quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Memorável

 Por vezes hesito em escrever quando as coisas estão a correr bem.

Será superstição, mas sabemos que no futebol esse tipo de comportamentos e crenças pouco racionais ocupam um lugar na mente dos adeptos.

Assim, não quis dizer nada antes deste jogo, apesar de ter uma forte esperança de que o poderíamos ganhar.

Agora do que não estava à espera era de uma vitória tão clara e concludente como a que tivemos.

Especialmente na segunda parte, o Benfica foi totalmente dominador e vulgarizou o Barcelona.

É evidente que esta equipa do Barcelona não está no melhor momento, que há um certo sentimento de orfandade pela saída de Messi e que o clube está numa espécie de limbo.

Isso toda a gente sabe.

Mas esses factos não significam que o Barcelona não seja um grande europeu e que não tenha um grande plantel. É um colosso e tem um plantel de classe.

Por isso só fazendo uma grande, enorme exibição o Benfica podia ter vencido da forma que venceu.

Para além de ter estado impecável do ponto de vista táctico, o Benfica foi enorme nos duelos individuais, na entrega ao jogo e na capacidade física.

Não vale a pena estar a elaborar muito nos elogios, até porque no futebol tudo muda apenas com um ou dois jogos se os resultados não aparecem.

Agora que esta equipa demonstra uma consistência, uma solidez e uma segurança que não se via há muito, disso não há dúvida.

João Mário veio trazer um grande equilíbrio à equipa e o nosso meio campo é hoje muito diferente, para melhor, do que nos anos anteriores. Weigel parece outro jogador e a defesa exibe agora uma segurança que se transmite a toda a equipa.

Parabéns a todos, foi uma noite memorável, à Benfica. Agora é dar continuidade. 

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Empatar em Kiev é mau?

 Depende.
Claro que sentimos que o Benfica dominou o jogo quase por completo e nessa medida o resultado sabe a pouco.

Mas convém também perceber que a estratégia do Dinamo era precisamente a de dar a iniciativa do jogo ao Benfica e tentar depois lançar contra ataques letais. Ou seja, se nos balanceássemos demasiado para a frente deixaríamos espaços em que os ucranianos nos poderiam ferir, tornando tudo ainda mais difícil.

A questão era portanto de encontrar um equilíbrio em que assumissemos o jogo e tentássemos o golo mas não arriscássemos demasiado (porque isso seria também quase de certeza fatal). Estivemos perto de o conseguir. Houve algumas oportunidades que poderíamos ter definido melhor. As substituições também não foram as melhores. Era um jogo muito mais para Seferovic (ou até Ramos) do que para Darwin.

Por outro lado, o Dinamo também teve as suas, ainda mais flagrantes, sobretudo no fim, quando a equipa do Benfica abanou e quase foi nocauteada. Tivemos a sorte de ter sido detectado um fora de jogo milimétrico no início da jogada do golo, caso contrário sairíamos da Ucrânia numa posição muito difícil. Mas isto mostrou duas coisas: 1) que o Kiev não é uma equipa inofensiva ou medíocre (tem as suas limitações, é algo inexperiente mas tem jogadores talentosos e objectivos); 2) que não nos podemos desconcentrar e muito menos "desligar do jogo" seja no minuto 1 seja no 90.

Em termos de Liga dos Campeões, um empate fora não é um mau resultado. A fórmula do apuramento é precisamente pontuar fora, nem que seja com um empate e ganhar os jogos em casa. 

Claro que neste caso as coisas serão um pouco diferentes porque os jogos com o Bayern são de um grau de dificuldade extremo e o mais certo é perdermos os dois. Mas isso também é válido para as duas restantes equipas do grupo (o Barcelona aliás já perdeu em casa e de forma concludente). Nesse sentido, este grupo é como se só tivesse 3 equipas que disputarão duas vagas: uma para os oitavos da Champions, outra para os 16vos da Liga Europa. Assim, o jogo da próxima jornada com o Barcelona em casa será de extrema importância. Uma vitória dá-nos-ia boas possibilidades neste mini campeonato a 3.

Uma nota final para recordar que os super-favoritos, com orçamentos descomunais, Man Utd e PSG não foram capazes de bater adversários muito mais modestos, que não estão provavelmente acima do Kiev. O Barcelona foi vulgarizado em casa, como já referido. E o Sporting fez a figura que ontem se viu.

Por isso, a concluir, o ideal teria sido ganhar em Kiev, mas o essencial era não perder. Com o Barcelona em casa se verá que tipo de chances temos neste grupo, sendo que à partida e no papel não tínhamos nenhumas, no que ao apuramento para a fase a eliminar diz respeito. O mau momento do Barcelona pode porém criar aqui uma janela de oportunidade que veremos dia 29 se conseguimos aproveitar.