Num dos dérbis mais desequilibrados a que me lembro de assistir, o Benfica massacrou o Sporting praticamente desde o primeiro ao último minuto (mas sobretudo a partir do golo do Sporting, resultante de um ressalto e precedido de um fora de jogo). No entanto não vencemos, como deveríamos, porque não fomos felizes no que mais conta no futebol: fazer passar a bola pela linha de golo. Entre decisões mais do que questionáveis do árbitro e do videoárbitro (um fiasco, como eu previ), situações de manifesto azar e outras em que os nossos jogadores (sobretudo avançados) foram pouco expeditos, o Benfica deixou por marcar seguramente uns 4 ou 5 golos.
A exibição foi de monta: os nossos jogadores mereceram o apoio do público e os aplausos no fim da partida. Só assim foi possível, já mesmo ao cair do pano, chegar ao golo que tornou o desfecho do jogo um pouco mais racional e digerível para as nossas cores.
No entanto as coisas são o que são e este empate deixou-nos ainda mais longe do primeiro lugar. À beira de entrarmos na segunda volta de um campeonato em que os grandes perdem poucos pontos, qualquer deslize do Benfica pode significar o adeus definitivo ao título. A nossa margem de erro está por isso reduzida a praticamente zero.
A vitória sobre o Moreirense - uma vitória categórica e indiscutível - foi uma primeira resposta, obviamente positiva, ao desfecho do derby. No entanto o teste maior está, como é sabido, reservado para a semana: a deslocação ao terreno do Braga que está a praticar um bom futebol. Será um jogo decisivo, no qual só a vitória importa. Ficar a 7 ou 8 pontos do primeiro nesta fase (e a 5 ou 6 do segundo) representaria praticamente o ponto final nas aspirações ao Penta. A partir daí apenas uma débâcle dos dois da frente nos poderia levar a esse objectivo já de si tão difícil.
O que aconteceu este ano foi que o Sporting e o Porto se reforçaram fortemente. No caso dos nortenhos, o plantel tinha já muita qualidade, a que se juntaram "reforços" que andavam emprestados por outros clubes e que sempre me pareceram bons jogadores (caso dos avançados). É preciso não esquecer que o Porto investiu imensamente nos últimos anos: Herrera foi um jogador desejado pelo Benfica que o Porto comprou por 11 milhões de euros. O mesmo aconteceu com Reyes: o Benfica não quis chegar aos 7 milhões que o Porto deu por um jovem de 20 anos. Corona custou 10,5, Aboubakar 11 e Óliver Torres 20 milhões! Por isso não se pode dizer que o Porto não tenha investido fortemente neste plantel. Fê-lo realmente, sobretudo na era Lopetegui. Neste momento está a aproveitar bem esses investimentos. Quanto ao Sporting, o investimento tem sido continuo e esta época a aposta voltou a ser forte. Basta dizer que o Sporting tem nos seus quadros um ex-Barcelona e um ex-Real Madrid.
A coisa é simples: de acordo com o site transfermarkt esta é a ordem de valor (em milhões de Euros) dos plantéis em Portugal:
Porto - 186,90
Sporting - 177,30
Benfica - 164,95.
Este é, mais coisa menos coisa, o retrato da presente realidade. O Benfica é, dos três candidatos, o menos bem apetrechado. Veremos o que surge entretanto até ao fecho de mercado, mas para já não se antevê nada de muito positivo ou relevante.
Dito isto, acabo como comecei, nada mais podemos fazer nesta fase para além de vencer os nossos jogos, a começar pelo de Braga. A margem de erro é nula. Ganhando jogo a jogo podemos alimentar a esperança de que este campeonato ainda venha a conhecer uma reviravolta.
Uma palavra final - que há muito desejo escrever - para destacar mais uma excelente exibição de Bruno Varela. Depois de ter feito uma grande defesa no jogo contra o Sporting (uma defesa "à Ederson", com a mão "oposta"), voltou a fazer um par de defesas impressionantes contra o Moreirense, nomeadamente a um cabeceamento de cima para baixo, dando à equipa a tranquilidade que ela precisa. A continuar assim, Varela desmentirá aqueles que dizem que não é guarda-redes para equipa grande. Pelo contrário, o que mostrou nos últimos jogos foi precisamente isso: a capacidade para, quase não sendo chamado a intervir, dizer presente em dois ou três momentos decisivos, salvando bolas de golo quase certo. Varela, até pela fibra mental que demonstrou ao regressar à titularidade, está a merecer todos os elogios.
Quanto a Sérgio Conceição fica para o próximo artigo, no qual terei (mais uma vez) que me debruçar sobre a interminável e infame campanha anti-benfiquista.
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