sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Festival dos pequeninos

O Benfica perdeu, como por vezes acontece à melhor equipa em campo.


Se há uns dias atrás (num jogo muito equilibrado e no qual o Benfica controlou durante a maior parte do tempo o seu adversário) tantas "donzelas" se ofenderam com a "mentira" do resultado, o que dizer do jogo de ontem no qual o Benfica massacrou, teve oportunidades atrás de oportunidades, viu o árbitro perdoar uma expulsão ao adversário e acaba por perder o jogo? Dessas "donzelas" nada poderemos esperar. Neste caso já não haverá lugar a reflexões sobre a justiça do futebol.


É verdade que há dois pesos e duas medidas para os comentadores de futebol em Portugal. Quando há dois anos, depois de um golo na própria, o Benfica sofreu, contra a corrente do jogo, um golo nos descontos assim perdendo o campeonato, não se falou de sorte. Nessa altura era Jesus que falhava nos momentos cruciais e era o Benfica que não ultrapassava o trauma do dragão. 

Do mesmo modo, quando perdemos 3-2 na Luz há 3 anos com um golo de Maicon em claro fora de jogo, os analistas também não falaram em sorte mas em mérito do Porto e erros imperdoáveis do Benfica. Recordo que vencíamos esse jogo por 2-1 e ameaçávamos o 3-1 quando o Porto marcou praticamente do nada o 2-2 (numa jogada aliás precedida de falta).

Mas agora já muitos falaram de sorte e de um domínio do Porto. Antes o domínio não valia nada, o que contava era o resultado. 

E ontem, face ao que aconteceu, o domínio e a sorte deixaram novamente de existir e passou a existir uma estratégia bem montada pelo treinador do Braga.

A questão dos dois pesos reflecte-se noutra coisa: o Sporting não foi apurado para os oitavos de final da Champions e os comentadores lembram que não o foi devido a um penalty mal assinalado a favor do Shalke. Jornais fizeram manchete clamando "Roubo!" em grandes parangonas. 

Ora bem, o que disseram esses mesmos jornais nada tenham dito quando há uns meses o Benfica viu serem-lhe espoliados 3 - três! - penalties na final da Liga Europa, vindo a perder a partida nos desempate por penalties, num dos maiores roubos da história do futebol, perpetrado por um canalha? Nada! Nada! As capas falavam de Beto e do "falhanço" do Benfica!! Isso não pode ser esquecido pelos benfiquistas. Tiveram que ser os espanhóis a denunciar o roubo. Então 3 penalties não são coisa nenhuma mas 1 penalty já constitui um roubo e o motivo pelo qual se é eliminado de uma competição?

Ontem o Benfica perdeu e houve festa dos pequeninos. É normal, pois o Benfica é grande e felizmente nos últimos anos não costuma perder.

Foi um jogo de azar mas que tem que servir de alerta para o futuro. Há erros que não se podem cometer e nunca se pode dar nada por adquirido. Importa agora concentrar todas as baterias no campeonato onde há que vencer o máximo possível de jogos consecutivos. Se o Benfica for vencendo os seus jogos mais tarde ou mais cedo abrir-se-á um fosso ainda maior que aí sim será praticamente irrecuperável para os nossos adversários, que ademais têm ainda que se desgastar nas provas europeias. Essa concentração máxima exige-se já no próximo jogo contra o Gil Vicente.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Ambiente de cortar à faca em Alvalade

Desde há bastante tempo que me questionava sobre quanto tempo poderia Bruno de Carvalho ter relativo sucesso com a sua acção de disparar em todas as direcções, rasgando contratos e actuando de forma semi desbragada. Não me entendam mal: eu até tenho simpatia por pessoas que tenham a coragem de ir contra o sistema e tenham a coragem de dizer o que pensam mesmo contra a opinião da maioria. Há porém uma diferença muito clara entre isso e o populismo demagógico, entre isso e a falta de educação, entre isso e a pura irresponsabilidade.
O presidente do Sporting parece cada vez mais resvalar por esse caminho.

Neste momento as coisas estão mesmo muito complicadas em Alvalade. Marco Silva, garantem-me, já por duas vezes terá querido sair e só a custo foi convencido do contrário. Depois das acusações de falta de profissionalismo que Bruno de Carvalho lançou aos jogadores, Marco Silva vem agora atacar o Presidente em público: "Não mando recados para os jogadores. Digo o que tenho a dizer na cara. Não sacudo a água do capote. Assumo a minha responsabilidade." Isto depois de dizer que faltava atitude e mentalidade.

Entretanto Bruno de Carvalho no fim da partida com o Moreirense, seguia directamente para o balneário sem cumprimentar ninguém ou agradecer o apoio ao público.

As coisas estão bem tremidas para aqueles lados...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Vitória memorável do querer e da inteligência




O Benfica venceu ontem o Porto em pleno estádio do dragão por 2-0 com todo o mérito e justiça. A vitória não caiu do céu nem resultou de uma obra do acaso, foi isso sim fruto de uma preparação e de uma execução de estratégia de jogo exímias.

Não quis escrever nada antes do jogo por (admito-o) uma questão de superstição. Não quis "dar azar", por muito irracional que isso seja. No entanto estava convencido de que o Benfica se encontrava em crescendo e de que iria fazer um bom resultado no dragão. Convido aliás quem estiver nisso interessado em ver o que escrevi no anterior post à luz do que aconteceu ontem.

Este Porto é uma equipa com excelentes jogadores, com muita posse de bola mas algum défice de criação de oportunidades de golo em jogos de maior responsabilidade. Por vezes parece faltar-lhe maturidade e estabilidade emocional. Se o jogo lhe sai bem e a bola flui com rapidez, tornam-se muito perigosos pois têm muito talento, mas se à medida que o jogo avança o Porto é bloqueado na sua progressão atacante, o seu jogo bloqueia e começa a tornar-se previsível.


Tendo percebido muito bem esta situação, Jorge Jesus instruiu a equipa para fazer uma pressão imediata sobre a defesa do Porto logo à saída da bola, bloqueando em grande medida a construção e fluência do jogo portista. A nossa defesa também jogou muito subida, o que tirava espaço ao Porto no momento de tentar fazer a circulação de jogo.

Esta estratégia só sofreu algum abalo logo nos minutos iniciais quando o Porto colocou bolas em profundidade nas costas dos laterais e Tello e Oliver criaram algum perigo. Numa das jogadas Júlio César mostrou toda a sua categoria e a importância de ter um guarda-redes experiente (e bom) em jogos desta responsabilidade.

No entanto essas duas ou três jogadas foram as únicas excepções num jogo que de resto estava perfeitamente controlado pelo Benfica que ao mesmo tempo dava a ideia de que a qualquer momento poderia criar perigo no ataque, pois os seus jogadores mostravam-se acutilantes.

Diga-se que a questão da táctica é apenas uma das razões pelas quais vencemos. Para além também de alguma sorte, que é sempre necessária, o Benfica venceu em grande parte porque foi mais forte nos duelos individuais, esteve mais concentrado e confiante. Teve mais querer. Em termos de jogadores todos merecem nota altíssima e um deles já referi acima mas quero referir que André Almeida foi irrepreensível a defender, apesar de "amarelado" desde o primeiro minuto, Gaitán  cada vez mais se assume como maestro desta equipa, Talisca, com a sua tranquilidade e autoconfiança influenciou toda a equipa, Luisão mostrou toda a sua classe, calma e liderança, Maxi que fez no máximo uma falta o jogo todo apesar de ter Brahimi e Torres pela frente, Enzo e Samaris que dominaram o meio campo, com o grego a defender como um leão e Enzo a sair e a construir com grande inteligência e ainda Lima, como é óbvio, que resolveu o jogo. 

Voltando à história do jogo, de facto na primeira grande ocasião, nascida de um lance que o Benfica costuma ensaiar, conseguimos o golo. E a partir daí era mais ou menos evidente que, aguentando o resultado até ao intervalo, não perderíamos o jogo e teríamos até grandes possibilidades de conseguir o segundo golo.

E assim foi. O Benfica voltou do intervalo ainda mais compacto, não dando quaisquer veleidades ao Porto, que se mostrava cada vez mais impotente para passar a nossa barreira defensiva, e começou a ameaçar o segundo pois o balanceamento ofensivo do Porto começava a ser demasiado arriscado. Numa jogada com princípio meio e fim, com intervenção de Gaitan e Talisca, Fabiano defendeu o remate do baiano para a frente e Lima foi o primeiro a reagir, encostando para o segundo.

Havia agora poucas dúvidas sobre o vencedor do jogo. O Benfica só voltou a passar por situações de perigo quando o Porto se lançou totalmente para a frente, colocou Bakar ao lado de Jackson e começou a fazer cruzamentos perigosos para a área. Quaresma que entretanto entrara "picava-se" com André Almeida que tinha amarelo e portanto tinha que ter o maior cuidado. Mas as oportunidades claras do Porto só surgem depois de Luisão sair (ainda a 15 minutos do fim). É então que surgem as bolas à barra. A propósito espera-se que Luisão possa recuperar rapidamente do seu entorse.

O Benfica poderia porém também ter feito o 3-0 pois Alex Sandro esteve muito perto do autogolo num contra-ataque letal do Benfica. Se não fosse a lesão de Luisão, Jorge Jesus poderia eventualmente apostar em Derley para o lugar de Lima e as coisas poderiam ter-se complicado ainda mais para o Porto.

Em todo o caso a vitória do Benfica não merece contestação, num jogo sem casos e em que a arbitragem merece ser elogiada pois foi irrepreensível.

O Benfica adquire uma vantagem importante e pode enfrentar com mais confiança o remanescente da época. Quinta-feira vem já aí um novo jogo exigente, com o Braga para a Taça. Há que manter a postura que temos tido e que ontem teve o seu máximo expoente até ao momento na época, enfrentando os jogos com grande seriedade, rigor e espírito de sacrifício do indivíduo pela equipa mas simultaneamente de confiança nas qualidades. Temos equipa e temos plantel, como se viu ontem e contra o Leverkussen.

Grande vitória, memorável, num estádio sempre muito difícil. Jesus e todos os jogadores estão de parabéns, assim como os adeptos que bem se fizeram ouvir ao longo de todo o jogo. Viva o Benfica!

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Académica-0 Benfica-2: Boa resposta.

Depois da eliminação da Liga dos Campeões e das críticas à prestação da equipa, era importante dar uma boa resposta e mostrar que não se deixara abater psicologicamente.

Isso foi conseguido. O Benfica fez um jogo razoável, com controlo absoluto da partida, sem dar veleidades ao adversário e ganhou o jogo de forma clara. Não sou mais entusiasta porque esta equipa da Académica me parece fraca e incapaz de dar uma réplica mais consistente. Já na próxima jornada veremos se é realmente assim, uma vez que a Académica receberá o Porto.

Recordo que o Benfica recebe agora o Belenenses e que depois se desloca ao dragão para um jogo de enorme importância para o desfecho final do campeonato. Essa será realmente a grande prova desta equipa para a época: depois do falhanço europeu Jorge Jesus e o plantel têm que mostrar que são capazes de vencer também as equipas de topo.

Face ao forte investimento do Porto no plantel e à evidente qualidade que temos que reconhecer que ali existe, será um jogo muito difícil, num estádio onde raramente fazemos bons resultados. Mas até por isso um bom resultado seria certamente um factor catalizador para o resto da época.

Ainda faltam dias semanas para o jogo mas é de esperar que exista já uma preparação mental para esse momento tão importante, tanto mais que Maxi e Enzo estão "tapados" e não podem ver cartão amarelo face ao Belenenses sob pena de serem penalizados para o dragão.

Dezembro será um mês importante também no tocante à Taça de Portugal, competição na qual receberemos o Braga dia 17, logo a seguir ao jogo no dragão.

Voltando ainda ao jogo de Coimbra, penso que foi visível um factor que se tem vindo a notar que é a subida de rendimento de Samaris e a maior consistência do meio campo do Benfica. Há agora muito menos espaço e maior controlo dos jogos. 

Talisca tem estado um pouco abaixo do normal nos últimos jogos mas Jonas está a mostrar uma categoria que sinceramente me surpreende. É um jogador que ainda tem muito para dar ao futebol. Faz todo o sentido Lima descansar algum tempo no banco nesta fase. Gaitán está num óptimo momento de forma e Sálvio também está a melhorar de jogo para jogo.


Finalmente não posso deixar de destacar a exibição de André Almeida que mais uma vez demonstra todo o seu profissionalismo, a sua qualidade e a sua disponibilidade para ajudar a equipa onde quer que ela precise. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Esperado mas ainda assim muito negativo

O Benfica saiu da Champions sem honra nem glória, confirmando o pior cenário que se começou logo a adivinhar na primeira jornada da competição.
Embora este desfecho fosse esperado, há que admitir que a prestação da nossa equipa é bastante fraca e fica aquém dos mínimos exigíveis, mesmo considerando as limitações do plantel.
A única boa notícia da noite foi a vitória do Mónaco que nos afasta da Liga Europa. Pelo menos não teremos que jogar semana após semana uma competição que dá pouca visibilidade, pouco prestígio e pouco dinheiro para o desgaste que provoca.
O Benfica terá assim que se concentrar nas provas internas, onde defende todos os títulos, naturalmente com prioridade no campeonato.

Voltando à Liga dos Campeões, Jorge Jesus não tem realmente conseguido boas prestações, tendo a deste ano sido francamente má. Dois golos marcados e seis sofridos é um péssimo balanço que demonstra que não se tratou apenas de um problema de sorte e azar.

A menor valia do plantel também não pode explicar tudo, por duas razões: noutros anos tivemos plantéis com imensa qualidade e não fizemos melhor (com excepção de uma época); equipas parecidas ou inferiores ao Benfica em termos de qualidade estão a fazer bastante melhor: Basileia, Mónaco ou Sporting.

Aquilo que podemos afirmar é que o Benfica de Jorge Jesus não se tem dado bem com a Liga dos Campeões, claramente porque há algo na abordagem dos jogos que não funciona. Se é (apenas) devido à questão dos dois pontas de lança é algo que eu não sei avaliar.

No imediato regressamos à realidade da competição interna, onde temos ganho, apesar de não estarmos a jogar particularmente bem. O jogo com o Moreirense para a Taça foi até dos mais bem conseguidos nos tempos recentes. É importante que o desaire europeu não se reflita na mente dos jogadores num sentido negativo e depressivo.

Como assinalei há pouco tempo atrás, aproxima-se uma fase complicada de jogos na qual o Benfica não pode claudicar mais. A europa já foi mas agora importa agarrarmo-nos às competições internas nas quais dentro de pouco tempo o Benfica enfrentará o Porto num jogo que pode marcar o ulterior desenvolvimento da época.

Taça - adversário Benfica nos 8ºs de final

Eliminado das competições europeias ontem, o Benfica ficou há segundos a saber que defrontará o Braga na Luz.
Já o Sporting vai a Vizela.
O sorteio é bom na medida em que nos permite eliminar o segundo adversário mais difícil da prova. Se o conseguirmos, como temos obrigação, ficará em prova apenas uma equipa ao nível do Benfica.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Um Domingo em cheio

Quem diria? Numa jornada em que a partida o Benfica era quem corria mais riscos, acabámos por ganhar pontos aos dois rivais. E isto depois de entrarmos no jogo a perder.

São excelentes notícias, nomeadamente por, como assinalámos no anterior post, na Choupana se ter iniciado um ciclo difícil e importante de jogos e também pelo facto do campeonato agora se interromper durante algumas semanas. Esta folga pontual e temporal dá ao Benfica melhores condições psicológicas para trabalhar no (muito) que a equipa precisa para se consolidar.

Na Madeira o Benfica precisava sobretudo de garantir o resultado. Se isto é verdade para todos os jogos, o que eu pretendo aqui sublinhar é que nesta fase da época, tendo por adquirido que a equipa ainda procura o seu equilíbrio fundamental, sobretudo no meio campo, há que privilegiar a objectividade e o resultado em detrimento da qualidade futebolística.

O Benfica não tem sido muito capaz de ter o controlo do jogo, algo que no ano passado alcançou (dando a dada altura a ideia de que era quase impossível perder um jogo), mas tem vencido. Ontem na segunda parte apostou claramente em manter o resultado - e conseguiu-o.

No entanto isto não pode ser uma estratégia para a época. O Benfica ontem não sofreu na segunda parte mas podia ter sofrido, inclusivamente numa jogada mal anulada por fora de jogo inexistente.

É pois preciso fazer mais e melhor. É preciso sobretudo ter outro controlo do meio campo. Samaris tarda em integrar-se naquela posição tão importante no sistema táctico de Jorge Jesus. Creio que André Almeida seria a melhor solução nesta fase, mas já percebemos que Jesus não apostará nela por razões que desconheço.

Espero que Fedja possa estar de regresso rapidamente. Se não estou em erro, dezembro ou janeiro foram apontados como datas do seu regresso. Esperemos que isso aconteça.

Também Sílvio, quando puder regressar, será um importante reforço para as laterais.

No entanto, para além das questões das peças individuais, é a equipa como um todo que precisa de evoluir harmoniosamente como ainda não acontece. O facto de termos apenas dois jogadores no "miolo" e extremos muito atacantes obriga a compensações e equilíbrios muito precisos, sob pena da equipa ser apanhada completamente em contrapé (como aconteceu em Braga). 

Já tem sido referido muitas vezes que Rodrigo, com a sua grande mobilidade e Lima com a sua grande capacidade de trabalho constituíam uma primeira linha de pressão que este ano desapareceu. Também é uma realidade que havia mais talento (para além de Rodrigo e Matic, que jogou até dezembro, Markovic e André Gomes, já para não falar dos defesas Garay e Siqueira muito dotados tecnicamente ), o que punha as outras equipas mais em sentido. 

O equilíbrio desta equipa terá pois que ser feito de outra forma. Estas semanas de interlúdio no campeonato serão pois úteis para trabalhar nalguns aspectos.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Calendário: ciclo de jogos decisivos

1. O Benfica inicia Domingo um ciclo muito difícil de jogos que decidirão muito do sucesso desta época.

O quadro de jogos é o seguinte:

9/11 Nacional-Benfica
(a 14/11 a seleção jogará com a Arménia)
22/11 Benfica-Moreirense (Taça de Portugal)
26/11 Zénite-Benfica
30/11 Académica-Benfica
7/12 Benfica-Belenenses
9/12 Benfica-Bayer Leverkussen
14/12 Porto-Benfica

2. Deste ciclo de 6 jogos sairá uma decisão - a continuidade na Europa - e uma maior definição do resultado final do campeonato: nos últimos 5 anos o confronto entre Benfica e Porto determinou o campeão e na maioria dos casos isso aconteceu logo na primeira volta (em 2010 o golo de Saviola projetou-nos para a liderança de que não mais sairíamos, em 2011 a goleada sofrida no dragão afundou-nos definitivamente, em 2012 e 2013 foram os jogos da segunda volta que marcaram a passagem da liderança do Benfica para o Porto e no ano passado a vitória dos "11 Eusébios" marcou a época). Diga-se de passagem que este ano o título poderá ainda ter no Sporting um terceiro candidato o que baralharia as contas tal como as concebemos a partir dos casos dos últimos anos.

3. É evidente que o Benfica procura ainda um equilíbrio e uma dinâmica e que existem (ainda) limitações claras. Nas alas com a lesão de Ola John deixou de haver qualquer rotatividade e Sálvio e Gáitan já se ressentem desse facto. O núcleo nevrálgico da equipa ainda tem muitas intermitências a funcionar: Samaris é substituído em praticamente todos os jogos e já jogaram pelo menos 5 duplas diferentes. As boas notícias são que Enzo parece estar a subir de forma, Júlio César parece começar a agarrar a baliza (dando outra tranquilidade ao sector) e Jardel e Lisandro têm estado a melhorar, dando razoáveis garantias. Isto para já não referir, sob pena de nos tornarmos repetitivos, o extraordinário rendimento de Talisca que é mesmo craque. Derley também tem evoluído o seu jogo e Lima quando passar o período de menos sorte que claramente atravessa começará a facturar com regularidade. 

4. A questão que eu me coloco é se haverá tempo para esta equipa se consolidar e crescer. Isto porque, com todo o realismo, o Porto tem um plantel impressionante com vários - muitos mesmo - jogadores capazes de fazer a diferença. O próprio Sporting está mais forte do que o ano passado (já jogou na Luz e recebeu o Porto para o campeonato), com Nani e mais banco. O seu calcanhar de Aquiles é claramente a defesa. Num cenário destes, teremos que ser inteligentes, calculistas e "resultadistas". Temos que ser realistas e perceber que neste momento não somos favoritos no campeonato nem na Liga dos Campeões. Esse será o primeiro passo para aumentarmos as nossas hipóteses de alcançar os objectivos pretendidos. 








quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Os lucros e benefícios da Benfica TV


A Benfica TV foi um projeto pioneiro (não apenas em Portugal) que constituiu um golpe tremendo no sistema do futebol português.


Com a Benfica TV o clube adquiriu um poder tremendo, ao mesmo tempo que atacava a hegemonia da Sport tv, altamente conotada com o Porto e que dominava o nosso futebol.

A Benfica TV, ao mesmo tempo que criava um canal de comunicação de massas direto entre o clube e os adeptos, permitindo que as mensagens chegassem sem intermediários, fio e é um contrapeso tremendo à Sport Tv, nomeadamente nos subscritores de conteúdos pagos. Para além dos jogos do Benfica em casa, incluíndo equipa B, juniores e modalidades, o canal adquiriu os direitos de transmissão da Liga Inglesa (claramente a mais espectacular do mundo) e ainda outros produtos como os combates internacionais da UFC (artes marciais mistas) que têm ganho grande popularidade em todo o mundo.

Deve também dizer-se que os conteúdos feitos pela Benfica TV, como entrevistas, debates e programas de opinião têm melhorado muito e atingido nalguns casos patamares elevados de qualidade.

Recentemente soube-se, através  do Relatório e Contas da época passada, que a Benfica TV tinha gerado uma receita de 28, 1 milhões de euros. 

Esta notícia é importante porque muitos queriam fazer-nos crer que a decisão de romper com a Sport TV e transmitir os jogos em casa na Benfica TV tinha sido uma má decisão em termos comerciais.

Sempre defendi que as decisões têm que ser analisadas na sua globalidade, de um ponto de vista estratégico e não apenas contabilístico e que portanto a decisão tinha sido correcta e até fundamental para o Benfcia acabar com o sistema de poder em vigência no futebol português e assim conseguir uma competição limpa onde tivesse mais hipóteses de ganhar.

Estes números mostram porém que mesmo do ponto de vista comercial, a decisão foi excelente e os resultados superam todas as expectativas. 

Descontando os gastos ou despesas de funcionamento da Benfica TV, avaliados em 11 milhões (ver notícia abaixo transcrita do "Público"), o canal deu 17 milhões de euros de lucros. É um resultado óptimo. 

Alguns dirão que estes valores ficam abaixo da última oferta da Sport TV. A própria notícia abaixo sublinha isto. Mas aí há que considerar três coisas: 1) essa oferta resultou apenas do facto do Benfica ter exigido mais precisamente por ter uma capacidade negocial muito forte adveniente de ter sempre de reserva a possibilidade de transmitir os jogos na Benfica TV; 2) uma maior receita para o Benfica equivaleria a uma maior receita para o Porto que obrigatoriamente recebe 80% do que o Benfica recebe; 3) - o factor mais importante - a Benfica TV dá-nos um poder e capacidade de promover a marca Benfica que dificilmente pode ser quantificado. 

Como nota final gostaria de sublinhar que não gosto desta nova designação de "BTV". Acho que a Benfica TV é a Benfica TV e não pode haver qualquer timidez ou vergonha em afirmar o nome do clube no nome do seu canal. Duvido que qualquer pessoa que não goste do Benfica vá subscrever o canal apenas por este de Benfica TV tenha passado a BTV. Espero aliás que esta história seja reversível e que o canal volte a ter o clube no nome.


Benfica TV rendeu 17 milhões de euros “limpos”

Encaixe em 2013-14 é inferior à última oferta da Olivedesportos, que atingia os 22,2 milhões de euros por ano.

O Benfica iniciou na época passada uma nova forma de explorar os seus direitos televisivos, trocando a venda a uma empresa externa pela transmissão dos seus jogos no canal do clube. Afinal o que compensa mais? Os números publicados no relatório e contas da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Benfica indicam que a receita líquida gerada pela Benfica TV (17,1 milhões) ficou abaixo da última oferta da Olivedesportos (22,2 milhões), embora seja mais do dobro dos 8 milhões que a empresa de Joaquim Oliveira pagava até à época passada.
 “A BTV [Benfica TV], no seu novo modelo e, ainda, único em todo o mundo, gerou no presente exercício receitas brutas de 28,1 milhões de euros. Resultados que esperávamos, mas de que muitos desconfiavam. Resultados que superaram a oferta feita pela anterior empresa titular dos nossos direitos televisivos.”, diz Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, logo na mensagem inicial no relatório e contas da época 2013-14, enviado na sexta-feira à noite à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Só que para fazer a comparação com o anterior modelo, é necessário igualmente perceber quais são as despesas da Benfica TV, que tem “70 colaboradores” (como é referido no relatório) e adquiriu direitos de transmissão de jogos de campeonatos estrangeiros, como o inglês e o grego. Em nenhum capítulo do relatório, é especificado o balanço líquido da Benfica TV, mas a dado ponto é referido que “os gastos operacionais consolidados [da SAD do Benfica] aproximaram-se dos 109,2 milhões de euros, sendo a sua variação essencialmente explicada pela inclusão da Benfica TV no perímetro de consolidação da Benfica SAD, que gerou um impacto de 11 milhões de euros, e pelo aumento dos gastos com o pessoal.”
Há ainda referência a um acréscimo de 5,2 milhões de euros nos fornecimentos e serviços de terceiros, explicada pela Benfica TV e pela organização da final da Liga dos Campeões,  mas, ao que o PÚBLICO apurou, os valores destes serviços já estão englobados nos gastos operacionais consolidados.
Podemos, então, subtrair os 11 milhões de euros de custos da Benfica TV aos 28,1 milhões de euros de receitas brutas do canal para chegar a uma receita líquida de 17,1 milhões de euros. Em 2012, a Olivedesportos tinha oferecido 111 milhões por cinco temporadas, o que dava uma média de 22,2 milhões por época, mais cinco milhões do que a receita agora gerada pelo canal do Benfica. Nesta comparação, não é possível saber qual seria o valor líquido da oferta da Olivedesportos, mas, por outro lado, há igualmente receitas e despesas da Benfica TV que não estão relacionadas com a transmissão dos jogos caseiros da equipa profissional de futebol. Refira-se ainda que a Benfica TV já superou os 300 mil assinantes, segundo o relatório enviado à CMVM.
Outro dado relevante do relatório e contas do Benfica é a subida considerável dos gastos com pessoal. A SAD benfiquista gastou 62,2 milhões de euros (ME) em salários e prémios, mais 25,3% do que na época anterior (50,4 ME). Estes valores fizeram o clube da Luz descolar dos rivais, já que o FC Porto reduziu ligeiramente os gastos com pessoal (de 50,8 para 44,1 ME) e o Sporting fez um corte brutal (de 41,7 para os 25M).
“Os gastos com o pessoal registaram um crescimento de 25,3%, o qual é essencialmente justificado pelo investimento efectuado no plantel de futebol, que implicou um aumento da massa salarial, e pela distribuição de prémios de objectivos e desempenho por atletas, equipa técnica e estrutura profissional de futebol”, justifica-se no relatório da SAD — destes 63,2 milhões, 43,9M dizem respeito a remunerações fixas e dez milhões a prémios. O administrador financeiro da SAD, Soares de Oliveira, recebeu remunerações de 299 mil euros e Rui Costa 230 mil.
Como já era conhecido, desde que o Benfica apresentou o resumo das contas no mês passado, a SAD “encarnada” obteve um lucro de 14,2 milhões de euros na época 2013-14, um valor bem melhor do que os 368 mil euros de resultados positivos da SAD do Sporting e que contrasta com o elevado prejuízo da SAD do FC Porto no mesmo período: 38,4 milhões.
Tal como já era público no primeiro resumo das contas, o Benfica obteve na época passada resultados operacionais (sem vendas de jogadores) de 105 milhões de euros (ficando pela primeira vez acima dos 100 milhões), bateu um recorde de transferências de jogadores (encaixe de 75,6 milhões de euros) e o passivo subiu 2% para 449,1 milhões. Os capitais próprios melhoraram, mas são negativos (8,4 milhões), tal como acontece nos rivais - o FC Porto tem capitais próprios negativos de 28,5M e o Sporting de 118M negativos, estando as três sociedades na chamada situação de falência técnica.

De volta à luta

A vitória do Bayer sobre o Zénite fazia com que vencendo na Luz o Benfica voltasse às contas da qualificação. 

E assim aconteceu, num jogo difícil, no qual a pressão era muito alta, mas no qual a equipa deu uma boa resposta e venceu com alguma felicidade mas bem. Talisca voltou a ser decisivo num momento em que Jorge Jesus já tinha arriscado tudo.

Estamos agora em igualdade pontual com os russos e a apenas um ponto do Mónaco que na próxima jornada se desloca à Alemanha. 

O cenário está porém ainda longe de se poder considerar muito risonho, pois os dois jogos que temos pela frente são de dificuldade máxima.

Na próxima jornada o Benfica vai à Rússia onde não pode perder. O ideal seria mesmo ganhar. Com uma vitória e uma previsível derrota do Mónaco na Alemanha, o Benfica passava para um lugar de qualificação à entrada para a última jornada que disputamos em casa contra o Bayer. Caso o outro jogo (Mónaco-Zénite) resultasse num empate, o Benfica poderia até perder com os alemães que se qualificaria na mesma para os oitavos de final.

Caso o Benfica empate na Rússia, precisará depois de vencer o seu jogo em casa e esperar que o Zénite não vá vencer ao Principado. No entanto, se o Mónaco vencesse na Alemanha e depois vencesse o Zénite, seria ele que se qualificaria com 11 pontos, contra os 8 que o Benfica faria neste cenário.

São os vários "ses" ou cenários possíveis para o Benfica progredir para os oitavos da Champions. Como já expliquei, acho que o cenário de qualificação para a Liga Europa não nos interessa pois obriga a equipa a grande desgaste físico e emocional, com um retorno desportivo e financeiro limitado. A qualificação para os oitavos da Champions vale monetariamente o mesmo que a chegada à final da Liga Europa.

Refira-se ainda que se o Benfica vencer os seus dois jogos deverá qualificar-se, excepto se o Mónaco vencer também os seus. Ou seja, não dependemos exclusivamente de nós. Em todo o caso, estou convencido de que vencendo o Zénite na Rússia ficaremos muito perto da qualificação. 

A tarefa é pois muito difícil, como é evidente. Nestas qualificações não se podem desperdiçar pontos em casa como aconteceu na primeira jornada contra precisamente os russos, que aliás têm muitos e bons estrangeiros. 

Caso o Benfica perca em São Petersburgo fica automaticamente eliminado da Champions, restando-lhe disputar a vaga pela Liga Europa. Isto porque ficará a 3 pontos dos russos e em desvantagem no confronto directo, que é o primeiro factor de desempate em caso de igualdade pontual. 

Desta vez Jesus terá que ser mais astuto que Villas-Boas e os que ficaram e chegaram terão que ser melhores que os que partiram, como Garay, Javi Garcia e Witsel. Na multinacional do Zénite, agora também patrocinada pelo gás russo, cabem ainda Hulk e Danny, para além dos locais Kerzakov e Arshavin, entre outros. O orçamento é monstruoso.

Não será fácil mas acredito que o Benfica pode consegui-lo se for calculista, inteligente e estiver no máximo das suas capacidades.

Agora regressa porém o campeonato e é nisso que temos que nos focar. Vem aí um jogo habitualmente difícil, no terreno da Choupana na Madeira. A vitória é imprescindível para manter o primeiro lugar. Será o primeiro de 3 jogos fora em quatro jornadas. A equipa terá que estar ao seu melhor para sair deste ciclo como um líder reforçado. 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

"Mas nós estamos a querer desculpar este árbitro auxiliar??"

"Naaão, não, não!" responderam em coro os outros comentadores, como se isso fosse um crime de lesa-pátria, um pecado de bradar aos céus. Para eles aquele auxiliar não tinha mesmo perdão!!

Este foi o cenário de um dos programas desportivos de ontem. Os outros foram parecidos: o fiscal de linha não tem perdão por ter tomado uma decisão certa! 

Os "moderadores" ajudavam à festa, demonstrando quão "grave" foi a decisão - acertada, há que o repetir - do bandeirinha. Os programas abriram com este "caso" - o caso da decisão correcta que deveria ter sido errada para o fiscal de linha poder ser "ilibado".

Há um desejo de "sangue" de fazer uma caça às bruxas (talvez pelo jogo ter sido na noite de halloween) e de queimar o fiscal numa fogueira pelo seu erro, perdão, pelo seu acerto numa decisão fundamental do jogo. "Como é possível", perguntam-se os comentadores; "é inaudito", "inaceitável", dizem os outros, muito alterados e indignados.

Foram espectáculos entre o cómico e o grotesco que mostraram 1) que há muita gente doente da cabeça; 2) que o anti-benfiquismo grassa em todos os canais da nossa miserável televisão; 3) que Portugal continua a merecer o epíteto de Eça de Queirós: "uma choldra torpe". 

Razões mais do que suficientes para os benfiquistas pura e simplesmente deixarem de assistir - por inteiro - a estes programas. Dessa forma não fazem parte da palhaçada, não contribuem para as audiências e para a influência dos mesmos. Eu devo dizer que há muitos meses que não assistia a nenhum por motivos destes. Depois do que vi ontem passarão certamente muitos mais.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Talisca resolve

Num jogo a seguir a uma derrota e antes de uma jornada decisiva na Champions, o barómetro acusava níveis elevados. A vitória era imprescindível e o adversário não era dos mais fáceis.
O Benfica teve uma boa resposta, perante um Rio Ave que se fechou muito na sua retaguarda e apostou em manter o 0-0 o máximo tempo possível.

Mais uma vez Talisca tinha a chave das balizas adversárias e no momento certo soube usá-la. Mais um hino ao futebol. Começo a perder a conta aos golos monumentais do baiano - um jovem com apenas 20 anos e na sua primeira época fora do Brasil. Estamos perante um craque que temos que saber continuar a fazer crescer.

Depois do golo porém regressaram os problemas que se têm observado em vários jogos: o Benfica tem dificuldade em manter a vantagem no marcador, em "congelar" o jogo, ou seja, baixar o respetivo ritmo, em manter uma posse "tranquila" de bola. É claramente algo em que devemos trabalhar pois o Benfica precisa de saber manter vantagens no marcador. Hoje dá a ideia de que se tentamos apenas "manter" a vantagem baixamos demasiado o ritmo e a intensidade e deixamos o adversário crescer em confiança, se tentamos marcar mais golos acabamos por sofrer em contrapé como aconteceu com o Braga. 

Já amanhã temos um jogo decisivo para a continuidade na Champions. O Benfica precisá impreterivelmente de vencer esta partida e tem todas as condições para o conseguir. 

Precisamos de continuar a evoluir, a assentar processos, a ganhar rotinas, pois há muitos jogadores novos. No entanto os jogos a doer, verdadeiramente decisivos, não param. Mais do que notas artísticas nesta fase precisamos de ser resultadistas. 

Vem aí uma fase verdadeiramente decisiva do campeonato. Nas próximas quatro jornadas, o Benfica joga fora 3 vezes, com três deslocações de alto risco a campos onde temos perdido pontos nas últimas épocas. Na próxima jornada vamos à Madeira jogar com o Nacional, depois vamos a Coimbra e à jornada 13 vamos ao Dragão. Muito do campeonato vai começar a tomar forma nestas jornadas. Jogos destes entre os principais candidatos podem marcar o campeonato: em 2009 a vitória sobre o Porto (golo de Saviola) à 14ª jornada lançou o Benfica para o título; no ano passado nova vitória sobre o Porto, dessa vez por 2-0 e à 15ª jornada, também nos fez acelerar para uma época de sonho. Desta vez o jogo é no dragão mas já é mais do que hora de o Benfica lá vencer para o campeonato.

Duas notas finais sobre a imprensa desportiva portuguesa. A primeira prende-se com a diferença de tratamento da derrota do Benfica em Braga, a qual foi quase comparada à queda de Roma e a derrota do Sporting - essa sim estrondosa - que afinal nada mais é do que um acidente de percurso. É também curioso que se diga que Marco Silva quase não tem responsabilidade no que se passou e que as culpas devem ser assacadas aos jogadores. É curioso porque o elementar bom senso deveria levar os autores de tão brilhantes análises a pensar que se 11 (ou 14) jogadores estiveram mal, então provavelmente a tactica não foi bem preparada. Aliás se há jogo no qual uma equipa deu uma "cabazada" táctica à outra, esse jogo foi o de Guimarães. Não digo isto para atacar Marco Silva, com que até simpatizo, mas sim para mostrar a diferença de tratamento que existe para com Jesus que sempre que a equipa perde é o culpado e um péssimo treinador.

A outra nota prende-se com a originalidade portuguesa. Nos outros países criticam-se as decisões erradas dos árbitros e auxiliares. Em Portugal criticam-se as certas. O fiscal de linha acertou ao anular o golo do Rio Ave, algo que motivou grande "indignação". Cambadas de mentecaptos, autênticos atrasados mentais, dedicam minutos e horas a determinar onde estava afinal o malandro fiscal de linha, para, por processos de intenção inenarráveis, chegar à conclusão que havia uma intenção clara de anular o golo e beneficiar o Benfica. É gente sem classificação.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Recarregar baterias e reafirmar a liderança

Este Benfica é claramente mais fraco do que o da época passada. O que ainda não percebemos é se "chegará" para consumo interno, como se tem dito, ou se pelo contrário está em primeiro lugar de forma passageira, "ainda", apenas para de lá ser desalojado em breve.

Mas já percebemos que há alguns problemas que necessitam de resolução imediata, a qual só está nas mãos do treinador.

A primeira é efetivamente a questão do "trinco". Jorge Jesus precisa de assentar numa solução e mantê-la. Não concordei com a saída de André Almeida da equipa depois da boa exibição contra o Sporting e continuo a achar que nesta fase é ele a melhor opção. Também me parece claro que Samaris é realmente um substituto de Enzo, que possivelmente pode assumir o lugar já em Janeiro. Penso que será visível para todos que Enzo continua a ser profissional mas existe um certo desfazamento emocional em relação à equipa. O seu rendimento não é o mesmo. 

Em todo o caso, JJ tem que fixar uma solução para trinco (Almeida, para mim) e depois dar minutos a Samaris e Cristante para que quando estes forem chamados à titularidade possam render.

Outro problema cuja solução depende do treinador é o das substituições. É inaceitável não fazer ou fazer apenas uma substituição. É inaceitável porque obviamente prejudica a equipa. Sálvio e Gaitan, por este andar, a meio da época já se arrastarão em campo. Há que tentar outras soluções por vezes. Veja-se o último jogo: Sérgio Conceição tirou um dos que estava a ser dos melhores e mais perigoso jogadores do Braga (Pardo) e lançou um jogador fresco que resolveu o jogo.

Há ainda um terceiro problema que, ao contrário dos anteriores, não é particular a esta época mas já se arrasta desde a primeira época de Jesus: perdemos quase sempre os jogos difíceis fora. Ora à sexta época já seria altura do treinador do Benfica perceber que está a fazer alguma coisa mal. 

Em 32 jogos com o Braga, o Porto e o Sporting para o campeonato e da Liga dos campeões, todos fora, como referido, o Benfica tem apenas 7 vitórias. Para além disso alcançou  8 empates, acumulando um número incrível de 17 derrotas. É um balanço demasiado negativo e que deve fazer o treinador do Benfica reflectir sobretudo porque temos dentro de poucas jornadas um jogo com o Porto que neste momento já não nos podemos dar ao luxo de perder. Antes de Braga poderíamos até admiti-lo, mantendo-nos "ainda" em primeiro lugar. No actual cenário, com apenas um ponto de vantagem, já não. Isto para já não referir o jogo em São Petersburgo.

Entretanto há que dar uma resposta muito forte já neste jogo contra o Rio Ave.

Penso que nesta altura em que o Sporting e o Porto parecem crescer em rendimento, têm marcado muitos golos e se aproximaram do Benfica na classificação, a nossa equipa tem que afirmar a sua personalidade e a sua categoria de forma a mostrar que não está psicologicamente afectada e intimidada - pelo menos é isso  que eu espero que aconteça.

"Ainda" estamos em primeiro mas eu espero que estejamos até ao fim do campeonato e que possamos mesmo aumentar a vantagem pontual muito em breve. Para isso é preciso uma coisa: não perder mais pontos. Que as lições de Braga tenham sido bem aprendidas é o que eu sinceramente desejo.

Abaixo encontrarão a relação de todos os jogos disputados fora para o campeonato com Braga, Sporting e Porto e para a Liga dos Campeões desde que Jorge Jesus está no Benfica.


2014/2015

Braga-2 Benfica-1

Liga dos Campeões

Bayer Leverkussen-3 Benfica-1
Mónaco-0 Benfica-0

2013/2014

Braga-0  Benfica-1
Sporting-1 Benfica-1
Porto-2 Benfica -1

Liga dos Campeões

PSG-3 Benfica-0
Olympiacos-1 Benfica-0
Anderlecht-2 Benfica-3

2012/2013

Braga-1 Benfica-2
Sporting-1 Benfica-3
Porto-2 Benfica-1

Liga dos Campeões

Celtic-0 Benfica-0
Spartak de Moscovo-2 Benfica-1
Barcelona-0 Benfica-0

2011/2012

Braga-1 Benfica-1
Sporting-1 Benfica-0
Porto-2 Benfica-2

Liga dos Campeões

Otelul-0 Benfica-1
Basileia-0 Benfica-2
Man United-2 Benfica-2

Zénite São Petersburgo-3 Benfica-2

Chelsea-2 Benfica-1

2010/2011

Braga-2 Benfica-0
Sporting-0 Benfica-2
Porto-5 Benfica-0

Liga dos Campeões

Shalke-2 Benfica-0
Lyon-2 Benfica-0
Hapoel Telavive-3 Benfica-0

2009/2010

Braga-2 Benfica-1
Sporting-0 Benfica-0
Porto-3 Benfica-1

terça-feira, 28 de outubro de 2014

O Benfica merece melhor

Acontecimentos como os de domingo em Braga não constituem nada de novo. Nada. São, pelo contrário, a repetição de um filme que já meteu túneis e várias agressões.

Há uma raiva, um ódio visível em todos os jogadores do Braga contra o Benfica que denota algo que não é espontâneo mas que, pelo contrário, tem que ser antecipadamente preparado e "montado". 

Isto aconteceu em 2009 quando ali perdemos também por 2-1 e Cardozo foi agredido por trás por dois bracarenses (alegadamente porque Di Maria cuspiu para o chão...), aconteceu em 2011 quando Alan acusou Javi Garcia de racismo, faltou a eletricidade e não havia água quente... e voltou a acontecer agora. 

Os jogadores do Benfica são constantemente agredidos e muitas vezes ainda acabam expulsos. Não se conhecem razões para este ódio inusitado dos bracarenses contra o Benfica que também já se traduziu em confrontos quando adeptos do Benfica de Braga foram agredidos com violência ao tentarem festejar um título.

O filme repete-se ano após ano e o Benfica perde ali pontos atrás de pontos, ao passo que o Porto passeia naquele campo. Até um adepto do Braga as claques do Porto já mataram - perseguiram-no para o espancar, tendo ele ao fugir acabado por ser atropelado por um carro na via rápida - sem que nada se falasse ou fizesse. O ambiente continua normalíssimo, o Porto continua a ganhar ali com tranquilidade, em jogos com pouca história e menos emoção.

Em todas as situações atrás descritas não vejo nenhuma acção enérgica da direcção do Benfica para pôr cobro a este cenário inaceitável para os seus atletas e adeptos. Pelo contrário, ainda vejo o Presidente do Benfica muito próximo de António Salvador, com quem aparentemente tem vários negócios.

Ora se Domingos era o treinador do Braga em 2009, se Jardim era o treinador em 2011 e se Conceição é o actual treinador - e se praticamente todos os jogadores mudaram desde 2009 -, o problema não está no treinador nem nos jogadores. O problema está evidentemente em António Salvador. Antigamente o Benfica jogava em Braga praticamente em casa ou pelo menos era ali bem recebido. Toda esta hostilidade, este ódio, vem de Salvador.

Há dois anos no Porto os adeptos do Benfica que assistiam à final da Champions League em hóquei em patins foram gravemente agredidos, sem protecção de nenhuma polícia. As agressões chegaram aos jogadores e o clube ameaçou que não jogaria nestas condições.

Em Barcelos apenas há dias o treinador do Benfica foi agredido, enquanto os jogadores do Barcelos apelavam ao público para se manifestar ainda mais, levantando os braços para as bancadas.

Eu pergunto-me, mas este Benfica é o bobo da festa? Será que a segurança do clube está a ser acautelada? Será que não temos gente que imponha respeito? Será possível que a direção do Benfica permita que o nome do clube e os seus atletas sejam constantemente vilipendiados e agredidos?

Isto é completamente inaceitável. O Benfica merece muito melhor. Merece ser defendido com toda a firmeza e não permitir em nenhuma circunstância calúnias, afrontas e agressões. 

Os interesses pessoais de quem está à frente do Benfica vêm depois disso - e não antes. 

Há que se dar ao respeito e há que impôr respeito quando é necessário. 

Não sei até que ponto acções como o apoio a Luis Duque, assumido sportinguista, para a presidência da Liga, numa eleição em que o Porto aparece ao lado do Benfica e em que o Sporting ainda se dá ao luxo de dizer que é contra os seus interesses, dando-se ares de afectado, serão no melhor interesse do Benfica. Temo que, tal como na eleição de Fernando Gomes, tenhamos sido novamente levados. O que se viu no imediato foi muito mau. Mas vamos aguardar para ver mais. 

Uma coisa é certa: este Benfica bombo da festa, que aparece sempre como o coitadinho, o desgraçadinho a quem qualquer rufia pisa e domina a seu bel prazer é uma caricatura de mau gosto daquilo que deve ser uma atitude de fair play sim, mas também de firmeza e força que têm que caracterizar o nosso clube.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Desilusão

Esperava-se mais do Benfica.

Depois de se encontrar em vantagem logo aos 2 minutos, a equipa devia ter tido outro controlo do jogo, outro controlo emocional, outra atitude, mais viril, mais madura, mais confiante.

A verdade porém é que à sexta época de Jorge Jesus no Benfica, apesar de todos os méritos que ninguém lhe pode tirar, o treinador continua a ter um registo muito negativo em jogos decisivos fora do Estádio da Luz. Ou seja, em jogos "de champions" fora da Luz, perdemos quase invariavelmente. 

Os bracarenses são uns energúmenos? Abusaram da virilidade? O árbitro foi complacente? Sim, sim e sim.


Mas o Benfica tem que ser uma equipa de homens preparada para coisas deste tipo. O Benfica não se pode deixar intimidar e ser inferiorizado - nem pelo adversário, nem pelo árbitro. Tem que se impor. A verdade é que não se impõe.



Onde é que Sérgio Conceição se atrevia a fazer o que fez ontem contra o banco do Porto? Se calhar nem mesmo contra o do Sporting.


Acho muito bem que o Benfica tenha uma atitude desportivista, de fair play, de cavalheirismo. Mas quando um bando de jagunços pensa que nos pode pisar e comer as papas na cabeça, há que os pôr no seu lugar. Não podemos tolerar desrespeitos. Infelizmente parece faltar gente no Benfica que o entenda. 

Grande parte da derrota do Benfica ontem explica-se por um défice de afirmação de personalidade, mais do que por questões propriamente futebolísticas. O Benfica deixou-se arrastar no turbilhão de raiva e descontrolo que vinha das bancadas. Não teve - e normalmente não tem tido - a frieza emocional para saber aproveitar aquela histeria dos tolos adeptos bracarenses em seu proveito. Não soube actuar como equipa superior que efetivamente é a este Braga.

Esta derrota é pois uma grande desilusão que se vem somar ao que de mau vimos fazendo na Liga dos Campeões. 

O discurso de que "ainda estamos em primeiro" é completamente errado. Primeiro porque está agora a valorizar algo que há uma semana, com mais razões para o fazer, pois a vantagem era nessa altura de 4 pontos em comparação com 1 que não é nada, achava quase irrelevante. Segundo porque está a usar o "ainda", deixando no ar a ideia de que muito em breve poderemos já não estar nessa posição.

Penso que muito pelo contrário, Jorge Jesus e toda a estrutura precisam de reavaliar muito bem as coisas e perceber que o que aconteceu em Braga não se pode repetir. Já jogamos em casa com o Sporting e já fomos a Braga. Fizemos um ponto nesses dois jogos. Se à 13ª jornada formos novamente perder ao dragão (como tem sido regra nos últimos anos), dificilmente renovaremos o título.

Para terminar, isto é não é catastrofismo nem começar a atacar à primeira coisa que corre mal. É um apelo a que se percebam as causas do que está a correr mal (e que já não é assim tão pouco, considerando que a Liga dos Campeões está praticamente perdida).

Duas notas finais: 1) não percebo como é possível fazer apenas uma substituição num jogo destes; 2) Liga Europa de novo por favor não - se não conseguirmos o apuramento para os oitavos da Champions ao menos que fiquemos eliminados das competições europeias - a Liga Europa já me dá pesadelos. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Houve equipa

O Benfica conseguiu ontem uma boa vitória. Ganhar por mais do que um e não sofrer é sempre bom, ganhar por 4 e ter dois pontas de lança mais o seu melhor goleador a marcar é muito bom. Acima de tudo gostei do compromisso da equipa e da entreajuda, num jogo em que não houve Enzo e em que Lima se lesionou ainda na primeira parte.

A vitória começou com Artur que com três muito boas defesas impediu o golo do Arouca e impediu também a "crucificação" de Lisandro Lopez que, com excepção do erro que deu uma dessas oportunidades, fez uma boa partida. E não era fácil. Artur por sua vez voltou a apresentar-se bem e com tranquilidade. 

Há que recordar que Enzo não estava disponível, o que naturalmente se reflete no rendimento do meio campo. Os dois jogadores que assumiram o controlo do jogo são jovens e são novos no Benfica. Com a saída de Lima por lesão, o Benfica passou a contar com 5 jogadores que acabaram de chegar ao clube a jogar no corredor central: Lisandro, Talisca, Samaris, Derley e Jonas. É muito mas a equipa não se ressentiu.

Pelo contrário, graças a um golo monumental de Talisca, que mais uma vez inicia a jogada perto da linha de meio campo, o Benfica libertou-se e partiu para um último quarto de hora de luxo. Sálvio, Ola John e Jonas brilharam nessa altura.

Para além de Talisca, deve-se destacar a exibição de Derley que, não sendo um virtuoso, é um jogador que trabalha muito e que tem boas movimentações na área que criam espaços e perigos. Teve um iniciativa muito boa na primeira parte e finalmente estreou-se a marcar com o "golo da tranquilidade" que permitiu partir para a goleada. Vê-se que é um jogador humilde que merece ter sorte. Jonas mostrou que tem qualidade, classe diria mesmo, e sentido do golo. Marcou um e podia ter marcado outro.

Quanto a Samaris fez um jogo bom na minha opinião, sobretudo na segunda parte em que assumiu mais o jogo, teve bola e iniciativa. Tem que ter mais cuidado pois a falta que fez sobre David Simão é passível de cartão vermelho. É uma entrada muito perigosa que não pode repetir.

Os próximos jogos mostrarão se Lisandro pode agarrar o lugar ou pelo menos ser uma alternativa sólida para o lugar. 

A paragem que se segue de duas semanas no campeonato permitirá a Jorge Jesus trabalhar com alguns dos jogadores no sentido de os integrar melhor na dinâmica da equipa e corrigir alguns erros que se têm verificado.

Acima de tudo o Benfica tem que ser uma equipa, com os jogadores solidários, generoso, dedicados, desde o guarda redes ao ponta de lança. Não iremos ganhar a Liga dos Campeões e, dados os maus resultados a abrir, poderemos nem sequer passar da fase de grupos. Não temos ainda qualidade suficiente para tal. A nível interno porém o Benfica está certamente no top. Pode não ter o plantel de mais nomeada ou mais caro (esse será o do Porto) mas tem apesar disso condições suficientes para poder ser campeão. Precisa para tal de ser uma equipa, de trabalhar, de ser confiante em si mesmo e, claro, encarar todos os jogos com grande profissionalismo e sentido de responsabilidade.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Sem andamento para estas cavalarias

O Benfica fez ontem uma das piores exibições que alguma vez vi o nosso clube fazer. O resultado é altamente lisonjeiro para o que se passou em campo. Foi um dos jogos mais desequilibrados de que me lembro e, em anos e anos de futebol, não me lembro de ver uma equipa tão incapaz de sair do seu meio campo como o foi o Benfica ontem.
Era aflitivo: o Benfica não conseguia fazer dois passes seguidos a partir da linha de meio campo. Se construiu uma jogada minimamente estruturada (para além do golo) durante os 90 minutos de jogo foi muito.


O que se passou foi que uma equipa apareceu na "máxima rotação" e a outra pura e simplesmente não tem andamento para isso. O Benfica entrou em campo já um passo atrás dos alemães e depois passou o jogo todo a correr atrás deles. O problema é que neste momento não há grande velocidade e capacidade de explosão na nossa equipa. Não há o ritmo frenético de outros tempos.

O meio campo do Benfica foi lento e completamente manietado pela pressão de 5 e 6 jogadores do Bayer sobre o portador da bola. Infelizmente a equipa e o treinador não tiveram soluções para esses problemas colocados pelos alemães, para além do mais muito poderosos fisicamente e sempre a jogar no limite da falta.


Individualmente não estivemos bem. Poucos jogadores passaram incólumes ao vendaval alemão: Luisão, Maxi, Sálvio e Gaitan foram os que menos acusaram a pressão e mais tentaram mudar o curso dos acontecimentos, embora nem sempre com êxito. 

Em relação ao meio campo, há que ter algum cuidado em não "queimar" Cristante, que fez o que pode. Antes do jogo ouvi muitos comentadores elogiarem a opção pelo italiano. O jogo não lhe correu bem mas não correu bem a ninguém. Recordo que o próprio Enzo foi substituído. Aliás o argentino parece-me emocionalmente um pouco distante. Talisca, que tem sido o "abono de família" a nível interno ainda não tem intensidade para este tipo de futebol.

Como já referido, o Bayer fez uma pressão infernal (que também não me lembro de ver há bastante tempo e que exige uma condição física impressionante) que dificultou muito a tarefa do Benfica. 5 e 6 jogadores rodeavam Enzo ou Cristante, sem que os jogadores do Benfica se conseguissem desenvencilhar dessa teia. Talvez isso seja mais visível através da transmissão televisiva, mas o treinador do Benfica teria que ter visto o que se passava e alterar mais cedo a forma de jogar. Talvez Jorge Jesus tenha pensado que os alemães não aguentariam e dariam o estoiro na segunda parte. Se assim era, a inacreditável decisão de um árbitro auxiliar ou de baliza acabou com as esperanças que pudéssemos ter. Mas o restante jogo mostrou que o Benfica dificilmente teria capacidade para mais mesmo sem aquele penalty inexistente. 

Deste jogo devem ser tiradas algumas ilações. Desta vez o treinador do Benfica não esteve bem, apesar dos condicionalismos. Como eu referia no anterior artigo, há muito que trabalhar. Há que ser humilde. 

Vêm aí dois jogos com o Mónaco, o primeiro dos quais fora. Em teoria o Benfica precisará de vencer os dois para poder ter esperança de avançar. Uma derrota no principado praticamente condena-nos a lutar pela Liga Europa, algo que sinceramente eu dispensaria pois acho que é um desgaste excessivo para um retorno mínimo. 

Para isso precisamos porém de ter outra abordagem ao jogo, outra dinâmica, outro envolvimento emocional. Jorge Jesus precisa de trabalhar mais os trincos e eventualmente pensar em dar uma oportunidade a Lisandro Lopez. Seria demasiado injusto atribuir as culpas dos problemas defensivos a Jardel mas isso não quer dizer que não se possa, pelo menos num ou noutro jogo, ver se Lisandro pode ser solução ou alternativa (até porque certamente surgirão mais tarde ou mais cedo lesões ou castigos). 

Há também uma questão de atitude e mentalidade competitiva que precisam de melhorar para os 4 jogo que faltam da fase de grupos da Champions. O Benfica não pode deixar uma imagem tão pálida, tão má, tão pobre na Europa. 

Entretanto vem a caminho o campeonato. A derrota em Leverkussen seria ainda mais desastrosa se influísse negativamente na nossa campanha a nível interno que começou bem e todos desejamos que continue bem encaminhada. Será pois importante dar uma grande resposta no Domingo contra o Arouca, vencendo e jogando bem.




terça-feira, 30 de setembro de 2014

Continuar a trabalhar - a procissão ainda vai no adro

O jogo do Benfica na Amoreira teve coisas boas e más.

Obviamente ganhar é sempre o objectivo dos jogos e nesse sentido - que é o mais importante - as coisas correram bem. No entanto houve alguns aspectos menos positivos como o ter permitido dois golos ao adversário que tornaram um jogo que parecia resolvido em algo de bastante complicado. A equipa depois teve muito mérito em não se ter desorientado e ter conseguido voltar à vantagem. 
Convirá porém trabalhar para corrigir os erros e desequilíbrios defensivos (apesar do Estoril ter também o seu mérito nos golos) e ser uma equipa ainda mais forte.

Mas mais importante ainda é perceber que os objectivos só poderão ser alcançados se continuar a haver um trabalho muito sério e constante. Nada está ganho à partida; nem mesmo quando os jogos parecem estar a correr de feição se pode achar que eles já estão ganhos e abrandar o ritmo. Há que respeitar e nunca subestimar os adversários. 

O Benfica está à frente e tem nesta altura uma boa vantagem. No entanto é muito cedo para atribuir a isso um valor decisivo ou sequer muito relevante. A procissão ainda vai no adro. O campeonato tem muitas jornadas, muitos meses e muitas peripécias pela frente.

O Porto continua a ter um plantel muito forte, com muitas soluções. O Sporting continua a ter uma equipa aguerrida, jovem e com qualidade, para além disso muito bem orientada, que não pode ser descartada na luta pelo título. 

Aquilo que podemos retirar destas primeiras jornadas é que podemos confiar nesta equipa do Benfica. Que ela tem capacidade e poderá atingir os objectivos pretendidos, a começar pelo bicampeonato. No entanto só com um trabalho muito intenso e constante eles se tornarão realidade. O campeonato é como uma maratona. Há que saber passar as várias fases e suportar as suas provações para, com inteligência e gerindo o esforço e a vantagem da melhor forma, chegar no fim à frente.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O incompetente

A expressão não é minha mas do próprio. 

Ao fazer o balanço do péssimo Mundial que Portugal fez, desapontando milhões de portugueses e descendentes de portugueses no Brasil,  Fernando Gomes, falando na primeira pessoa do plural, reconheceu a sua incompetência: "fomos incompetentes", foram as palavras textuais.

No entanto, estranhamente, a única consequência que retirou dessa incompetência foi a demissão do médico da seleção, como se a culpa pela triste figura que fizemos no Brasil fosse do "desgraçado" do médico. Como se fosse o médico quem programou a preparação, convocou os jogadores e escolheu os "onzes" e as tácticas. 

Apenas algumas semanas após este episódio (e pouco depois da renovação do contrato do selecionador), demitiu Paulo Bento. As culpas que eram do médico pelos vistos passaram a ser do selecionador, que umas semanas antes até vira os seus poderes reforçados...

O mais recente episódio da incompetência gritante deste Presidente da Federação Portuguesa de Futebol chegou com a apresentação de Fernando Santos.

No momento de apresentar o novo treinador, grande parte das perguntas incidiu sobre Paulo Bento, sobre a entrevista deste à RTP e sobre as versões contraditórias sobre o seu afastamento. Quando se queria olhar para o futuro de forma limpa e com optimismo, Gomes, com um novo selecionador ao seu lado, multiplicou-se em explicações e versões pouco congruentes sobre o que realmente se passou, deixando sombras a pairar sobre a seleção. Um episódio de incompetência pura: ou abordava o assunto antes da apresentação de Fernando Santos e dava nessa altura a sua versão dos factos, ou pura e simplesmente recusava-se a fazê-lo nesta altura, dizendo que estava ali para falar de Fernando Santos e o futuro e que este era o selecionador nacional, nada mais importando.

No entanto, o incompetente assumido - e isto é que é realmente grave - é muito competente para algum tipo de manobras, designadamente as sombrias e pouco limpas.

Desde que foi eleito para a Liga e depois para a Federação, Fernando Gomes começou por "ilibar" Hulk e Sapunaru, no caso das gravíssimas agressões que estes perpetraram, ao deixar cair o Conselho de Disciplina, considerando que este não fôra "competente" e vem agora "ilibar" Pinto da Costa, 10 anos depois, limpando-lhe o cadastro.

É um incompetente muito habilidoso.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

As "boas dores de cabeça"

A entrada a perder no jogo de domingo e a pouca índole atacante da equipa durante os primeiros 30 minutos apressaram Jorge Jesus a alterar muito cedo a disposição do 11 e a regressar ao esquema de dois avançados puros. A diferença foi notória: com Derley e Lima a equipa teve outra presença na área, outra acutilância.

Face ao que Talisca tem vindo a demonstrar - técnica, qualidade, envolvimento no jogo e golos - Jorge Jesus fica pois com um dilema. 

Claramente a posição onde Talisca se sentiria melhor é de Enzo. O argentino é porém o pêndulo da equipa e como tal é um titular indiscutível.

Até agora, Talisca tem jogado na posição de falso ponta de lança, segundo ponta de lança ou número 10 mas não há dúvida de que, sobretudo nos jogos em casa com equipas mais pequenas, se justifica uma presença mais permanente na área, função que Derley desempenha de um modo mais efectivo. Para além deste último, há aliás agora mais uma solução, Jonas.

No jogo com o Moreirense, Jesus optou por tirar o "trinco" Samaris e recuar Talisca que passou a jogar ao lado de Enzo. Realmente não se justificava um médio de cobertura, posicional, quando o adversário praticamente não atacava. No entanto também não é de crer que joguemos, sobretudo nos jogos mais difíceis, nomeadamente fora de casa e jogos europeus, sem um trinco de raiz ou pelo menos um jogador com características de cobertura e recuperação de bola.

Temos assim boas e variadas opções para o meio campo e para o ataque. Para além destes há ainda André Almeida, Cristante, Fedja e Rúben Amorim, Nélson Oliveira e Jara (para além dos jovens da equipa B).

Jorge Jesus tem muitas e boas dores de cabeça, como se costuma dizer, para escolher os 4 jogadores que jogam no centro do campo e no centro do ataque.

A "solução" poderá passar por uma alternância do esquema da equipa, entre os jogos fora e os jogos em casa, ora com um esquema de um ponta de lança, com Talisca no apoio e recuando para o meio campo quando a equipa defende, ora com dois pontas de lança, eventualmente com Enzo e Talisca no meio campo.


Se ainda não viu, não deixe de seguir o link para o nosso post sobre a "absolvição" de Pinto da Costa:

http://justicabenfiquista.blogspot.pt/2014/09/1-de-abril-anedota.html


1 de Abril? Anedota?

A notícia de ontem - que nem sequer aprofundei - de que Pinto da Costa foi (voltou a ser?) ilibado é algo que enjoa e que enoja. Algo que mais uma vez descredibiliza por completo a justiça portuguesa.

Faz lembrar aqueles filmes, passados em Gotham City ou nalgum outro local imaginário ou futurístico, nos quais praticamente todos os políticos, decisores e homens em lugares de poder são corruptos que ademais têm os juízes no seu bolso.

Digo-vos uma coisa, não deve ser fácil ser polícia e muito em particular polícia de investigação neste País. 

Pinto da Costa nunca foi praticamente condenado a coisa nenhuma, com excepção de uma pena de dois anos de suspensão pela justiça desportiva - da qual não recorreu - que aliás poucos efeitos práticos teve.

Nos tribunais foi absolvido em praticamente todos ou mesmo todos os processos, designadamente os ligados ao apito dourado e os que o opuseram a Carolina Salgado. Com o infame Lourenço Pinto à sua ilharga, passou incólume por tudo, desde subornos e corrupção a espancamentos encomendados.

Ora vir agora, passados todos estes anos, "absolver"mais uma vez Pinto da Costa só pode ter uma intencionalidade clara de branquear e tentar rescrever a história, possivelmente na esperança de daí retirar benefícios. 

Pelo que percebi, a Federação, com base na decisão judicial, anulou o castigo a Pinto da Costa. Trata-se de uma atitude repulsiva, que denota um comportamento e uma mentalidade viscosa. Fernando Gomes, é o responsável máximo por esta decisão. Convém registá-lo.

Nota: estava-me a esquecer de um "pormenor" importante. É que Pinto da Costa e Jacinto Paixão foram "absolvidos" alegadamente por as escutas não poderem ser aceites como meio de prova, apesar de Jacinto Paixão ter ele próprio feito um vídeo no qual confessou a corrupção.




quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Equipa (ainda) em construção

O Benfica terá feito (assim todos o esperamos) muito boas contratações, equilibrando um plantel que parecia em desagregação e perda acentuada de qualidade. Os negócios foram aparentemente bons, o problema é que aconteceram já nas vésperas do encerramento do mercado, o que significa que algumas pedras importantes não fizeram a pré-época, como Samaris e Cristante - ou nem sequer começaram ainda a jogar, como é o caso de Júlio César e Jonas. 

Esta equipa está portanto ainda em fase de construção ou crescimento. O próprio Talisca, que me pareceu desde o início um jogador com muita qualidade e enorme potencial, é um jovem que precisa de tempo para assentar na equipa. Samaris ainda mais, pois está no sector nevrálgico do centro do terreno. Por outro lado, jogadores como Bebé e Jonas terão também um espaço na equipa (embora este último não para a Liga dos Campeões) e o próprio Derley, se conseguir "crescer" e perder o medo também poderá ser uma opção válida. Na defesa veremos se Jardel será o titular do lugar.

A vitória por 5-0 em Setúbal foi evidentemente uma óptima notícia e um bom indicador da qualidade que existe e do que o Benfica poderá fazer esta época nas provas nacionais. Não permite porém embandeirar em arco, pois esta equipa perdeu jogadores que eram fundamentais na sua dinâmica do ano passado, jogadores de enorme classe, como Garay, Siqueira, Rodrigo e Markovic (para não falar de Oblak), precisando naturalmente de tempo para que os que chegaram consigam colocar a sua qualidade ao serviço da equipa e esta adquira nova dinâmica. 

É evidente que o posicionamento e a movimentação de Talisca não são os de Rodrigo, que a saída de Garay implica uma maior lentidão da defesa e que Samaris é um jogador com um estilo próprio, pelo que a equipa terá que "absorver" e se adaptar a estas realidades.

Perante uma equipa já bem estabelecida, bem trabalhada, que manteve o essencial da época passada e se reforçou "só" com Garay, Javi Garcia e Arshavin, a tarefa do Benfica tornou-se quase impossível quando erros individuais deitaram tudo a perder. Com uma desvantagem no marcador e em número de jogadores pouco depois do primeiro quarto de hora era quase impossível fazer diferente, pelo menos nesta fase. 

Nada está perdido, embora as coisas se tenham complicado. Não custa perceber que o Zénite é a equipa mais forte deste grupo. A vitória de um fraco Mónaco sobre o Leverkussen indica que o Benfica poderá, se der o seu máximo e souber ser inteligente, ficar em segundo lugar do grupo, vencendo os seus restantes jogos em casa e não perdendo fora com nenhum dos que passaram agora a ser os adversários diretos. Eventualmente terá mesmo que vencer um desses jogos, dependendo das combinações de resultados que forem surgindo.

Os adeptos estiveram bem ao reconhecer o esforço e ao apoiar a equipa. Há que continuar a trabalhar para que ela cresça, para que se torne mais sólida, mais segura, mais compacta. Será uma época longa e exigente mas penso que o Benfica pode, pelo menos ao nível nacional, fazer algo de parecido com o que aconteceu na época passada, nomeadamente ser campeão e talvez vencer a Taça. Seria certamente uma excelente época, que nos deixaria todos muito felizes. Quanto à Champions, penso que temos qualidade para poder passar este grupo, mas para isso precisamos de conseguir resultados - mais do que exibições - nesta fase em que a equipa ainda está em formação. A começar já em Leverkussen.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O plantel e as hipóteses do Benfica esta época

Com o plantel fechado até Dezembro, o Benfica apresenta um quadro de jogadores razoável para os objetivos a que se propõe esta época: renovar o título de campeão e passar a fase de grupos na Champions League.

Os piores receios não se verificaram, pois Gaitan e Enzo mantiveram-se no plantel e este foi ainda reforçado com Samaris e Cristante. Ou seja, existem várias soluções para o meio campo do Benfica.

Para duas posições no meio campo (6 e 8 como agora se repete muito) temos André, Enzo, Samaris, Cristante e o próprio Talisca, para além dos lesionados Rúben e Fedja. São portanto soluções de sobra e de qualidade. Nesta fase Samaris e Cristante lutarão por um lugar ao lado de Enzo, de acordo com o próprio Jorge Jesus, lugar que tem sido ocupado por André Almeida. Com o progredir da época podemos admitir outros cenários, pois JJ já disse que gostaria de contar com Samaris na "posição 8". Admitindo que em Janeiro o Valência poderá voltar à carga por Enzo, é de admitir que existam nessa altura reajustes no plantel.

Continuando a análise ao plantel. curiosamente, temos poucos extremos: para substitutos de Gaitan e Sálvio temos apenas Ola John, Bebé e Pizzi. Noutros anos existiram mais e melhores opções para as faixas.

O problema principal nesta altura reside no eixo do ataque: Lima é escasso. Talisca deu óptimas indicações mas não parece ser - pelo menos no imediato - um jogador com as características necessárias para jogar no ataque. Talisca é excelente no passe (finalmente temos quem cobre bolas paradas com qualidade), tem alguma velocidade mas não tem a dimensão física que um avançado necessita. Talvez JJ venha a "inventar" algum esquema ou solução que resolva este problema, mas para já o que se viu foi um Benfica com défice de concretização das várias oportunidades criadas.

Estamos ainda no início da época, por isso é de admitir que venhamos a melhorar. Para já o descalabro não aconteceu. Apesar das múltiplas saídas, a equipa continua equilibrada e com qualidade. As permanências de Luisão, Enzo, Sálvio e Gaitan eram fundamentais para manter alguma estabilidade e um patamar elevado de qualidade e Samaris e Cristante vieram dar mais soluções e acrescentar qualidade. Ficou a faltar um ponta de lança, que seria excelente ser Campbell. Talvez em Janeiro tal se possa concretizar, sendo de admitir que possa também sair Enzo nessa altura. Até lá teremos que usar a prata da casa no ataque, designadamente Derley e Nélson Oliveira na Champions e estes mais Jara no campeonato para jogarem ao lado ou em vez de Lima. É pouco mas é o que há. Esperemos que estes jogadores sejam capazes de agarrar a oportunidade e potenciar as suas qualidades. Caso Jesus acabe por decidir, como muitos crêem, que Bebé pode ser uma solução para o ataque, melhoramos um pouco o leque de soluções (embora fiquem depois menos soluções para as faixas...).

Seja como for, este grupo permite ter esperanças numa época de algum sucesso. No campeonato, o Benfica tem o conforto de ser o campeão em título e de o seu adversário estar sob bastante pressão em virtude do investimento enorme que realizou. O Porto não se pode dar ao luxo de perder mais um campeonato. O ambiente tornar-se-ia insuportável e a situação financeira descambaria. Nesse sentido, o Benfica tem uma tranquilidade maior para abordar os seus jogos, sobretudo mais para a frente na época, quando a pressão começar a aumentar. Veremos se conseguiremos transformar isso numa vantagem efectiva e suplantar o défice de valor que parece existir nesta fase em termos de cotação dos planteis.

Quanto à Champions, onde o Benfica não tem tido grande sucesso nos últimos anos, penso que existem possibilidades de suplantar este grupo e avançar para os oitavos. O Mónaco é uma equipa vulgar, o Bayer é uma equipa que já batemos no passado e que não está no patamar do Bayern ou do Dortmund e o Zénite é uma equipa forte, talvez o favorito do grupo. Qualquer equipa tem as suas chances e o Benfica tem que fazer uso da sua ampla experiência europeia para progredir na competição.




segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Falta um avançado

O Benfica foi melhor do que o Sporting e deveria ter vencido o jogo. Fez o suficiente para tal, não fosse o erro de Artur e um ataque demasiado perdulário na hora de finalizar.
Falta ao Benfica um avançado que crie e concretize situações de golo. Apenas Lima é escasso para este nível de exigência. Talisca tem dado boas indicações e ontem fez um jogo muito bom mas não tem as características de presença na área de um ponta de lança.
Por outro lado Derley, nas poucas oportunidades que teve, não conseguiu convencer, ao passo que Nélson Oliveira parece não contar para JJ.
Campbell seria uma excelente opção para reforçar o ataque mas parece-me muito difícil que tal se possa concretizar, até tendo em atenção a lesão de Giroud.

Por outro lado, a permanência de Enzo daria muitas garantias de que o Benfica, apesar das saídas altamente significativas de jogadores, poderia manter um nível qualitativo elevado esta época e ser competitivo contra plantéis mais caros (a começar, a nível interno, com o Porto que investiu muitos milhões). Com o grego Samaris, o regresso de Fedja, André Almeida, o novo médio aparentemente contratado ao Milan Cristante e o próprio Talisca passariam a existir várias e diversificadas opções no plantel para o meio campo.

Já uma saída de Enzo nesta altura obrigaria a equipa a começar quase do zero no que ao centro do terreno diz respeito. Um cenário que se deve pois evitar naquilo que depender do Benfica.

Quanto à defesa, se no centro Luisão e Jardel, com Lisandro à espera de uma oportunidade, vão chegando para a realidade do nosso campeonato, e na esquerda estamos bem servidos (há ainda Benito), já na direita não existe à partida uma alternativa consistente a Maxi. André Almeida pode episodicamente desempenhar as funções mas não tem o ritmo subida/descida necessário para dar dinâmica à equipa. Havia esperança de que Cancelo fosse essa alternativa mas por razões que desconheço saiu.

Finalmente no tocante à baliza penso que Artur terá ontem feito um dos últimos jogos como titular, devendo Júlio César assumir o lugar com naturalidade e com benefícios para a equipa. Artur nunca conseguiu aprender a sair dos postes ou a jogar com os pés, transmitindo assim nalguns jogos uma tremenda insegurança. Júlio César não sendo um Oblak é no entanto um guarda redes consistente, emocionavelmente estável, experiente e rodado ao mais alto nível. Creio que a sua entrada poderá dar estabilidade ao sector defensivo.

Muito está pois ainda em aberto neste dia de fecho do mercado de transferências que será de bastante ansiedade para os benfiquistas, nomeadamente a questão Enzo e do ponta de lança.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Assim será difícil...

Claro que ainda é cedo, mas este plantel do Benfica está muito longe do mínimo exigível.

É muito difícil, senão quase impossível, manter o nível de competitividade da época passada com a sangria de jogadores titulares que se está a verificar: o guarda redes titular indiscutível, um central de classe mundial, um lateral de grande pulmão, o centro nevrálgico do meio campo (tudo aponta para que Enzo sairá também) e um dos avançados titulares. Markovic e André Gomes são baixas no plantel mas não tanto no 11 (Sálvio substitui o sérvio sem problemas ao passo que Gomes não era um titular indiscutível). 

Para que tal pudesse acontecer, seria necessário o Benfica contratar outros nomes de relevo, outros jogadores com dimensão, categorizados. Até agora isso não aconteceu. O Benfica tem contratado alguns jogadores médios, com algum potencial, como o brasileiro Talisca, mas pouco mais do que isso. Sem Enzo e sem Fedja, que continua lesionado e só regressará com a época já a decorrer (e veremos em que condições), este quadro de jogadores não dá garantias. Pelo contrário, sugere que poderemos andar algumas jornadas até à equipa se equilibrar, o que pode significar uma perda de pontos considerável.

Compreende-se que existam necessidades de realizar algum dinheiro e que a pressão dos clubes financeiramente mais poderosos torne insustentável a permanência de um jogador com mercado e promessas de grandes ganhos salariais. No entanto tem que existir um equilíbrio nas coisas, caso contrário volta-se o Benfica-entreposto, uma porta giratória na qual jogadores entram e saem sem consolidar uma equipa. 

De titulares, de jogadores claramente com classe para serem titulares do Benfica, temos neste momento no plantel Maxi Pereira, Luisão, Fedja, Gaitan, Sálvio e Lima. É pouco. E fala-se ainda da possível saída de Gaitan. 

Num quadro destes será difícil ganhar algo de relevante esta época. 

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Duras lições do Brasil

A participação absolutamente falhada e quase patética da selecção nacional neste Mundial tem evidentemente mais do que uma causa. No entanto, toda a história d' "o melhor do Mundo" e o circo que consequentemente se montou à volta a selecção foi algo de muito nocivo.

A derrota desastrosa contra a Alemanha e a insistência dos jogadores e técnicos em que não tinham que mudar nada marcaram definitivamente o nosso destino no Mundial - e deveriam marcar o fim de ciclo para alguns.

Se alguém se der ao trabalho de ir ler tudo o que eu escrevi desde o início do Mundial, verifica que infelizmente antecipei no que se ia passar. Desde a insistência num meio campo que claramente não chegava à "Ronaldomania" identifiquei as duas principais fraquezas desta selecção. A lição tem que ficar para o futuro.

Comecemos pelo princípio: a convocatória.

Paulo Bento não pode inventar nem contratar jogadores. Postiga, Hugo Almeida e o próprio Éder não acrescentam praticamente nada à nossa selecção mas são o que temos. Não há mais.

No meio campo talvez Adrien pudesse ter sido convocado. Na defesa Antunes deveria claramente te-lo sido. Mas essas situações pontuais dificilmente teriam um impacto significativo na nossa participação no Mundial.

Já quanto ao 11 a questão é diferente.

Paulo Bento cometeu erros que eu identifiquei em tempo devido, tal como aliás muitos comentadores e observadores. Meireles (não é por ter sido do Porto, porque na selecção não há clubes) claramente já não tem condições para estas andanças. Veloso perdeu muita "intensidade" na Ucrânia e também já não é jogador de selecção. Dia 17 de Junho eu escrevi isso mesmo e também que William e Amorim deviam entrar na equipa. Escrevi antes do jogo com os EUA. Paulo Bento também achou isto mas apenas depois do jogo com os EUA, quando estávamos já praticamente eliminados.

Também achei que, face á pobreza dos nossos pontas de lança, Ronaldo devia jogar no meio abrindo uma vaga para Varela ou Vieirinha. Isso traria a vantagem adicional de proteger o flanco esquerdo, que com Ronaldo a não recuar, ficava entregue apenas ao lateral esquerdo. Paulo Bento percebeu o problema mas não optou por esta solução, ou fê-lo apenas parcialmente. Não sabemos se terá sido o próprio Ronaldo a não querer esta solução. O que nos leva ao ponto seguinte.

É evidente que sem Ronaldo Portugal com toda a probabilidade não teria estado no Mundial. O seu hat trick na Suécia (que juntou ao golo da primeira mão em Lisboa) marca um exibição memorável e uma noite para recordar. Ninguém lhe tira esse mérito.

Mas a selecção tem que estar acima de todos os indivíduos. Este ano isso não aconteceu. Esta foi a selecção de Ronaldo e seus acólitos, constantemente a repetirem que ele era "o melhor do mundo" e sempre preocupados em darem-lhe a bola, mesmo quando estavam em melhor posição para finalizar. Isso foi desastroso para a selecção. É verdade que foi um pouco assim que vencemos a Suécia. É verdade que com um jogador da qualidade de Ronaldo essa tentação existe. É verdade que provavelmente os jogadores (com excepção de Nani) sentiam que eles próprios não tinham capacidade para finalizar, passando a responsabilidade para Ronaldo. Mas isso não pode ser uma estratégia de jogo. Pelo contrário tem que ser contrariado. As equipas têm antes de mais que ser um colectivo harmonioso. Só assim se destacam depois os talentos.

Ronaldo fez o que conseguiu mas há que perceber que dadas as suas características, o estilo do seu futebol e a sua personalidade, ele não tem (pelo menos por agora) perfil de líder dentro e fora de campo. Messi ou Neymar, pelas suas características de condução de bola, têm mais influência nas suas equipas do que o capitão português.

Mas se o mediatismo do melhor jogador português não foi bem gerido, já o circo que se montou à volta da selecção não é de modo nenhum sua culpa. Entrevistas constantes, directos a toda a hora e momento, nomeadamente dos treinos, com as imagens a chegar a todo o mundo, treinos à porta aberta, tudo isso não constitui de forma nenhuma um ambiente normal e propício à concentração exigida. Chegou-se ao cúmulo do ridículo de se "entrevistar" Ronaldo durante um treino para lhe perguntar "Ronaldo, tudo bem?". Parecia que se estava no café. Aí as responsabilidades têm que ser repartidas entre a FPF (que certamente fez este acordo com RTP e Sporttv para se promover e provavelmente receber mais uns dinheiros) e Paulo Bento (que não protegeu devidamente o seu grupo e a sua própria pessoa). Após os jogos o seleccionador via-se obrigado a falar por 3 e até 4 vezes às televisões! Isso é absurdo. Para além de ser filmado o jogo inteiro o que também o expõe em demasia.

Por último, há que pensar seriamente no futuro do futebol português e sobretudo do jogador português. Os níveis mínimos de portugueses nos três grandes são preocupantes. Esperemos que a aposta da formação do Benfica seja para ter sequência e continuidade e que cada vez mais jogadores formados no clube possam chegar à equipa principal. Sem essa base consistente não será certamente com jogadores a jogar no Chipre, na Grécia ou na Turquia que poderemos ter uma selecção muito competitiva.

Há pois que aprender lições deste Mundial. Precisamos de mais trabalho de base, de mais humildade, de mais cabeça e de menos espectáculo, menos mediatismo, menos declarações bombásticas, menos expectativas. Menos individualismo e mais espírito de grupo. Representar Portugal tem que ser encarado com um sentido de responsabilidade que esteve algo ausente deste grupo de jogadores e dirigentes que se julgaram por momentos as principais vedetas.