O Benfica voltou a fazer uma óptima exibição, vencendo com tranquilidade uma boa equipa do Chaves e concretizando a aproximação aos primeiros.
Eu queria dizer que o 4-3-3 está em consolidação, porque as exibições têm vindo em crescendo e o comportamento da equipa quer em termos defensivos quer ofensivos tem estado num nível muito alto nos últimos jogos, este incluído, mas a verdade é que a lesão de Krovinovic pode colocar isso em causa.
O croata tem sido o jogador chave deste sistema, dando velocidade, qualidade de posse e passe à equipa. Krovinovic permite à equipa sempre muitas soluções na sua construção atacante e um grande dinamismo ao meio campo a três. Ele encaixa como uma luva neste sistema.
Nessa medida, tendo o croata aparentemente contraído uma lesão, cujo tempo de recuperação é nesta altura desconhecido, esse progresso e a qualidade de interpretação do sistema 4-3-3 ficam um pouco em causa.
Tem sido sempre assim. Lesão, dificuldades, obstáculos a superar. E nunca a equipa ou Rui Vitória se refugiaram nessas dificuldades e contratempos para se desculpabilizar da responsabilidade de ganhar sempre, como é timbre do Benfica.
Desta vez acredito que não será diferente, mas temos que admitir que não há, aparentemente, um jogador de características semelhantes a Krovi neste plantel. João Carvalho é um bom jogador, um jogador de qualidade, com toque de bola e futebol nos pés, mas jogou pouco este ano e não sabemos como assumirá a responsabilidade de substituir um jogador tão influente, caso tal venha a acontecer. Poderá Zivkovic ser solução para aquela posição? Parece-me difícil, ainda que tenha cultura futebolística, pela falta de rotina no lugar, mas em teoria não seria impossível. De resto temos apenas Chrien, Samaris e Filipe Augusto...
Outra possibilidade seria um regresso ao 4-4-2.
Veremos. O ideal seria obviamente que esta lesão não passe de um susto e que Krovinovic possa já estar apto senão para o próximo jogo para o seguinte.
Uma coisa é certa: esta situação vem mostrar que o sistema de 4-3-3 requer mais soluções para o meio campo do que o plantel neste momento apresenta.
Voltando ao jogo, o domínio do Benfica foi praticamente absoluto. O Chaves teve algumas tentativas de saída em contra-ataque sempre bem anuladas pela nossa defesa e pelo imperial Fejsa. A situação mais perigosa dos flavienses surgiu na primeira parte numa jogada em que Varela anulou com uma excelente mancha uma oportunidade na qual o avançado estava no entanto em fora de jogo.
De resto o Benfica jogou praticamente a seu bel-prazer, acelerando no início e marcando cedo dois golos, impondo depois os ritmos do jogo. A abrir a segunda parte Pizzi fez o terceiro (num lance em que o guarda redes do Chaves pareceu poder ter feito melhor), arrumando de vez a questão do desfecho final do jogo. A vitória ficou assegurada.
Em geral jogámos muito bem, como vem acontecendo, com uma posse de bola sempre inteligente e acutilante no ataque e uma excelente reação à perda de bola, quer em termos de pressão sobre o portador, quer em termos de antecipação. Quando a recuperação não era imediata, a equipa soube sempre controlar bem os ataques adversários.
Em termos individuais, a grande dúvida era Douglas, o substituto do castigado André Almeida, que ainda não tinha sido titular no campeonato. Rui Vitória fez bem em apostar no brasileiro (que já se sabe ser muito ofensivo) porque não mexeu com outras peças. Admitia-se que Sálvio pudesse passar para lateral, entrando outro homem para a direita (possivelmente Rafa). Mas Vitória optoou - e bem a meu ver - em não mexer muito e não alterar as rotinas, simplesmente trocando um jogador por outro. O brasileiro não comprometeu, mostrou vontade e fez algumas incursões bastante positivas no ataque. No entanto os seus problemas a defender voltaram a evidenciar-se, tendo levado dois ou três "nós" que não são admissíveis num defesa do Benfica.
De resto os três jogadores do meio campo estiveram em excelente plano, cada um nas suas missões. Krovi terá sido o que mais mexeu com o jogo (sendo sua a "assistência" para o primeiro golo), tendo saído lesionado, como já referido.
Sálvio começou excelente, com uma assistência (aí sim, em sentido próprio pois Jonas só teve que empurrar) e até meio da segunda parte deu água pela barba aos defesas adversários. Depois começou a perder-se até ser substituído. Cervi voltou a estar em grande plano, sempre muito veloz, em excelentes combinações com Grimaldo, avançando e recuando para recuperar bolas. Tem sido também um jogador chave neste 4-3-3, até pela forma como combina com Krovinovic que também joga por aquele lado. Jonas voltou a ser Jonas, o que quer dizer que voltou a espalhar a sua classe pelo campo, assinando mais dois golos, um deles de enorme qualidade e espetacularidade.
Já se sabe que não ganhámos nada a não ser três pontos e que continuamos em terceiro lugar. Não há por isso lugar a nenhumas euforias nem triunfalismos. Estamos no entanto numa senda positiva à qual há que dar continuidade. Com ou sem Krovinovic, as boas exibições e, acima de tudo, as vitórias são para continuar. A margem de erro continua a ser nula.
Na próxima semana jogamos no Restelo. Conto lá estar, espero que com uma enorme massa de adeptos benfiquistas para dar continuidade a esta onda que tem ir sempre em crescendo até ao fim do campeonato. Vamos ter mais um jogo muito difícil contra uma equipa que tem bons jogadores, joga bem e tem um treinador em período de afirmação. Será mais uma etapa que teremos que superar para que o Penta possa ser uma realidade.