terça-feira, 27 de abril de 2021

Há 40 anos que é a mesma coisa

 Pinto da Costa celebrou recentemente 40 anos de presidência do FC Porto.

E a forma de o assinalar não podia ser mais apropriada: insultos, árbitros rodeados, agressões.

É assim há 40 anos. Vale tudo.

As estórias são mais do que muitas. Em tempos fiz aqui uma resenha de vários desses eventos. A coisa chega a tal ponto que o líder da claque até se permitiu escrever (ou alguém por ele) um livro a gabar-se das suas agressões e crimes diversos.

Há 40 anos que é assim. Com impunidade, com a conivência de polícias, juízes, políticos e a "justiça" desportiva.

Vale tudo, desde bater e ameaçar até dar conselhos matrimoniais e oferecer viagens, fruta e café com leite a árbitros.

Mesmo na Europa há cenas destas, lamentáveis, que envergonham o país. Com o Chelsea foi o que se viu. Até os ingleses, normalmente algo ingénuos nestas matérias, denunciaram este comportamento vergonhoso.

Os comentadores dizem que o Porto foi prejudicado pela arbitragem contra o Moreirense. Não tenho opinião nem quero ter. Mas isto - e o comportamento de Amorim e Viana em Braga (assim como o escandaloso caso Palhinha) - mostram que do outro lado também já se mexem - e muito - neste tabuleiro.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Um Benfica desequilibrado

Os problemas que o futebol do Benfica hoje apresenta são praticamente idênticos aos que tinha há 11 épocas atrás - e sempre teve com Jorge Jesus ao comando da equipa.
O Benfica é capaz de jogos bons, de alguma espectacularidade, mas é sempre e fundamentalmente uma equipa desequilibrada. 
Em 2009/2010 tínhamos uma equipa tremenda. Praticamente todos aqueles jogadores foram contratados pelos melhores clubes do mundo e alguns (David Luiz, Di Maria) ainda jogam ao mais alto nível.
Mas mesmo essa equipa, que tinha um grande trinco e um jogador na ala direita que equilibrava, muitas vezes era apanhada completamente em contra pé.
Claro que todos entendemos que se uma equipa é muito ofensiva, vai correr mais riscos e ter menos gente atrás.
Mas a questão neste momento nem é essa, dado que até estamos a jogar com 3 centrais. 
O problema é (e sempre foi com JJ) o equilíbrio e o controlo (ou falta dele) do meio campo. 
Por vezes isso é disfarçado por uma superioridade muito grande face aos adversários ou por uma grande entrega de Taarabt (de quem sou muitas vezes crítico mas a quem tenho que reconhecer essa característica), mas em jogos contra equipas do mesmo nível acaba por vir ao de cima.
Não existem treinadores perfeitos, isso é óbvio. Agora este défice das equipas de Jesus (sobretudo no Benfica, por alguma razão) tende a não ser corrigido.
Esta época está perdida. O melhor que podemos ambicionar é o 2° lugar e mesmo isso me parece muito difícil.
A verdadeira questão é que temo que o próximo ano seja mais do mesmo. 
O Benfica tem bons jogadores. Mesmo os que não renderam o que se esperava vê-se que têm qualidade. No entanto o desequilíbrio é inerente a este sistema que entrega o meio campo defensivo praticamente a um único jogador. Por isso o rendimento é inconstante e imprevisível.

Uma última palavra para algo que tenho visto no universo de blogues benfiquistas, especialmente num: a ideia de que deveríamos estar a torcer pelo Sporting. Estou a simplificar, mas no essencial é isso.
É uma ideia completamente absurda e contrária ao espírito do Benfica. 
Se não podemos ser campeões é totalmente indiferente quem o será. "Defender" o Sporting é contranatura e ridículo. Ninguém nos pediu tal coisa, ninguém quer a nossa "ajuda" e obviamente que esse não é o nosso papel. 
É um tipo de discurso que diminui o Benfica, é algo que deveria ser impensável.
Deixem por favor de se prestar a esse papel. É confrangedor e caricato. Os nossos adversários só se podem rir dessas figuras a que alguns benfiquistas se estão a prestar. 

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Acabou - 100 milhões dão em nada

 Depois de uma goleada ao Paços, talvez na melhor exibição da época, depois de dois empates consecutivos do Sporting que nos aproximaram do primeiro lugar, chegou o completo balde de água fria com uma derrota em casa com o Gil Vicente.

O fim de semana futebolístico já tinha começado mal.

Em Faro, Hugo Miguel e o VAR fingiram não ver dois penalties contra o Sporting. Penalties claros, em que o avançado é claramente derrubado e não há qualquer questão de jogar a bola, pois em ambos os lances o defesa estava muito longe dela. No entanto, neste nosso campeonato de brincadeira este escândalo não apenas passa incólume como ainda temos comentadeiros e "especialistas" de arbitragem a branquear os lances e "explicarem-nos" que afinal aquilo que estamos a ver não é o que aconteceu: os jogadores do Farense foram realmente derrubados, mas a culpa foi deles. Eles é que "provocaram o contacto", "puseram-se à frente dos defesas". 

Enfim, o nojo habitual do charco da comunicação social portuguesa, com muito poucas excepções.

Esse jogo foi claramente um mau prenúncio.

Mas o Benfica tinha obrigação de fazer muito, muito mais. Sinceramente até tenho dificuldade em escrever porque acho que há tanta coisa que está mal que é difícil dizer por onde começar. Acima de tudo acho difícil consertar este plantel.

Claro que a actual situação de estádios vazios, desolados, não ajuda. Este campeonato é, não digo uma farsa, mas é um "campeonatozinho". Não estou a tirar mérito por o Benfica não ir ganhar. A verdade é que um futebol sem público não é o desporto e a competição a que estamos habituados e na qual a capacidade de render sobre alta pressão é um factor decisivo. Este campeonato sem público é quase como uma prova amadora. Aliás mesmo em jogos amadores há mais público do que nestes. Até é deprimente ver os estádios vazios.

Mas deixando esse aspecto de lado, a verdade é que contra o Gil foram expostas as fragilidades e defeitos que têm assolado esta época do Benfica: um meio campo que tem muita dificuldade em pegar no jogo, um ataque ineficaz, uma grande incapacidade de lidar com a adversidade.

Antes do jogo, estava a pesar que esta equipa do Benfica é inferior aos seus rivais quando se trata de recuperar e dar a volta a resultados. Infelizmente o jogo provou-o. 

Quando as coisas correm bem, o talento e a qualidade dos jogadores vem ao de cima. Quando correm mal, são poucos os líderes em campo com capacidade de mudar as coisas, de dar a volta à situação.

Taarabt a fazer o ramadão talvez não estivesse nas melhores condições, mas Pizzi foi um desastre ainda maior. Passes errados, bolas perdidas quando precisávamos desesperadamente de conservar a bola e atacar o adversário... Não se percebe o que se passa com Pizzi. Mas esta equipa é uma manta de retalhos onde falta coesão e há pouca identidade. Até jogadores deprimidos e a ir a psicólogos temos...

Agora acabou tudo. O 1º lugar está fora de questão e mesmo o 2º ficou muito difícil. A jogar assim arriscamo-nos mesmo a perder em casa com o Porto e até com o Sporting. Se isso acontecer será uma humilhação que terá que ter consequências. 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Rui Santos revoltado e "menos optimista"

 O Sporting voltou a empatar e Rui Santos ficou visivelmente irritado. Revoltado mesmo. Não se percebe bem porquê, uma vez que o jogo não teve casos de arbitragem. Mas Rui Santos até disse que se tivesse menos 20 anos imigrava. O pretexto para este discurso inflamado foi o estado do futebol português que "não quer mudar". Até podemos concordar com esta ideia, mas associar isto a uma suposta conspiração para o Sporting não ser campeão é que já é desonesto. 

De facto Rui Santos estava revoltado por o Sporting não ter ganho e por Palhinha ter visto o cartão amarelo. Esse amarelo seria para Santos a "prova" de que o sistema está a fazer tudo para parar o Sporting. Ora isso é ridículo e enganoso porque cartões amarelos mal dados a jogadores do Benfica (como Weigl e Ottamendi) têm sido mais do que frequentes neste campeonato. Aliás, Palhinha tem é sido altamente protegido pelos árbitros e é provavelmente o único jogador no mundo que completou uma série de 5 cartões sem cumprir o respectivo castigo e continuou a jogar desde então. Aliás é dos jogadores com mais faltas do campeonato.

Mas Rui Santos está revoltado por o Benfica e os benfiquistas denunciarem esta situação. Só ele, Rui Santos, é que deveria poder falar, sem ser interrompido e sem qualquer contraditório.

Outra coisa espantosa desta noite (e vi hoje a SIC notícias que não costumo ver, especialmente a dita personagem) é que a jornalista (adepta?) tentava minimizar o mau resultado do Sporting e explicava que o clube ainda tem uma vantagem confortável, mas quando Rui Santos colocou um pouco de água na fervura, fugiu-lhe a boca para a verdade e disse: "estás menos optimista".

Ou seja, admitiu, certamente por lapso, talvez freudiano, que ambos estão a torcer pelo Sporting. Nós estamos optimistas ou pessimistas relativamente a desfechos e resultados que nos interessam. Os jornalistas e comentadores não é suposto estarem a torcer por uma equipa ou outra, pelo que não há lugar a optimismo ou pessimismo. Enfim, é bom para todos sabermos o que vai na cabeça destas pessoas. Já suspeitávamos, mas agora são os próprios a confirmar. 

Uma palavra sobre a vitória do Benfica. Foi uma das melhores exibições e uma das vitórias mais seguras da temporada. Claro que a expulsão facilitou a partida, mas isso não diminui o mérito do Benfica.

A equipa está num bom momento e as coisas correm bem. Terá é que ser assim até ao fim da época porque a margem de erro é, como já disse, nula. 

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Penaltis e fraudes ("O Jogo", jornal oficioso do Porto)

 O Benfica teve na segunda-feira um jogo mais difícil do que eu esperava contra o Marítimo. Para uma equipa que se costuma dar mal na Luz, que tinha sido goleada na jornada anterior e que está no fundo da tabela, o Marítimo criou mais dificuldades do que seria expectável, tanto mais que se viu a perder desde cedo, num penalty tão óbvio quanto desnecessário.

Só "O Jogo", na sua ridícula, caricatural rubrica "o tribunal d'O Jogo" é que conseguiu dizer que não, que um pontapé de um jogador do Marítimo na perna de um nosso jogador, dentro da área madeirense, não deveria ser considerado falta. Mais, o pretenso "tribunal" foi unânime!

É realmente espantoso, mesmo atendendo a que as expectativas relativamente a esta rubrica são já muito baixas. Já se sabe que os ex-árbitros daquele painel exprimem regra geral as "opiniões" que sabem ser do agrado do FCP. Já se sabe que são pouco sérios e que o seu ódio ao Benfica transparece em todas as suas posições. Mas conseguir alcançar a unanimidade na falsidade, num lance que é tão evidente e tão indiscutível, mostra que já não se preocupam sequer em manter uma aparência de independência ou de honestidade.

Ter ali aqueles ex-árbitros ou ter elementos da claque dos super dragões é na prática o mesmo. As suas "opiniões" têm como critério principal a cor das camisolas e não uma avaliação técnica e séria dos lances. Estas pessoas descredibilizam-se a si próprios, mostrando desonestidade e falta de coluna vertebral, mas descredibilizam também a arbitragem. É que é de ex-árbitros que estamos a falar. Se são assim agora que estão reformados e têm pouca (ou nenhuma pressão), como seriam enquanto exerceram a sua profissão? A pergunta é, claro está, retórica porque sabemos bem o que foram. Coroado, por exemplo, foi uma verdadeira vergonha enquanto se andou a passear pelos campos, desrespeitando a verdade desportiva com enorme arrogância e impunidade. Mas Leirós e Fortunato Azevedo são da mesma laia. 

É que este caso é tão evidente que até os adeptos dos outros clubes reconhecem que o penalty é claro, isto para nem falar dos outros ex-árbitros e comentadores independentes. Por isso digo, quando for preciso substituir alguma das pérolas deste "tribunal" será necessário recorrer a membros dos super dragões para manter o mesmo nível de fanatismo e alucinação.

Regressando ao jogo propriamente dito, o Benfica voltou a exibir alguns dos sinais negativos que ficaram patentes antes do início da recuperação. Claro que poderíamos ter marcado mais golos, tivemos volume de jogo e oportunidades para tal - mas voltou a faltar o controlo do meio campo (e consequentemente do jogo), inteligência na posse e frieza nas decisões. Não quero estar sempre a insistir no mesmo, mas na nossa pior fase Taarabt foi um dos maiores problemas. 

Numa palavra, o Benfica não fez um jogo suficientemente bom, nem suficientemente seguro e como tal expôs-se a sofrer o golo do empate. Não que o Marítimo tenha tido oportunidades flagrantes (teve uma bastante perigosa no final do jogo) mas com 1-0 é sempre possível que algo indesejável possa acontecer.

Mais uma vez, a pausa para os jogos da selecção foi negativa para o Benfica. Felizmente não houve perda de pontos mas há que rectificar já o que correu menos bem porque o próximo jogo terá um grau de dificuldade muito maior e nesta fase qualquer percalço será fatal.