segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

O FC Porto é um exemplo

Anda-se a dizer muito disparate por aí! Criticar o FêQuêPê pelo que se passou na Taça da Liga

Isso é inaceitável, como muito bem, e da forma indignada que se impunha, Rui Santos (exemplo e autoridade moral para todos os que andam na bola) denunciou com toda a veemência.

Vamos lá então analisar, sem facciosismos, o que se passou na última semana na Taça da Liga, começando pelo Benfica-Porto.

1. O Porto chegou mais de 5 minutos atrasado para a entrada em campo, fazendo adversários, equipa de arbitragem, espectadores e jornalistas esperar. Isto está bem feito, porque o Porto é o maior, o campeão e os outros têm mais é que esperar por eles! Inaceitável é um comentador da BenficaTV criticar esse comportamento! Esse é que é o facto mais importante em toda esta situação!

2. O árbitro e o VAR permitiram um golo manifestamente ilegal do Porto (Gabriel foi clara e ostensivamente derrubado por Óliver Torres na origem da jogada) e anularam um golo legal ao Benfica por pretenso fora de jogo. Além disso, o árbitro, por indicação do VAR, esteve a rever o domínio de bola com o peito de Seferovic no golo de Rafa por cerca de um minuto. Tudo bem feito! Isto porque há vouchers, emails, toupeiras e sabe-se lá mais o quê! Xistra e Veríssimo agiram em conformidade!

3. Durante o jogo, Rui Costa foi expulso por ter sido injustamente anulado um golo ao Benfica e Luis Gonçalves por o outro golo também não ter sido injustamente anulado. Gonçalves tinha razão! Como é possível não se ter anulado também esse golo? Um golo das toupeiras?!? Após o jogo, LFV protestou com a arbitragem - mal. Devia estar calado.

4. No "pós-jogo", o director de comunicação do FCP, o ilustre e credível Dr. F. Janota Marques, disse que:

  • o Porto ia apresentar uma queixa-crime contra o comentador do Benfica que chamou "corja" aos jogadores do FCP;
  • que o Benfica devia ser "exemplarmente castigado" por coacção aos árbitros, devido às críticas de Vieira.

5. O director do Porto tem razão, porque o que Vieira disse é muito mais grave do que fazer uma visita ao centro de estágios dos árbitros (como fez a claque do Porto), para lhes dizer para terem cuidado porque sabiam onde viviam e em que escolas andavam os seus filhos. Isso é uma atitude de genuína preocupação e cuidado relativamente aos árbitros e às suas famílias! A claque do Porto quis tranquilizar os árbitros! Já Vieira lançou o pânico com as suas declarações incendiárias, pelo que o Benfica deveria descer de divisão! No mínimo!

Janota também tem razão no que diz respeito à palavra corja. Alguns mal intencionados podem tentar aleivosamente lembrar que Janota também usou a palavra "corja" para classificar o Benfica. Mas isso não tem nada a ver! Para já, Janota usou num sentido diferente do do comentador do Benfica. Depois, Janota é director e o outro é um mero funcionário, pelo que o estatuto de Janota também lhe dá mais latitude para falar como quiser, o que o comentador do Benfica não pode ter. E em terceiro lugar, quando Janota chamou "corja" ainda não estava a contar. O meu sobrinho de 5 anos explicou-me isto. Pode parecer um pormenor mas é muito importante do ponto de vista jurídico.

6. Após esse jogo e esses lamentáveis acontecimentos - atribuíveis unicamente ao Benfica - Sérgio Conceição lembrou a coragem do VAR em decidir em favor do Porto. Só lhe fica bem! Depois, usou da sua autoridade moral de campeão, homem equilibrado, sempre calmo e sensato, para alertar para o estado do futebol português. "Isto está a tornar-se quase insuportável", disse. Finalmente haja decência e uma voz da razão no meio disto tudo! Talvez Sérgio pudesse também ter recordado o papel de Luís Gonçalves para a pacificação do futebol português e o bom ambiente nos campos e fora deles, para a sua declaração ser ainda mais completa. Mas mesmo assim já foi bom. Toda a imprensa ficou de cócoras, babada com estas declarações de Sérgio! Que maravilha! Que bom senso! Que exemplo para os outros (principalmente os incendiários do Benfica)!

7. Não se pode macular as declarações de Sérgio, tentando maldosamente dizer que houve incoerência entre elas e o seu comportamento no dia seguinte. E com isto passamos para o segundo momento destes acontecimentos, a final Porto-Sporting

8. Vamos lá ver se nos entendemos! Sérgio, o seu adjunto e toda a equipa FCP deram verdadeiros exemplos de como se deve viver o desporto! Esta é que é a verdade!

9. Sérgio mandou a equipa recolher ao balneário, não ficando para a entrega da Taça ao adversário e não retribuindo a guarda de honra ao Sporting, por várias razões que passo a explicar:

a) o Sporting fez batota. Sérgio disse na conferência de imprensa que os jogadores do Sporting quebraram demasiado o ritmo de jogo. Ora efectivamente dois jogadores do Sporting quebraram os seus narizes no jogo. Cá está: quebraram! E foi no jogo! Acresce que foi de certeza por essa razão que o Porto não ganhou o jogo. Portanto Sérgio tem razão!

b) a "guarda de honra" foi interpretada por Sérgio como "corredor da morte" e como tal achou melhor não entrar por aí dado que já havia dois jogadores do Sporting "quebrados" e Filipe e Pepe andavam por ali. Ou seja, foi generoso.

c) o Sporting não precisava de ajuda para levantar a Taça. Sérgio dixit, pelo que nem vale a pena elaborar sobre um argumento com um peso e uma elevação desta grandeza. Nem tem discussão.

d) os adeptos do Sporting foram desagradáveis! Até insultaram os jogadores e técnicos do Porto. Ora isto é completamente inaceitável! Isto é que é falta de fair play! Disto é que todo o país deveria estar a falar! É uma vergonha! 

No estádio do dragão, os adeptos do Porto costumam aplaudir os adversários! Nunca no estádio das Antas algum adversário foi insultado! E quem diga o contrário está a difamar o Porto. Deverá (isto tem que ser confirmado com Janota Marques, mas penso que é assim) ser objecto de uma queixa-crime!

Quando os adeptos do Porto atiraram bolas de golfe para o guarda-redes do Benfica, por exemplo, estavam a ajudá-lo a treinar para o jogo! Porque quem defende bolas de golfe, por maioria de razão defende bolas de futebol. Isto é que é desportivismo, fair play! Quando na Taça da Liga que perderam por 3-0 com o Benfica atiraram cadeiras para o campo, estavam a enviar a subtil mensagem de que os jogadores do Benfica estavam a jogar "de cadeirinha". Foi uma forma implícita de reconhecer o mérito do adversário!

Mais: os adeptos do Porto até dedicam vários cânticos aos adeptos do Benfica! Eles cantam, por exemplo, SLB, SLB... E não me venham com histórias de que isso é para insultar! Era o que mais faltava. Como disse Pinto da Costa, no Porto é normal, é salutar, cumprimentar um amigo, dizendo: "Como é que estás, ó Filho da Puta?".

Portanto, no dragão há sempre um ambiente saudável de respeito pelos adversários. O que não se verificou neste jogo!! De tal forma que um adjunto do Porto até teve que se defender, saltando e tentando atingir um adepto com a medalha acabada de ganhar. Como disse José Manuel Freitas, da CMTV: "quem não se sente não é filho de boa gente"! A atitude foi pois de um homem que defende a sua honra - e não de uma banal saudação "à Porto" mas sim de um verdadeiro insulto. Sabe-se lá o que terá dito o adepto! Algo de muito grave foi de certeza, ou o adjunto de Conceição não teria agido assim. De forma nenhuma.

Proponho pois que Proença - que até disse (o que estava à vista de todos) que as coisas tinham corrido muito bem (já agora, fez muito bem em ter escondido o emblema do Benfica que assim não apareceu ao lado dos outros na final four, ou final three, para evitar desacatos; este homem pensa em tudo!) - proponho, dizia, que Proença prepare desde já um louvor ao adjunto de Conceição, por defesa da honra face à falta de educação generalizada.

e) o Porto não gosta de perder! Os outros clubes não se importam. Os outros clubes gostam. Os outros clubes por vezes até se deliciam quando perdem finais. Mas o Porto não! E é preciso perceber isso. Os outros, mesmo que percam uma final europeia e um campeonato aos 92 minutos, têm obrigação, após perderem mais uma final, de demonstrar toda a compostura e aguardarem pela entrega da Taça aos seus adversários. Mas o Porto (mesmo que seja o campeão em título e tenha vencido a supertaça, último troféu em disputa antes deste), não tem essa obrigação! Porque o Porto não gosta de perder. Penso que este argumento também fica plenamente demonstrado.

10. Em suma, só pessoas mal intencionadas podem criticar o FCP. Como ficou demonstrado, o seu comportamento é irrepreensível. É um exemplo para o desporto e para as crianças e jovens deste país. Foi por isso que o adjunto de Conceição fez o que fez, para dar o exemplo às criancinhas. Ora olhem lá bem para a foto:



sábado, 26 de janeiro de 2019

São caracóis, são caracolinhos

Pedro Henriques, o árbitro que envergonha os militares, foi exposto, foi denunciado, foi desmascarado como avençado do Sporting - e dou os parabéns a António Salvador por, como se diz em bom português, ter posto a boca no trombone.
Aquela pompa toda de PH caiu de uma assentada. PH já não volta a enganar ninguém.
Mas claro que há outros. Há um em particular que eu gostava de ver o presidente do Benfica desmascarar.
É um dos maiores farsantes do futebol português. Eu pensava que já tinha ouvido tudo desta criaturinha e esperava não voltar sequer a pensar nele de novo - quanto mais escrever.
Mas não foi assim. O fulano ainda me consegue surpreender pela velhaquez e falta de caráter.
Ontem recebi no telefone um alerta nas notícias desportivas: "o que se passou é completamente inaceitável". Como a figura em questão gosta de se apresentar como paladino da verdade desportiva, pensei que ele teria engolido um sapo e, num momento de genuíno respeito pela verdade (a dos factos e não das fantasias) fosse reconhecer que o que se passou na Taça da Liga foi uma vergonha. Ou até - quem sabe - expressar indignação pela situação de PH.
Não podia estar mais enganado. Afinal o grande caso desta semana foi o comentário - lamentável - de um comentador da BTV.
Como já disse várias vezes, o futebol português (com tudo o que está à volta) é um lodo populado de seres rastejante.
Esta figura faz parte do grupo daqueles que, como PH estão estrategicamente posicionados em órgãos de comunicação influentes com o objetivo de minar constantemente o Benfica e desgastar o seu nome e prestígio.
Sem um pingo de vergonha, este meia leca usa da sua posição nos media para tentar transformar umas declarações muito infelizes mas que não passam de um fait diver no caso da semana, assim distraindo as atenções daquilo de realmente grave que se passou. Nem nos lembramos de tamanha indignação quando J. Marques usou exactamente a mesma expressão - corja - para se referir a benfiquistas.
É assim, J. Marques e este outro - a quem, por facilidade vou chamar caracolinhos - partilham uma coisa. E não falo de dignidade, nem sequer de indignação. Tudo isto não passa de teatro e encenação. O que eles realmente partilham é o ódio ao Benfica. E isso o Presidente do Benfica deveria, como fez Salvador, denunciar de forma clara e brutal.
Seria a este propósito interessante perceber bem as circunstâncias em que caracolinhos saiu do jornal A Bola e por que razão já por mais de uma vez foi anunciada a sua saída da SIC e sempre acaba por lá ficar, apesar de ninguém gostar dele e de cada vez menos pessoas verem os programas em que ele aparece. Há aliás poucos comentadores que se possam gabar de terem um programa só para si, onde dizem o que querem sem contraditório.
É um mistério que seria bom esclarecer. Talvez ajudasse a perceber algumas outras coisas estranhas que vão acontecendo no futeluso.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Uma questão de vArgonha (ou falta dela)

Pedro Henriques (na foto) foi árbitro e é (pelo menos até este momento não tenho notícias da sua dispensa) comentador de arbitragem na SportTV. Não um comentador qualquer mas aquele que profere o pomposamente intitulado "Juízo Final". 

Nesse programa, PH revê os lances polémicos dos jogos mais sonantes, com recurso ao VAR e profere o seu douto verdicto, constituindo-se como pretensa autoridade independente - e "Final", para citar o nome do programa. Acontece que PH não é independente. Pelo contrário, PH tem uma agenda. As boas notícias é que PH foi desmascarado. As más é que não sabemos quantos PH há espalhados pelas televisões portuguesas. Temos aliás razões para crer que PH faz parte de um esquema de manipulação da opinião pública, branqueando "erros" de arbitragem que resultam em prejuízo do Benfica.

Outros claros expoentes são Jorge Coroado, José Leirós e Marco Ferreira, árbitros cujo histórico de prejuízos ao Benfica enquanto árbitros é tão gritante quão manifesta é a sua hostilidade actual ao nosso clube. 

Mas recuemos no tempo para recordar um tristemente célebre Benfica-Nacional de 2008/09. O Benfica estava em 1º lugar, o Porto já tinha jogado e empatara nessa jornada e em caso de vitória o Benfica abria uma vantagem de 4 pontos sobre esse clube e de 5 sobre o Sporting.

Foi um jogo tenso (o Nacional estava a fazer um bom campeonato) e difícil. Quase ao cair do pano, o Benfica marca por Cardozo mas... PH anula por mão. O que se passou? Miguel Vítor, então defesa central do Benfica, sofre falta na área do Nacional, ficando caído. Acto contínuo, um jogador do Nacional chuta a bola, esta bate na mão de Vítor (que estava no chão, a talvez menos de um metro do jogador do Nacional), ressalta para Cardozo e este faz golo.

Havia duas opções: assinalar penalty ou permitir a vantagem e apontar para o centro do terreno, sancionando o golo. Mas PH encontrou outra: assinalar mão na bola a um jogador que está deitado no chão (por ter sofrido falta), a meio metro e de costas relativamente àquele que chuta contra ele.

Não contente, ainda expulsou Nuno Gomes já depois da partida, numa situação na qual o árbitro alega que foi injuriado e Nuno Gomes diz nunca se ter cruzado com ele. Os responsáveis do Benfica, nomeadamente Shéu Han que era delegado técnico, nem se aperceberam da amostragem de nenhum cartão.

Aqui ficam imagens dessa vergonha:

 Esse campeonato ficou ainda marcado por um outro escândalo, promovido pelo actual presidente da Liga de Clubes:


Sem a invenção de Proença, o Benfica teria vencido no dragão e chegado à liderança do Campeonato, ultrapassando o Porto, já na segunda volta. Mas claro que Proença nunca deixaria isso acontecer, estragando o seu registo "perfeito" nos clássicos!

E a história vai-se repetindo, ano após ano. Os ganhos que se pensava terem sido conquistados em matéria de verdade desportiva e imparcialidade arbitral foram completamente desbaratados graças à maior campanha de propaganda e desinformação que já se viu no futebol. Cavalgando sobre o caso dos emails e das pretensas "toupeiras" que passavam "segredos de estado" a troco de uns bilhetes para a bola, o Porto instalou de novo um sistema de medo e coacção no futebol português. O Sporting serviu de lacaio e idiota útil, mas ia também fazendo das suas: voltando a PH, afinal para que servia a avença que recebia de Alvalade? Se nestes anos todos, Frederico Varandas, o médico "sempre próximo da equipa", nunca o viu (pois não sabia de nada), é porque as suas supostas funções de "aconselhamento técnico" não passavam de uma fachada.

O papel de PH parece por isso ser o de "cartilheiro" do Sporting, sob uma máscara de autoridade independente e isenta. Ou seja, uma hipocrisia e maquiavelismo inacreditáveis.

Assim vamos andando e rindo neste futebol português no qual nem as moscas mudam. Só se deslocam de uma posição para outra dentro do mesmo sistema.

Por isso repito o que disse aqui logo em Setembro: continua a pouca vergonha.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Como se conserta o futebol português?

A resposta rápida e directa é a de que são precisos outros protagonistas: outros árbitros, outros funcionários e outros dirigentes. Nada neste sistema funciona nem nenhum destes protagonistas é reciclável. Na Liga, na Federação mas também nos clubes, sobretudo num deles.
Pinto da Costa deveria ter sido erradicado há muitos anos, juntamente com Reinaldo Teles e vários outros. Mas não apenas isso não aconteceu (apesar de serem comprovadamente corruptos - foram condenados e não recorreram, sendo a amnistia de que beneficiaram um exemplo da justiça desportiva travestida deste país) como agora são os seus descendentes (familiares ou "espirituais") que vêm ocupar lugares de responsabilidade.
O caso de J. Marques, um exemplo acabado de indigência humana, para mim é dos mais chocantes. Este indivíduo nada mais faz do que provocar, insinuar, insultar e incendiar o futebol português. É um parasita do futebol. Nada, absolutamente nada de positivo ou bom ele traz. Não produz nada, não contribui com nada mas vive desta indústria.
Correr com esta gente não será porém fácil nem rápido.
Isto para não falar da arbitragem, onde a mudança é talvez ainda mais difícil e importante, pois é nas mãos desta classe que continua a estar o poder de decidir jogos, como ontem ficou mais uma vez claro. Ontem ficou também clara outra coisa e aqui tenho que recordar algo que disse há muito tempo e nesse sentido fazer o papel um pouco desagradável do "eu avisei", especialmente aos benfiquistas que se deixaram iludir. Refiro-me ao VAR. Como antecipei em tempo útil, ou seja, há muito, o VAR não resolveu nada e nalguns casos agrava os problemas da arbitragem.
Agora estamos na situação em que estamos: o VAR é mais um instrumento ao serviço dos mesmos de sempre para viciarem como fazem há décadas os resultados do futebol português.
Retomando a pergunta com que lancei o post, o futebol português pode eventualmente ser consertado, mas não será tão cedo. Até lá não sei se vale a pena ver esta vergonha. Certamente não vale a pena levá-la a sério. Isto é uma palhaçada.


Adenda: está a ser noticiado que Fábio Veríssimo pediu uma licença para se afastar da arbitragem por um período indefinido. A ser verdade, acho bem: é o reconhecimento de que não tem condições (presumivelmente psicológicas) para arbitrar. O problema é que no que diz respeito a competência, ou falta dela, Veríssimo é a regra e não a excepção.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Qualidade e/é simplicidade

Sobre o passado já disse o que tinha a dizer, não sendo preciso fazer muitas comparações para caracterizar o actual momento do Benfica - que é bom.

A vitória sobre o Rio Ave, num jogo que se complicou muito na primeira parte, mostrou que esta equipa está confiante. E quando assim é, a qualidade dos jogadores vem ao de cima. E de facto o Benfica tem muita qualidade no seu plantel. Está claramente acima de todas as outras equipas do campeonato, exceptuando o Porto que está num nível equivalente.
Nessa medida o Benfica tem quase que a obrigação de vencer estes jogos, como venceu hoje - com naturalidade, diga-se.

O grande mérito que reconheço para já a Bruno Lage, é o de escolher bem, fazer as opções certas e não inventar.

O primeiro passo foi o regresso ao 4-4-2. Como quem aqui passa de vez em quando sabe, eu defendo que a matriz do Benfica se expressa muito melhor num 4-4-2 do que num 4-3-3. O Benfica tradicionalmente é uma equipa de futebol atacante, que gosta de marcar muitos golos, que em casa é favorito em mais de 90% por cento dos jogos (apenas contra os gigantes da Europa e, infelizmente, nos últimos anos, contra o Porto, não o é) e que no campeonato português é muito superior a quase todas as outras equipas.

Nessa medida não faz muito sentido jogar com um ponta de lança sozinho na frente, contra equipas que quase sempre se fecham muito na defesa. Em casa então acho mesmo que não faz sentido nenhum.

A meu ver Bruno Lages percebeu isso e ainda uma outra coisa. Que sentido faz ter quatro pontas de lança mais João Félix e jogar apenas com um? Assim, para retirar o melhor partido das características dos jogadores, Lage optou - e bem - por jogar em 4-4-2.

A ideia de colocar Pizzi na direita, hipótese que admiti logo no jogo com o Rio Ave, verificou-se agora e a meu ver faz todo o sentido para equilibrar a equipa, obviando a uma das lacunas de que por vezes o 4-4-2 padece, que é de ter poucos centro campistas e poder perder essa batalha. Com um jogador com rotinas de meio campo e que deriva para o meio, esse problema é atenuado.

Também a opção por Gabriel me pareceu correcta num jogo fora para dar mais poder de choque e capacidade de cobertura e recuperação de bola no nosso meio campo. Claro que se Gabriel tivesse jogado mal e eventualmente perdessemos surgiriam críticas e remoques de que o brasileiro pouco tinha mostrado nos jogos anteriores. Mas em teoria a sua inclusão no 11 fazia sentido e as coisas correram bem com o brasileiro a ser uma das muitas boas exibições desta noite.

O jovem treinador do Benfica mostra assim ter bons feelings, ler bem o que o jogo pode vir a pedir e não inventar. Outra coisa que Lage viu logo é que onde Félix rende mais é na frente de ataque e não na ala.

Também vemos a equipa jogar de forma simples. O 4º golo contra o Rio Ave, o segundo de Seferovic, é um golo de antologia. Como jogar bem que muitas vezes é como jogar simples. Algo que só está ao alcance de jogadores de qualidade. Aquilo que é bem feito parece evidente, mas parece evidente depois de alguém o fazer e mostrar. Antes disso há várias opções possíveis. A melhor, quase sempre, é a mais simples.

O discurso do treinador do Benfica, directo e realista em relação ao que é este grande clube, também me parece incisivo e motivador, ou seja, aquilo que deve ser.

Claro que nem sempre as coisas vão correr bem e que estamos muito longe de poder dizer que Bruno Lage é uma opção de futuro para o Benfica.

Aquilo que esta mudança trouxe e aquilo que Bruno Lage está a tornar evidente é que o plantel do Benfica tem muita qualidade, que é possível jogar bem e que os adeptos podem sentir alegria e emoção ao ver a sua equipa jogar, algo que, pelo menos para mim, há já algum tempo que não se verificava.

Ainda em relação ao jogo de hoje, a entrada em campo na segunda parte foi um exemplo de como se devem abordar situações destas: a ganhar por 1-0 e contra 10, a equipa foi para cima do adversário e praticamente resolveu o jogo (ficou a faltar o terceiro golo, por vezes por um excesso de adorno nas jogadas). Um contraste grande em relação ao passado recente, onde a equipa era demasiado expectante e por vezes hesitante.

Quanto aos jogadores, Pizzi, que alguns iluminados não se cansam de denegrir, voltou a fazer uma grande exibição e Seferovic está a mostrar toda a qualidade que o trouxe ao Benfica. É um jogador muito raçudo, de grande entrega, antes quebrar que torcer, que joga simples e sempre com a baliza na mira. É um atleta que tem muitas características de jogador à Benfica e que está num grande momento. De Gabriel já falei de passagem, mas fez uma exibição muito conseguida, cumprindo exactamente com o que se pedia para este jogo. Zivkovic é um jogador de grande classe, de cujos pés a bola sai redondinha e voltou a ser muito importante para abrir a defesa adversária.

E ainda temos Jonas, Sálvio, Gedson, Samaris, Cervi, Rafa ... e Ferreyra. Ou seja, temos muitas opções. É na defesa que há algumas lacunas que seria bom colmatar ou atenuar neste mercado de Inverno.

Em conclusão. a equipa está solta e confiante. Esperemos que seja para continuar. Estou convicto que sim.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Vitória será sempre o treinador do Tetra

Rui Vitória saiu do Benfica, como já há algum tempo me parecia inevitável.

A época até começou bem, com a qualificação para a Champions, depois de apanhar dois dos adversários mais difíceis que nos podiam ter calhado, e uma vitória sobre o Porto na Luz, algo que infelizmente tem sido raro nos últimos anos (e que o agora ex-treinador do Benfica não alcançara até então).

No entanto desde aí que as coisas - inexplicavelmente - descarrilaram por completo. Quando se esperava que a vitória sobre o Porto motivasse a equipa e a levasse a arrancar para a tão propalada "reconquista", foi o contrário que aconteceu, com derrotas desapontantes e exibições confrangedoras. 

Terá sido talvez uma consequência de uma preparação que programou um pico de forma para Agosto, sofrendo em Outubro/Novembro uma quebra física acentuada. A saída de Luizão, pendurando as botas com a época em andamento, algo que não me lembro de alguma vez ver e que nunca chegou a ser explicado, também terá tido um efeito psicológico naquele balneário. A coincidência da sua saída com o início dos maus resultados é um facto.

Seja como for, mais e melhor se exigia com um plantel destes. Contratações que não jogavam, apesar do seu elevado custo, são outra das componentes da má gestão que caracterizou os últimos tempos de Vitória na Luz. 

Não vou insistir muito no ponto, mas já tornei aqui claro e repito que o 4-3-3 nada trouxe de bom e que desde então perdemos muita da nossa capacidade atacante - com poucos ou nenhuns benefícios em termos de solidez defensiva e controle de jogo.

Nas últimas semanas o nível exibicional do Benfica foi de uma pobreza inaceitável e Rui Vitória, como eu escrevi há cerca de duas semanas, já não dava sinais de ser capaz de inverter as coisas. O 4º lugar que ocupamos reflecte este cenário, apesar de ser bom recordar que os árbitros e o VAR têm protegido muito o Porto.

Mas se é justo e factual reconhecer que Vitória chegou ao fim do seu ciclo no Benfica - o seu modelo e a sua liderança estavam esgotados - isso não pode apagar os seus méritos e o seu lugar na história do Benfica.

Rui Vitória é um dos treinadores portugueses com melhor registo no nosso grande clube, tendo alcançado um bicampeonato nos seus dois primeiros anos, assim completando o tão desejado tetra. O próprio penta esteve próximo de ser alcançado e não fora um desinvestimento no plantel (opção estratégica errada a meu ver, imputável sobretudo ao presidente) podíamos mesmo ter consumado essa aspiração. Faltou um jogo na Luz, uma vitória ou até mesmo empate com o Porto e o penta teria sido uma realidade. Mas, com Jonas lesionado, não tivemos opções de qualidade suficiente para contrariar a pouca sorte que nos calhou nessa tarde em que o penta se esfumou.

Para além de dois campeonatos, Vitória conquistou uma Taça de Portugal, uma Taça da Liga e duas Supertaças, tendo ainda alcançado uns quartos de final da Champions. Um registo notável que fica manchado - é um facto - pela pior participação de sempre na Liga dos Campeões, com zero pontos e derrotas humilhantes, facto que, mais uma vez, se deve a meu ver em larga medida a opções erradas por parte da direcção, que deixaram o plantel demasiado depauperado para um nível de exigência europeu.

Contas feitas, Vitória conquista 6 títulos na Luz e um inédito tetra. Merecia sair de outra forma. Penso que ter aceite a suposta proposta das arábias após o 6-2 ao Braga teria sido (caso aquela proposta tenha de facto sido real) a decisão certa. No entanto quando o tempo passar e a poeira assentar os benfiquistas não deixarão de lhe reconhecer o seu lugar na história do clube e os méritos das suas conquistas.

É tempo de vir o próximo, tema para um outro post.