domingo, 28 de fevereiro de 2021

As causas da crise do Benfica - II

 Má política de contratações. Os interesses do Benfica não são o critério a que elas obedecem. O Benfica contrata mal (e ultimamente caro). Só o negócio importa. O scouting é fraquíssimo e não existe uma análise do perfil do jogador ou das necessidades da equipa.


Já falei da lógica empresarial com que Vieira conduziu o Benfica durante vários anos. Mas pelo menos no passado havia prospecção. Por exemplo, a Simão seguiu-se Di Maria e a este Gaitan. Os jogadores eram contratados tendo em vista os interesses do clube. A primeira equipa de Jorge Jesus era um equilíbrio de força e talento. No eixo central havia Luisão, David Luiz, Javi Garcia e Aimar, nas alas um extremo puro (Di Maria) e um jogador de equilíbrios e pulmão (Ramirez) e na frente Saviola e Cardozo. Os laterais eram Maxi e Coentrão. Além da qualidade, estes jogadores tinham poder físico e mentalidade. Eram todos muito competitivos. (No ano seguinte saíram vários destes jogadores - e estivemos três anos sem ganhar.)

 Mas a lógica de entreposto e a sobreposição dos interesses dos empresários aos do Benfica levaram ao descalabro. Quando Pedrinho foi contratado isso não obedeceu a qualquer necessidade do plantel. Escrevi-o na altura, não o digo apenas agora. 

https://justicabenfiquista.blogspot.com/2020/03/o-estranho-negocio-pedrinho.html

Este negócio até levou um olheiro a demitir-se. Mas claro que os yes man, os situacionistas, vieram logo dizer que eu estava errado, que não havia problema nenhum (ver caixa de comentários desse post).

Plantel desequilibrado e sem capacidade competitiva.

Os jogadores são contratados sem critério, a não ser a oportunidade de negócio (e mesmo aí resta saber se para o Benfica, se para os intermediários). O perfil dos atletas (físico e psicológico) não é minimamente tido em conta. É por isso que temos um plantel sem dimensão física e com pouco espírito combativo

Numa equipa de "animais competitivos", Weigl pode ser o trinco. Numa equipa como a nossa, é a receita para o desastre que acontece desde que o alemão entrou na equipa. O problema não é o tamanho dos jogadores. A questão é a sua capacidade de ganhar duelos, sprints e divididas. E nesse capítulo o Benfica tem um plantel altamente deficitário: Pizzi, Grimaldo, Cebolinha, Weigl, Pedrinho são os casos mais gritantes, mas mesmo na defesa não temos "bichos" como Rúben Dias. Não há no Benfica nem "carregadores de pianos", nem "tanques", nem tão pouco, com excepção de Rafa, jogadores explosivos. Somos uma equipa de pesos plumas

 

E um último aspecto: mentalmente o plantel é débil. Darwin parece um jogador com boas condições físicas e técnicas mas psicologicamente não tem tido a capacidade (e se calhar o apoio) para triunfar. E como ele, outros. 

 

 

 

Pecados de JJ

Quando uma equipa joga tao mal como o Benfica o treinador está sempre em causa. Quando esse treinador ganha milhões e tem à sua disposição um plantel que, apesar das limitações, tem tantas opções de qualidade, o seu fracasso é evidente. O Benfica não defende bem, é previsível no ataque, não marca um golo de canto, não tem uma ideia de jogo. Os jogadores não parecem saber o que fazer em campo. As substituições por norma pioram a equipa. 

Numa equipa com défice de combatividade e intensidade no meio campo, com falta de homens de barba rija, é absolutamente incompreensível que Gabriel não seja titular e que Samaris praticamente nunca tenha jogado. A titularidade indiscutível de Taarabt é outro mistério. Apesar de algumas características positivas, o marroquino falha demasiado e desequilibra a equipa. 

É inacreditável que Vinicius tenha saído. É inexplicável que Cervi tenha sido marginalizado no início e que mesmo agora jogue pouco. É incrível que se tenha colocado todo o foco na contratação de um central quando havia lacunas bem maiores no plantel.

O discurso de JJ também não faz sentido. Tanto promete arrasar, como diz que não tem tempo para treinar. Tanto diz que está habituado ao covid no Brasil como que o covid arrasou a equipa. Tanto diz que a partir de agora é que é, como se continua a desculpar com o covid. Tanto diz para os jogadores se levantarem porque não levaram com um pau, como pede carinho para os mesmos. As suas conferências de imprensa aos gritos não se admitem. 

JJ não tem neste momento estabilidade emocional para comandar a equipa e não parece ter a força mental para dar a volta à situação. Isto é um déjà vu dos três anos em que nada ganhou no Benfica e do segundo ano no Sporting. 

Arbitragens 

Já escrevi sobre isto. É um absoluto escândalo que o Benfica não tenha nenhum penalti ao cabo de quase dois terços do campeonato. Apesar de todas as falhas apontadas acima, com arbitragens normais talvez estívessemos noutra posição. 


Nota final: ao rever alguns dos posts que escrevi ao longo dos últimos meses constatei que tive razão nos alertas que fui fazendo. Também é patente pelos comentários que existem adeptos realistas, cuja visita frequente ao blog muito agradeço, que estavam a ver a mesma coisa e que contribuíram para uma análise correcta do que estava a acontecer. Outros porém preferiram meter a cabeça na areia e enveredar pelo seguidismo acrítico de tudo o que a direcção diz e faz. O tempo provou que estavam completamente errados. 

Isto suscita-me uma última questão: se nós, simples adeptos, conseguimos fazer diagnósticos correctos e apontar lacunas (e soluções) como é que a direcção que se dedica (ou devia dedicar) a tempo inteiro ao Benfica e é paga para tal, não o consegue?


Ver também a parte I deste post: https://justicabenfiquista.blogspot.com/2021/02/as-causas-da-crise-do-benfica.html


 

Entrevista de Vieira - duro ataque à Liga e arbitragem

 

  Luis Filipe Vieira terá este Domingo uma entrevista difícil, porque o que está a acontecer é inexplicável.



Há aqui quatro "escolas" de pensamento: 

  • os que acham que Luis Filipe Vieira não tem culpa nenhuma, que deu todas as condições para JJ triunfar e que a responsabilidade pelos maus resultados é toda deste;
  • os que consideram que LFV não deu a JJ as condições que lhe prometeu (nomeadamente Cavani, um trinco e Lucas Veríssimo mais cedo) e que como tal Jesus é mais vítima do que culpado;
  • os que consideram que ambos são culpados;
  • os que consideram que nenhum é culpado e que a culpa é do covid e dos árbitros (e talvez do azar).

Eu penso que a maioria dos benfiquistas acha que ambos são culpados; que há uma minoria (ainda muito considerável) de adeptos e sócios que continua a defender Vieira (que depois se subdivide entre os que acham que Jesus é que tem a culpa toda e os que acham que é o covid e os árbitros); e finalmente os "adeptos" de Jesus, que o defendem apesar de tudo e que são já uma minoria já muito pequena, embora bem representada na comunicação social (afinal Lage tinha uma certa razão quando disse que alguns jornalistas escreviam em função dos almoços que lhes pagavam).

Por isso ou Vieira assumia as responsabilidades e colocava o lugar à disposição, manifestando-se pronto para convocar eleições assim que as condições o permitissem (cenário, convenhamos, nada provável) ou teria que disparar em alguma direcção.

É isto que vai fazer. E vai disparar muito em particular para a arbitragem e a Liga.

Claro que a arbitragem tem sido miserável e tem prejudicado brutalmente o Benfica. A questão é: porque é que só agora (que já é demasiado tarde) se vai finalmente falar disso?

A minha resposta é simples: porque agora é a própria sobrevivência política de Vieira que está em jogo. Esse é sempre o seu critério de decisão: foi por isso que investiu em ano de eleições apesar da pandemia, foi por isso que foi buscar JJ.

Os seguidistas ficarão contentes e acharão que tudo fica resolvido. Para o ano as coisas serão diferentes e voltaremos a ganhar, dirão. É uma perspectiva. Mas ilusória. Os problemas manter-se-ão lá todos. 

Agora, este discurso é capaz de criar um certo alívio da pressão sobre a equipa e talvez possa (num cenário optimista) mobilizá-la no sentido de alcançar os poucos objectivos ainda possíveis. Veremos. Espero que sim, naturalmente. Mas não deixa de ser uma análise simplista e desresponsabilizadora que não vai resolver os problemas estruturais do Benfica, que começam com o próprio LFV, as suas más decisões e a sua liderança desgastada por inúmeros casos judiciais.
 

Parabéns ao Benfica pelos seus 117 anos de vida!






 Nota: a violência e as ameaças de morte são completamente inaceitáveis. Ninguém merece isso. Repudio totalmente todos esses comportamentos anti-desportistas e anti-benfiquistas. Uma coisa é contestar, com faixas, com mensagens, com buzinões, abaixo-assinados ou qualquer outra forma legítima de protesto. Outra coisa é entrar por caminhos de violência e criminalidade. São duas coisas que não se cruzam. Pelo contrário, são até incompatíveis. Quem se envolve nisso deve ser punido.


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Qual a próxima tábua de salvação?

 O Benfica foi infeliz. Tinha o jogo controlado quer quando sofreu o segundo, quer o terceiro. A dada altura, com 2-2, o Benfica estava a jogar francamente bem, a manter a posse de bola por largos períodos de tempo. No entanto a nossa defesa continua a ter fragilidades e quando do outro lado está um jogador como Aubameyang isso é fatal. Foi um jogo cruel para o Benfica.

Dito isto, já há algum tempo que eu aqui escrevo que JJ não tem a capacidade para dar a volta à situação. Pelo contrário, as coisas tenderão a piorar. 

Por isso estou convencido de que Jesus está no Benfica a prazo. E importa começar a pensar em alternativas.

O problema é que, depois de Vieira apostar tudo em JJ, fazer um investimento brutal com as consequências que estão à vista (e que terá uma ressaca brutal de desinvestimento), que coelho poderá tirar da cartola?

E que treinador com o mínimo de capacidade quererá vir para um Benfica depauperado e em crise?

Nenhum, obviamente. Vieira terá provavelmente que apostar num treinador sem grande experiência nem currículo que, num cenário de instabilidade e com um plantel empobrecido (e possivelmente desequilibrado, visto que mesmo os plantéis com qualidade que temos tido nos últimos anos têm tido sempre esse problema), terá muitas dificuldades. Poderá ser um "novo Amorim" ou um novo Mourinho, mas é mais provável que seja um novo Silas... 

Mas o problema é maior do que esse: saindo Jesus, toda a contestação será dirigida a Vieira. O futuro afigura-se muito difícil.

Os sócios precisam de se mobilizar e as figuras credíveis do Benfica têm que se organizar para criar uma alternativa a Vieira. Esta liderança (ou este vazio de liderança) chegou ao seu fim e precisa de sair. 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

As causas da crise do Benfica

A situação presente

 O Benfica encontra-se a meu ver numa situação gravíssima que coloca em causa o futuro próximo do clube. Não que o Benfica vá acabar ou falir, obviamente. No entanto existe um risco real de não sermos competitivos nos próximos anos / década.

Isto porque foi feito um investimento de alto risco, que não deu os resultados esperados, foi aumentada a despesa a níveis perigosos e as receitas desceram a pique devido ao Covid (e assim se manterão no futuro próximo). O Benfica não irá com toda a probabilidade à Liga dos Campeões no próximo ano (como não foi este) e o seu plantel, pago a peso de ouro, terá uma desvalorização brutal. Portanto as receitas extraordinárias também não salvarão a situação. Mas os salários estarão lá na mesma... Como resolver? Vendendo, desinvestindo. Mas essas vendas serão sempre por baixos valores, porque os jogadores não rendem e não estão na principal montra internacional. 


As causas

A principal causa é a total falta de liderança, a completa incapacidade de Vieira para tomar decisões estratégicas acertadas. Tudo começa aí e tudo deriva daí. 

Vieira foi durante alguns anos (poucos) um bom gestor de expectativas e de um modelo empresarial de valorização de jogadores e maximização das receitas que a marca Benfica facilita. Com bons "olheiros" ou scouts, o Benfica comprava relativamente barato e vendia caro. Isto não começou com Vieira (ao longo das décadas o Benfica teve, por exemplo, defesas centrais titulares da selecção do Brasil, jogadores de classe mundial) mas com ele adquiriu uma componente empresarial. Também se soube usar o benfiquismo dos adeptos para aumentar as vendas de merchandising.

No entanto essa política de comprar barato e vender caro (David Luiz, Di Maria, Rodrigo, Gaitan) e de formar jogadores - que tem que ser a política dos clubes portugueses pois não podem competir com os colosssos financeiros europeus - foi completamente invertida nos últimos anos.

Essa é outra dimensão da (não) liderança errática de Vieira. Quando o sucesso desportivo chegou, com a primeira passagem de JJ pelo clube, a porta de entrada para os jovens da formação estava praticamente fechada. São famosas as frases de JJ sobre o assunto, como por exemplo a de que os jogadores da formação teriam que "nascer várias vezes" para poderem estar ao nível de Matic (efectivamente um grande jogador). E são conhecidos os casos de Cancelo ou Bernardo Silva, apenas para citar os mais famosos. JJ queria jogadores "feitos".

Depois JJ saiu supostamente porque o Benfica ia passar a apostar no Seixal. E vários jogadores de qualidade ascenderam, como por exemplo Lindelof e Gonçalo Guedes. Com Bruno Lage (que ficaria no Benfica por "muitos e bons anos"), essa aposta ainda se acentuou mais com a dupla de centrais Rúben/Ferro, entre muitos outros.

Regressado JJ, a "aposta" na formação acabou  - mas o "modelo de negócio" (porque é disso que se trata realmente para os actuais dirigentes do SLB) já tinha mudado antes. As contratações de Raúl de Tomás, Weigl e Pedrinho, todas por 20 milhões de euros e anteriores a Jesus, marcaram uma mudança de paradigma que neste ano atingiu o seu expoente máximo. O Benfica passou a contratar caro.

Estas contratações foram apresentadas como o "dar o salto", especialmente no caso de Weigl, para passar a ser um clube comprador no mercado europeu e adquirir uma dimensão também europeia no seu futebol. Ou seja, o Benfica já tinha (supostamente) o domínio do futebol nacional e iria agora com estas contratações subir a um novo patamar de competitividade, batendo-se com os grandes europeus.

Com isto tocamos numa outra causa da crise do Benfica, intimamente ligada à falta de liderança, que é a da política de contratações errada, tema que fica para o próximo post. 

O problema da liderança, para além dos factores da personalidade de Luís Filipe Vieira, tem também a ver a segunda causa da crise: os múltiplos casos judiciais. 


Graças a Luís Filipe Vieira, o Benfica viu o seu nome envolvido em múltiplos casos judiciais. Houve buscas, denúncias anónimas, há processos, e várias suspeitas. Isto enfraquece a imagem e a influência do Benfica nos órgãos decisórios.

Não gostei de saber que o Benfica oferecia vouchers aos árbitros. Não me parece uma prática salutar. Gosto de pensar no Benfica como um clube impoluto que não recorre a esquemas e expedientes pouco claros. Desde que o caso veio a público, veio-se a saber que vários outros clubes têm práticas semelhantes (alguns tiveram outras bem piores, como sabemos), o que atenua o caso mas mesmo assim deixa sempre um gosto desagradável.

O problema é que as coisas não ficaram por aqui. Houve depois o caso dos emails, o e-toupeira, o caso lex e alegadamente outros relativos a denúncias de subornos (jogos viciados e mala ciao).

Quero deixar claro que na análise que faço dos diferentes casos, com base no que tem vindo a público, não me parece existir matéria de facto para tanto ruído. Uns bilhetes dados a uns funcionários para quebrar o segredo de justiça (que toda a gente faz e nunca se provou que fosse para obter qualquer benefício), um caso em que Vieira queria receber das Finanças dinheiro que aparentemente lhe era devido e conversas truncadas obtidas através da violação de correspondência privada que também nunca provaram coisa nenhuma, a não ser que existiam "cartilheiros". Quanto aos processos por subornos não quero sequer admitir que existam ou pelo menos que tenham a mais pequena credibilidade. Isso seria o fim.

Dito isto, sobram dois problemas: 1) será que há uma conspiração da justiça e das polícias contra LFV, ou pelo contrário haverá um conjunto muito alargado de suspeitas sobre as actividades do mesmo e estes são os casos em que se conseguiram obter indícios para acusações?; 2) não será evidente que estes casos enfraquecem LFV e por arrastamento o Benfica? É que à mulher de César não basta ser séria, tem que o parecer também. Aqui há a suspeita de que nem uma coisa nem outra.

Sem ter respostas definitivas para as perguntas, porque para além de observar que o Benfica é um grande negócio para muitos e que este é o seu principal interesse para estarem no clube, não tenho provas concretas de que Vieira ou qualquer outro elemento da direcção (em que não se incluem obviamente motoristas traficantes de droga) estejam envolvidos em actividades criminosas. Não deixa no entanto de ser estranho que existam tantos casos, tantos rumores e tantas suspeitas.

Do que não tenho dúvidas no entanto é que estes casos prejudicam e enfraquecem o Benfica, retiram-lhe força moral e são grande parte da razão pela qual a nossa equipa de futebol é claramente prejudicada pelas arbitragens e pelas instâncias decisórias do futebol em Portugal. 

Será que nada disto ocorre a LFV? Será que nunca pensou que as sombras que o envolvem se projectam sobre o clube? Uma pessoa inocente e que amasse o Benfica preocupar-se-ia com isso e tentaria proteger o clube. Pelo contrário uma pessoa que estivesse comprometida poderia ter a tentação de usar o clube como escudo protector. Uma tal pessoa tenderia a manter-se em silêncio e a não agitar as águas.

Assim, é legítimo perguntarmo-nos se estes casos (e eventualmente outros que desconhecemos) estão também na origem do silêncio do Benfica perante os roubos arbitrais que se vão acentuando jornada a jornada, ao passo que os rivais se manifestam com grande vigor ao mínimo prejuízo das suas equipas (que nalguns casos inclusivé existem apenas nas suas cabeças).


(CONTINUA)




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

O futebol português é uma farsa

 Quem aqui costuma vir, sabe que eu sou extremamente crítico do actual momento do Benfica e das opções erráticas - e erradas - desta direcção, assim como do futebol nulo da nossa equipa, que é evidentemente responsabilidade do treinador. 

Dito isto, não é possível observar as decisões arbitrais semana após semana e fingir que não se passa nada. É que começa a ser demais.

Mas antes de lá ir, um parêntesis: como eu previ, o VAR não resolveu nenhum problema da arbitragem em Portugal. Deixou de se festejar os golos com a mesma emoção (há sempre o receio de que venha a ser descoberta alguma irregularidade, real ou fabricada) e criou-se mais uma camada de influência arbitral no jogo. 

Quanto ao que se está a passar este ano, os adjectivos são redundantes para descrever o que está à vista de todos. 

Os nossos adversários já se dão ao luxo de gozar com o Benfica, dizendo que não temos penalties porque não chegamos à área das outras equipas. 

É que as evidências são de tal ordem que não vale a pena estar aqui a ilustrar. Qualquer jogador do Porto que caia na área é penalti, mas para marcar um a favor do Benfica é preciso... nem sabemos o quê, visto que já houve vários CLARÍSSIMOS que os árbitros e os VARs pura e simplesmente se recusam a marcar. Mãos, rasteiras, empurrões, tudo... 

Mas o problema não são só os penalties, os cartões, os descontos (que quando os nossos rivais estão empatados se prolongam quase até aos 100 minutos mas quando é o Benfica não passam dos 4 ou 5), as faltas e as faltinhas. 

O problema está também na (in)justiça desportiva. Quando Taremi leva um jogo de suspensão depois da entrada que teve sobre Ottamendi ou Sérgio Conceição leva multas de 200 euros, está tudo dito. 

Ou seja, as regras estão viciadas e este campeonato é uma fraude. E a Sporttv é parte desta fraude, como também em tempo assinalei, porque a sua edição das imagens não é isenta. Seria fastidioso estar aqui a ilustrar este ponto. Já o fiz em tempo e não vou insistir nisso. Acho que é algo de evidente para qualquer observador que não seja fanático. Aliás foi nessa base que o Benfica começou a transmitir os seus jogos na BTV e que a dada altura chegou a ter os direitos de transmissão da Liga Inglesa. 

Agora, que postura assumem os dirigentes do Benfica sobre isto, sobre esta fraude? Numa palavra, uma postura frouxa. Eles lá saberão porquê. Uma coisa é certa: não é assim que defendem o Benfica. Mas se calhar também não estão muito preocupados. Só nós, os adeptos, os idiotas que não ganham nada mas que alimentam os que ganham (e muito) com este negócio do futebol, é que nos preocupamos e sofremos. 


 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

O que mais será necessário?

 Já não há muito mais a dizer. 

Nem Vieira nem Jorge Jesus têm condições para continuar no Benfica.

O que mais será necessário? Sofrer goleadas? Descer para o 6° lugar? 

Está na cara há que tempos que: 

1) não há estratégia, não há rumo, não há liderança; 

2) Jorge Jesus não tem condições (talvez de saúde, certamente psicológicas e mentais, para além de técnicas e tácticas) para continuar a treinar a equipa do Benfica.

Já no último post, a seguir ao anterior empate no campeonato, disse aqui que as coisas não iam melhorar e que provavelmente não ganharíamos ao Farense. A questão é portanto apenas uma: quanto tempo mais se deixará esta situação arrastar?

É a única pergunta que se coloca neste momento. 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Benfica à deriva. É preciso acção urgente.

 Vieira contratou Jesus para ganhar as eleições. Não devia ter ganho, porque os sinais já são preocupantes há muito, mas aparentemente ganhou, contando com uma grande ingenuidade por parte de uma maioria dos sócios (em que não me incluo).

Vieira pensou que Jesus era uma aposta segura. Como pessoa que, apesar de andar no futebol há décadas, não percebe muito do fenómeno, achou que o sucesso no Brasil era transponível para Portugal. É um raciocínio básico, mas errado. 

Na verdade, a aposta em Jesus era tudo menos segura - era altamente arriscada. E os resultados estão à vista. 

Jesus veio ainda mais arrogante, se é que isto é possível, convencido de que sabe tudo sobre futebol e que os outros andam a ver passar comboios. 

Nada mais errado. É o contrário que é verdade: no Brasil Jesus encontrou um futebol pouco competitivo, no qual os treinadores estão muito longe das melhores práticas dos europeus, têm uma cultura táctica limitada e de certo modo estão parados no tempo.

Claro que generalizo, claro que há excepções. Mas este é o panorama geral, um retrato relativamente fiel da realidade futebolística sul-americana.

Em Portugal, Jesus não beneficiou do efeito surpresa (pelo contrário) e encontrou treinadores muito competentes no que diz respeito ao processo defensivo e à redução de espaços. 

Jesus não tem qualquer antídoto para isso. Qualquer treinador médio da nossa Liga manieta a equipa do Benfica que se torna absolutamente inofensiva e inconsequente. Isto porque Jesus esteve anos lá fora em que não apenas não evoluiu como ainda regrediu. 

Este Benfica não tem dinâmica, não tem velocidade, não tem agressividade e nem sequer tem uma ideia de jogo definida. 

Jesus também não conseguiu ter um efeito positivo no plantel. Mais uma vez, muito pelo contrário: ao estar permanentemente a querer contratar jogadores, criou mal estar e desconfiança no plantel. Também a prepotência de colocar Ottamendi a capitão (e o jogador não tem culpa nenhuma disso) não contribuiu para o bom ambiente no balneário, nem para a união da equipa. 

Claro que Jesus não teve sorte. Se nos tivéssemos apurado para a Liga dos Campeões, se não tivéssemos perdido aquele jogo com o Boavista, se tivéssemos ganho no Dragão, se não tivéssemos tido tantos casos de covid, se não tivéssemos perdido em Alvalade ao minuto 92, talvez as coisas fossem diferentes. Mas ninguém vive de ses.

O campeonato está perdido, o apuramento directo para a Liga dos Campeões também está muito difícil e arriscamo-nos mesmo a ficar fora dos 3 primeiros lugares. 

O futebol do Benfica é deprimente e os problemas que já vinham da época passada mantém-se exactamente iguais. Jesus não foi capaz de melhorar rigorosamente nada no futebol do Benfica. 

Os erros tácticos são evidentes, as substituições por regra pioram a equipa e agora pelos vistos o desnorte é tamanho que já nem se sabe em quanto tempo de jogo se vai. 

É mau demais para ser verdade. 

Pensar que se gastaram mais de 100 milhões de euros nisto é imoral em tempos de pandemia. 

Jesus só ainda não saiu do Benfica porque o presidente praticamente apostou tudo nele e porque a indemnização será brutal. Se despedir o treinador, Vieira sabe que as atenções e a insatisfação se passam a focar 100 % nele. 

No entanto é altamente improvável que as coisas melhorem. O mais natural é perdermos na quinta feira com o Arsenal e não será muito surpreendente se também não ganharmos em Faro. Depois virá provavelmente nova derrota com o Arsenal.

Portanto a questão é quanto mais tempo se deixará arrastar esta situação.

O problema do Benfica é porém mais profundo do que a mera situação do treinador. O problema do Benfica neste momento é duplo: falta de liderança e falta de benfiquismo. 

É precisa uma revolução no Benfica. É preciso tirar de lá Luís Filipe Vieira. É preciso mudar a estrutura de alto a baixo. Precisamos de uma estratégia que não passe por dar dinheiro a ganhar a sanguessugas mas sim por dar títulos ao Benfica e aos benfiquistas. 

Precisamos de benfiquismo e de acção. Vieira não vai sair de lá pelo seu pé, precisa de ser corrido. Os benfiquistas têm que se pôr em campo para que isso se torne uma realidade - enquanto é tempo. Por este andar, Vieira deixará o clube numa situação igual ou pior à que encontrou, quando Vale e Azevedo se preparava para liquidar o clube com a constituição de uma SAD que o colocaria (a preço de saldo) nas mãos de estrangeiros. 

Num cenário de pandemia e quebra brutal das receitas, o Benfica pelo andar da carruagem dirige-se a grande velocidade para o abismo. 

O tempo de agir é agora.