sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Vitória será sempre o treinador do Tetra

Rui Vitória saiu do Benfica, como já há algum tempo me parecia inevitável.

A época até começou bem, com a qualificação para a Champions, depois de apanhar dois dos adversários mais difíceis que nos podiam ter calhado, e uma vitória sobre o Porto na Luz, algo que infelizmente tem sido raro nos últimos anos (e que o agora ex-treinador do Benfica não alcançara até então).

No entanto desde aí que as coisas - inexplicavelmente - descarrilaram por completo. Quando se esperava que a vitória sobre o Porto motivasse a equipa e a levasse a arrancar para a tão propalada "reconquista", foi o contrário que aconteceu, com derrotas desapontantes e exibições confrangedoras. 

Terá sido talvez uma consequência de uma preparação que programou um pico de forma para Agosto, sofrendo em Outubro/Novembro uma quebra física acentuada. A saída de Luizão, pendurando as botas com a época em andamento, algo que não me lembro de alguma vez ver e que nunca chegou a ser explicado, também terá tido um efeito psicológico naquele balneário. A coincidência da sua saída com o início dos maus resultados é um facto.

Seja como for, mais e melhor se exigia com um plantel destes. Contratações que não jogavam, apesar do seu elevado custo, são outra das componentes da má gestão que caracterizou os últimos tempos de Vitória na Luz. 

Não vou insistir muito no ponto, mas já tornei aqui claro e repito que o 4-3-3 nada trouxe de bom e que desde então perdemos muita da nossa capacidade atacante - com poucos ou nenhuns benefícios em termos de solidez defensiva e controle de jogo.

Nas últimas semanas o nível exibicional do Benfica foi de uma pobreza inaceitável e Rui Vitória, como eu escrevi há cerca de duas semanas, já não dava sinais de ser capaz de inverter as coisas. O 4º lugar que ocupamos reflecte este cenário, apesar de ser bom recordar que os árbitros e o VAR têm protegido muito o Porto.

Mas se é justo e factual reconhecer que Vitória chegou ao fim do seu ciclo no Benfica - o seu modelo e a sua liderança estavam esgotados - isso não pode apagar os seus méritos e o seu lugar na história do Benfica.

Rui Vitória é um dos treinadores portugueses com melhor registo no nosso grande clube, tendo alcançado um bicampeonato nos seus dois primeiros anos, assim completando o tão desejado tetra. O próprio penta esteve próximo de ser alcançado e não fora um desinvestimento no plantel (opção estratégica errada a meu ver, imputável sobretudo ao presidente) podíamos mesmo ter consumado essa aspiração. Faltou um jogo na Luz, uma vitória ou até mesmo empate com o Porto e o penta teria sido uma realidade. Mas, com Jonas lesionado, não tivemos opções de qualidade suficiente para contrariar a pouca sorte que nos calhou nessa tarde em que o penta se esfumou.

Para além de dois campeonatos, Vitória conquistou uma Taça de Portugal, uma Taça da Liga e duas Supertaças, tendo ainda alcançado uns quartos de final da Champions. Um registo notável que fica manchado - é um facto - pela pior participação de sempre na Liga dos Campeões, com zero pontos e derrotas humilhantes, facto que, mais uma vez, se deve a meu ver em larga medida a opções erradas por parte da direcção, que deixaram o plantel demasiado depauperado para um nível de exigência europeu.

Contas feitas, Vitória conquista 6 títulos na Luz e um inédito tetra. Merecia sair de outra forma. Penso que ter aceite a suposta proposta das arábias após o 6-2 ao Braga teria sido (caso aquela proposta tenha de facto sido real) a decisão certa. No entanto quando o tempo passar e a poeira assentar os benfiquistas não deixarão de lhe reconhecer o seu lugar na história do clube e os méritos das suas conquistas.

É tempo de vir o próximo, tema para um outro post.

1 comentário:

  1. Obrigado ao Vitória pelas alegrias e títulos que nos deu, e não foram poucos. Obrigado também para a postura educada que sempre soube ter, mesmo quando atacado por todos os camelos da cs encamisolada - no futuro, se não quiser que o comam de cebolada, terá de saber tentear a educação com o arreganho de dentes, meu caro.
    Muitas felicidades para a sua vida pessoal, familiar e profissional. É um bom homem, disso ninguém duvidará.

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