com que o OM subisse as linhas, dificultando o jogo do turco que precisa de estar mais próximo da área adversária e de ter uma referência na frente que possa municiar. O mesmo é válido para Tiago Gouveia. Deu boas indicações no jogo anterior, como já vem dando ao longo da época, e nem sequer saiu do banco. Isto com um Rafa e um Di Maria que se arrastam literalmente em campo. É inconcebível, é um desperdício de recursos cujas consequências estão à vista. Tanto em Alvalade como em Marselha, os treinadores adversários foram fazendo substituições para levar mais o jogo para onde queriam. Já Schmidt mexeu pouco e mal e foi incapaz de tocar nas vacas sagradas.

Gosto muito de Di Maria e não sou ingrato. Para mim é impensável assobiar um jogador de uma qualidade superlativa que dá tudo o que tem fisicamente e quer vencer mais do que qualquer outro. Mas é evidente que o argentino já tem muitas limitações físicas (mesmo sendo fundamental na seleção é sempre gerido) e que por vezes tem de ser substituído. Schmidt porém está sempre à espera que os melhores jogadores resolvam, nunca é ele o protagonista, no sentido de dar algo mais ou diferente à equipa quando esta necessita. Não tem nenhum golpe de asa, não arrisca nada, é sempre conservador e conformista.

Ao contrário do habitual, ouvi ontem um pouco do debate futebolístico na CMTV. E Miguel Henrique teve uma análise sóbria e racional: qual a relação de Schmidt com o plantel e o restante staff? O trabalho diário é de qualidade? Schmidt vai aprender com os erros? Estas são algumas das perguntas que Rui Costa precisa de fazer e, em função das respostas, tomar as suas decisões. Pessoalmente não creio que o alemão tenha condições para continuar, mas atenção: para sair é necessário que venha alguém com mais capacidade. Para fazer o mesmo ou pior não vale a pena mudar, até porque o problema do Benfica é mais profundo do que uma mera questão de treinador.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Fim da linha

 Roger Schmidt teve todas as condições para fazer uma época muito diferente, para melhor.

Perdeu o jogo decisivo contra o Porto (disse logo que se não ganhassemos ali íamos para Alvalade já numa posição muito desfavorável) e depois, já no desespero, contra o Sporting (até um empate ainda deixava algumas esperanças...). Também perdeu a Taça de Portugal e a Taça da Liga.

O jogo de hoje não tem desculpa. O Benfica até não estava mal no jogo mas as substituições foram catastróficas: saiu o melhor jogador (Neres) e ficaram os totalmente inoperantes Di Maria e Rafa. Tengstedt foi a nulidade do costume e a sua saída só pecou por tardia. 

A derrota nos penaltis era óbvia, tanto que escrevi esta crónica antes. 

Obrigado pelo título do ano passado. 

auf Wiedersehen



PS - parabéns pela substituição de Odisseas por Trubin. Foi uma jogada de génio. 

PS2 - Grimaldo não presta para nada, como ouvi durante anos muitos benfiquistas dizer e depois de sair do Benfica nunca mais seria ninguém nem ganharia nada. 

terça-feira, 16 de abril de 2024

Eficácia

 Todos gostamos de futebol atacante e espectacular. Isso está mesmo na matriz do Benfica e foi reconhecido por vários treinadores, incluindo Jorge Jesus e Roger Schmidt para citar apenas os mais recentes.

No entanto a eficácia é um aspecto fundamental do jogo.

O Sporting será campeão este ano porque foi mais eficaz do que o Benfica. 

Veja-se o jogo que decidiu o título: o Sporting marca na primeira vez que vai à grande área do Benfica, aos 47 segundos. E durante o jogo o Benfica esteve quase sempre por cima, incluindo depois de empatar, mas quem venceu no fim foi o Sporting. Isto não é apenas a minha análise, são os factos, como demonstrados pelas estatísticas:

                       Sporting        Benfica

posse de bola        49                51

cantos                     7                13

remates                 14                14

remates à baliza     3                  4

golos esperados    0.96           1,32

ocasiões flagrantes 1                  3

bolas nos ferros      1                  1

Fontes: livescore, footbmob, espn, zerozero


Uma estatística que foi decisiva neste jogo foi a dos guarda-redes: 2 defesas para Israel, 1 para Trubin. Se fosse ao contrário teríamos vencido o jogo. O Sporting também se superiorizou nos duelos 53-47 e nos dribles 14 (74%)-10(48%). Mas o que realmente contou no fim foi a eficácia nas oportunidades flagrantes: o Sporting não desperdiçou nenhuma, o Benfica desperdiçou duas. (Mais uma vez faço notar que isto não são opiniões minhas, são estatísticas de sites independentes). 

Esta foi uma constante ao longo da época: o Sporting a marcar praticamente em todas as ocasiões criadas, o Benfica a desperdiçar demasiadas. Ainda neste jogo com o Famalicão, que sela o título, o Sporting marca no primeiro remate à baliza e depois só faz mais um o jogo todo. Mas o Famalicão não fez um único. Ou seja, o Sporting é eficaz à frente e atrás. O Benfica para ainda poder ser feliz esta época precisa de melhorar os seus índices de eficácia tanto no ataque como na defesa. Continuamos a conceder demasiadas oportunidades aos nossos adversários. 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Eriksson merecia mais

 O Benfica estava a fazer uma exibição razoável e tinha a eliminatória controlada.

Em Anfield a Atalanta vencia confortavelmente. 

Até que António Silva comete um erro enorme e abre uma autoestrada para o golo de Aubameyang que toda a gente sabia ser o mais perigoso jogador do Marselha.

Desde então o Benfica não mais se encontrou. Em vez de ajudar, o estádio só contribuiu para uma maior intranquilidade da equipa. Absolutamente lamentável, considerando até que Eriksson tinha acabado de ser homenageado e merecia um fim de jogo completamente diferente.

É óbvio que Schmidt poderia e deveria ter refrescado a equipa que já se sentia pesada. Certamente que sim. Mas não é por os adeptos assobiarem (inclusive Di Maria...) que Schmidt vai mudar. A única coisa que conseguiram foi perturbar e desmotivar uma equipa que sofreu 2 enormes revezes na passada semana.

Veremos se um golo de vantagem chega. De uma coisa tenho a certeza: em Marselha o ambiente será efervescente e de apoio incondicional à sua equipa. Mesmo que esteja a perder. Cada um que tire as suas conclusões. As minhas são claras: os adeptos do Benfica tiveram uma prestação miserável, vergonhosa. Além do já referido houve ainda confusão com as claques. (Quando é que acabam com os NN ou pelo menos tiram dali os inúmeros elementos criminosos que enquinam tudo e prejudicam o Benfica?) 

Volto à questão Liverpool. Como antevi, os ingleses pouparam jogadores. Disse que isso aumentava as hipóteses das outras equipas. Mas não antecipei que ficassem praticamente eliminados na 1a mão. Agora isto também mostra que a Atalanta (como já se vira com o Sporting) é uma equipa muito forte. Seja como for, o Benfica tinha (e continua a ter) uma janela de oportunidade para chegar à final e, quem sabe, finalmente voltar a vencer uma competição europeia. Agora todos têm de refletir. Todos. Não é só o treinador, são os próprios jogadores e dirigentes. Sentem-se à mesa, falem abertamente. Identifiquem os problemas e fortaleçam o espírito de grupo. E os adeptos que tenham juízo e deixem de criar mau ambiente. É triste. É um Benfica que eu já não reconheço. 

segunda-feira, 8 de abril de 2024

Mourinho? Por favor poupem-nos...

 Mourinho tem assistido a quase todos os jogos do Benfica, o que evidentemente tem a leitura - que o próprio não desconhece - de que está interessado no lugar de treinador do nosso clube. Assim, para todos os efeitos, Mourinho está-se a "oferecer" ao Benfica.

Schmidt deverá sair (quem sabe se até para o Bayern, que não conseguiu garantir Alonso e não deverá conseguir também Amorim), pelo que o Benfica deverá necessitar de um novo treinador. E as opções não abundam: Abel Ferreira, que agradaria a muitos (incluindo a mim) já disse que fica no Palmeiras mais dois anos (tudo pode mudar, mas seguramente não sairá nos próximos meses, que é quando necessitaremos de ter um treinador para a próxima época) e Marco Silva (outro nome sempre falado) também não deverá querer deixar um salário milionário e uma liga de topo onde acha que ainda pode chegar mais longe. 

Mourinho, de longe o treinador português mais titulado, surge assim como uma opção que alguns não vêem com maus olhos. Simplesmente o Mourinho que ganhou não é o mesmo de agora. O grosso dos títulos de Mourinho datam do período  2002-2010. Depois disso Mourinho ainda ganhou alguma coisa com o Real Madrid (não ganhar no Real é a excepção), um novo título de campeão no Chelsea (2014-2015) e taças no primeiro ano do Manchester United (2016-2017). Mas exceptuando a Liga Conferência (uma competição terciária) nunca mais voltou a vencer o que quer que fosse. Ou seja o período áureo de Mourinho data de há quase 15 anos e o último período vencedor de há quase 8. 

Isto acontece porque a "fórmula Mourinho" deixou de funcionar. Os treinadores em geral tornaram-se mais evoluídos tacticamente e Mourinho não tem já a idade ou a criatividade para se reinventar e apresentar algo de novo que seja eficaz. Pelo contrário, neste momento apenas "amarra" as equipas que treina a esquemas tácticos que limitam as capacidades dos jogadores. Por outro lado, o lado mental, a garra e concentração que as suas equipas tinham já não é um factor diferenciador. Note-se que mesmo esse efeito se perdia invariavelmente no segundo ou mais tardar o terceiro ano.

Veja-se como Mourinho não trouxe nada de novo ao Tottenham ou à Roma (que investiu mais do que nos anos anteriores, tendo ido buscar jogadores como Abraham, Dybala ou Lukaku). Aliás, desde a saída de Mourinho que a Roma começou a jogar muito melhor, a marcar mais golos e a ganhar mais jogos. As estatísticas de Mourinho na Roma são: 138 jogos, 68 vitórias, 31 empates e 39 derrotas (49,28% de vitórias). As de De Rossi são 15 jogos, 10 vitórias, 3 empates e 2 derrotas (66,66% de vitórias). 

Em conclusão, considero que Mourinho seria uma péssima escolha. É um treinador que merece respeito pelo seu percurso mas que cuja fase melhor da carreira já passou. Não trará nada de particularmente relevante mas quase de certeza porá o Benfica a jogar um futebol deprimente. Não é disso que precisamos.

Outras possibilidades? Cabe aos departamentos especializados e bem pagos no Benfica identificarem. Varandas até pode ser um péssimo gestor mas tomou duas excelentes decisões que farão dele para a posteridade um presidente muito importante da história do Sporting: o fim do apoio às claques e a contratação (que muitos consideraram louca) Amorim pagando uma cláusula de rescisão nunca antes vista em Portugal e a terceira maior (após a penalidade por pagamento em atraso) do futebol mundial por um treinador. 

Mas atenção: há muito mais coisas que estão mal no Benfica para além da questão do treinador. Há que tirar ilações do investimento colossal (à nossa dimensão) feito sem qualquer retorno. Na aposta em jogadores manifestamente sobrevalorizados, na contratação em campeonatos mais caros do que o nosso, nunca se apostando no mercado nacional, nas lacunas evidentes no plantel logo ao começar a época, entre outros erros de palmatória.

Rui Costa tem a palavra.

Uma janela de oportunidade

 O Benfica perdeu numa semana as duas competições nacionais. Todos vimos o que aconteceu e como, não quero escrever nada sobre o assunto.

Com o campeonato arrumado (a derrota do Porto assegura o 2° lugar), abre-se uma janela para a Europa. A partir daqui podemos concentrar-nos quase exclusivamente nas competições europeias. 

Nos quartos de final recebemos na primeira mão um Marselha completamente em cacos. O Benfica vem de duas derrotas duríssimas mas pelo menos tem a consciência de que jogou bem e que tudo fez para ganhar. O Marselha vem de 4 derrotas e más exibições. Na Luz precisamos de fazer uma exibição convincente e ter finalmente eficácia. 

Se passarmos esta etapa - e francamente temos obrigação de o fazer - seguidamente tudo é possível. Em circunstâncias normais, o Benfica não tem hipóteses contra o Liverpool. Mas o Liverpool está neste momento numa luta ombro a ombro com Arsenal e City na recta final do campeonato inglês. Não há dúvida de que essa será a sua prioridade. Isto aumenta um pouco as chances das outras equipas na Liga Europa.

Saiba Schmidt agora tirar partido na Europa da situação em que nos encontramos (perfeitamente resolvida) a nível interno. 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Toque a reunir

 O Benfica foi prejudicado na eliminatória da Taça? Foi, mas vamos esquecer isso.

Vamos esquecer isso e todas as dúvidas que possamos ter acerca do treinador, da composição do plantel, deste ou daquele jogador.

Já se percebeu que em caso de dúvida as decisões são contra o Benfica, que Di Maria pode levar pancada à vontade que não se marcam faltas e que o Sporting este ano é o querido dos árbitros.

A nossa tarefa - vencer em Alvalade - torna-se assim quase hercúlea.

Por isso eu apelo aos benfiquistas: pelo menos esta semana estejamos unidos à volta da equipa. Que os jogadores possam sentir todo o nosso apoio e carinho. A forma como se bateram para vencer na passada terça-feira honrou os pergaminhos do Benfica. Foi até ao último minuto e até à última gota de suor. 

Sábado terão - teremos - uma nova oportunidade. Vencendo colocamo-nos numa excelente posição para renovar o título de campeões.

Apelo por isso ao benfiquismo de todos para neste momento fazermos jus ao lema do nosso clube. 


Atualização - com a nomeação (que era já praticamente certa) de Soares (a) Dias, a tarefa tornou-se ainda mais difícil. E não, isto não é começar já com desculpas. A este sr. conheço eu de gingeira há muitos anos: 


Para quem não se lembra, Soares Dias não assinalou nenhum destes penalties a favor do Benfica mas viria a assinalar um contra (que fez com que perdessemos o jogo e qualquer hipótese de discutir o campeonato com o Porto) muito menos evidente.


https://justicabenfiquista.blogspot.com/2019/03/o-melhor-arbitro-portugues.html 

Mas a cair, ao menos que seja de pé.

terça-feira, 2 de abril de 2024

Benfica-Sporting - acompanhamento em direto

Atualizações


Equipas oficiais

Benfica: Trubin, Bah, Otamendi, António Silva, Aursnes, Florentino, João Neves, Neres, Di Maria, Rafa, Tengstedt

Sporting: Franco Israel, Diomande, Coates, Inácio, Esgaio, Hjulmand, Daniel Bragança, Nuno Santos, Trincão, Paulinho, Gyökeres


Neres mantém-se na equipa, ao passo que Cabral perde a titularidade para Tengstedt. No Sporting a surpresa maior é Bragança no lugar de Morita. 


15'30" - Tengstedt faz um chapéu subtil a Israel e a bola vai à barra. 

19'30" - oportunidade flagrante de Di Maria já praticamente dentro da pequena área. A bola foi "ao boneco" 

O Benfica domina mas ainda não conseguiu marcar 

33' mais uma jogada perigosa do Benfica com Tengstedt a ser carregado em falta mesmo à entrada da área com o árbitro a nada assinalar 

37'30" mais uma falta à entrada da área, desta vez sobre Di Maria não assinada. O árbitro assinala mesmo falta de Di Maria 😂

45"+3 cartão amarelo a Di Maria por chutar a bola após o apito do árbitro 

Final da primeira parte 

Adeptos do Sporting fazem a festa 

Boa primeira parte do Benfica mas faltou o golo para dar expressão ao domínio de jogo e assim o Sporting continua à frente na eliminatória 

Sporting muda 3 jogadores da linha defensiva ao intervalo 

Início da segunda parte 

45'30" - primeiro remate (e com perigo) pertence ao Sporting 

46" Golo do Sporting por Hjulmand

52" golo do Benfica por Otamendi 

54'20" golo do Sporting por Paulinho. Katamo mais uma vez surge quase sozinho na esquerda e Trubin defende para a frente oferecendo o golo a Paulinho 

O Benfica agora arrisca muito. Ou marca em breve ou arrisca sofrer novo golo e perder a eliminatória em definitivo 

Bola ao poste de Gyokeres

64' Golo de Rafa

72' Penalti não assinalado sobre Rafa 

Domínio avassalador do Benfica 

Algum cansaço (natural) nota-se na nossa equipa. Os jogadores têm dado tudo 

89' Grande oportunidade do Benfica 

Final da partida. Pelo meio houve um novo lance duvidoso na área do Sporting 

O Benfica mereceu pelo menos o prolongamento. Resta agora ir vencer a Alvalade. 


Caros benfiquistas, a esperança é sempre a última a morrer, pelo que continuamos a esperar uma época vitoriosa. Para já joga-se a passagem à final da Taça de Portugal e logo num derbi, aliás o derbi eterno.

Farei atualizações ao longo do dia e, dependendo do interesse e participação dos benfiquistas, eventualmente também ao longo do jogo.


Quem está mais pressionado? É difícil de dizer, porque se por um lado o Sporting tem estado melhor e os seus jogadores parecem mais confiantes, por outro o Benfica este ano já ganhou um título (supertaça) e já venceu o Sporting na Luz. Neste momento o Sporting parece ter mais a perder do que o Benfica. Por outro lado, Rúben sabe que só irá para o Liverpool se alcançar títulos. E ir treinar o Liverpool não é para qualquer um nem é uma oportunidade que se repita. Basta dizer que Eriksson admitiu recentemente que treinar o Liverpool era o seu sonho. Amorim está portanto sob fortíssima pressão.

De certo modo o Sporting encontra-se na mesma situação que em 2005 com Peseiro: pode ganhar ou perder tudo numa semana.


Grimaldo envia o seu apoio ao Benficahttps://www.abola.pt/futebol/noticias/grimaldo-publica-mensagem-antes-do-benfica-sporting-2024040215581744661


A minha previsão para o 11: Trubin, Bah, Otamendi, António Silva, Aursnes, Florentino, João Neves, João Mário, Di Maria, Rafa, Arthur Cabral.

A maior dúvida para mim é quem jogará do lado esquerdo. Neres tem tido a posição nos últimos jogos mas tem estado algo apagado. Além disso, Schmidt poderá querer dar outro tipo de equilíbrio ao meio campo e daí a inclusão de João Mário. Também poderia ser Kokçu mas o que aconteceu com a entrevista e também em Alvalade (onde jogou nessa posição e mal), leva-me a postar em Mário. Na frente também existem algumas dúvidas, podendo jogar qualquer um dos três avançados que temos. 

sábado, 30 de março de 2024

Más sensações

 Mais ainda do que o resultado, a magra vitória ou a exibição, o jogo de ontem deixou-me más sensações. Foram os 3 penaltis falhados, dois deles por Cabral que até tinha voltado à titularidade, os assobios a Kokçu, uma falha que podia ter sido comprometedora de Trubin e um par de calafrios antes do fim do jogo. Nas vésperas dos dérbies, o Sporting venceu um jogo complicado e os seus atletas acabaram todos abraçados, ao passo que na Luz o ambiente não era famoso. Veremos se isto é prenúncio de alguma coisa já daqui 3 dias. Até lá, boa Páscoa. 

quinta-feira, 21 de março de 2024

A pausa antes da decisão final

 Esta pausa nas competições clubísticas parece autenticamente um intervalo comercial para aguçar o apetite do espectador pelo desfecho final. Um expediente de suspense. Até porque estes jogos das seleções não têm o mínimo interesse.

O Benfica partirá para a fase final da época sem qualquer margem de erro. O Porto já está fora da luta pelo título e o Sporting parte na melhor posição possível, na liderança e dependendo de si, ainda com margem de erro, para ganhar as duas competições nacionais.

No dia 3 de março, imediatamente antes do jogo com o Porto escrevi que era o jogo decisivo. Uma não vitória nesse jogo (estava muito longe de imaginar que um desastre daqueles poderia acontecer)  

"abre caminho para o Sporting assumir a liderança à entrada na recta da meta, ficando [o Benfica] depois dependente de uma vitória improvável (pois o Sporting jogará de cadeirinha, no seu estádio, bastando-lhe um empate) e já quase desesperada no dérbi".

É esta a situação em que estaremos quando as competições reatarem. E é bom termos essa consciência.

Primeiro que tudo teremos o Chaves em casa. É o último classificado, não pode haver margem para qualquer tipo de deslize. Atenção: não é jogo para estar a tentar "demonstrar" seja o que for, colocar muito o pé no acelerador e ir em busca de goleadas. Há que entrar forte para tentar resolver o jogo cedo e se possível gerir depois. Isto porque 4 dias mais tarde recebemos o Sporting para a Taça.  Um jogo também de grande importância: vale uma final da Taça.

E outros quatro dias depois temos o derby decisivo para o campeonato.

 Vencer em Alvalade? Sim, é obrigatório. A "leveza" com que Schmidt encarou o jogo com o Porto transmitiu-se à equipa, enquanto do outro lado o adversário viu aquele jogo como "de vida ou de morte". Agora será a mesma coisa. Tudo bem que o Benfica possa ter um estilo mais pausado e menos "voraz" do que o Sporting. Mas se nestas partidas não equiparar - no mínimo - a agressividade e intensidade do adversário, voltará a perder e poderá colocar em causa até o segundo lugar. Este é o tudo por tudo. Há que ganhar ou ganhar. Não é um jogo de desespero, é um jogo para conquistar a vitória. Para ir a Alvalade recuperar pontos de que precisamos para o objectivo do título. Esta mensagem muito simples tem de ser passada aos jogadores, ao mesmo tempo que é preciso escalar uma verdadeira equipa, não apenas 11 indivíduos a correr cada um para seu lado. A táctica tem de ser a certa mas os jogadores também têm de dar tudo, não é cada um estar apenas preocupado com o seu rendimento individual e o que se dirá sobre si.

Vencendo em Alvalade o Benfica ficaria na liderança à condição, sendo que o Sporting terá ainda uma deslocação ao Porto e o tal jogo em atraso que obrigatoriamente terá de vencer para regressar ao 1º lugar. Isto partindo do pressuposto de que o Sporting ganha na Amadora antes dos jogos com o Benfica. Se não o conseguir, as coisas podem tornar-se um pouco mais risonhas para nós.



segunda-feira, 18 de março de 2024

O Benfica europeu

O Benfica cumpriu a sua "obrigação", eliminando o Rangers. Obrigação no sentido em que temos um maior orçamento e uma equipa mais forte, como ficou demonstrado ao cabo da eliminatória. Já na Luz merecíamos um resultado muito diferente, pois o Glasgow marcou no primeiro ataque que fez à nossa baliza e depois logo após o nosso empate, tendo feito pouco para o merecer. Na Escócia o jogo foi mais equilibrado e o Benfica até aceitou remeter-se alguns períodos à defesa, acabando por marcar precisamente num contra ataque no qual toda a equipa do Rangers estava metida dentro do nosso meio campo. 

Foi uma eliminatória brilhante? Não, mas em princípio jogámos o suficiente para merecer a passagem. 

O Benfica tem sido algo maltratado pela comunicação social este ano. Se no ano passado houve, até dada altura, um estado de graça de Schmidt com os média, este ano é o contrário: os elogios tornaram-se em críticas por vezes a roçar o insulto. Note-se que eu não alinho no discurso de que os média e os comentadores estão todos contra o Benfica, que são todos "pasquins" e "avençados", etc. Essa mentalidade não nos leva a lado nenhum e corresponde a uma percepção distorcida da realidade: muitos dos jornalistas ou comentadores insultados em alguns blogs como "anti" são na realidade benfiquistas. Dito isto há que reconhecer que muitas vezes, possivelmente em razão da sua grandeza ímpar, embora também não se possam excluir más intenções por parte de alguns, o Benfica é tratado nos média de uma forma diferente dos outros.

Assim, enquanto Rúben Amorim pode dar descanso a meia equipa e assim perder logo em Alvalade a eliminatória com a Atalanta sem que ninguém esboce uma crítica; enquanto o Porto é eliminado mas fez uma eliminatória "épica"; já o Benfica chega a ser criticado após eliminar o Rangers!

O que se diria se no Benfica tivesse sido feito o que fez Amorim? Não precisamos de imaginar, basta recuar ao tempo de Jorge Jesus no nosso clube: quando ele promoveu alguma rotação na Liga Europa todos os comentadores lhe caíram em cima. Porque Jesus estava a desvalorizar a competição, estava a desonrar os pergaminhos do clube, um treinador de um grande não podia fazer isto, tinha de jogar com os melhores, eles são profissionais pagos para isto, blá, blá, blá. Mas agora quando Amorim o faz, está muito bem pensado, o Sporting não tem plantel para as duas competições, o campeonato é o principal objectivo, etc, etc.


Também é curioso que o Sporting "não tenha plantel" (só o Benfica é que tem). Quanto custou Paulinho? Quanto custou Gyokeres? Hjulmand? St Juste? Segundo o transfermark, respetivamente 16, 21, 18 e 10. Só aqui estamos a falar de 65 milhões. Gyokeres está, é verdade, a fazer uma época tremenda e a justificar plenamente o investimento. Mas de Paulinho não se pode dizer exatamente o mesmo e já está no Sporting há anos suficientes para o juízo ser bem sustentado. Fresneda custou 7 milhões,  Trincão outros 7, Diomande 7,5 e Esgaio 5,5. Juntando aos 65 já vamos em 92 milhões de euros.

Por que é que isto é importante? Porque o Sporting é apresentado nos média como uma equipa de tostões, que faz praticamente milagres, que se bate contra um clube rico e esbanjador (o Benfica). A obrigação, a pressão é sempre do Benfica. O Sporting já está a fazer "mais do que o esperado e a sua obrigação". Amorim, como excelente treinador e profissional que é, percebe essa narrativa e sabe retirar partido dela. 

A questão é que, como acabámos de ver, é uma estória falsa. Aliás, ninguém fala de outra parte que são os perdões de dívida do Sporting, esses sim, susceptíveis de criar distorções na competição e favorecimentos indevidos. Se o Benfica compra jogadores caros é porque fez receitas para isso. Já o Sporting compra porque não paga as dívidas.

Em relação ao Porto, sobre a gestão não vale sequer a pena dizer nada. A "guerra civil" em curso é plenamente esclarecedora. Agora "A Bola" escrever "Gigantes" porque perderam só por um com o Arsenal, depois de terem ganho à base da sorte na primeira mão, e foram eliminados nos penalties, parece-me excessivo. (Já agora: Diogo Costa não era "dos maiores especialistas do mundo em defender penaltis"?) Sim, o Porto bateu-se bem, mas foi basicamente uma equipa defensiva que nunca arriscou nada. Se fosse o Benfica seguramente que o discurso seria diferente ("falta de rasgo", "falta de ambição", "estava ao alcance", etc). 

Depois os portistas dizem que são os maiores de Portugal em termos europeus. Mas nunca ganharam em Inglaterra (e levaram muitas goleadas) ao passo que o Benfica venceu em Inglaterra 4 vezes! E não, não foi no tempo da televisão a preto e branco. Foi recentemente (eu vi todas essas vitórias) e perante Arsenal, Liverpool, Everton e Tottenham, alguns dos maiores de Inglaterra. Também eliminámos o Manchester United na Champions (e sem precisar de anular golos perfeitamente legais ao adversário...).

O que se retira de tudo isto é para os outros perder é normal. Só o Benfica é que tem todas as obrigações e mais alguma. Aliás, mesmo quando ganha não tem mérito. É interessante que esta tenha sido a primeira vitória de um clube português em casa do Glasgow, mas mais uma vez isso não interessa nada e não tem mérito nenhum porque os escoceses nem sabem jogar futebol, só rugby. O que tem mérito é bater-se bem com gigantes do futebol mundial como a Atalanta ou perder apenas por 1 com um Arsenal devastador na Liga dos Campeões. 

Vem agora o Marselha, clube com historial, como bem sabemos, que tem uma equipa interessante (o principal goleador é Aubameyang) e adeptos fervorosos. Será uma eliminatória difícil. Basta dizer que o Marselha este ano já eliminou Ajax, Aek de Atenas, Shakthar Donetsk e Villareal, este último com uma goleada de 4-0 em Marselha que resolveu logo a eliminatória na primeira mão. Agora claro que o Benfica tem todas as possibilidades de passar em frente. O Benfica está neste momento nos terceiros quartos de final consecutivos a nível europeu (duas vezes Liga dos Campeões, uma vez Liga Europa). Naturalmente queremos fazer mais, mas é um registo positivo.

domingo, 17 de março de 2024

Inacreditável. Época de pesadelo

 Não tenho escrito nada por pura superstição. As coisas estavam a correr um bocadinho melhor e como teoricamente ainda podemos ganhar tudo achei que nesta altura já basta o ruído dos anti benfiquistas e dos média sempre sedentos de sangue.

O que não poderia imaginar é que o ruído, para não dizer a traição, viria de dentro do próprio balneário. 

Esta é uma época inacreditável. É por demais evidente que falta liderança no Benfica a um ponto quase inconcebível. Desde Agosto que alerto para isso. Limito-me a constatar coisas que para mim são evidentes, não tenho nenhuma informação privilegiada ou pelo menos não recorro a ela. E no entanto tanta gente paga principescamente dentro do clube não se apercebe destas evidências e não resolve os problemas.

Lourenço Pereira Coelho, Luizão, Javier Garcia, para não falar do treinador e do Presidente, ninguém é capaz de lidar com a grotesca indisciplina deste plantel.

Desde Agosto que digo que há problemas graves, mas chegamos a meados de Março a continuar a dar tiros nos pés. Os casos já quase não têm conta: Vlachodimos, Neres, Morato, Musa, Ristic, Jurassec, Arthur Cabral, o próprio Di Maria e agora o mais grave de todos, Kokçu.

Independentemente das opções do treinador que muito aqui já critiquei, é inconcebível que numa fase decisiva da época, um jogador venha publicamente criticá-lo e colocar em causa a sua autoridade. O Benfica não tem outra opção senão afastar imediatamente o turco da equipa. 

São casos a mais. Quase só um milagre poderia salvar esta época de ser um falhanço espectacular. Esse milagre passaria por ultrapassar o Marselha (equipa perfeitamente acessível a um Benfica "normal"), vencer o campeonato ou ficar em segundo lugar e vencer a Taça de Portugal (cenário de "mal menor"). Infelizmente não acredito nesse milagre e temo que lentamente venhamos a hipotecar todas as chances de sucesso nas próximas semanas. Oxalá esteja enganado. 

segunda-feira, 4 de março de 2024

Incompetência

 Roger Schmidt não tem condições para continuar no Benfica. A única questão é se sai nos próximos dias/semanas ou no final da época. E não tem condições porque não tem competência.

É verdade que Schmidt é campeão pelo Benfica e fez uma muito boa Champions na época passada.

Mas desde então - aliás já desde a renovação - as decisões têm sido mais do que questionáveis e o futebol do Benfica tem-se vindo a degradar, culminando na débacle de ontem, de alguma forma anunciada. 

Schmidt é incompetente porque não prepara os jogos e não estuda os adversários devidamente. A este nível isso não é possível. 

Ontem parecia um jogo de homens contra rapazes ou de profissionais contra amadores. Sendo que o Benfica tem atletas com mais qualidade e até experiência do que o Porto, a diferença esteve toda nos treinadores. É um facto que o Benfica venceu o Porto 3 vezes na era Schmidt. Mas em duas delas esteve em vantagem numérica desde a primeira parte, tendo acabado por vencer com dificuldade e pela margem mínima. Ontem com a expulsão de Otamendi (segunda exibição seguida para esquecer) o jogo acabou e a questão ficou apenas de saber quantos sofreríamos. Aliás desde o primeiro minuto de jogo que se percebeu que a defesa do Benfica era um passador e o ataque inexistente.

As conferências de imprensa de Schmidt também sugerem que ele não percebe muito do assunto. As explicações são demasiado simplistas e o discurso pouco ou nada mobilizador. Fazem-me lembrar Graham Souness quando disse que o futebol são 11 duelos individuais. Se a coisa funciona assim não se percebe para que é necessário um treinador. 

Ontem Schmidt veio dizer que o Porto esteve melhor a todos os níveis e que estava mais fresco. Sim, é verdade. Mas quem é que há dias tinha dito que o calendário não o preocupava? Que acreditava na forma da equipa? Quem é que deu a titularidade a João Mário para o combate a meio campo que se adivinhava? Quem é que tem esgotado João Neves, que parece um bombeiro a apagar fogos, deixando-o quase sozinho no meio, com parceiros como Mário ou Kokçu, quando tem Florentino no banco? Quem deixa Rafa em campo até aos 90 minutos em jogos em casa contra equipas pequenas e a golear?

Quem é o responsável por o Porto ter sido melhor "física, mental e tacticamente"? Quando se diz "melhor" estamos a falar de 5 golos de diferença melhor (e podiam ter sido mais). 

O que aconteceu ontem já tinha acontecido várias vezes esta época. Começou na Champions mas também aconteceu recentemente contra Sporting e Toulouse. A diferença foi que ontem as bolas começaram a entrar cedo.

Uma humilhação destas não pode passar incólume. Não basta dizer que é futebol e que estas coisas acontecem. Eu já antes do jogo com o Sporting para a primeira volta tinha previsto o pior. Uma vitória à 25ª hora com dois golos nos descontos mascarou muita coisa. Mas ontem tudo ficou completamente destapado. O Benfica foi completamente anulado porque o treinador adversário estudou os nossos pontos fortes e foi ferido e abatido porque o treinador adversário estudou os nossos pontos fracos. Shmidt não fez uma coisa nem outra. Já contra o Sporting se viu que a equipa não tinha guião. Ontem isso foi ainda mais gritante. 

Ontem os jogadores do Benfica entraram para dentro de campo a ver o que é que o jogo dava. Não tinham qualquer plano minimamente estudado. Pareciam desconhecer o adversário que iam enfrentar. Fez lembrar os combates em que amadores vão para dentro do ringue porque até sabem umas coisas e lá na rua são durões. Depois chocam com a realidade, ou seja duas mãos (e por vezes pés, cotovelos, joelhos) a bater-lhes na cara e só querem é sair dali o mais rápido possível. 

Tenham vergonha! Isto é o Benfica! 

Uma última nota sobre o plantel. O Benfica tem 3 pontas de lança para jogar com um (no caso de ontem o pior dos 3) ou nenhum de início. Foi buscar Rollheiser, não se sabe bem para quê. Mas não tem um defesa esquerdo em situação de jogar (Bernat é o que se sabe, Carreras é uma nulidade) após dispensar dois no início da época e não tem um substituto para Bah (para além de Aursnes, o pau para toda a obra). Uma equipa que quer jogar um futebol ofensivo e não tem laterais é algo de inacreditável. Schmidt é seguramente um dos mas não o único responsável por isto.

domingo, 3 de março de 2024

Exigem-se responsabilidades.

Eu ainda quis acreditar mas aconteceu exatamente o que mais temia. Um Roger Schmidt emaranhado nos seus próprios equívocos e labírintos, preso a opções mais do que questionáveis, sem rasgo nem noção da importância dos momentos. Este era um jogo para entrar com tudo, para mostrar quem é (era) o campeão, para dominar desde o início.

Mas com a opção por Morato percebi mesmo antes do jogo que íamos voltar aos maus, péssimos, hábitos das adaptações e das contenções. Já em Alvalade achei que a substituição de Bah por Morato tinha sido má. Se as coisas foram um pouco menos desastrosas na segunda parte do que na primeira, isso nada teve a ver com essa substituição. Teve a ver com o normal abrandamento de quem está a ganhar e a reacção de quem está a perder (reacção que esta noite nem conseguimos ter). 

Este jogo foi vergonhoso, uma exibição (?) escandalosa do Benfica e a culpa é única e exclusivamente de Roger Schmidt. O Benfica foi completamente vulgarizado por um Porto mediano porque Sérgio Conceição com menos recursos consegue fazer muito mais do que Schmidt. Há muito, mas muito tempo que não via um banho de bola tão grande, tão humilhante como este. Desde o primeiro minuto que foi assim e até ao último não percebi qual a estratégia e o que queria Schmidt deste jogo. Defendemos mal e fomos completamente inofensivos. Foi uma réplica, para pior, do que aconteceu em Alvalade. Não há nada, mas mesmo nada de positivo a retirar deste jogo que nos afasta provavelmente definitivamente do título. 

Foi uma época de enorme investimento. Uma época em que jogaram 6 atletas na posição de lateral esquerdo. Em que chegamos à fase final sem ter um 11 base, sem ter sequer um sistema definido, sem que, excepção feita aos centrais, a Di Maria e João Neves, nenhum jogador tem posição definida no 11. (Mesmo João Mário e Aursnes que são sempre titulares já jogaram em diferentes posições ao longo da época).

Só mesmo Schmidt achava que João Mário, Tengstedt, Morato e Kokçu na ala seriam soluções num jogo desta natureza. São erros, equívocos e decisões inexplicáveis a mais. Cabe a Rui Costa tirar ilações do que hoje ficou por demais evidente.

Decisivo

 O jogo com o Porto é decisivo. Ou o Benfica vence e arranca para a vitória no campeonato ou abre caminho para o Sporting assumir a liderança à entrada na recta da meta, ficando depois dependente de uma vitória improvável (pois o Sporting jogará de cadeirinha, no seu estádio, bastando-lhe um empate) e já quase desesperada no dérbi. 

Para vencer teremos de jogar como uma verdadeira equipa - e com muita cabecinha! Só assim e só depois disso os grandes nomes poderão aparecer.

sexta-feira, 1 de março de 2024

Assim não vamos lá

A ter de perder que seja num jogo que permite ainda a recuperação. Mas a margem de erro vai-se reduzindo e os sinais não me parecem nada positivos.

O Benfica ontem até podia ter ganho o jogo se o VAR não tivesse intervido, ou se Veríssimo tivesse tido a coragem de manter a decisão correta do fiscal de linha. E não me venham cá com explicações técnicas porque ainda recentemente vi um golo muito parecido em Inglaterra ser validado. Mas vamos passar à frente, porque os factores externos não podemos controlar, e olhar para dentro.

O treinador do Benfica deve refletir sobre as razões da completa incapacidade e inoperância da equipa durante a primeira parte. Por que razão o Sporting entrava na nossa área com tanta facilidade, Gyokeres recebia constantemente a bola e atacava a nossa baliza sempre com perigo e o Benfica pura e simplesmente não conseguia criar nada, não conseguia sair com perigo para o ataque apesar de ter jogadores rápidos e de existir muito espaço no meio campo do Sporting que podia e devia ter sido explorado.

É verdade que (mais uma vez) o Sporting marca praticamente no primeiro ataque perigoso que fez. Já na Luz foi assim. Mas depois disso (e também há que explicar porque acontece isso - duvido que a sorte seja a única explicação) fomos totalmente manietados. 

Depois vem a substituição de Bah por Morato. A não ser que ela se deva a factores físicos, é inexplicável para mim. A equipa não melhorou; pelo contrário, tornou-se mais previsível.

O Benfica defendeu mal e atacou bem apenas durante alguns minutos entre o primeiro e o segundo golo. 

ATUALIZAÇÃO: segundo as estatísticas do Goalpoint, o Sporting teve 42 ações na área adversária e o Benfica apenas 15. Consequentemente o Sporting fez 19 remates (5 enquadrados) e o Benfica apenas 4 (3 enquadrados). Sendo que de resto as estatísticas até são equilibradas, isto mostra uma muito maior objectividade e simplicidade de processos por parte do Sporting. Sabiam exactamente o que fazer e foram agressivos, ao passo que o Benfica foi macio e inconsequente. 

O mais preocupante para mim é que à entrada da fase final da época, continuemos sem um 11 base e agora sem sequer um sistema definido: jogamos com ponta de lança ou ataque móvel? No meio campo já jogou provavelmente uma dezena de duplas: Neves e Kokçu, Neves e Florentino, Neves e João Mário, Aurnes, etc, etc. É difícil estabilizar um modelo de jogo com tantas alterações.

Vem agora o jogo com o Porto. É necessária uma resposta muito forte da parte de todos. Uma vitória pode colocar as coisas no bom caminho, solidificando o percurso no campeonato e dando moral para os confrontos decisivos com o Sporting. Uma derrota colocaria tudo em causa e os títulos a começar a fugir-nos das mãos.

Nada está perdido e eu continuo a acreditar que temos qualidade suficiente para, a nível nacional, prevalecer sobre os nossos rivais. Mas para isso acontecer há que vencer ou pelo menos não perder no Porto. Caso contrário tudo se poderá desmoronar até ao fim da época. Este é o momento. Veremos se treinador e jogadores saberão estar à altura. 

sábado, 24 de fevereiro de 2024

6 defesas esquerdos numa época

 Isto parece mentira mas é a realidade. O Benfica já utilizou 6 (SEIS) jogadores na posição de defesa ou lateral esquerdo esta época: Ristic, Jurasek, Morato, Aursnes, Bernat e Carreras. Tão ou mais incrível do que isso é que (a avaliação é minha, obviamente) tem vindo (quase) sempre a piorar.

Sinceramente não percebi a dispensa de Ristic. Nunca o vi a comprometer. Foi um jogador dedicado e tinha um pontapé poderoso. Mas Jurasek também me pareceu razoável. Acima de tudo, poucas oportunidades tiveram de ganhar ritmo e rotina (algo importante na posição) e se adaptar aos colegas. A paciência / insistência que Schmidt tem para com outros jogadores contrasta sobremaneira com a forma como lidou com estes. 

Mas adiante, já não estão. O problema é que os que ficaram são "soluções" muito piores. Morato é esforçado, é um bom central mas qualquer pessoa vê que será sempre uma solução de recurso, uma adaptação e que a equipa fica coxa com ele. Carreras pelo que vi (confirmando a minha primeira impressão) não está minimamente preparado para jogar a este nível. E Bernat que em teoria possuiria os recursos técnicos necessários é a repetição do que já vimos com Draxler.

Na minha opinião e com os regressos de Bah e Neres, Aursnes é o jogador que mais garantias dá para a lateral esquerda e aquele que deveria assumir já o lugar, até para estabilizar mais o 11. Sobretudo na defesa as rotinas são importantes e estar a mudar a cada jogo não é recomendável. O Benfica precisa de estabilidade, não é possível andar em permanentes experiências quando se está a entrar na fase de decisões da época. 

Aursnes é um bom jogador tecnicamente, rotativo, com visão e inteligência. Na frente será difícil jogar face às opções existentes. No miolo não recupera bolas suficientes, é um pouco macio e não tira o lugar a João Neves nem a Florentino (que deveria ser o titular para o que resta da época). Sendo um jogador de muita entrega e espírito de equipa que "pensa como um médio", numa equipa ofensiva e que se quer pressionante como o Benfica, Aursnes deve assumir o lugar de lateral esquerdo que neste momento é o calcanhar de Aquiles do 11 do Benfica. Quanto mais cedo Schmidt assumir essa opção melhor. 

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

A importância da condição física (e mental)

 Uma coisa que tem faltado ao Benfica esta época é frescura. Isso reflete-se em duas coisas: incapacidade de pressionar (o que muitas vezes leva a equipa a "partir-se") e falta de alegria.

A pressão é muito importante para o futebol de Schmidt, ela tira o oxigénio ao adversário. Sem ela permitimos aos nossos oponentes pensar mais o jogo e marcar os seus ritmos.

Contra o Vizela o Benfica pressionou mais e teve o jogo mais tranquilo da época, marcando 6 golos e dominando totalmente. E isto mesmo tendo abrandado muito na segunda parte.

Isto aconteceu por duas razões: (1) jogaram jogadores mais frescos que, além disso, (2) são mais eficazes a pressionar. Di Maria e Arthur Cabral têm pouca capacidade de pressão. Um pela idade, o outro pela morfologia, chegam normalmente tarde ao portador da bola. A pressão eficaz é aquela que impede o adversário de sair a jogar e força o seu erro. Aquela que "cai em cima" do adversário e o abafa. Para resultar toda a equipa tem de participar nela. Com dois jogadores da frente a não participarem ou participarem mal, só desgasta a equipa, porque faz correr atrás da bola, sem ganhos, dando até confiança ao adversário.

Não me interpretem mal: não estou a dizer que os referidos jogadores são os únicos culpados (a falta de frescura física - deles e de outros - é algo que cabe ao treinador identificar e remediar) ou que não devam ser titulares. Agora que o este factor deve ser pesado na altura de escalar o 11, sem dúvida. 

Nesse sentido, a rotação promovida por Schmidt foi uma excelente decisão. Mas atenção, foi um risco considerável: se as coisas não tivessem corrido bem, todos estariam hoje a criticar (e muitos a insultar) o treinador.

E a verdade é que nos primeiros minutos a equipa parecia desorganizada e não conseguiu fazer qualquer remate à baliza. Mas com a primeira perda de bola do Vizela em zona perigosa, o Benfica começou a ganhar confiança e a crescer, tendo em meia hora desmantelado por completo um Vizela muito limitado.

Neres, Tengstedt e Tiago Gouveia estiveram bastante activos. Sobre Neres, nenhuma surpresa: como já aqui escrevi várias vezes, é dos melhores jogadores do Benfica e do futebol português. Mesmo assim surpreendeu pelo rendimento que apresentou depois de lesão tão prolongada. Tengstedt, não sendo um predestinado, é um jogador bastante trabalhador e de equipa - e convém não esquecer que foi o autor do 2-1 frente ao Sporting. Gouveia marcou e esteve sempre disponível para a pressão, mostrando a tal frescura física que tem faltado noutros jogos.

Entrámos na fase decisiva da época. O "aparecimento" destes jogadores é muito importante para a enfrentar. 

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Quando não se ganha...

... é muito importante não perder. 

A frase é da velha raposa, Giovanni Trapattoni que sabia muito bem como se ganham campeonatos e como cada ponto pode ser decisivo.

Claro que no Benfica queremos ganhar todos os jogos e não ganhar tem quase sempre sabor a derrota. Mas também é importante sermos realistas. Nenhuma equipa vence todos os jogos numa época e é nesses momentos - e em jogos como este - que a máxima entra em jogo: é fundamental não os perder.

O Benfica vinha de várias vitórias seguidas e sabia-se que esta seria uma partida difícil. Com as condições meteorológicas e o estado do relvado as coisas tornaram-se ainda mais complicadas. E claro, estar em desvantagem não ajuda. Primeiro sofremos num penalti de azar: o jogador do Guimarães vem de trás de Kokçu que não o vê. E na segunda parte  até tínhamos entrado melhor, com vontade de dar a volta ao resultado. As incidências do jogo (com excepção da expulsão) não nos foram favoráveis. 

Mas acima de tudo temos de reconhecer que o Guimarães fez um grande jogo. 

Di Maria tem uma certa razão quando se refere ao tempo de descontos, nomeadamente em comparação com o que acontece nos jogos dos rivais. Mas contra isso pouco ou nada se pode fazer. O que podemos e temos obrigação de fazer é dar tudo até ao fim e aí não se pode apontar nada.

Falta muito campeonato e o Sporting vai perder pontos, eventualmente até connosco. Se for preciso ganhar esse jogo para os ultrapassar, acredito que o faremos. Agora claro que nada será fácil e não há garantias de coisa nenhuma. O futebol é mesmo assim. 

Também acho que Schmidt mexeu bem, não apenas hoje mas nos últimos jogos. Não tem sido dogmático e tem procurado mexer e fazer alterações que dêem mais rendimento. A opção de não começar com um ponta de lança é discutível mas não foi por aí que não ganhámos: o resultado nas duas partes foi igual (1-1). Depois disso mexeu bem a meu ver. A única questão é uma eventual entrada de Neres mais cedo. 

O ciclo de jogos que aí vem é exigente e este resultado não pode de forma nenhuma abalar a equipa. Pelo contrário é preciso dar continuidade às melhoras das últimas semanas. É isso que espero que aconteça. 


quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Derrota justa

Os lugares comuns de que o futebol é uma caixinha de surpresas e de que não há vencedores antecipados são sempre recordados nestes momentos. Roger Schmidt teve o lapso de dizer que íamos ter dois jogos para disputar na Taça da Liga e foi aí, não tenho dúvidas, que começámos a perder esta meia final. Não tenho dúvidas porque se o Estoril já estaria sempre motivado para poder alcançar uma final, essa declaração infeliz do treinador do Benfica veio dar ainda mais ânimo aos canarinhos. É impossível não recordar aqui a época em que festejámos na Madeira um campeonato que ainda não tínhamos vencido, convencidos de que o jogo em casa com o Estoril seriam favas contadas. Pois bem, empatámos esse jogo e o resto é uma história, como se costuma dizer.
Schmidt errou ao falar em "dois jogos" (foi um lapso, como é óbvio), mas errou igualmente no 11, na lleitura do jogo e nas substituições. 
Relativamente ao 11 esperava francamente algumas mudanças para trazer mais frescura e também para salvaguardar o que aí vem. Schmidt apostou em Musa (bem), mas de resto manteve todas as outras peças. Este era um jogo para dar minutos a jogadores importantes, como Florentino, por exemplo (no lugar de Koksu). A meu ver manter praticamente todos os titulares foi uma má decisão. Olhando para o resultado final então, foi péssima, pois perdemos na mesma (o pior que poderia ter acontecido ao mexer muito na equipa era um menor rendimento colectivo) e os habituais titulares ficaram com mais um jogo nas pernas (e ainda por cima uma derrota, o que "cansa mais"). 
Depois, a cada vez que Schmidt mexeu a equipa piorou. A única melhora terá sido a substituição de Morato por Carreras. Acima de tudo parecia-me óbvio que um jogo destes pedia a entrada de Neres, não a de Marcos Leonardo. E João Mário no meio tirou fluidez à equipa numa altura da partida em que precisávamos de velocidade e aceleração. 
Claro que tivemos mais volume de jogo e oportunidades e poderíamos ter ganho, mas a verdade é que o desfecho não é chocante. O Estoril conseguiu quase sempre sair com perigo e ter os seus avançados muitas vezes a conduzir a bola de frente para os nossos defesas. Um erro numa dessas situações teria facilmente dado golo para o Estoril.
Ou seja, considero que o treinador do Estoril foi mais astuto nesta partida, na forma como conseguiu que o jogo se desenrolasse nos moldes que lhe eram mais favoráveis e por isso mereceu, ele e os seus jogadores, a vitória.
Como parecia que estava a antecipar, escrevi há dias que este Benfica ainda era uma incógnita. As vitórias consecutivas não me iludiram porque via que alguns dos fundamentais não estavam lá. 
Penso que este jogo mostra que o equilíbrio necessário ainda não existe. E tenho muitas dúvidas de que as presentes contratações venham resolver algo sob esse ponto de vista. (Já agora, quando é que Bah regressa?)

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Este Benfica (ainda) é uma incógnita

 O Benfica venceu até agora todos os clássicos em que esteve envolvido. Isso deixa-nos obviamente  satisfeitos mas nada importará no fim da época se não se refletir em (mais) títulos (uma da vitórias já deu a Supertaça), nomeadamente o Campeonato.

Este Benfica é ainda uma incógnita porque, temos de admitir, essas vitórias foram felizes (contra o Sporting e Porto contámos com mais um jogador durante muito tempo dos jogos), mas também porque a Liga dos Campeões foi o que foi e mesmo em vários jogos internos temos tido imensas dificuldades.

O jogo com o Rio Ave foi quase incrível: o Benfica foi praticamente sempre dominado enquanto as equipas estiveram 11 para 11. Depois veio a expulsão com um amarelo indiscutível (o primeiro poderia ou não ter sido, mas isso acontece em todos os jogos) e então aí o Benfica assumiu o jogo e partiu para a vitória. É quase inexplicável como nos deixámos dominar em casa contra uma equipa que apesar de ter jogadores razoáveis está quase na zona de descida de divisão.

Esta época o Benfica tem sido inconstante. É verdade que vem melhorando mas nota-se que ainda não é aquela equipa consistente que nos dá segurança. 


Sabemos desde o início da época que há muita qualidade no plantel do Benfica. A começar na defesa (com três centrais de grande nível) e a acabar em Rafa e Di Maria, temos uma equipa como a meu ver não tínhamos desde 2009. Um meio campo para o qual temos Florentino, João Neves, Koksu, Aursnes e João Mário é sem dúvida qualidade acima da média para o futebol português - e, a meu ver, acima dos rivais. 

A questão é que só jogam 11, ou seja daqueles 4 que seriam normalmente titulares (Florentino, João Neves, Kokçu e Aurnes), no miolo só jogarão dois (o que deixa em princípio Florentino de fora), ao passo que Aursnes jogará provavelmente noutra posição. Sucede que Florentino é o nosso melhor médio defensivo e que não temos outro jogador com as suas características de recuperação de bola e capacidade de dar equilíbrio à equipa. 

Isto para dizer que apesar de termos melhor plantel do que no ano passado, o nosso 11 infelizmente é pior. Isso é agora relativamente claro. Grimaldo, com quem uma parte dos adeptos embirrava, está no Leverkussen a provar que é um jogador de topo (entretanto já internacional espanhol) e infelizmente nenhuma das opções alternativas o fez esquecer (contratámos agora o terceiro lateral esquerdo da época). 

Acima de tudo, a questão é o equilíbrio. É isso que no ano passado existia e que este ano está ausente. Kokçu é um jogador mais  ofensivo do que Enzo e João Neves (neste momento o melhor médio do Benfica e do campeonato) é menos posicional do que Florentino. Isto traduz-se numa vocação mais ofensiva da equipa, a qual se acentua ainda mais com Di Maria. O ano passado jogámos muitas vezes com dois "extremos" que eram João Mário e Aursnes (jogadores de equilíbrio e de apoios). Este ano jogamos com Di Maria e, até à lesão, muitas vezes com Neres (jogadores de desequilíbrio e de vertigem). São assim vários jogadores a defender menos, a correr menos para trás, a pressionar menos para a recuperação da bola. Di Maria é um talento extraordinário, quase sem paralelo em Portugal, mas claro que não defende (o jogo com o Boavista, só para me contrariar, até foi um pouco a excepção...).

Schmidt procura um equilíbio na equipa que desde a saída de Enzo tem tardado e com as saídas de Ramos (o nosso "primeiro defesa" e primeiro a pressionar) e Grimaldo (a construir jogo desde trás e a fazer todo o flanco), assim como as entradas de Kokçu e Di Maria (mais ofensivos face aos que jogavam naquelas posições), se agravou. Schmidt tentou uma defesa a três e agora tem utilizado Morato na esquerda.

As adaptações de centrais a laterais não são incomuns. Os resultados podem ser positivos ou negativos. Por exemplo em 1991, num jogo decisivo contra o Porto (uma autêntica "final do campeonato"), Sven-Goran Eriksson colocou Paulo Madeira à direita, a fim de fechar o flanco. Quando o Benfica defendia Vitor Paneira recuava para lateral e Paulo Madeira jogava quase como terceiro central pela direita. Correu bem e o Benfica venceu por 2-0 nas Antas com os célebres golos de César Brito.

Já a adaptação de David Luiz à mesma posição, também num jogo contra o Porto teve efeitos desastrosos. 

Morato tem feito o lugar com grande dedicação e concentração mas notam-se as limitações a atacar. Por outro lado é um jogador importante a defender, nomeadamente nas bolas paradas. Dá um pouco do tal equilíbrio a que me referi. Veremos o que significa a contratação do jovem espanhol.

Uma nota também para Musa que acho o jogador mais injustiçado deste plantel. Vemos algumas melhoras em Cabral, esforço e talvez uma capacidade técnica superior ao croata mas sinceramente acho Musa muito mais perigoso para as equipas adversárias: é mais rápido e mais acutilante em relação à baliza. Considero inexplicável que praticamente não jogue. Por exemplo, a seguir ao seu espectacular golo contra o Arouca que até internacionalmente teve destaque jogou... 3 minutos. É injusto e não me agrada nada. Pior, o seu espaço fica agora ainda mais reduzido com a chegada de Marcos Leonardo (que parece muito bom jogador). Considerando que há ainda Tengstedt e que jogamos apenas com um ponta de lança, há avançados a mais.

Voltando ao início e para concluir a minha ideia, estes jogos da Taça da Liga (Schmidt teve um lapso ao dizer "os jogos" no plural, dando como certa a vitória sobre o Estoril - e realmente será difícil admitir outro resultado que não a vitória face a uma equipa que levou duas goleadas de Porto e Sporting numa semana e vai em 4 derrotas seguidas, mas no futebol tudo é possível), estes jogos, dizia serão importantes, principalmente se jogarmos contra o Sporting, para termos uma melhor ideia do nível de solidez da equipa.


PS - em relação ao futsal não há palavras para descrever o comportamento do jogador do Sporting. Isto parece que se está a jogar na escola e mesmo assim não num torneio "oficial". Incrível também como aparentemente isso dá apenas um cartão amarelo. Vale a pena. Não era uma oportunidade de golo flagrante mas mesmo assim é um comportamento anti-desportivo vergonhoso.