segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Vitória suada. Otamendi absolvido

 O Benfica teve um jogo mais difícil do que seria de prever. O jogo não fluiu como habitualmente, tivemos poucas oportunidades claras e chegámos a ser dominados (embora por um curto período) durante a segunda parte.

Poderia partir daqui para uma crítica feroz à equipa, a Jorge Jesus e até a Vieira. É fácil dizer que não se admite que uma equipa com um orçamento como o do Benfica tenha que sofrer tanto para vencer o Farense. No entanto esse tipo de argumentação (se a tal se pode chamar argumentação) é simplista e demagógico. 

O Porto não perdeu em casa com o Marítimo? (A primeira vez na história). Qual a diferença de orçamentos? 

O United não foi goleado em casa pelo Tottenham? O Liverpool não foi esmagado pelo Aston Villa? 

Os orçamentos não ganham jogos, ou pelo menos não garantem que se ganhem todos os jogos. E, pormenor importante, o Benfica GANHOU este jogo. 

E a verdade é que neste o Farense jogou muito bem, com muita intensidade, uma pressão alta que nos perturbou e apresentou em acréscimo a tudo isto uma condição física invejável. 

O Benfica até marcou cedo, numa das primeiras oportunidades (rematou muito, mas quase sempre mal) e isso terá dado a ideia de que o jogo seria fácil. Sobretudo Rafa na direita surgia na zona de perigo com alguma facilidade, pelo que se adivinhavam mais golos. No entanto isto não aconteceu e sentia-se que o Farense quando atacava era acutilante. 

Na segunda parte, quando se esperava que o Benfica corrigisse os posicionamentos e melhorasse a dinâmica, aconteceu o contrário e foi o Farense que acabou por chegar ao golo e consequente empate com alguma naturalidade.

Jesus mexeu e temi o pior: Weigel por Gabriel, Seferovic por Waldshmidt e Pedrinho por Rafa. No entanto as alterações acabaram por se revelar mais do que correctas. Seferovic fez dois golos e Weigel, pela primeira vez desde que chegou ao Benfica, mostrou real qualidade. O alemão transfigurou-se completamente, aparecendo com grande decisão nas zonas onde a bola caía, antecipando-se, fazendo passes longos (alguns falhados como é normal quando se arrisca mais) e imprimindo muita velocidade ao jogo. Foi um Weigel que eu nunca tinha visto no Benfica e que, assim sim, é uma mais-valia. Foi decisivo no terceiro golo que acabou com o jogo.

Ainda voltando ao suíço, não deixa de ser curioso que todos os anos seja dado como dispensável e último na ordem dos avançados e que depois acabe por ser o de maior rendimento. Como alguém disse, tem 7 vidas como um gato. 

Aproveito aliás (tanto mais que não escrevi sobre os primeiros jogos do campeonato)  para dizer que Taarabt, que já tenho criticado, fez um grande jogo em Famalicão, mostrando que talvez possa afinal jogar naquela posição. O futuro o dirá. 

Quanto a Otamendi, que os média querem já desmoralizar, acho que demonstrou na primeira parte uma enorme categoria, sendo uma pena que a sua estreia fique marcada por supostos erros e associada a um golo do adversário. Não o merecia. Se no penalti a decisão do árbitro ainda se poderá aceitar (eu não marcaria), já é completamente inaceitável que a falta óbvia e descarada sobre o argentino no lance do segundo golo do Farense passe em claro quer do árbitro quer do VAR. Mas, enfim, sendo quem são não admira. 

Foi aliás uma sequela do filme que passou no dia anterior no dragão... (onde as saídas se multiplicam, mas esse será tema para outro artigo). 

Em resumo, ganhámos um jogo mais complicado do que o previsto. A exibição não foi a mais conseguida mas o mais importante foi conseguido. 

Lideramos com 3 pontos de vantagem à terceira jornada.