Já anteriormente escrevi acerca das necessidades que a meu ver o plantel do Benfica apresenta em termos de contratações. Com a saída de Lima acentua-se ainda mais a carência no sector ofensivo. Jonathan é um jogador com algum potencial mas que não me parece capaz de assumir a responsabilidade de ser avançado titular no Benfica. Mas o jogo de ontem trouxe outros aspectos que importa analisar sem afunilar já a discussão para o problema das contratações.
Em primeiro lugar devo dizer que gostei da exibição da equipa e de ver vários jogadores. O resultado é negativo mas quem tenha visto o jogo sabe que dificilmente ele expressa o domínio da partida. Durante a maior parte do tempo o Benfica foi melhor e onde esteve menos bem foi na finalização. Os golos dos NY Red Bulls resultam de uma falha de Luisão que isola o avançado adversário à frente do guarda-redes (o titular de ontem foi Ederson) e de um momento de génio de um jogador da equipa americana. Para além disso os nova iorquinos pouco fizeram, depois de na passada semana terem imposto um 4-2 ao Chelsea. Já o Benfica teve diversas oportunidades, nalguns casos desaproveitadas, noutros paradas com mérito pelo guarda-redes e defesas adversários.
O aspecto a relevar mais do jogo talvez seja a boa dinâmica da equipa e a sua capacidade de posse de bola, num esquema que apresentou apenas um avançado de raiz. Jogaram Samaris e Pizzi no meio com Ola John e Carcela nas alas e Tarbaat no apoio a Jonathan. Na segunda parte jogou Jonas com o apoio de Duricic. Trata-se de uma alteração táctica importante e que me parece inevitável. A solução dos dois pontas de lança estará eventualmente presente em jogos do campeonato em casa mas penso que realmente é quase impossível jogar contra equipas de nível de Champions League, sobretudo fora, com dois pontas de lança e apenas dois homens no "miolo" do meio campo a ter que fazer todas as despesas de cobertura e recuperação de bola naquele sector. Nos últimos anos tivemos grandes jogadores (Matic, Enzo) que permitiram um pouco esse tipo de futebol mas mesmo assim temos que reconhecer que os resultados na Champions ficaram sempre aquém do desejado, parcialmente por causa disso. Com um elemento de ligação como Tarbaat ou Djuricic (embora tenha ficado demostrado que neste momento nenhum deles apresenta condição física suficiente - Tarbaat continua com peso a mais e Djuricic precisa de ganhar mais força) as coisas podem-se tornar mais equilibradas e o futebol mais ligado.
Gostei de ver as combinações atacantes e os passes em progressão e fiquei muito agradado com Carcela e Nélson Semedo. O primeiro mostrou realmente muito futebol (visão, técnica, sentido de baliza) e o segundo foi uma completa surpresa. O jovem mostrou velocidade, sentido posicional e maturidade. Esperemos que estas boas indicações possam ser confirmadas ao longo da época. Ola John continua o mesmo: algumas arrancadas interessantes, alguns bons apontamentos e lances de perigo mas muita inconstância, muito alheamento do jogo. Já falámos de Tarbaat que também mostrou ter bons pés e capacidade mas que precisa de trabalhar mais para poder ser uma opção consistente.
Quanto a jogadores já firmados no clube, Samaris mostrou a mostrar ser uma peça imprescindível e um jogador que dá imensas garantias, ao passo que Lisandro também me parece cada vez mais um central maduro e com muita qualidade. Quanto a Talisca, a qualidade é muita, disso não tenham dúvidas. A questão é: qual a posição onde poderá render mais? Rui Vitória precisará ainda de algum tempo para o perceber, mas tempo é coisa que começa a escassear...
Em suma, os maus resultados pouco ou nada significam nesta fase. Parece-me que a equipa está a progredir mas também não deixa de ser verdade que falta já muito pouco tempo para o jogo da Supertaça - que evidentemente é para ganhar. Em termos de plantel, face à lesão de Sálvio, é imprescindível que Gaitan fique. No ataque será importante assegurar um substituto para Lima. Com muita pena minha, parece-me que Nélson Oliveira mais uma vez não se conseguirá afirmar.