O Benfica fez uma boa exibição com momentos de grande brilhantismo, individual e colectivamente. Mas nem tudo foram boas notícias. A lesão de Lucas Veríssimo é uma péssima notícia, que nos deixa a todos tristes, havendo ainda a lamentar as lesões de Sequeira, do Braga, que também saiu de maca, e ainda de João Mário, Rafa e Darwin, cujas extensões se desconhecem à altura em que escrevo.
Para além desse aspecto e focando-nos na análise ao jogo, claro que é uma vitória importante, da qual saem coisas muito boas, como a excelente exibição de Cebolinha, a boa entrada de Paulo Bernardo, a resposta do nosso meio campo, a eficácia na frente de ataque e o quebrar de um ciclo negativo de resultados antes da pausa no campeonato.
Tudo isso é muito positivo.
Mas uma análise fria do jogo diz-nos que que até ao segundo golo estávamos a ter bastantes dificuldades - e que provavelmente não mudou assim tanto no jogo do Benfica em relação ao que temos feito esta época.
O Benfica marcou o primeiro golo na sua primeira jogada de ataque, logo aos 2 minutos. Após esse golo, que não tinhamos justificado, o Braga equilibrou, empatou e durante algum tempo foi até superior ao Benfica. Depois, em 7 minutos o Benfica marcou 3 golos e resolveu o jogo. Acaso? Mera sorte? Claro que não. Há muito mérito e há sobeja qualidade no plantel do Benfica. Mas há também um aspecto que deve ser sublinhado: 5 dos 6 golos do Benfica são marcados em contra ataques ou transições ofensivas rápidas. Ou seja, marcámos quase todos os golos quando a defesa adversária estava desposicionada. A excepção foi o 2-1.
Isto é mau? Não, como é óbvio. Isto é treinado, é mérito e é qualidade dos jogadores: Rafa, Darwin e Cebolinha conseguiram imprimir uma velocidade vertiginosa no ataque. Os golos são muito bem conseguidos. A questão é outra.
Em primeiro lugar, para poder "soltar" estes contra ataques, o Benfica precisa de que os dois primeiros passes defesa-meio campo saiam bem. Quando as primeiras linhas de pressão adversária sobre os nossos defesas e centro campistas são ultrapassadas e conseguimos colocar a bola em Rafa ou Darwin em boas condições, os adversários estão em apuros porque qualquer um destes jogadores e também Everton quando lançados em velocidade são difíceis de parar.
Por isso os melhores jogos que fizemos até agora foram este, o Barcelona e o Guimarães. Os adversários jogaram subidos e pressionaram o Benfica ainda no seu meio campo mas depois quando conseguíamos sair para o ataque, as suas defesas tiveram muitas dificuldades em acompanhar a mota Rafa e a gazela Darwin.
Mas já contra o Bayern não conseguimos fazer o mesmo, porque é uma equipa mais compacta, mais rápida, melhor. Aí os nossos contra ataques eram praticamente abafados à nascença, deixando-nos na maior parte do tempo a ter que remar para trás.
O outro problema que o Benfica tem tido - e que este jogo não mostra que tenha sido resolvido - é o agora chamado ataque posicional. Ou seja, quando as equipas adversárias se refugiam muito lá atrás e têm os seus defesas bem posicionados no campo, temos muitas dificuldades em conseguir criar espaços e oportunidades. Aí Darwin começa a perder bolas e a equipa a esbarrar contra o muro adversário, parecendo ter poucas soluções.
Ontem Everton apareceu muito bem num par de ocasiões a criar desequilíbrios que geraram o espaço para outros aparecerem, como na origem da jogada que deu o 2-1, ao fintar dois jogadores e depois passar para Grimaldo. Everton que fez, diga-se, um enorme jogo. Além desse lance fez dois golos e duas assistências. O primeiro golo é um bom trabalho com os dois pés, ao passo que o segundo é uma raquetada ou tacada de bilhar que coloca a bola a fazer tabela no poste, fora do alcance de defesa e guarda redes, para dentro das redes. Aliás foi curioso que já o centro de Darwin foi assim, atravessando a área, a fugir do guarda redes e fora do alcance do defesa.
Uma outra curiosidade é que o golo do Braga (que por sinal também resulta de uma recuperação de bola no nosso meio campo) é um remate de André Horta ao mesmo poste onde Cebolinha a viria a colocar na segunda parte. Dois golos com alguma semelhança.
Finalmente uma nota para o VAR. Eu penso que todas as decisões foram correctas relativamente ao posicionamento dos jogadores em jogo nos golos. Mas note-se que a imagem que é mostrada a dar conta de que André Horta está em posição legal não é a do golo. Veja-se as duas imagens: a mostrada e a correcta:
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Este não é o lance do golo mas é apresentado como tal a propósito da revisão do VAR. |
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Este sim, é o lance do golo do Braga. Grimaldo parece colocar em jogo Horta. Grimaldo esteve aliás envolvido nos 3 primeiros golos do jogo: marcou o primeiro, está aparentemente desalinhado com os companheiros defensivos neste e faz o remate de cuja recarga surge o 2-1 por Darwin. |