sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Os benfiquistas aguardam.

 Mais do mesmo. Mais um jogo no Porto, mais uma derrota como é costume. Desta vez JJ não se ajoelhou e conseguiu evitar encaixar 5 golos. Foram "só" três. Os mesmos que levou de Amorim na Luz. 

Os sócios aguardam a decisão de Rui Costa. É por demais evidente que a demissão de JJ é inevitável. A única questão é quando. Para mim seria já porque com JJ é praticamente garantido que teremos nova derrota daqui a uma semana. Nessa altura, campeonato e Taça, os dois principais títulos que poderíamos conquistar, estarão perdidos. Ou seja, será mais uma época de derrotas e insucesso. Depois do maior investimento alguma vez realizado por um clube português.

Nem vale a pena adjectivar. O que tinha a dizer sobre o comportamento profissional de Jorge Jesus e a novela Flamengo (os seus dirigentes estiveram hoje na bancada e ficarão no Porto até à próxima semana, à espera de nova derrota para levarem JJ) já disse nos anteriores posts. O resultado de hoje é a consequência desse mau comportamento: falta de competência, falta de humildade e falta de respeito pelo clube.

Basta. 


sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Uma VERGONHA

 O Benfica passou aos oitavos de final da Champions, venceu o Famalicão com uma facilidade que foi algo surpreendente e as coisas poderiam eventualmente até encarrilar (embora eu tenha as maiores dúvidas).

Mas eis que o treinador do Benfica resolve promover os rumores de saída para o Flamengo, tomando cafés em hotéis com empresários próximos do clube brasileiro. E para ajudar à festa, o empresário de Cebolinha vem fazer declarações sobre o papel dado ao jogador e à sua continuidade no clube.

Compare-se a postura do treinador do Benfica com o do Sporting. Este rejeita todas as abordagens e afirma inequivocamente o seu compromisso com o clube que representa.

Por muito que nos custe - e custa - temos de admitir que o Benfica é hoje um clube à deriva, que não apenas não está 20 anos à frente dos seus rivais como está até atrás, muito atrás. O que está a passar-se não aconteceria no Sporting. Menos ainda aconteceria no Porto.

Tem a palavra Rui Costa. Cabe-lhe impor o respeito pelo Benfica e mostrar que não somos um clube sem rei nem roque. 

domingo, 5 de dezembro de 2021

Humilhante. Este Benfica não tem intensidade

 Normalmente uma equipa bem treinada melhora ao longo de uma época.

No Benfica vê-se uma regressão. Começámos bem o campeonato, chegámos a ter uma vantagem de 4 pontos e arriscamo-nos a acabar o ano com uma desvantagem de 7.

A Liga dos Campeões, e sobretudo os jogos com o Barcelona, é o que mantém Jorge Jesus à tona. Nesse sentido o jogo da próxima e última jornada será decisivo. Não acredito que o Barcelona ganhe em Munique, pelo que o Benfica tem a qualificação nas suas mãos. Uma derrota ou um empate contra o Dínamo do Kiev na Luz seria completamente inaceitável.

Mas mesmo que consiga o apuramento, o treinador do Benfica fica, a meu ver, dependente do que faça nos dois jogos contra o Porto. E sinceramente não acredito muito em resultados positivos.

Este Benfica não convence. Nunca convenceu muito, desde o regresso de Jorge Jesus e neste momento é uma equipa sem intensidade, sem grande fio e sem ideia de jogo.

Mas acima de tudo, o que me parece é que Jesus faz uma má gestão do balneário. Veja-se o caso da lateral direita: Gilberto vinha fazendo uma série de bons jogos, sendo dos melhores em campo num deles. O que faz JJ? À primeira oportunidade tira-o da equipa para colocar Lázaro. O mesmo é válido para Mourato. É sobre Vlaco ou Gonçalo Ramos nem vale a pena falar. 

JJ é useiro e vezeiro nisto e assim dificilmente o grupo é coeso ou os jogadores têm confiança e motivação.

Ontem o contraste com Rúben Amorim não podia ter sido mais claro. O treinador do Sporting (infelizmente...) sabe que em campo o que mais conta são os jogadores e por isso faz tudo para que eles acreditem, tenham confiança e muitas ganas de ganhar. Amorim faz de jogadores banais uma equipa fortíssima, ao passo que Jesus faz de bons jogadores uma equipa banal.

No jogo de ontem, a diferença de andamento, de intensidade foi tão grande que até fazia impressão. Os jogadores do Sporting entraram em campo com tudo, para vencer o jogo. Tinham até uma certa dose de raiva, tal era a fome de vencer. A sua estratégia estava perfeitamente delineada.

Já os do Benfica pareceram surpreendidos, para não dizer assustados - e claramente tinham o "guião errado" para esta partida. Quando JJ diz que houve 5 oportunidades para cada lado e que a diferença esteve na eficácia, está a mascarar a realidade do jogo.

A realidade é que o Sporting sabia o que queria e como lá chegar, enquanto o Benfica não parecia ter nenhuma ideia sobre como penetrar na defesa do Sporting, trocando a bola sem grande intencionalidade. As equipas jogavam a ritmos e intensidades diferentes. Quando o Sporting atacava criava em geral bastante perigo (com a nossa defesa meio confundida e atrapalhada), ao passo que os ataques do Benfica não tinham grande sentido. Na primeira parte o Sporting marcou dois golos (um dos quais marginalmente fora de jogo) e teve uma oportunidade flagrante que Pedro Gonçalves não costuma falhar. Esteve na frente do marcador desde cedo (mas fez por isso e o golo aos 4 minutos nem surpreendeu) e teve sempre o jogo controlado. Essa é a realidade do jogo.

Já tinha dito há um par de meses que me parecia difícil que Jesus tivesse a capacidade de dar a volta à situação e que acabe a época. Agora parece-me praticamente impossível.


quinta-feira, 18 de novembro de 2021

"Futebol miserável"

 Qual é a novidade?

Portugal nos últimos anos fez dois ou três bons jogos. De resto tem sido semelhante ao que (não jogou) contra a Sérvia. O Mundial foi o que se viu, o Europeu idem.

Vencemos o Europeu 2016 e nisso ninguém pode tirar o mérito de Fernando Santos.

[Tal como ninguém pode apagar a final do Euro de 2004 ou o 4º lugar no Mundial de 2006 sob Scolari. Segundo alguns o treinador brasileiro não passava de um animador de balneário mas foi o melhor futebol que praticámos nas últimas décadas].

Agora é importante perceber que no Euro 2016, sem retirar nenhum mérito, o nosso futebol não foi nada atrativo, ganhámos apenas um jogo nos 90 minutos e até à final não apanhámos nenhum adversário temível. Ou seja, houve uma conjugação de factores que fez de Portugal campeão, se calhar um título que já merecia. Santos conduziu ainda a seleção a uma vitória na primeira Liga das Nações. É um facto que é o primeiro seleccionador a alcançar títulos para o nosso país.

Mas sempre com este futebol ultradefensivo.

Quando os resultados depois aparecem, como aconteceu em 2016 e 2019, isso suplanta tudo. As vitórias apagam as más exibições. 

Mas quando se perde, todos os problemas vêm ao de cima. 

E a verdade é que o futebol da selecção é paupérrimo. Dá ideia de que este modelo está esgotado. 

Uma última palavra para Ronaldo. Está-se a tornar um problema em todas as equipas onde actua. E um "perito" em demitir treinadores. 

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

6-1. Mudou alguma coisa?

 O Benfica fez uma boa exibição com momentos de grande brilhantismo, individual e colectivamente. Mas nem tudo foram boas notícias. A lesão de Lucas Veríssimo é uma péssima notícia, que nos deixa a todos tristes, havendo ainda a lamentar as lesões de Sequeira, do Braga, que também saiu de maca, e ainda de João Mário, Rafa e Darwin, cujas extensões se desconhecem à altura em que escrevo.

Para além desse aspecto e focando-nos na análise ao jogo, claro que é uma vitória importante, da qual saem coisas muito boas, como a excelente exibição de Cebolinha, a boa entrada de Paulo Bernardo, a resposta do nosso meio campo, a eficácia na frente de ataque e o quebrar de um ciclo negativo de resultados antes da pausa no campeonato.

Tudo isso é muito positivo.


Mas uma análise fria do jogo diz-nos que que até ao segundo golo estávamos a ter bastantes dificuldades - e que provavelmente não mudou assim tanto no jogo do Benfica em relação ao que temos feito esta época.

O Benfica marcou o primeiro golo na sua primeira jogada de ataque, logo aos 2 minutos. Após esse golo, que não tinhamos justificado, o Braga equilibrou, empatou e durante algum tempo foi até superior ao Benfica. Depois, em 7 minutos o Benfica marcou 3 golos e resolveu o jogo. Acaso? Mera sorte? Claro que não. Há muito mérito e há sobeja qualidade no plantel do Benfica. Mas há também um aspecto que deve ser sublinhado: 5 dos 6 golos do Benfica são marcados em contra ataques ou transições ofensivas rápidas. Ou seja, marcámos quase todos os golos quando a defesa adversária estava desposicionada. A excepção foi o 2-1.

Isto é mau? Não, como é óbvio. Isto é treinado, é mérito e é qualidade dos jogadores: Rafa, Darwin e Cebolinha conseguiram imprimir uma velocidade vertiginosa no ataque. Os golos são muito bem conseguidos. A questão é outra. 

Em primeiro lugar, para poder "soltar" estes contra ataques, o Benfica precisa de que os dois primeiros passes defesa-meio campo saiam bem. Quando as primeiras linhas de pressão adversária sobre os nossos defesas e centro campistas são ultrapassadas e conseguimos colocar a bola em Rafa ou Darwin em boas condições, os adversários estão em apuros porque qualquer um destes jogadores e também Everton quando lançados em velocidade são difíceis de parar.

Por isso os melhores jogos que fizemos até agora foram este, o Barcelona e o Guimarães. Os adversários jogaram subidos e pressionaram o Benfica ainda no seu meio campo mas depois quando conseguíamos sair para o ataque, as suas defesas tiveram muitas dificuldades em acompanhar a mota Rafa e a gazela Darwin.

Mas já contra o Bayern não conseguimos fazer o mesmo, porque é uma equipa mais compacta, mais rápida, melhor. Aí os nossos contra ataques eram praticamente abafados à nascença, deixando-nos na maior parte do tempo a ter que remar para trás.

O outro problema que o Benfica tem tido - e que este jogo não mostra que tenha sido resolvido - é o agora chamado ataque posicional. Ou seja, quando as equipas adversárias se refugiam muito lá atrás e têm os seus defesas bem posicionados no campo, temos muitas dificuldades em conseguir criar espaços e oportunidades. Aí Darwin começa a perder bolas e a equipa a esbarrar contra o muro adversário, parecendo ter poucas soluções.

Ontem Everton apareceu muito bem num par de ocasiões a criar desequilíbrios que geraram o espaço para outros aparecerem, como na origem da jogada que deu o 2-1, ao fintar dois jogadores e depois passar para Grimaldo. Everton que fez, diga-se, um enorme jogo. Além desse lance fez dois golos e duas assistências. O primeiro golo é um bom trabalho com os dois pés, ao passo que o segundo é uma raquetada ou tacada de bilhar que coloca a bola a fazer tabela no poste, fora do alcance de defesa e guarda redes, para dentro das redes. Aliás foi curioso que já o centro de Darwin foi assim, atravessando a área, a fugir do guarda redes e fora do alcance do defesa. 

Uma outra curiosidade é que o golo do Braga (que por sinal também resulta de uma recuperação de bola no nosso meio campo) é um remate de André Horta ao mesmo poste onde Cebolinha a viria a colocar na segunda parte. Dois golos com alguma semelhança.

Finalmente uma nota para o VAR. Eu penso que todas as decisões foram correctas relativamente ao posicionamento dos jogadores em jogo nos golos. Mas note-se que a imagem que é mostrada a dar conta de que André Horta está em posição legal não é a do golo. Veja-se as duas imagens: a mostrada e a correcta:

Este não é o lance do golo mas é apresentado como tal a propósito da revisão do VAR.

Este sim, é o lance do golo do Braga. Grimaldo parece colocar em jogo Horta. Grimaldo esteve aliás envolvido nos 3 primeiros golos do jogo: marcou o primeiro, está aparentemente desalinhado com os companheiros defensivos neste e faz o remate de cuja recarga surge o 2-1 por Darwin.




segunda-feira, 1 de novembro de 2021

JJ acabará a época?

 NES foi hoje demitido do Tottenham, Rui Vitória não deve demorar muito e Mourinho provavelmente não acaba a época.

É um momento complicado para os treinadores portugueses, que ainda há não muito tempo estavam "na moda". As coisas mudam rapidamente e o modelo cínico e defensivo do treinador português já não surpreende. Soluções muito mais criativas e um futebol mais dinâmico de treinadores com outra escola e outra mentalidade conseguem hoje desmontar com alguma facilidade as tácticas fechadas dos portugueses.

Mourinho então é um desespero. O futebol das suas equipas é simplesmente paupérrimo. Ofensivamente é uma nulidade (não tem ataque organizado, limitando-se a tentar correrias e jogadas individuais quando o adversário está balanceado para a frente) e defensivamente já não tem a consistência de outros tempos. Até já é goleado por equipas da terceira divisão europeia.

O que tem isto a ver com Jorge Jesus?

Dir-se-ia que JJ é um treinador ofensivo, que não pode ser colocado na mesma categoria de treinadores como Mourinho ou NES que só querem jogar no erro do adversário.

Mas a realidade é mais complexa. A primeira coisa na qual vejo uma semelhança entre aqueles treinadores e JJ é que me parece que todos pararam um pouco no tempo. Mou por exemplo diz que é hoje melhor treinador do que no passado e que está sempre a actualizar-se. Ora não é isso que nós vemos. O que vemos é que teve o seu tempo - um tempo de enormes êxitos - mas que hoje já não tem capacidade para acompanhar a evolução do futebol e treinar a este nível (que aliás vem sempre a baixar desde o Chelsea).

Isso é também o que vejo com JJ. Quando surgiu no Benfica, o seu futebol de grande pressão sobre o adversário, com uma defesa muito subida e rápida transição para o ataque quando recuperava a bola, era uma coisa pouco vista em Portugal. No primeiro ano conseguiu goleadas, jogos emocionantes e ser campeão.

Mas desde então o seu modelo foi entendido pelos adversários. Perdeu logo o campeonato 3 vezes seguidas nos anos subsequentes. E depois voltou a ser campeão contra adversários muito fragilizados e já sem o brilho do primeiro ano.

No Sporting podia ter sido campeão mas claudicou no jogo decisivo com o Benfica, como tantas vezes aconteceu nos anos em que esteve no nosso clube (e já vai no oitavo).

JJ não parece surpreender ninguém. O Benfica é previsível, não cria oportunidades, continua a sofrer golos em quase todos os jogos e, simplificando, não joga nada. Isto depois de dois anos a investir brutalmente no mercado, contratando jogadores a preços anormais fora das 5 maiores ligas. Os resultados são os que estão à vista.

Um Sporting campeão, com recursos mínimos, a comparar com os nossos e um Porto logo atrás, que mais uma vez não conseguimos vencer. Zero títulos no primeiro ano pós regresso e esta época as coisas parecem novamente desencaminhadas.

Ao passo que vemos os adversários melhorar (por exemplo o Sporting), vemos o Benfica estagnado ou até a regredir. À imagem do seu treinador. É que isto não é o Brasil. País de enorme paixão futebolística, de enormes jogadores, o Brasil está porém muito atrasado no que à táctica diz respeito.

Lá JJ pode ser o melhor. Cá não, de certeza. Vamos ver onde acaba a época. 

terça-feira, 26 de outubro de 2021

"FC Ronaldo"



 Ronaldo chegou a Manchester, marcou nos primeiros jogos e pensou-se que tudo seria um mar de rosas. A passagem pela Juventus teria sido um erro de casting: uma equipa em perda, que não era capaz de o acompanhar e um estilo de futebol demasiado defensivo que não servia o seu perfil. Já em Inglaterra, com uma equipa de qualidade e um futebol ofensivo, querido pelos adeptos, Ronaldo estaria feliz e o seu rendimento explodiria, com golos em barda.

Tudo isto faz sentido e havia portanto razões para acreditar que as coisas se poderiam passar assim.

Mas a realidade está a ser muito diferente.

Na minha cabeça, apesar de reconhecer aqueles argumentos e de querer que as coisas se passassem daquela forma, pois torço pelo sucesso dos portugueses e Ronaldo já nos deu muitas alegrias e motivos de orgulho, havia duas dúvidas.

1) como se relacionariam Ronaldo e Bruno Fernandes, atendendo a que Bruno era, até à chegada de Cristiano, o líder da equipa, "acima" até de Pogba, marcando quase todas as bolas paradas? 

2) será que o futebol moderno ao mais alto nível é compatível com um avançado que praticamente não pressiona e pouco corre? 

A resposta à primeira questão veio, a meu ver, com o falhanço de um penalti por parte de Bruno Fernandes. O jogador sentiu o peso da decisão, atirando a bola para as nuvens, possivelmente por ter Ronaldo nas suas costas. E não está a render. 

Quanto à segunda, temo que o jogo com o Liverpool tenha dado um sinal de que, a este nível, Ronaldo começa a ser curto. Não pelo que faz dentro da grande área ou perto dela, obviamente, mas pelo que não faz no resto do jogo. 

E há ainda uma outra questão, que não antecipei mas que se começa a tornar evidente - também Solskaer está pressionado: se não coloca Ronaldo em campo (ou se o substitui) expõe-se à irritação do jogador e, se depois não ganha, também às críticas da imprensa e dos adeptos. Mesmo que ache que Ronaldo não é o melhor para a equipa, Solskaer dificilmente não lhe dará a titularidade. 

O problema é agravado pelo facto de Ronaldo ter um ego muito grande e tornar tudo numa questão pessoal. Ora o futebol não é um jogo individual mas sim colectivo. Todos os jogadores, mesmo os melhores dos melhores, necessitam de uma equipa, de um colectivo de homens todos a remar na mesma direcção. Se há um que se acha mais importante e acima dos outros, dificilmente poderá contar com o compromisso e empenho máximo dos restantes. A verdade é que Ronaldo tem atitudes e tiques de uma pessoa mimada, dificilmente explicáveis em alguém da sua idade. Não parece solidário com os companheiros quando as coisas não correm bem - como se a culpa fosse dos outros e não dele. É isso que transparece. E o United é uma equipa em cacos. 

Neste jogo com o Liverpool, o United foi simplesmente arrasado, passado a ferro, cilindrado. E a diferença de um Ronaldo para um Salah ficou bem espelhada, o que seguramente deixou Cristiano para lá de frustrado, como aliás se viu naquele lance lamentável em que provavelmente deveria ter sido expulso. 

Mas é uma simples questão biológica, que ninguém pode contornar. A idade pesa, sobretudo num desporto de exigência máxima, de intensidade enorme, de velocidade vertiginosa. Salah além do grande, enorme talento, está no seu auge físico. Ronaldo no Real Madrid teve épocas absolutamente incríveis - mas já lá vai uma década. Nos últimos anos de Real, Cristiano já se tinha especializado em finalizar e já não carregava a bola nem ultrapassava adversários como em 2010 e 2011. E na Juventus continuou a marcar muitos golos mas também pouco ou nada contribuia para o jogo colectivo da equipa. 

Tudo isto é normal. Ronaldo faz 37 anos em pouco mais de 3 meses. Não pode correr como um jovem de 20, 21 ou mesmo 26 anos. 

O que não é normal e não deveria acontecer é Ronaldo criar mau ambiente ou contribuir para queimar treinadores. É que, como assinala um jornalista inglês, nos últimos 3 anos Ronaldo "despediu" 3 treinadores: Alegri, Sarri e Pilro. Seria um péssimo sinal (e muito mau para o próprio Ronaldo) se um mês depois da sua chegada também Solskaer fosse demitido. 


segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Sinais preocupantes




 O Benfica ganhou ao cair do pano quando já quase ninguém esperava. A vitória permite manter o primeiro lugar e alimenta um pouco a moral.

Dito isto, há sinais bastante preocupantes. 

O primeiro é que o Benfica tem grande dificuldade em desmontar equipas que jogam recuadas, com  defesas muito fechadas. Em geral é no contra golpe, com mais espaço, que conseguimos marcar golos. As vitórias mais importantes foram nesse registo: em Guimarães e contra o Barcelona. Já quando enfrentamos equipas muito fechadas temos uma enorme dificuldade em criar oportunidades e, claro, mais ainda em marcar golos. O problema é que o Benfica enfrenta, na maior parte dos jogos, adversários que se fecham muito.

Para além do lado táctico, há coisas que preocupam desde a vitória com o Barcelona. Não sei se esse jogo subiu à cabeça de alguém mas parece. É que desde então temos:

uma derrota em casa com o Portimonense, 

uma vitória no prolongamento, pela margem mínima, contra uma equipa da 2ª divisão, 

uma derrota por goleada frente ao Bayern,

a vitória de ontem, nos descontos.

Ou seja, em três jogos fáceis perdemos um, empatámos um (se contarmos apenas os 90 minutos) e vencemos outro (in extremis), ao passo que no jogo difícil que tínhamos fomos goleados.

Mas mais do que apenas os resultados, as exibições foram paupérrimas. É verdade que contra o Bayern até aos 70 minutos estávamos a jogar bem, com atitude, e poderíamos até estar a ganhar (seria injusto, mas possível). Simplesmente o jogo não são 70 minutos e desde que sofremos o primeiro a equipa desmantelou-se como um castelo de cartas. Não deveria acontecer. Especialmente sofrer 4 golos com três centrais da categoria dos nossos. Mas claro que o Bayern é um caso à parte no futebol mundial, pelo que damos essa goleada de barato.

Agora nos outros jogos não há desculpas: as exibições foram tão más como os resultados. Lentidão de processos, previsibilidade, atitude insuficiente, incapacidade para desmontar os adversários, foram algumas das características dessas exibições. Será isto estranho ao facto de Jorge Jesus ter decidido, a partir do jogo com o Barcelona, que deixava de haver rotação e que passavam a jogar sempre os mesmos? Sinceramente parece-me que a relação é óbvia: os jogadores passaram a estar mais cansados e o rendimento desceu consideravalmente. 

Esperemos que esta seja apenas uma fase. Que o treinador corrija os seus erros e que a equipa volte a um registo mais positivo. Esperemos que sim, mas infelizmente os sinais neste momento são os opostos. Ao passo que vemos outras equipas progredir e começar a carburar à medida que a época avança, no nosso caso vemos um pouco o contrário. 

É o momento de todos reflectirem ou arriscamos uma outra época de desilusão e derrotas à semelhança da anterior. Os sinais já foram dados. 

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

A nova vida de Bernardo Silva (e a genialidade de Guardiola)

 Com a contratação de Grealish por uns exorbitantes 117, 5 Milhões de Euros a continuidade de Bernardo Silva no Manchester City foi colocada em causa e especulou-se na imprensa portuguesa sobre a possibilidade de uma transferência para Espanha.

É preciso ver que já na época passada Bernardo não foi titular indiscutível. Com a recuperação de De Bruyne (jogador muito massacrado por lesões, em grande parte por excessiva violência dos adversários - incluindo Palhinha), Bernardo passou a estar mais tempo no banco. É preciso ver que podem jogar naquelas posições também Riyad Mahrez, Phil Foden ou Sterling. Portanto a concorrência é enorme. E a verdade é que Bernardo é um jogador com muito menos explosão do que qualquer um dos outros referidos.

Diga-se que Bernardo foi um jogador muito útil no sistema do City na época anterior. Ou seja, em 19/20. Nessa altura o talentoso português sacrificou-se pela equipa, sendo importante no tiki-taka então praticado, pela sua enorme qualidade de passe e recepção mas também a pressionar os adversários, a recuar e a fechar espaços. Acontece que com isso Bernardo foi perdendo um pouco do perfume do seu futebol. No Europeu fui critico da prestação de Bernardo Silva porque o jogador fosse por razões físicas ou psicológicas raramente era capaz de ultrapassar os adversários e ir à linha, ou criar rupturas. Basicamente recebia a bola dava dois passos em frente e depois rodopiava passando a bola novamente para trás ou para o lado.

Ora Bernardo aparece esta época rejuvenescido. Mais leve, mais confiante com mais bola e mais capacidade de enfrentar o chamado 1 para 1, Bernardo está a ter uma nova vida no City, apesar da concorrência ser ainda mais forte. Isso deve-se também a um novo posicionamento e uma nuance táctica do sistema de Guardiola. Bernardo aparece agora mais no meio campo, como interior, onde tem mais bola e onde pode olhar para o jogo com outra perspectiva, ao invés de estar no triângulo da frente onde estava a ter mais dificuldade em desbloquear (é preciso ver que contra o City as equipas se fecham muito atrás).

Isto tem-se reflectido de forma muito positiva no futebol de Bernardo e do City como um todo. O jogo entre Liverpool e City (2-2) foi dos melhores que tenho visto e Bernardo Silva foi um dos que esteve em melhor plano. Há uma jogada de Bernardo que é absolutamente genial e mostra a melhor versão do jogador: pegando na bola a meio do seu meio campo, ele ultrapassa literalmente meia equipa do Liverpool, incluindo Fabinho e Van Dike e com uma assistência magistral coloca a bola entre dois defesas para deixar Foden na cara do guarda redes. O avançado inglês ficou com pouco ângulo mas podia e provavelmente devia ter feito golo.

Esta nova forma de jogar, em que Bernardo tem mais bola e mais possibilidade de contruit a partir de trás, progredindo com a bola controlada até à entrada da área é mérito evidente do jogador, da sua visão, da sua capacidade futebolística e qualidade técnica, mas também do seu treinador. Guardiola ficou a ganhar à frente, onde Grealish, apesar de ainda não estar a carburar muito, tem mais capacidade do que Bernardo para resolver naquela zona entre a quina da grande área e o golo mas ficou também a ganhar e muito no meio campo onde Bernardo dá outro perfume, outro toque poético ao futebol do City que assim assume outra dimensão. Menos tiki-taka mas mais profundidade, mais imprevisibilidade.

Isto mostra a capacidade de Guardiola para evoluir o seu sistema e para inovar, não estando preso a esquemas rígidos e ideias feitas. Nisto tenho que o contrastar enormemente com Mourinho.

Gostaria de não ter que o dizer e claro que gostaria que Mourinho tivesse sucesso. Mas a verdade é que Mourinho ficou parado no tempo e não tem neste momento golpe de asa para sair do espartilho táctico em que se colocou e que impõe às suas equipas. É que Mourinho pensa o jogo a partir de uma visão negativa, pretendendo em primeiro lugar anular o adversário.

Por exemplo, ontem contra a Juventus, o que se viu foi uma Roma cuja preocupação primeira (e quase última) foi a segurança defensiva, mesmo quando estava a perder. Pode-se dizer que o adversário é teoricamente superior, mas isso não impede um treinador de tentar ganhar o jogo. Veja-se a Atalanta: tem uma ideia de jogo positiva, tenta sempre ganhar. Não o conseguirá sempre mas, com recursos limitados, bate-se com todos. Já Mourinho preocupa-se em defender, em anular a outra equipa, em tapar os espaços para a sua baliza (algo que aliás já não consegue de modo tão efizaz como no passado). Depois tenta "esticar o jogo", aproveitando a subida da equipa adversária. Esta estratégia é extremamente limitada e aliás fez com que Zaniolo, que tinha sempre que correr meio campo desde que recebia a bola apenas para se acercar da grande área adversária, tivesse que ser substituído ainda na primeira parte. 

Mourinho disse que a Roma fez um jogo "extraordinário" e atribuiu ao árbitro "intenções". É verdade que o árbitro esteve muito mal ao assinalar penalty num lance em que a Roma até marca. Sempre ouvi dizer que penalty seguido de golo é golo, mas como as regras estão sempre a mudar já não sei... Depois para piorar as coisas a Roma falha o penalty. Mas isso é uma ilusão: caso tivesse empatado (e não tinha feito nada para o merecer) a Roma voltaria a recuar ainda mais e sofreria o 2-1.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Então e a rotatividade??!

 Jorge Jesus foi "guloso" contra o Portimonense.

Não digo isto com a facilidade de quem faz análises depois do jogo e em função do resultado.

Assim que vi o 11 titular fiquei preocupado.

A equipa fez um esforço brutal e teve um desgaste tremendo contra o Barcelona. Correu muitos kms e disputou todas as bolas para ganhar. Física e psicologicamente os titulares na quarta-feira ficaram esgotados.

Os níveis de competitividade e intensidade do jogo da Liga dos Campeões não são os habituais nas equipas portuguesas, nem sequer no Benfica.

Por isso era para mim evidente que contra o Portimonense alguns dos mais influentes (e desgastados) deveriam ter começado no banco. O que se poderia perder em qualidade e entrosamento ganhava-se em frescura física e mental, em disponibilidade para o jogo, em "fome" de jogar e se mostrar.

Menos ainda percebo esta decisão quando já se provou que o plantel tem qualidade e profundidade (reconhecida por todos, incluindo o treinador) e quando em mais do que uma ocasião Jorge Jesus até já fez rotatividade, sempre com bons resultados. 

Para quê ter contratado Meité se nem com o Portimonense EM CASA pode jogar? Pizzi também não tem classe suficiente para um jogo destes, para dar algum repouso a João Mário, que já não é novo e tem jogado todas as partidas?? Taarabt o ano passado era titular em todos os jogos e agora nem neste tem uma oportunidade de começar? Mourato, que tem sempre dado conta do recado, mesmo em circunstâncias exigentes, não poderia ter rendido um dos três da linha defensiva? E na frente Rodrigo Pinho que desbloqueou nos Açores ou Ramos não merecem qualquer confiança? 

Jorge Jesus errou de forma crassa. Este treinador tem uma tendência para borrar a pintura quando as coisas estão a correr bem. Depois de uma preparação exímia do jogo com o Barcelona insistiu num 11 desgastado e fez-nos desperdiçar 3 pontos fáceis.

Mas talvez até pior do que isso, pode ter perdido parte do balneário, dando um sinal tão claro como lamentável de que há vários jogadores que não contam e que só jogam quando não há alternativa.

Qual a motivação destes depois do que aconteceu no Domingo? Não muita, certamente.

Gostaria de pensar que Jorge Jesus aprendeu uma lição, mas tenho quase a certeza de que não é assim. 

Estamos à frente, é certo, mas desperdiçámos uma vantagem já relativamente confortável que tínhamos, voltando quase à estaca zero, no que ao campeonato diz respeito. Mais: Sporting e Porto já se defrontaram e nós ainda temos de jogar contra ambos, mais o Braga.

Tudo estava a correr bem demais... Teve de vir asneira. Isto não é mérito dos outros, é demérito nosso. Sem necessidade nenhuma e totalmente previsível. 

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Memorável

 Por vezes hesito em escrever quando as coisas estão a correr bem.

Será superstição, mas sabemos que no futebol esse tipo de comportamentos e crenças pouco racionais ocupam um lugar na mente dos adeptos.

Assim, não quis dizer nada antes deste jogo, apesar de ter uma forte esperança de que o poderíamos ganhar.

Agora do que não estava à espera era de uma vitória tão clara e concludente como a que tivemos.

Especialmente na segunda parte, o Benfica foi totalmente dominador e vulgarizou o Barcelona.

É evidente que esta equipa do Barcelona não está no melhor momento, que há um certo sentimento de orfandade pela saída de Messi e que o clube está numa espécie de limbo.

Isso toda a gente sabe.

Mas esses factos não significam que o Barcelona não seja um grande europeu e que não tenha um grande plantel. É um colosso e tem um plantel de classe.

Por isso só fazendo uma grande, enorme exibição o Benfica podia ter vencido da forma que venceu.

Para além de ter estado impecável do ponto de vista táctico, o Benfica foi enorme nos duelos individuais, na entrega ao jogo e na capacidade física.

Não vale a pena estar a elaborar muito nos elogios, até porque no futebol tudo muda apenas com um ou dois jogos se os resultados não aparecem.

Agora que esta equipa demonstra uma consistência, uma solidez e uma segurança que não se via há muito, disso não há dúvida.

João Mário veio trazer um grande equilíbrio à equipa e o nosso meio campo é hoje muito diferente, para melhor, do que nos anos anteriores. Weigel parece outro jogador e a defesa exibe agora uma segurança que se transmite a toda a equipa.

Parabéns a todos, foi uma noite memorável, à Benfica. Agora é dar continuidade. 

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Empatar em Kiev é mau?

 Depende.
Claro que sentimos que o Benfica dominou o jogo quase por completo e nessa medida o resultado sabe a pouco.

Mas convém também perceber que a estratégia do Dinamo era precisamente a de dar a iniciativa do jogo ao Benfica e tentar depois lançar contra ataques letais. Ou seja, se nos balanceássemos demasiado para a frente deixaríamos espaços em que os ucranianos nos poderiam ferir, tornando tudo ainda mais difícil.

A questão era portanto de encontrar um equilíbrio em que assumissemos o jogo e tentássemos o golo mas não arriscássemos demasiado (porque isso seria também quase de certeza fatal). Estivemos perto de o conseguir. Houve algumas oportunidades que poderíamos ter definido melhor. As substituições também não foram as melhores. Era um jogo muito mais para Seferovic (ou até Ramos) do que para Darwin.

Por outro lado, o Dinamo também teve as suas, ainda mais flagrantes, sobretudo no fim, quando a equipa do Benfica abanou e quase foi nocauteada. Tivemos a sorte de ter sido detectado um fora de jogo milimétrico no início da jogada do golo, caso contrário sairíamos da Ucrânia numa posição muito difícil. Mas isto mostrou duas coisas: 1) que o Kiev não é uma equipa inofensiva ou medíocre (tem as suas limitações, é algo inexperiente mas tem jogadores talentosos e objectivos); 2) que não nos podemos desconcentrar e muito menos "desligar do jogo" seja no minuto 1 seja no 90.

Em termos de Liga dos Campeões, um empate fora não é um mau resultado. A fórmula do apuramento é precisamente pontuar fora, nem que seja com um empate e ganhar os jogos em casa. 

Claro que neste caso as coisas serão um pouco diferentes porque os jogos com o Bayern são de um grau de dificuldade extremo e o mais certo é perdermos os dois. Mas isso também é válido para as duas restantes equipas do grupo (o Barcelona aliás já perdeu em casa e de forma concludente). Nesse sentido, este grupo é como se só tivesse 3 equipas que disputarão duas vagas: uma para os oitavos da Champions, outra para os 16vos da Liga Europa. Assim, o jogo da próxima jornada com o Barcelona em casa será de extrema importância. Uma vitória dá-nos-ia boas possibilidades neste mini campeonato a 3.

Uma nota final para recordar que os super-favoritos, com orçamentos descomunais, Man Utd e PSG não foram capazes de bater adversários muito mais modestos, que não estão provavelmente acima do Kiev. O Barcelona foi vulgarizado em casa, como já referido. E o Sporting fez a figura que ontem se viu.

Por isso, a concluir, o ideal teria sido ganhar em Kiev, mas o essencial era não perder. Com o Barcelona em casa se verá que tipo de chances temos neste grupo, sendo que à partida e no papel não tínhamos nenhumas, no que ao apuramento para a fase a eliminar diz respeito. O mau momento do Barcelona pode porém criar aqui uma janela de oportunidade que veremos dia 29 se conseguimos aproveitar.

domingo, 8 de agosto de 2021

Continua a pouca vergonha

 Primeiro jogo para o campeonato, primeira vitória mas mais do mesmo em termos de arbitragem.

De facto é inacreditável como o Benfica é constantemente prejudicado. É em todos os jogos, em quase todas as decisões.

Eu não digo que o árbitro (mais o VAR) não tomem algumas decisões correctas. Mas nos lances de dúvida a decisão vai contra nós em 90% dos casos.

Em primeiro lugar tenho que assinar os 13 minutos de descontos. Se estivéssemos em desvantagem ou empatados teria sido assim? Digo com certeza quase absoluta que não.

Depois vamos aos lances mais polémicos. A expulsão de Artur Jorge é um lance discutível. O jogador toca na bola, não há dúvida, mas depois abalroa Waldschmidt. Aliás faz-lhe praticamente uma tesoura. É portanto muito discutível que o VAR intervenha. Mas já sabemos que quando é contra nós intervém sempre. Mas mesmo intervindo não percebo a decisão de anular a falta. E acho que no mínimo seria sempre amarelo. 

Depois há o lance da expulsão de Diogo Gonçalves. Imprudente? Certamente. Com intenção? Decididamente não. Eu aceito a expulsão. O que não aceito é que as decisões sejam sempre no mesmo sentido e sempre a prejudicar o Benfica. Mais uma vez o VAR interveio. 

Este prejuízo do Benfica, que parece premeditado, é evidente se virmos o lance entre o mesmo Artur Jorge e Gonçalo Ramos. Para mim há uma agressão. A bola não está e o defesa ataca Ramos na cara. O árbitro dá o amarelo (bem aqui ao ver o lance) mas curiosamente neste caso o VAR já não acha necessário intervir. Porque será? E porque será que eu não fiquei surpreendido?

Indo agora ao jogo. Acho que com o decorrer do jogo complicámos um pouco o que começámos por tornar fácil. Facilitámos ao sofrer um golo quando deveríamos ter saído da primeira parte a vencer por dois ou três. Jesus facilitou ao não tirar Gonçalves mais cedo e este teve uma entrada completamente imprudente (que aliás lesionou o adversário) e assim deixou a equipa reduzida a 10.

Dito isto, há que salientar também o positivo. Em primeiro lugar Lucas Veríssimo, que foi com muita justiça o melhor em campo, Gonçalo Ramos pelo que jogou e se entregou e enfim toda a equipa pela capacidade de sofrimento e o acerto no final do jogo apesar do cansaço.

Também a dinâmica mostrada na primeira parte foi bastante boa. 

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

Começar bem. Mais as contratações e atual plantel do Benfica.

RUI Costa tem surpreendido pela positiva. Entrou num momento de enorme crise e escândalo e com muita calma tem vindo a guiar a nau do Benfica através da tormenta, esperamos que em direção à bonanza. 

No meio disto concretizou três contratações que me parecem vir dar uma outra dimensão ao nosso futebol: João Mário, Meité e Yaremchuk. No caso de João Mário, apesar das minhas reticências, o que se tem visto é claramente muito positivo. Não vou aqui estar a analisar, até porque todos podem ver os jogos e ter as suas opiniões mas que JM se posiciona muito bem, aparecendo praticamente no campo todo, e que faz a bola correr com muita fluidez (para além de raramente a perder), não há dúvidas. Contra o Spartak tivemos um meio campo muito dinâmico, com Weigel também a subir bastante de rendimento face às exibições apagadas do passado.

Em relação a Meité, há mais dúvidas na medida em que é um jogador que apesar da sua inegável qualidade nunca se afirmou plenamente. Yaremchuk é uma aposta mais segura na medida em que é um jogador de selecção, com golo, que já demonstrou elevado rendimento em diferentes contextos. Agora claro que chega para uma posição para a qual não havia aparentemente necessidade de contratar dado que temos já Seferovic, Vinícius, Darwin, Ramos, Rodrigo Pinho e Waldschmidt. 

Face a estas reticências, porque digo que as contratações foram boas?

Em primeiro lugar porque acho que vêm dar ao plantel algo que estava em défice: dimensão física. Aqui não tanto por João Mário, que é de constituição normal, mas pelos outros dois: Meité - 1,87m e um porte poderoso, Yaremchuk - 1,91 e também possante. Acho que isto faltava no Benfica. Weigel é um jogador dinâmico mas fisicamente não se impõe. No ataque Seferovic tem até certo ponto essas características mas não é tão forte como Yaremchuk. Já Darwin é um jogador mais esguio. Tem muita velocidade mas não é necessariamente um jogador de choque. Ora o Benfica tinha - e tem - certamente muito talento mas faltava capacidade de choque, faltavam jogadores capazes de se impor fisicamente e portanto também de incutir respeito nos adversários (aspecto muito importante num jogo de futebol, que por vezes é subestimado). 

Em segundo lugar e mais importante que tudo, porque são bons jogadores e encaixam bem no sistema de jogo do Benfica. Eu acreditei muito em Gabriel mas atendendo a que o treinador não aposta nele faltavam claramente soluções no meio campo que agora passam a existir. Principalmente quando jogamos com um meio campo a dois são precisos jogadores inteligentes e com capacidade de jogar em todo o terreno, características que Taarabt (titular praticamente toda a época passada) não tem - nem Pizzi. 

Na frente, apesar de termos muitos avançados muitas vezes faltava quem colocasse a bola dentro da baliza (Seferovic é um jogador de grande qualidade mas não é bem o finalizador nato que este futebol do Benfica pede). Mais uma vez eu pensava que existia uma solução já no plantel (Vinícius) mas os responsáveis não acreditam nele pelo que a contratação de Yaremchuk faz sentido sob esse ponto de vista.

Dito isto, Rui Costa tem ainda muito trabalho pela frente em termos de acertos no plantel. É impensável ficarmos com 5 pontas de lança e com Gabriel, Florentino, Gedson e Taarabt no banco ou na bancada (e há ainda Paulo Bernardo...). E note-se que não estou a incluir aqui Meité neste lote, embora ele tenha começado a época no banco, pois acredito que entre ele e Weigel possa haver alguma rotatividade, nem Chiquinho (que é dado como de saída) nem Samaris (que já nem está oficialmente no plantel. Há centro campistas e pontas de lança a mais e isso também não é bom, pois os jogadores de qualidade que não têm suficientes minutos de jogo começam a ficar insatisfeitos e a criar um mau ambiente, mesmo que sejam bons profissionais. Um ou outro ainda é gerível, mas tantos não é possível. 

De resto acho que o plantel tem qualidade suficiente para podermos competir ao nível esperado em todas as provas. Com algumas saídas nas posições que identifiquei penso que ficamos bem servidos em todas as posições. 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Acordem benfiquistas

 Pelo que tenho lido e ouvido, muitos benfiquistas estão em estado de negação e insistem em não ver a crise profunda em que o clube está envolvido.

A situação é gravíssima e não é a enterrar a cabeça na areia que as coisas se vão resolver.

Em primeiro lugar há que perceber que a imagem do Benfica já estava manchada antes da detenção de Luís Filipe Vieira. O clube viu o seu nome envolvido em múltiplos casos, alguns deles judiciais ainda por concluir e as suas instalações foram objecto de várias buscas policiais.

É verdade que muitos destes casos se têm revelado pouco consistentes. Mas há ainda processos em aberto e os danos reputacionais são já irreversíveis.

Isto afecta a marca, o seu valor, a capacidade de atrair parceiros, patrocínios e investimento e também jogadores e treinadores de renome internacional.

Mas o problema agravou-se imensamente com a detenção de Vieira e as notícias que têm vindo a público na última semana - e outras que continuarão a aparecer.

É necessário perceber que estamos perante um escândalo internacional, quer pelos ecos que tem tido na imprensa mundial quer por envolver já actores estrangeiros (investidores, bancos, empresas e offshores).

Os benfiquistas que pensam que ignorando o que se está a passar ou atacando juízes, procuradores ou media, tudo passa e será esquecido, não têm a mínima noção do mundo em que vivemos.

A partir deste momento, todas as operações do Benfica estarão sobre um escrutínio muito maior das autoridades, reguladores, empresas e bancos. Ninguém arriscará ser acusado no futuro de conivência com práticas menos claras, para já nem falar de condutas ilegais.

O crédito e as próprias transacções financeiras do Benfica (especialmente as internacionais) serão a partir de agora mais difíceis.

Insisto que não querer ver isto, fingir que nada está a acontecer ou enterrar a cabeça na areia, não apenas não resolve nada como só agravará o problema. 

Nem se pense que fazer uma boa época no futebol (algo que é altamente improvável face à instabilidade vivida) resolverá seja o que for. 

Aquilo que os sócios podem e devem fazer para ajudar o clube a sair desta situação é tomar decisões muito racionais sobre o futuro do Benfica.

Algo que infelizmente não têm demonstrado muita capacidade de fazer no passado recente. Por exemplo, ao eleger Vieira (a não ser que tenha existido fraude eleitoral), os sócios ignoraram sinais já demasiado evidentes de - no mínimo - má gestão e falta liderança e rumo. Escolheram mal, pessimamente. As consequências ficaram à vista com os resultados desportivos desastrosos da época passada e, como se não bastasse, Vieira é agora acusado de roubar o clube, além de múltiplas irregularidades e negócios em que actuava como se o Benfica fosse uma das suas empresas.

Para sair da situação negra em que se encontra, o Benfica precisa de uma equipa dirigente altamente profissional, competente e impecável do ponto de vista ético. 

Os sócios precisam de ir um pouco mais longe na sua análise do próximo presidente do que meramente "eu gosto dele" ou "é um benfiquista de gema".

É por demais evidente que o presidente do BENFICA tem que ser benfiquista. Já basta o que tivemos que aturar nos últimos anos. 

Mas isso não chega. Nem pouco mais ou menos. Nem ser simpático. Ou "conhecer o clube". Quem melhor o conhece andou aparentemente a roubá-lo, ou pelo menos a geri-lo de forma negligente e danosa nos últimos anos. 

Ora o que tenho lido por muitos blogues e ouvido em entrevistas a adeptos é preocupante. "Gostam" de um, "não gostam" de outro, insultam potenciais candidatos, acusando-os sem qualquer base (e provavelmente de forma caluniosa) de estar a soldo de interesses obscuros. A acusação mais ligeira é a de que "querem ir ao pote" ou "têm sede de poder". Estes adeptos parecem achar que todos os dirigentes roubam mas que os que já lá estão têm mais direito a esse saque do que outros que queiram vir de fora. 

Acima de tudo, não percebem minimamente o que está em causa e o tipo de perfil e qualidades que são necessários. 

O nosso querido clube precisa de um líder com carisma, um currículo imaculado e capacidade de gestão que varra de uma vez por todas o amadorismo, o compadrio e a corrupção para fora do clube. 

O Benfica está numa situação muito grave (não sabemos qual a real situação das contas, que pode ser muito pior do que as oficialmente divulgadas). A decisão dos sócios nas próximas eleições será por isso de tremenda importância. Pode significar a diferença entre esta crise durar um par de anos ou uma década. Há que a tomar de forma muito racional, esquecendo "dívidas de gratidão" que já deram no que está à vista. 


terça-feira, 13 de julho de 2021

A sorte no Euro (e no futebol em geral)

 Muitas vezes se fala da sorte e falta dela no contexto do futebol. É normal, porque é um jogo e portanto há sempre um certo grau de sorte ou alietoriedade.

No entanto a sorte muito raramente é o factor decisivo e este Euro prova isso mesmo.

A Itália teve a sua dose de sorte contra a Áustria e a Espanha. Podia ter perdido qualquer um desses jogos.

No entanto a Inglaterra também teve sorte. Por exemplo no jogo com a Alemanha Muller completamente isolado atirou a rasar o poste e isso foi decisivo para a vitória inglesa. Depois a Inglaterra beneficiou de um calendário muito favorável para chegar à final.

Já na final, a Inglaterra viu-se a ganhar logo no início do jogo, numa altura em que tinha feito pouco para o merecer. E não soube segurar essa vantagem. Também no prolongamento não foi capaz de tirar partido do facto de ter menos minutos de jogo do que a Itália, que já tinha disputado dois prolongamentos nas eliminatórias.

E para terminar, esteve em vantagem nos penalties, perdeu-a, esteve à beira da derrota no penalti de Jorginho e mesmo depois deste falhar não foi capaz de levar a decisão para a morte súbita nos penalties.

Ou seja, a Inglaterra teve várias oportunidades e não aproveitou nenhuma.

Já a Itália soube sempre aproveitar as oportunidades ou a sorte que o jogo lhe ofereceu (por exemplo ter alcançado o empate ainda antes da fase de desespero começar, ou o penalti ao poste de Rashford). Em todos os jogos perseguiu o máximo possível.

Isto é válido para o futebol em geral, sobretudo um campeonato. Uma equipa pode ter sorte ou azar num jogo, mas ao longo de uma época esse factor é negligenciável.

Já a arbitragem, sendo um factor humano, tem outro tipo de influência, potencialmente mais significativa, sobretudo quando há predisposição para favorecer uma(s) equipa(s) em detrimento de outras. 

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Finalmente. Tempo de virar a página no Benfica

 Estava a escrever unm post sobre Vieira e os vieiristas... Fui ultrapassado pelos eventos.

Ainda bem.

É chegada a altura de virar esta página negra na história do Benfica.

Sim, é verdade que LFV entrou no Benfica num período difícil e fez obra, incluindo o estádio. Reconstruiu muito do que estava em cacos, não apenas por causa de Vale e Azevedo - o problema já vinha de Damásio e da destruição do plantel e do balneário do Benfica operada por Artur Jorge. Também os problemas financeiros já vinham de trás.

LFV teve um papel importante na saída desse ciclo negativo. E teve uma oportunidade de se tornar um presidente histórico no Benfica, alcançando a hegemonia do futebol português.

Perdeu essa oportunidade ao desinvestir no ano do Penta - agora sabemos porquê. Sacrificou os interesses do Benfica para salvaguardar os seus próprios interesses empresariais privados e familiares. Isso é indesculpável.

Por isso a saída de LFV (que "comprou" as eleições passadas com JJ e 100 milhões - mal - investidos) já é tardia. Há 3 anos que o Benfica não ganha praticamente nada - e isto com rivais nas ruas da amargura.


A notícia que melhor enquadra e explica a detenção de LFV:

https://sol.sapo.pt/artigo/739981/luis-filipe-vieira-e-rei-dos-frangos-foram-detidos 

Arbitragem no Euro comparada com Liga Portuguesa

 A arbitragem no Euro tem sido exatamente aquilo que eu defendo: deixar jogar, apitar o menos possível, dar cartões quando eles se justificam, marcar penalties apenas quando a situação é flagrante e o VAR intervir apenas quando há erro evidente e objectivo do árbitro.

Tem havido aqui e ali um ou outro erro, um ou outro exagero, mas na maioria esmagadora dos jogos as decisões têm sido as correctas. E não há uma única selecção que possa dizer que foi eliminada por causa do árbitro.

Isto é praticamente o oposto do que acontece em Portugal onde a arbitragem: passa o jogo a apitar, interrompe a toda hora com faltas e faltinhas, dá imensos cartões amarelos, marca penalties por tudo e por nada e o VAR passa a vida a intervir. Além disso muitos jogos em Portugal são decididos nos últimos minutos através de decisões arbitrais questionáveis.

A arbitragem em Portugal é simplesmente DEPLORÁVEL.

Há dias um comentador dizia que no Euro "os jogadores também ajudam" (os árbitros). Foi imediatamente corrigido (penso que por um ex-jogador) que lhe disse, com toda a razão, que os jogadores não ajudam nada, eles sabem é que é inútil reclamar ou fazer fitas e que serão punidos se forem por esse caminho. 

Já em Portugal um jogador do Porto pode dizer ao árbitro que ele é maluco, com o gesto para todo o mundo ver, e nada lhe acontece. 

O problema em Portugal são os árbitros mas também os comentadores, incluindo ex-árbitros que de certo modo validam no plano da opinião pública as decisões completamente erradas daqueles.

Senão vejamos: quantos dos penalties do Porto na época passada seriam marcados neste Europeu? Num cálculo por alto eu diria uns 10 %, ou seja, 1 em 10. Aqueles toquezinhos dentro da área, com o jogador a mergulhar (Taremi, Conceição, etc) e aquelas bolas que batiam casualmente na mão NUNCA seriam penalties neste Euro. E muito bem, porque não o deveriam ser nunca.

Mas os pacóvios comentadores de arbitragem em Portugal e os os paineleiros dos clubes (incluindo do Benfica), vêm sempre, como verdadeiros parolos e pessoas incapazes de pensar pela sua cabeça, dizer que "houve toque por isso é falta". Idiotas absolutos.

Agora que no Euro praticamente nenhum desses toques na área é sancionado com penalty, os mesmos comentadeiros e especialistas (incluindo ex-árbitros, insisto) já acham muito bem, contradizendo completamente os seus comentários ao longo de uma época inteira.

Um dos principais problemas do futebol português é a arbitragem, que impede uma maior competitividade (mais ritmo, mais tempo útil de jogo, mais intensidade). Ao contrário de um lugar comum que costuma ser repetido, Portugal não tem "dos melhores árbitros do mundo".

Portugal tem árbitros medíocres. Soares Dias, o nosso mais bem cotado, apitou dois jogos na fase de grupos. Nem aos oitavos chegou. 


segunda-feira, 5 de julho de 2021

Portugal é das melhores seleções do mundo?

A seleção foi eliminada sem honra nem glória, deixando um amargo de boca muito grande.

Entrámos no jogo com a Bélgica a "especular", ou seja, a ver no que davam as coisas, esperando que uma oportunidade surgisse para poder ferir o adversário, em vez de a procurarmos activamente.

É um estilo, é o estilo de Fernando Santos, o qual afinal de contas não é assim tão diferente do que levou a Grécia ao título em 2004.

Mas compare-se por exemplo com a Espanha. A seleção vizinha é o contrário de Portugal: assume o jogo desde o início, domina por completo a posse de bola e procura de todas as formas chegar à baliza adversária.

Não sou um adepto apaixonado pelo jogo da Espanha. Há uma certa falta de verticalidade, daquela velocidade e vertigem que faz do futebol um jogo emocionante. Considero o jogo da Espanha por vezes monótono, aborrecido, com excesso de passes que não adiantam muito.

Em todo o caso é um modelo que exalta as principais qualidades do jogador espanhol e como tal é o melhor para aquela seleção. Além disso, independentemente de preferências ou gostos, o facto é que a Espanha ataca muito e com 12 golos marcados é neste momento o melhor ataque da prova. 

A questão que se coloca em relação a Portugal é se o modelo e o estilo são os melhores e mais adaptados às características dos seus jogadores. 

A resposta parece mais ou menos evidente, mas antes de a dar talvez valha a pena perder um pouco de tempo a avaliar o jogador português.

Diz-se que Portugal tem das melhores seleções e dos jogadores mais talentosos do mundo. Será que é mesmo assim? Vejamos.

São dados os exemplos de Bernardo Silva, João Félix e Jota, para além de Ronaldo que é um caso à parte. 

Olhemos para os números, os quais são objectivos e não dependem de opiniões.

Bernardo Silva foi o 10º jogador mais utilizado no City na Premier League. Marcou dois golos e fez 6 assistências. Quando De Bruyne (6 golos e 12 assistências) regressou de lesão, Bernardo passou a estar sobretudo no banco. 

Isto não é para desvalorizar Bernardo Silva. É um grande jogador. Mas quando estamos a falar do top dos tops, Bernardo não está acima dos outros.

João Félix no Atlético de Madrid fez 7 golos e 6 assistências na Liga, mais 3 golos na LC. São números medíocres.

Diogo Jota esteve bastante tempo lesionado e entrou muito bem na equipa do Liverpool fazendo uma série de golos seguidos. No total 9 na Premier League e 4 na LC. Mas na seleção não conseguiu dar sequência. 

Ou seja, para além da máquina de golos Ronaldo (que, já se sabe, tem pouca capacidade para pressionar os defesas quando a equipa adversária tem a bola), temos jogadores bons no toque de bola mas com capacidade limitada de concretizar. Esta é a realidade que os números mostram.

Mais: temos pouca capacidade no um para um. É muito raro os nossos jogadores driblarem os adversários ou passarem por eles em velocidade. Com Bernardo Silva isso era gritante: quase sempre ercebia a bola, rodopiava sobre si próprio e passava para trás; praticamente nunca foi capaz de ultrapassar um adversário. Sobre Ronaldo nem vale a pena falar, porque embora essa tenha sido a sua principal capacidade ao longo da carreira, neste momento não consegue driblar, nem adversários muito limitados. Jota fez alguns piques mas apenas por uma vez entregou a bola em condições (o golo contra a Alemanha). De resto era inconsequente. O único jogador capaz de levar a bola para a frente e ultrapassar adversários era mesmo Renato Sanches.

Juntando isso à incapacidade dos nossos laterais fomos uma equipa demasiado macia, quase inofensiva. 

Ora todas as outras equipas medianas do Europeu conseguem fazer esses desequilibrios e fizeram-no: a Suíça, a Dinamarca, a Ucrânia tiveram essa capacidade, para já nem falar da França, da Alemanha, da Itália, da Espanha ou da Inglaterra.

A seleção vale mais do que mostrou, mas não é aquilo que nós portugueses pensamos. 

As ausências de João Cancelo e Nuno Mendes foram extremamente penalizadoras porque são jogadores com uma dimensão atlética que os seus substitutos não têm, nem de perto nem de longe, e que poderiam ter dado mais profundidade à equipa, aumentando também o rendimento dos homens da frente. Resta saber como será a seleção com eles.

Quanto ao sistema: este não parece ser o melhor modelo para a nossa seleção. Aquilo em que apesar de tudo estamos acima da média é no toque de bola e na capacidade de passe. De certo modo características semelhantes às dos espanhóis (o que não é surpreendente dado que somos vizinhos e povos semelhantes). Bernardo Silva, por exemplo, nesse jogo de posse é um óptimo jogador, tal como Moutinho, Rúben Neves - e, noutro registo, até os "gémeos" William e Danilo. Mas num sistema em que pouco temos a bola, as nossas melhores características não sobressaem e o rendimento da equipa dificilmente será alto.

Os nossos melhores momentos foram aliás nos jogos com a Hungria, a França (quando conservámos a posse de bola e assumimos o jogo) e a segunda parte contra a Bélgica. De resto esta presença no Europeu não deixa muitas saudades.

Veremos se Fernando Santos é capaz de reinventar o futebol da nossa seleção e também até que ponto a presença de Cancelo e Mendes (este ainda a ter que provar que o rendimento exibido no Sporting na época passada é para ter continuidade) nos pode dar uma outra dimensão. 

terça-feira, 22 de junho de 2021

Selecção à espera de um milagre

 

Cristiano Ronaldo tem carregado a selecção neste Europeu. Está na altura de outros jogadores mostarem a qualidade que têm. Bruno Fernandes, por exemplo. Os próprios centrais não têm estado ao seu nível. Imagem de "O Jogo".


O jogo com a Hungria (e outra exibições anteriores) vieram dar-nos esperanças legítimas de alcançar algo de importante neste Europeu. Afinal de contas somos campeões em título e a maior parte dos nossos jogadores são titulares das maiores equipas do mundo. Rúben Dias foi eleito o melhor jogador da Premier League, Bruno Fernandes foi o mais decisivo dos jogadores do United, Jota fez uma época excepcional no Liverpool, como Pepe no Porto, Palhinha no Sporting e ainda as revelações Nuno Mendes e Pedro Gonçalves. Temos jogadores com passado na selecção, que já deram mostras da sua capacidade no passado, desde Moutinho a Danilo e William. Temos a qualidade de jogadores como Renato, Bernardo, João Félix. Isto para além de Sérgio Oliveira, Rúben Neves, Rafa ou André Silva. E, claro, temos Cristiano. 

Ou seja, temos matéria prima, uma selecção bastante nivelada por cima, e um treinador que já alcançou feitos históricos.

O primeiro problema prendeu-se com a ausência forçada de Cancelo. Isto porque Cancelo tem uma capacidade atlética, uma velocidade e um andamento que Nélson Semedo neste momento está muito longe de possuir. Cancelo era um jogador diferenciado nesta selecção, dáva-nos uma capacidade de carregar jogo pela direita e fazer rupturas que é muito difícil de substituir.

O segundo problema prende-se com as características de Fernando Santos: as mesmas características que nos conduziram ao sucesso estão agora a "amarrar" a selecção. Isto porque o nosso treinador é por natureza conservador e cauteloso, tendo encontrado uma fórmula que funcionou até aqui (excepção feita ao Mundial 2018) mas que parece agora mostrar todas as suas limitações.

Em 2004, após a derrota com a Grécia, Scolari operou uma revolução no 11, tendo os "consagrados" dado lugar a jogadores mais novos que tinham outra capacidade física e outra fome de vitórias.

Em 2021, a selecção começou bem, pelo que não parecia haver necessidade de mudar. No entanto a derrota pesada e sobretudo a forma como a selecção foi cilindrada pela Alemanha expuseram demasiado as fragilidades de jogadores como William, Danilo e, a partir daí, dos laterais - e até dos centrais. Faltou - e muito - capacidade física e atlética à nossa equipa. Sobretudo no plano da velocidade e da agressividade, Portugal foi altamente deficitário. Chegámos sempre demasiado tarde e andámos sempre a correr atrás da bola e dos jogadores alemães que basculavam o jogo a seu belprazer, colocando bolas nas costas dos nossos laterais e depois na zona de finalização com a maior das facilidades.

Ou seja, uma circulação de bola muito dinâmica e jogadores fisicamente poderosos e rápidos a executar, colocaram a nu as limitações dos jogadores (e sistema) demasiado posicionais de Portugal.

Agora Santos ficou colocado perante um dilema: por um lado, mudar tudo na última jornada da fase de grupos, colocando em campo jogadores que não têm quaisquer rotinas de jogar juntos, é um risco muito grande. Por outro lado, não mudar nada, especialmente depois de todo o mundo ter visto quais as nossas fragilidades é receita quase certa para o fracasso.

É evidente que Palhinha e Renato Santos teriam tido desde o início do jogo contra a Alemanha uma capacidade de disputa da bola e do jogo a meio campo que William / Danilo nunca tiveram. Até Sérgio Oliveira e Moutinho têm mais capacidade de choque e mobilidade do que esta dupla.

No entanto apenas Renato entrou na segunda parte (para o lado direito do meio campo) e, como já referi, é uma aposta arriscada colocar este e Palhinha simultaneamente contra a França, jogo que aliás terá características diferentes do contra a Alemanha.

Depois há a questão dos laterais: Rafael Guerreiro foi demasiado frágil, faria sentido substitui-lo por Nuno Mendes que tem outra dimensão física. (Nélson foi mais vítima do sistema do que propriamente culpado na minha opinião). No entanto Fernando Santos é conservador e tenho dúvidas que o faça.

Outra coisa que já poderia ou deveria ter sido feita era tentar soluções alternativas para o lugar de Bruno Fernandes que tem passado completamente ao lado dos jogos. Claro que é um grande talento e compreende-se que tenha entrado como titular, mas nesta fase e face à ausência de rendimento já deveriam ter sido testadas mais opções. Pedro Gonçalves (Pote) fez uma grande época, foi o melhor marcador do campeonato e é um jogador muito bom a furar as linhas defensivas adversárias, a aparecer onde não se espera e depois a finalizar. Bernardo pode jogar ali, assim como o próprio Félix, este com outras características.

Em suma, Fernando Santos tem estado bastante agarrado, quase amarrado às suas ideias originais e tem dado pouco espaço para outros jogadores se afirmarem. Essa é a sua fórmula, que trouxe sucesso, pelo qual todos os portugueses lhe devem estar muito gratos. No entanto, se era para jogarem sempre os mesmos para quê convocar tantos médios?

Parece-me que é chegada a altura de constatar algumas evidências e fazer algumas alterações.

Dito isto, seja qual for a equipa, será difícil alcançar um resultado positivo contra a França. É o campeão do mundo, tem um meio campo e um ataque de luxo e fisicamente é mais poderosa do que Portugal. Especialmente nesta fase em que estamos muito pressionados e com a confiança muito abalada por uma derrota que poderia ter sido ainda mais humilhante se a Alemanha não tem abrandado (de propósito), é muito difícil não perdermos o jogo.

Com jogadores como Mbappé, Griezman e Benzema, o golo pode aparecer a qualquer momento. Nos últimos jogos a França teve dificuldades em concretizar (apenas dois golos, um marcado pela Alemanha na própria baliza) mas isso pode mudar a qualquer momento. Esperemos apenas que não seja contra Portugal.

Mas acima de tudo esperemos outra coisa: que os nossos jogadores se superem, ultrapassem o trauma da derrota contra a Alemanha e possam inverter a dinâmica negativa criada por esse jogo. Temos que recordar aquilo por onde comecei: somos campeões em título - não o fomos por acaso - e os nossos jogadores estão ao nível dos melhores do mundo. 

É preciso abandonar de vez a mentalidade de pequeninos e abraçar uma mentalidade competitiva, combativa, vencedora. Não podemos voltar a deixar-nos intimidar e amedrontar como aconteceu contra a Alemanha. Para isso Fernando Santos tem também que alterar algumas coisas e dotar a equipa de armas que não tivemos contra a Alemanha. Amanhã é o dia. Se não o fizermos, não haverá outro relativamente ao Europeu e iremos para casa de mãos a abanar.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Vieira destrói o Benfica

 Após arrastar o nome do Benfica, um clube honrado, com uma história gloriosa, pela lama, graças a acusações, buscas, processos judiciais e negócios mal explicados, Vieira envergonha agora o clube através de derrotas sucessivas em praticamente todas as competições em que entramos.

No futebol é o que se sabe, falhámos TODOS os objectivos. Mas todos mesmo. Começámos a época a falhar a entrada na Liga dos Campeões e acabámos a perder a Taça de Portugal. Pelo meio perdemos a Supertaça, a Taça da Liga, fomos eliminados da Liga Europa quando tínhamos uma vantagem de dois golos na segunda parte da segunda mão da eliminatória contra o Arsenal e nem o segundo lugar no campeonato conseguimos atingir.

Mas agora nas modalidades o cenário foi o mesmo: no hóquei eliminados da final da Liga dos Campeões pelo Sporting, da final do campeonato pelo Porto (com um 0-4 no último jogo, depois de estar em vantagem por 2 jogos a zero no playoff), no basquetebol fomos eliminados da final pelo Sporting e no andebol ficámos em terceiro. Salvou-se o voleibol, em que fomos campeões. Vamos ver o Futsal. Para já perdemos o primeiro jogo da final em Alvalade por 1-3.

Mau demais.

Um balanço dos miseráveis resultados nas modalidades nos últimos 10 anos pode ser encontrado em 


https://justicabenfiquista.blogspot.com/2021/06/as-modalidades.html?m=1



quarta-feira, 2 de junho de 2021

As modalidades

 Nos últimos anos o registo do Benfica nas modalidades de pavilhão, está muito aquém do esperado e exigível.

Tomando os últimos 10 anos como amostra (e excluindo os campeonatos que não acabaram devido à pandemia), os resultados são os seguintes:

Basquetebol: 6 títulos, o último em 2017 (Oliveirense é bicampeã e Porto ganhou os restantes dois campeonatos). Este ano nem chegámos à final. 

Andebol: zero títulos. Acabamos o campeonato em terceiro. 

Hóquei em patins: 3 títulos (5 do Porto, um do Sporting e um do Valongo). Vamos ao dragão discutir o apuramento para a final, depois de termos perdido a oportunidade de conquistar a Liga dos Campeões. 

Voleibol: 6 títulos 

Futsal: 3 títulos (7 do Sporting). Este ano os dois clubes disputarão mais o vez o título entre si. 


Em 50 títulos possíveis de campeão, o Benfica venceu 18. Um pouco mais de um terço. 

O grosso desses títulos vem no entanto de duas modalidades: o basquete, onde o Benfica é historicamente muito forte mas onde vem a perder gás e o voleibol que, se quisermos ser sérios, é o desporto com menor expressão e menor investimento de todas as modalidades de pavilhão (basta ver quem são, para além do Benfica e do Sporting, as outras equipas).

Portanto nas modalidades mais importantes o Benfica tem 12 títulos em 40 possíveis. Apenas 6 fora do basquete. Uma miséria portanto.

Tentar mascarar isto com títulos... das meninas é brincar com os benfiquistas.

Naturalmente que respeito as vitórias alcançadas pelas nossas atletas e felicito-as por isso. Mas não confundamos títulos de alta competição com campeonatos amadores onde as atletas do Benfica beneficiam de condições e estruturas muito superiores às das outras equipas. 

Aqui há um ano, no futebol feminino havia 70 profissionais e 250 amadoras. Nas outras modalidades, as profissionais serão ainda mais raras. Estamos portanto a falar de mundos incomparáveis: de um lado desportos de alta competição (mesmo que internacionalmente sejamos fracos, com excepção do hóquei e em certa medida o vólei) e do outro um desporto amador que está nos primórdios e que em todo o caso nunca alcançará os índices físicos e de espectacularidade do desporto masculino, pela simples razão de que os homens são fisica e atleticamente mais aptos do que as mulheres. 

Em suma, o falhanço desta direcção não se esgota no futebol.

Que o maior clube nacional, supostamente o financeiramente mais são, perca constantemente para os seus rivais no futsal (provavelmente a modalidade com mais adeptos), pouco ganhe no hóquei, não seja campeão no andebol desde 2007-2008 (o único campeonato nos últimos 30 anos) e apenas ganhe no basquete e no vólei, é um atestado de incompetência de uma direcção que ainda por cima se gaba de ganhar muito nas modalidades.

Isto é o resultado de quê? Falta de mentalidade vencedora, eventualmente, mas sobretudo falta de investimento: as outras equipas simplesmente têm jogadores melhores. Ora como conciliar isto com o "milagre financeiro" do Benfica? Como é que o Sporting "falido" nos bate constantemente nas modalidades, agora até já no hóquei e no basquetebol?

É apenas mais um exemplo da incompetência de Luis Filipe Vieira e seus vices, incluindo aqueles que até há pouco tempo faziam parte da oposição. 





segunda-feira, 24 de maio de 2021

Que tristeza... Parabéns Vieira (e quem votou nele)

 O título diz praticamente tudo. 

Os resultados falam por si.

Atentemos apenas ao seguinte: Jorge Jesus tem 5 finais da Taça e apenas uma vitória, no Benfica perdeu duas, perdeu mais duas na Liga Europa e outras duas Supertaças para o Porto (a segunda esta época). Ou seja, excluindo Taças da Liga, Jorge Jesus tem o seguinte registo de finais no Benfica: 6 finais, 4 derrotas e duas vitórias. Ambas as vitórias foram alcançadas perante... o Rio Ave, uma no Jamor, com um 2-1 em que acabámos o jogo com o credo na boca e uma Supertaça... nos penaltis.

E não me venham com a conversa de que para perder é preciso lá chegar e que estamos nas decisões. Isso não é conversa para o Benfica. Principalmente a nível nacional, é absolutamente normal o Benfica estar nas decisões.

O que temos de constatar é o contrário: o Benfica de Jorge Jesus é um derrotado crónico em finais. Quando lá chegamos (como em todos os jogos decisivos) Jorge Jesus falha. Isto é apenas a confirmação do que já sabemos há muito.

Eu vou porém mais longe: o Benfica de Vieira é um clube de perdedores. Já com Lage perdemos a final do ano passado com o Porto (permitindo a dobradinha deste clube) e também nas Youth League perdemos todas as finais. É um clube sem alma, sem chama, sem espírito e sem cultura vencedora que vai para as finais todo contente como se o objectivo fosse participar. No que participamos quase sempre (e sempre se contarmos apenas as finais a doer, com adversários grandes) é na festa dos outros.

Uma tristeza, isto não é o Benfica. Isto é um clube que foi tomado por arrivistas e espertalhões que o usam para negociatas e alpinismo social. Uma vergonha, para não dizer um nojo.

Lembrar-me do que fizeram a Jorge de Brito, um Senhor, um benfiquista a sério, para dar lugar ao tipo de gente que desde então tomou conta do clube para se servir dele, entristece-me e revolta-me.

O Benfica nunca mais foi o mesmo. De certo modo, os sócios estão a ter o que merecem, especialmente os que votaram em Vieira nas últimas eleições, quando já era por demais evidente o seu perfil.

Para mim, isto não é o Benfica. São necessárias mudanças profundas, a começar pelo presidente. Enquanto isso não acontecer vai ser mais do mesmo, um título aqui, outro ali - era o que mais faltava que o maior clube de Portugal nunca ganhasse - mas nunca seremos um clube verdadeiramente vencedor, conquistador, dominador, com espírito, com raça, com valor, que faça os adversários tremer, que faça os seus adeptos orgulhosos. Não com este presidente, não com estes dirigentes. Resta saber se ainda há entre os adeptos benfiquismo autêntico. 


sábado, 15 de maio de 2021

A vitória que se exigia

 Uma primeira parte de grande qualidade, contra uma equipa debilitada pela ausência dos dois jogadores mais fortes do seu meio campo, ditou uma vitória incontestável do Benfica no derby.

Era o resultado que eu esperava e que os benfiquistas em geral mereciam, numa época de grande desilusão. Claro que este foi o campeonato covid e que mesmo que o vencessemos não teria o mesmo sabor. Mas é evidente que ficámos muito aquém do exigível.

Era importante vencer não somente por uma questão de brio mas também para que o Sporting não terminasse o campeonato invicto.

O Benfica tem melhores jogadores, mas não tem melhor equipa. Neste jogo as individualidades vieram ao de cima e a vitória é justa. Poderíamos ter alcançado um resultado mais expressivo mas facilitámos um pouco na segunda parte. Além disso, o árbitro também teve - MAIS UMA VEZ - influência. Houve dualidade de critérios em relação aos amarelos - o de Gabriel é escandaloso - e ficou um vermelho por mostrar ao lateral esquerdo do Sporting.

É já cansativo falar disto. Na jornada passada houve um jogador do Nacional a defender uma bola com as duas mãos e nem assim o VAR interviu...

Em todo o caso vencemos que era o mais importante. Não pelo segundo lugar, que obviamente já estava fora de questão graças a Soares a Dias, mas pela honra. Haverá agora que conquistar a Taça de Portugal para iniciar um novo ciclo vitorioso. 

domingo, 9 de maio de 2021

Penalties revertidos

A época que está prestes a terminar ficará como um case study. É impensável o Benfica chegar a três jornadas do final do campeonato com um único penalti assinalado a seu favor. Está, nesta contabilidade, atrás do pior ataque e também do último classificado da Liga.

É impensável, é escandaloso, é a prova acabada da pouca vergonha que impera no futebol português.

Como é que isto aconteceu?

De duas maneiras: através dos árbitros e através do VAR.

Primeiro: os árbitros claramente não quiseram marcar penaltis a favor do Benfica.

Segundo: os assistentes no VAR serviram de instância de recurso para garantir que o Benfica praticamente não teria penaltis nesta época, seja ao não alertar os árbitros para penalties óbvios e flagrantes, seja ao reverter decisões tomadas pelos árbitros.

O último episódio aconteceu no jogo com o Porto.

Não discuto os foras de jogo nem as linhas. Embora haja aspectos discutíveis na colocação das linhas e na determinação do exacto momento do passe, é muito difícil, senão impossível, dizer que há uma premeditação no sentido de adulterar a realidade ou prejudicar uma equipa. Por isso não discuto a situação do Rafa.

No entanto no lance de Diogo Gonçalves, estive a rever as imagens e há um contacto indiscutível no joelho do nosso jogador que o derruba.

Numa primeira análise, parece que Diogo Gonçalves cai porque pisa o pé do jogador do Porto. A imagem da câmara que mostra essa situação é a única que o VAR mostrou a Soares Dias (ou a única que ele quis ver - foi muito rápido a decidir). Mas outras câmaras, com outros ângulos mostram que é o toque no joelho do Diogo que o derruba. Estas imagens são claras. 

Houve mesmo penalti - e o VAR não tinha nada que ter intervido.

O Benfica tinha que levar o que aconteceu esta época até às últimas consequências,  utilizando todos os seus direitos e exigindo nomeadamente as comunicações VAR e os relatórios dos observadores para perceber o que realmente se passou.

Não basta falar (aliás esta direcção praticamente nem fala, parece que está sob chantagem ou comprometida com alguma situação que não lhe permite queixar-se), é preciso falar mas é também necessário tomar medidas para garantir que esta pouca vergonha não fica impune, para EXIGIR um tratamento justo e equitativo do nosso clube por parte dos árbitros.

E os penaltis são, como já referi anteriormente, apenas um aspecto. Com os cartões amarelos passa-se a mesma coisa: admite-se que Ottamendi tenha 12 amarelos, Weigel 10, Pizzi e Gabriel (que pouco tem jogado) 6, e que Pepe tenha 6, Sérgio Oliveira 5, Octávio 2 e Palhinha 6???

Chega! Os jogadores e os adeptos do Benfica não o merecem. Alguém tem que pôr cobro a isto. 

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Resultado previsível, campeonato atípico

 Num jogo em que ambos precisavam de ganhar e as equipas têm uma valia semelhante, o empate era o resultado mais provável. E foi o que aconteceu.

É certo que o Benfica poderia ter vencido, sobretudo pelo que fez nos últimos minutos, mas uma análise fria mostra que o Porto foi superior enquanto esteve em desvantagem no marcador (mais de 50 minutos) e que nesse período rematou muito e teve algumas oportunidades.

O Benfica não teve sorte em dois lances em que foras-de-jogo de alguns centímetros nos retiraram um golo e um penalti e no remate de Taarabt que espirrou para a barra depois de defesa incompleta de Marchesin.

Uma coisa que nos devemos recordar é que este Porto foi eliminado da Champions nos quartos de final por uma das equipas que chegou à final. E foi eliminado por pouco, não tendo sido inferior ao seu adversário no global dos 180 minutos.

A verdade é que para além da rivalidade e sem nunca desculpar ou esquecer comportamentos vergonhosos por parte de atletas, técnicos e dirigentes, não deixa de ser verdade que o Porto é um adversário forte, muito difícil de bater.

Em relação à arbitragem, é evidente que Pepe teria que ter sido expulso. Mas para além disso não me parece que Soares Dias tenha sido nesta ocasião particularmente tendencioso. Aliás assinalou dois penaltis, que acabaram por ser revertidos, é verdade, mas que a meu ver indicam que o árbitro não estava condicionado para prejudicar o Benfica. O fora-de-jogo é uma questão objectiva (não entro pelo caminho de questionar as linhas) e no lance de Diogo Gonçalves é de facto o nosso jogador que vai ao encontro do defesa e acaba por o pisar.

Vamos acabar o campeonato em 3°, restando a Taça de Portugal que agora é ainda mais imperativo ganhar. Mas aconteça o que acontecer nesse jogo, é uma época perdida em que foram falhados TODOS os objectivos.

Terá que ser feita uma reflexão muito profunda sobre o que correu mal.

Foi, claro está, uma época atípica, não apenas em Portugal. Juventus não foi campeã, em Espanha também é provável que seja um outsider a conquistar o título, em Inglaterra o Liverpool esteve como se viu e mesmo em França o PSG arrisca-se a não ser campeão.

Mas com o mal dos outros podemos nós bem. Bayern, City e Inter são exemplos de clubes que não permitiram "pandomias" para usar um neologismo de JJ que se aplica bem à situação e não deixaram os seus créditos por mãos alheias. Não facilitaram. E, já agora, há que dar mérito ao Sporting que foi muito competente e nos momentos mais difíceis fez das fraquezas forças, arregaçou as mangas e não teve problemas em assumir as suas limitações e defender resultados. 

Ao contrário do Benfica que foi muitas vezes sobranceiro e pensou que os jogos eram favas contadas, acabando por ser surpreendido.

Volto a dizer: há muito a ponderar. O Benfica não tem um plantel inferior a Sporting e Porto, muito pelo contrário. Por isso há que identificar causas e responsabilidades para tamanho fracasso.


ADENDA: não tinha visto bem o lance do segundo golo de Cebolinha. NÃO HÁ QUALQUER RAZÃO PARA O ÁRBITRO O TER ANULADO. Isto muda a minha percepção sobre a arbitragem que efectiva e objectivamente prejudicou o Benfica e teve influência no resultado. Pelo facto peço desculpa aos leitores. 

terça-feira, 4 de maio de 2021

Mourinho...

 José Mourinho foi durante anos o melhor treinador do mundo. Foi campeão europeu pelo Porto e pelo Inter e levou o Chelsea ao bicampeonato inglês em dois anos (antes disso, o Chelsea apenas por uma vez se sagrara campeão). No terceiro ano de Mourinho no clube, o Chelsea ficou em segundo lugar. Pelo meio venceu ainda duas taças da Liga e uma de Inglaterra e ficou perto de nova final da Champions no primeiro ano, tendo sido eliminado nas meias finais pelo Liverpool de forma polémica.

Depois partiu para Milão, tendo o Inter alcançado um ciclo de ouro sob a sua liderança. Daí seguiu para Madrid - e nunca mais seria o mesmo.

É verdade que Mourinho chegou ao Real numa altura em que o Barcelona dominava o futebol espanhol, mas uma Liga e uma Taça do Rei em três épocas nunca pode ser suficiente para um clube como o Real. Isto para não falar da humilhação dos 5-0 em Nou Camp ou dos problemas com Casillas, Sérgio Ramos e o próprio Cristiano Ronaldo, assim como o ambiente de permanente guerrilha com jornalistas e rivais. A aura de José começou a dissipar-se.

No regresso a Inglaterra ainda começou bem no Chelsea (campeão) e no United (Taça UEFA e da Liga), mas acabou despedido de ambas, após à primeira época se seguirem épocas em que não ganhou nada. Regressou ao comando de uma equipa através do Tottenham mas aqui nada ganhou (teria tido uma oportunidade na Taça da Liga se não tivesse sido despedido) e deixou a equipa num demasiado modesto 7° lugar  eliminada da Taça de Inglaterra e da Liga Europa (aqui de forma escandalosa, às mãos do Zagreb).

Em suma, Mourinho foi despedido ou dispensado dos últimos quatro clubes por onde passou. E em nenhum deles deixou saudades. O futebol praticado pelas suas equipas nos últimos anos é miserável. Ao contrário do que acontecia no início da sua carreira, a tendência agora é para perder finais, derbies e jogos decisivos.

O único "sucesso" que tem tido é a coleccionar indemnizações.

Felizmente já não será opção para o Benfica, caso as coisas corram mesmo mal neste fim de época e JJ ficar numa situação insuportável. Isto porque já está confirmado na Roma.

Sinceramente não vejo que tipo de sucesso possa vir a ter na Roma, face a um Inter renascido e campeão, uma Juventus que se  fortalecerá para recuperar o título, um Nápoles e um Milan que têm subido nos últimos anos.

Itália era dos poucos países em que Mourinho tinha um legado intacto. Com esta "traição" ao Inter, ele já está maculado - e provavelmente as coisas só irão piorar à medida que os resultados não aparecerem e os romanos perceberem o erro em que incorreram. Antevejo mais um capítulo da decadência de Mourinho, desde um dos melhores do mundo até um treinador demitido por todos os clubes por onde passa sem deixar saudades a ninguém. 

terça-feira, 27 de abril de 2021

Há 40 anos que é a mesma coisa

 Pinto da Costa celebrou recentemente 40 anos de presidência do FC Porto.

E a forma de o assinalar não podia ser mais apropriada: insultos, árbitros rodeados, agressões.

É assim há 40 anos. Vale tudo.

As estórias são mais do que muitas. Em tempos fiz aqui uma resenha de vários desses eventos. A coisa chega a tal ponto que o líder da claque até se permitiu escrever (ou alguém por ele) um livro a gabar-se das suas agressões e crimes diversos.

Há 40 anos que é assim. Com impunidade, com a conivência de polícias, juízes, políticos e a "justiça" desportiva.

Vale tudo, desde bater e ameaçar até dar conselhos matrimoniais e oferecer viagens, fruta e café com leite a árbitros.

Mesmo na Europa há cenas destas, lamentáveis, que envergonham o país. Com o Chelsea foi o que se viu. Até os ingleses, normalmente algo ingénuos nestas matérias, denunciaram este comportamento vergonhoso.

Os comentadores dizem que o Porto foi prejudicado pela arbitragem contra o Moreirense. Não tenho opinião nem quero ter. Mas isto - e o comportamento de Amorim e Viana em Braga (assim como o escandaloso caso Palhinha) - mostram que do outro lado também já se mexem - e muito - neste tabuleiro.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Um Benfica desequilibrado

Os problemas que o futebol do Benfica hoje apresenta são praticamente idênticos aos que tinha há 11 épocas atrás - e sempre teve com Jorge Jesus ao comando da equipa.
O Benfica é capaz de jogos bons, de alguma espectacularidade, mas é sempre e fundamentalmente uma equipa desequilibrada. 
Em 2009/2010 tínhamos uma equipa tremenda. Praticamente todos aqueles jogadores foram contratados pelos melhores clubes do mundo e alguns (David Luiz, Di Maria) ainda jogam ao mais alto nível.
Mas mesmo essa equipa, que tinha um grande trinco e um jogador na ala direita que equilibrava, muitas vezes era apanhada completamente em contra pé.
Claro que todos entendemos que se uma equipa é muito ofensiva, vai correr mais riscos e ter menos gente atrás.
Mas a questão neste momento nem é essa, dado que até estamos a jogar com 3 centrais. 
O problema é (e sempre foi com JJ) o equilíbrio e o controlo (ou falta dele) do meio campo. 
Por vezes isso é disfarçado por uma superioridade muito grande face aos adversários ou por uma grande entrega de Taarabt (de quem sou muitas vezes crítico mas a quem tenho que reconhecer essa característica), mas em jogos contra equipas do mesmo nível acaba por vir ao de cima.
Não existem treinadores perfeitos, isso é óbvio. Agora este défice das equipas de Jesus (sobretudo no Benfica, por alguma razão) tende a não ser corrigido.
Esta época está perdida. O melhor que podemos ambicionar é o 2° lugar e mesmo isso me parece muito difícil.
A verdadeira questão é que temo que o próximo ano seja mais do mesmo. 
O Benfica tem bons jogadores. Mesmo os que não renderam o que se esperava vê-se que têm qualidade. No entanto o desequilíbrio é inerente a este sistema que entrega o meio campo defensivo praticamente a um único jogador. Por isso o rendimento é inconstante e imprevisível.

Uma última palavra para algo que tenho visto no universo de blogues benfiquistas, especialmente num: a ideia de que deveríamos estar a torcer pelo Sporting. Estou a simplificar, mas no essencial é isso.
É uma ideia completamente absurda e contrária ao espírito do Benfica. 
Se não podemos ser campeões é totalmente indiferente quem o será. "Defender" o Sporting é contranatura e ridículo. Ninguém nos pediu tal coisa, ninguém quer a nossa "ajuda" e obviamente que esse não é o nosso papel. 
É um tipo de discurso que diminui o Benfica, é algo que deveria ser impensável.
Deixem por favor de se prestar a esse papel. É confrangedor e caricato. Os nossos adversários só se podem rir dessas figuras a que alguns benfiquistas se estão a prestar. 

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Acabou - 100 milhões dão em nada

 Depois de uma goleada ao Paços, talvez na melhor exibição da época, depois de dois empates consecutivos do Sporting que nos aproximaram do primeiro lugar, chegou o completo balde de água fria com uma derrota em casa com o Gil Vicente.

O fim de semana futebolístico já tinha começado mal.

Em Faro, Hugo Miguel e o VAR fingiram não ver dois penalties contra o Sporting. Penalties claros, em que o avançado é claramente derrubado e não há qualquer questão de jogar a bola, pois em ambos os lances o defesa estava muito longe dela. No entanto, neste nosso campeonato de brincadeira este escândalo não apenas passa incólume como ainda temos comentadeiros e "especialistas" de arbitragem a branquear os lances e "explicarem-nos" que afinal aquilo que estamos a ver não é o que aconteceu: os jogadores do Farense foram realmente derrubados, mas a culpa foi deles. Eles é que "provocaram o contacto", "puseram-se à frente dos defesas". 

Enfim, o nojo habitual do charco da comunicação social portuguesa, com muito poucas excepções.

Esse jogo foi claramente um mau prenúncio.

Mas o Benfica tinha obrigação de fazer muito, muito mais. Sinceramente até tenho dificuldade em escrever porque acho que há tanta coisa que está mal que é difícil dizer por onde começar. Acima de tudo acho difícil consertar este plantel.

Claro que a actual situação de estádios vazios, desolados, não ajuda. Este campeonato é, não digo uma farsa, mas é um "campeonatozinho". Não estou a tirar mérito por o Benfica não ir ganhar. A verdade é que um futebol sem público não é o desporto e a competição a que estamos habituados e na qual a capacidade de render sobre alta pressão é um factor decisivo. Este campeonato sem público é quase como uma prova amadora. Aliás mesmo em jogos amadores há mais público do que nestes. Até é deprimente ver os estádios vazios.

Mas deixando esse aspecto de lado, a verdade é que contra o Gil foram expostas as fragilidades e defeitos que têm assolado esta época do Benfica: um meio campo que tem muita dificuldade em pegar no jogo, um ataque ineficaz, uma grande incapacidade de lidar com a adversidade.

Antes do jogo, estava a pesar que esta equipa do Benfica é inferior aos seus rivais quando se trata de recuperar e dar a volta a resultados. Infelizmente o jogo provou-o. 

Quando as coisas correm bem, o talento e a qualidade dos jogadores vem ao de cima. Quando correm mal, são poucos os líderes em campo com capacidade de mudar as coisas, de dar a volta à situação.

Taarabt a fazer o ramadão talvez não estivesse nas melhores condições, mas Pizzi foi um desastre ainda maior. Passes errados, bolas perdidas quando precisávamos desesperadamente de conservar a bola e atacar o adversário... Não se percebe o que se passa com Pizzi. Mas esta equipa é uma manta de retalhos onde falta coesão e há pouca identidade. Até jogadores deprimidos e a ir a psicólogos temos...

Agora acabou tudo. O 1º lugar está fora de questão e mesmo o 2º ficou muito difícil. A jogar assim arriscamo-nos mesmo a perder em casa com o Porto e até com o Sporting. Se isso acontecer será uma humilhação que terá que ter consequências. 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Rui Santos revoltado e "menos optimista"

 O Sporting voltou a empatar e Rui Santos ficou visivelmente irritado. Revoltado mesmo. Não se percebe bem porquê, uma vez que o jogo não teve casos de arbitragem. Mas Rui Santos até disse que se tivesse menos 20 anos imigrava. O pretexto para este discurso inflamado foi o estado do futebol português que "não quer mudar". Até podemos concordar com esta ideia, mas associar isto a uma suposta conspiração para o Sporting não ser campeão é que já é desonesto. 

De facto Rui Santos estava revoltado por o Sporting não ter ganho e por Palhinha ter visto o cartão amarelo. Esse amarelo seria para Santos a "prova" de que o sistema está a fazer tudo para parar o Sporting. Ora isso é ridículo e enganoso porque cartões amarelos mal dados a jogadores do Benfica (como Weigl e Ottamendi) têm sido mais do que frequentes neste campeonato. Aliás, Palhinha tem é sido altamente protegido pelos árbitros e é provavelmente o único jogador no mundo que completou uma série de 5 cartões sem cumprir o respectivo castigo e continuou a jogar desde então. Aliás é dos jogadores com mais faltas do campeonato.

Mas Rui Santos está revoltado por o Benfica e os benfiquistas denunciarem esta situação. Só ele, Rui Santos, é que deveria poder falar, sem ser interrompido e sem qualquer contraditório.

Outra coisa espantosa desta noite (e vi hoje a SIC notícias que não costumo ver, especialmente a dita personagem) é que a jornalista (adepta?) tentava minimizar o mau resultado do Sporting e explicava que o clube ainda tem uma vantagem confortável, mas quando Rui Santos colocou um pouco de água na fervura, fugiu-lhe a boca para a verdade e disse: "estás menos optimista".

Ou seja, admitiu, certamente por lapso, talvez freudiano, que ambos estão a torcer pelo Sporting. Nós estamos optimistas ou pessimistas relativamente a desfechos e resultados que nos interessam. Os jornalistas e comentadores não é suposto estarem a torcer por uma equipa ou outra, pelo que não há lugar a optimismo ou pessimismo. Enfim, é bom para todos sabermos o que vai na cabeça destas pessoas. Já suspeitávamos, mas agora são os próprios a confirmar. 

Uma palavra sobre a vitória do Benfica. Foi uma das melhores exibições e uma das vitórias mais seguras da temporada. Claro que a expulsão facilitou a partida, mas isso não diminui o mérito do Benfica.

A equipa está num bom momento e as coisas correm bem. Terá é que ser assim até ao fim da época porque a margem de erro é, como já disse, nula. 

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Penaltis e fraudes ("O Jogo", jornal oficioso do Porto)

 O Benfica teve na segunda-feira um jogo mais difícil do que eu esperava contra o Marítimo. Para uma equipa que se costuma dar mal na Luz, que tinha sido goleada na jornada anterior e que está no fundo da tabela, o Marítimo criou mais dificuldades do que seria expectável, tanto mais que se viu a perder desde cedo, num penalty tão óbvio quanto desnecessário.

Só "O Jogo", na sua ridícula, caricatural rubrica "o tribunal d'O Jogo" é que conseguiu dizer que não, que um pontapé de um jogador do Marítimo na perna de um nosso jogador, dentro da área madeirense, não deveria ser considerado falta. Mais, o pretenso "tribunal" foi unânime!

É realmente espantoso, mesmo atendendo a que as expectativas relativamente a esta rubrica são já muito baixas. Já se sabe que os ex-árbitros daquele painel exprimem regra geral as "opiniões" que sabem ser do agrado do FCP. Já se sabe que são pouco sérios e que o seu ódio ao Benfica transparece em todas as suas posições. Mas conseguir alcançar a unanimidade na falsidade, num lance que é tão evidente e tão indiscutível, mostra que já não se preocupam sequer em manter uma aparência de independência ou de honestidade.

Ter ali aqueles ex-árbitros ou ter elementos da claque dos super dragões é na prática o mesmo. As suas "opiniões" têm como critério principal a cor das camisolas e não uma avaliação técnica e séria dos lances. Estas pessoas descredibilizam-se a si próprios, mostrando desonestidade e falta de coluna vertebral, mas descredibilizam também a arbitragem. É que é de ex-árbitros que estamos a falar. Se são assim agora que estão reformados e têm pouca (ou nenhuma pressão), como seriam enquanto exerceram a sua profissão? A pergunta é, claro está, retórica porque sabemos bem o que foram. Coroado, por exemplo, foi uma verdadeira vergonha enquanto se andou a passear pelos campos, desrespeitando a verdade desportiva com enorme arrogância e impunidade. Mas Leirós e Fortunato Azevedo são da mesma laia. 

É que este caso é tão evidente que até os adeptos dos outros clubes reconhecem que o penalty é claro, isto para nem falar dos outros ex-árbitros e comentadores independentes. Por isso digo, quando for preciso substituir alguma das pérolas deste "tribunal" será necessário recorrer a membros dos super dragões para manter o mesmo nível de fanatismo e alucinação.

Regressando ao jogo propriamente dito, o Benfica voltou a exibir alguns dos sinais negativos que ficaram patentes antes do início da recuperação. Claro que poderíamos ter marcado mais golos, tivemos volume de jogo e oportunidades para tal - mas voltou a faltar o controlo do meio campo (e consequentemente do jogo), inteligência na posse e frieza nas decisões. Não quero estar sempre a insistir no mesmo, mas na nossa pior fase Taarabt foi um dos maiores problemas. 

Numa palavra, o Benfica não fez um jogo suficientemente bom, nem suficientemente seguro e como tal expôs-se a sofrer o golo do empate. Não que o Marítimo tenha tido oportunidades flagrantes (teve uma bastante perigosa no final do jogo) mas com 1-0 é sempre possível que algo indesejável possa acontecer.

Mais uma vez, a pausa para os jogos da selecção foi negativa para o Benfica. Felizmente não houve perda de pontos mas há que rectificar já o que correu menos bem porque o próximo jogo terá um grau de dificuldade muito maior e nesta fase qualquer percalço será fatal.