sexta-feira, 27 de junho de 2014

Mundial 2014 - balanço provisório e favoritos para os quartos de final

A primeira fase do Mundial está concluída.

A eliminação de Portugal consumou-se e a realidade abateu-se pesadamente sobre o sonho dos Portugueses. Já fui dizendo qualquer coisa sobre o assunto mas farei muito em breve um balanço e uma avaliação mais detalhada sobre a nossa participação.

Esta primeira fase foi relativamente bem disputada, teve alguns belíssimos jogos e trouxe algumas surpresas.

Como já assinalei, as equipas americanas apresentaram-se bastante fortes e surpreenderam as europeias.

A "sangria" europeia foi grande: Croácia, Espanha, Inglaterra, Itália, Bósnia, Portugal e Rússia. Passaram a Holanda, a Grécia, a França, a Suíça, a Alemanha e a Bélgica. Dois favoritos, aos quais a França, com o o que demonstrou na fase de grupos, se aproximou, um outsider (a Bélgica), uma equipa "esticada" ao máximo das suas capacidades (Grécia) e uma outra que beneficiou de alguma sorte para conseguir alcançar os oitavos (Suíça). Olhando para o que a Grécia faz com recursos limitados percebemos que Portugal deveria ter feito bem melhor.

Das selecções americanas apenas Honduras e Equador ficaram pelo caminho, curiosamente ambas no mesmo grupo e perdendo para duas equipas europeias (foi a única excepção neste confronto Europa-Américas). A grande surpresa foi a Costa Rica que não apenas sobreviveu ao grupo mais difícil do Mundial como conseguiu ser primeira. O Chile foi a outra grande surpresa ao eliminar a Espanha e o México foi também uma surpresa positiva, sobretudo face à péssima campanha no apuramento, no qual foram salvos da eliminação directa por dois golos dos EUA aos 92 e 93 minutos contra o Panamá (vindo depois a vencer nos playoffs a Nova Zelândia).

Quanto aos restantes continentes, não houve nenhuma grande surpresa: apesar da participação esforçada o Irão foi eliminado, tal como a Austrália, a Coreia e o Japão. Continuam a ter um futebol pobre. Já o desempenho dos africanos não é muito mau até ao momento: apesar da eliminação do Gana, dos Camarões e da Costa do Marfim, a Argélia consegue o apuramento e a Nigéria também (embora sem grande brilho). Sobre a Argélia diga-se que tem confirmado o que de melhor se imaginava sobre esta selecção. Slijmani tem mostrado ser um avançado mortífero nas bolas aéreas mas toda a atitude da equipa, aliada a bastante qualidade, tem sido muito boa. Sobretudo nos últimos dois jogos demonstrou ter um bom poderio.

Os oitavos de final serão compostos pelos seguintes jogos:

Brasil-Chile
Colômbia-Uruguai
Holanda-México
Costa Rica-Grécia
França-Nigéria
Alemanha-Argélia
Argentina-Suíça
Bélgica-EUA

Os meus favoritos para os quartos são:

Brasil
Colômbia
Holanda
Costa Rica
França
Alemanha
Argentina
Bélgica

Ou seja, estou a apostar em todos os vencedores dos grupos. Claro que é praticamente impossível que todos os vencedores dos grupos passem. Embora me pareça que estas equipas são favoritas (nalguns casos até muito claras) deverá haver até mais do que uma surpresa.

Indo mais ao pormenor, o Brasil é favorito mas o Chile será certamente um adversário muito difícil. Contra o México (equipa algo semelhante ao Chile) o Brasil não conseguiu vencer. No entanto seria uma surpresa tremenda se o anfitrião fosse eliminado aos oitavos. A minha aposta no Brasil é pois firme.

Já no Colômbia-Uruguai há um equilíbrio muito grande. No histórico de confrontos o Uruguai leva vantagem, mas não uma vantagem esmagadora. A Colômbia está mais forte do que no passado. Suárez está suspenso. Daqui a minha previsão. Mas admito que o Uruguai possa voltar a surpreender. Veremos neste jogo até que ponto os grandes avançados colombianos conseguem levar a sua equipa a um novo patamar futebolístico.

A Holanda parece-me claramente favorita face ao México mas um bloco muito baixo dos mexicanos poderá causar problemas aos holandeses, que têm jogado até agora em contra-ataque. Veremos.

A Costa Rica está a ser a maior surpresa deste campeonato do Mundo. Nunca me passou pela cabeça que pudesse passar o seu grupo à frente de três campeões do Mundo. É algo de incrível. Seria muito surpreendente se agora perdesse frente a uma equipa que está abaixo do que Itália e Inglaterra valem.

Em relação à França, à Alemanha e à Argentina seria quase inacreditável que pudessem ser afastadas por equipas da dimensão da Nigéria, da Argélia e da Suíça.


No Bélgica-EUA imagino um jogo bastante equilibrado. O favoritismo que dou à Bélgica tem a ver com a qualidade dos seus jogadores. Mas se pensarmos que os EUA empataram com Portugal e perderam apenas por 1-0 contra a Alemanha não é disparatado imaginar que possam eliminar a Bélgica num dia em que as coisas lhes saiam muito bem. Klinsman já mostrou que prepara muito bem os jogos. Uma surpresa aqui seria apenas meia surpresa.


Assim, embora neste "mata-mata" todos possam cair, penso que Alemanha, Argentina e França estarão quase de certeza nos quartos. Brasil e Holanda também deverão conseguir ultrapassar os seus adversários embora os seus jogos não estejam isentos de riscos. Costa Rica também é favorita. Colômbia e Bélgica têm um ligeiro favoritismo.

No caso destas previsões se confirmarem (e não confirmarão certamente na íntegra), teríamos uns quartos de final com este alinhamento:

Brasil-Colômbia
Holanda-Costa Rica
França-Alemanha
Argentina-Bélgica.

Isto equivale a dizer que o Brasil e a Argentina dificilmente poderiam pedir um calendário mais favorável até às meias finais (nomeadamente em virtude da eliminação da Espanha que veremos já amanhã se foi uma coisa boa ou má para o Brasil). Aí poderíamos ter um Argentina-Holanda e um Brasil-Alemanha. Neste momento estas quatro equipas são de facto os principais candidatos aos primeiros lugares. Vamos ver se algum deles (ou mais do que um) vacila até lá. O Mundial (re)começa amanhã.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Estrelas do Mundial

Até ao momento, o jogador que mais brilhou neste Mundial foi sem dúvida Neymar. Dá gosto ver o pequeno grande jogador conduzir a bola: dele podemos esperar sempre qualidade, elegância e classe. A qualquer momento pode surpreender. Joga bem com os dois pés, com a cabeça, marca golos e faz jogar. Os momentos em que o Brasil entusiasmou tiveram quase sempre a sua participação. Tem 4 golos marcados em três jogos.
Apesar do Brasil parecer ter ainda algumas intermitências, tem sido a melhor equipa do Mundial.

Messi não tem estado ao seu melhor nível mas tem 4 golos em três jogos, 3 eleições como homem do jogo em 3 jogos jogados e decidiu a favor da sua selecção todos as partidas. Imaginem se estivesse...
A Argentina ainda não convenceu mas tem Messi e avança para os oitavos onde não deverá ter muitos problemas para eliminar a Suíça.

Robben e Van Persie têm repartido o protagonismo numa Holanda tacticamente renovada. Robben porém tem sido ainda mais decisivo com as suas impressionantes cavalgadas de mais de meio campo. Um grande jogador que, como os outros grandes, aparece nos grandes palcos e grandes momentos.
Nos oitavos a Holanda enfrentará uma equipa forte e equilibrada como tem sido o México.

Outro jogador que tem estado em grande forma e me tem surpreendido é James Rodriguez. Tem três golos e duas assistências. Veremos até onde esta Colômbia pode ir. Para já joga com o Uruguai no qual Suárez voltou a premir o botão de autodestruição e que dificilmente ultrapassará essa contrariedade. 

Shaqiri, Mueller e Benzema têm também 3 golos (o alemão tem menos um jogo que os restantes, sendo que seria uma tremenda alegria se hoje pudesse marcar mais três...) e estão a fazer bons mundiais. Estão a ser o que as suas equipas precisam e a assumir as responsabilidades de resolver. Benzema está a surpreender pela positiva (tal como, em certa medida, a França). Podia aliás ter 4 golos se o árbitro do jogo contra a Suíça não tivesse acabado o jogo décimas de segundo antes do franco-argelino marcar mais um golo espectacular num volley. Para além disso tem duas assistências. Shaqiri mostrou a qualidade que se lhe conhece e que nem sempre vem ao de cima, com um hat trick que envolveu golos sensacionais.

Dempsey nos EUA, é outro jogador que tem assumido a liderança da sua equipa, tendo já dois golos marcados em dois jogos. Slimani também tem estado muito bem e terá hoje um jogo importantíssimo no qual a Argélia disputa com a Rússia a passagem aos oitavos de final.

Ronaldo, "o melhor do mundo" tem zero golos marcados e uma assistência. Ronaldo tem aliás apenas 2 golos em 3 mundiais disputados (contando com o actual). Ainda vai a tempo de alterar este registo demasiado pobre. 

terça-feira, 24 de junho de 2014

O melhor do mundo (e arredores...)




Como se não bastasse a lamentável imagem deixada por esta selecção no Brasil, Ronaldo agravou ainda mais o estado de coisas.

Depois do célebre "Perguntem ao seleccionador", aquando da nossa eliminação em 2010, desta vez a culpa foi dos colegas, porque afinal de contas "não temos grandes jogadores" (com excepção dele, claro).

Naquele momento senti vergonha de que aquele jogador fosse português.

Aturei muito a Ronaldo (muitos penteados, muitas calinadas, muita vaidade, muitos momentos ridículos) sem lhe fazer críticas, porque estava convencido de que ele sentia genuinamente o seu País e porque evidentemente o seu valor futebolístico é de facto superior.

No entanto estas declarações, depois de ter deixado alimentar a conversa d' "o melhor do mundo" durante semanas a fio, depois dos seus próprios colegas terem aceitado completamente o seu estatuto quase de única estrela da seleção, depois de jogarem para ele a bola constantemente, são inqualificáveis e não podem ser defendidas. 

Basicamente Ronaldo disse que:

os Portugueses se deviam dar por muito satisfeitos por ele se dignar jogar pela seleção, uma vez que era "muito fácil ficar em casa" com um campeonato "espectacular" e uma Liga dos Campões ganha; 
que os seus colegas não estavam à altura da sua categoria, pois a nossa selecção (apesar dele ser "o melhor do mundo") afinal é apenas média e não tem grandes jogadores (com excepção dele claro);
que ganhar era uma ilusão (apesar do próprio ter dito uma semana antes que este ia ser o ano de Portugal);
que "podia ter dado mais" mas que deu "a cara" (ficando por perceber qual a razão pela qual não deu tudo o que podia).

NÃO SÃO PALAVRAS DIGNAS DE UM CAPITÃO DE PORTUGAL.

Ronaldo deveria ter pensado muito melhor no que ia dizer pois desrespeitou a selecção e defraudou muitos portugueses.

Importa dizer que a selecção tem estado em geral muito mal e que não tem criado condições para praticamente ninguém brilhar. Mas Ronaldo tem estado igual ou pior: uma absoluta desilusão que apenas pede a bola a todo o mundo e  quando a tem a única coisa que faz é correr e fazer remates quase sempre sem nexo.

Ronaldo tem 2 golos em 3 mundiais, o que é um péssimo registo, muito longe de qualquer jogador que se queira intitular "o melhor do Mundo".

Ao ver Messi (sem jogar particularmente bem) resolver, ao ver Neymar jogar como joga e marcar como marca, ao ver Robben, Van Persie, Ruiz, Rafa Marquez, Suárez, penso que "o melhor do mundo" deveria fazer muito, mas mesmo muito mais pelo seu País.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Que tristeza meu Portugal

Infelizmente eu tinha razão. Era previsível, demasiado previsível.

Houve impreparação, houve vedetismo, houve complacência e houve incompetência.

Esta selecção estava gasta e só Paulo Bento não o entendeu.

Meireles e Veloso não têm rotação e Postiga, Éder e Hugo Almeida não têm categoria para jogar a este nível.

Portugal está eliminado e o seleccionador é o principal responsável.

Ronaldo escondeu, com um par de jogos excepcionais no playoff, o ocaso desta geração mas o desastre estava praticamente anunciado.

Agora é claro que as escolhas de Paulo Bento foi errada. Hugo Almeida e Postiga claramente não tinham condições para ser convocados, algo que eu, como mero escritor de um blog, posso ignorar, mas que o seleccionador devia saber. Se Rafa não contava para que foi convocado? A não convocação de Antunes para além de injusta foi muito arriscada e infelizmente Coentrão lesionou-se.

Mas acima de tudo as escolhas do 11 foram erradas e isso estava na cara para todos.
 
Aquele meio campo era errado - isso viu-se claramente no jogo contra a Alemanha. Mas Paulo Bento insistiu. Era evidente que isto ia acontecer - eu escrevi-o na altura devida. Por duas vezes!
 
William Carvalho era um titular claro. Amorim deveria ter sido opção. Quantas substituições se gastaram com jogadores lesionados?
 
Não era evidente que Éder, Almeida e Postiga eram escolhas erradas?
 
Não foi evidente nos dois jogos que o lateral esquerdo estava completamente abandonado à sua sorte? Não era evidente que Ronaldo não fechava o seu flanco?
 
Então porque não colocar no 11 Vieirinha ou Varela de início, jogando Ronaldo solto na frente?
 
Porquê Paulo Bento?
 
É difícil encontrar explicações.

domingo, 22 de junho de 2014

Paulo Bento está a errar

Os resultados dos jogos disputados no grupo G sugerem que Portugal é a pior equipa.
Claro que estas coisas não funcionam linearmente assim, mas se pensarmos que Portugal foi goleado por uma equipa que depois empatou com outra (tendo estado a perder já bem dentro da segunda parte) e que essa outra anteriormente perdeu com os EUA, com quem jogaremos hoje, as perspectivas não são de facto as mais favoráveis para a selecção.
 
Para retificar o que aconteceu e para inverter a nossa actual classificação no grupo, teremos certamente que mudar. É isso que eu acho que Paulo Bento não terá interiorizado por completo, nomeadamente percebendo onde deveria mudar.

Se os jogadores são os mesmos, se a estratégia é a mesma, se a própria atitude contra a Alemanha foi correcta (como disseram os jogadores) apesar das coisas não terem corrido bem, então o que mudará nos próximos dois jogos (note-se que estamos praticamente obrigados a vencer ambos e que uma derrota em qualquer deles significa eliminação automática) para os resultados serem radicalmente diferentes?
 
Os jogadores não serão exatamente os mesmos (por via de lesões e castigos) mas por aí só poderemos mudar para pior: a ausência de Pepe e Fábio Coentrão (e se calhar até de Bruno Alves) tornará a selecção ainda mais fraca na defesa e muito "coxa" no flanco esquerdo.
 
Num ambiente de maior calor e humidade a dimensão física será ainda mais relevante e a persistência de Paulo Bento neste meio campo poderá a meu ver ser fatal.
 
Respeito as pessoas que têm convicções fortes e que não são influenciáveis. Penso que um homem se deve manter fiel às suas ideias mesmo quando outros, por diferentes razões, lhe dizem que deve mudar, se o próprio sabe porque decide como decide e está convicto daquilo que está a fazer.
 
Essas ideias e convicções devem porém ter sempre uma base e uma justificação racional.
 
Um Meireles que (não estando em causa o seu valor e dedicação à selecção) não tem condições físicas para dar ao nosso meio campo a necessária capacidade de pressão, aliado a um Veloso pouco acutilante e um Moutinho na pior forma que se lhe conhece na carreira, são a receita para o desastre. Paulo Bento está a insistir num erro.
 
No ataque já defendi que Postiga e os restantes avançados pouco acrescentam e que Ronaldo seria a melhor opção até porque isso permitiria a entrada de Vieirinha ou Varela, esses sim capazes de acrescentar agressividade ao nosso ataque e outra presença em todo o flanco, algo que Ronaldo, na forma em que está, não assegura, deixando o defesa esquerdo entregue a si próprio.
 
Ao insistir nestas opções (que para mim são erradas), Paulo Bento está a prepara-se para o fracasso.
 
Acho que esta equipa não dá garantias de coesão. O meio campo é lento e pouco combativo e o flanco esquerdo estará partido entre um defesa que pouco subirá (André Almeida tem muitas limitações a jogar na esquerda) e um avançado que (por evidente limitação física bem como pelas suas características) não recua para ajudar a defender. Postiga ou Éder por seu turno estarão muito sozinhos na frente e serão em geral presa fácil dos defesas.

Com Ronaldo no meio não só teríamos mais rotação na esquerda, pois Vieirinha, apesar de ser menos explosivo tem mais condição física e capacidade de subir e descer no flanco do que o actual Ronaldo, como teríamos, aí sim, um perigo constante no meio, sempre imprevisível e com um pontapé poderosíssimo, como é o nosso melhor jogador.
 
Espero estar redondamente enganado.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Uma semana de Mundial - predomínio das Américas

A primeira grande nota deste Mundial é o afundamento das selecções europeias e o domínio das Américas.
Existem neste momento 3 seleções apuradas e duas são sul-americanas: Chile e Colômbia, ambas surpreendendo e ambas vencendo equipas europeias no sue grupo. De igual modo o Uruguai venceu ontem a Inglaterra deixando esta selecção europeia muito perto da eliminação, o que aliás seria uma pena uma vez que a Inglaterra está este ano a mostrar um bom futebol. Espanha já está eliminada, naquele que foi o primeiro grande choque deste Mundial.

As excepções ao mau desempenho europeu estão a ser a Holanda (já apurada) e a Alemanha (apesar de um jogo ser pouco para avaliar uma equipa, foi possível ver que os alemães não foram ao Brasil brincar).

Os próximos capítulos desta "batalha" entre a Europa e as Américas serão o Itália-Costa Rica, o Portugal-EUA e o Croácia-México. Note-se que qualquer resultado que não a vitória das equipas europeias significará, ou matematicamente ou perto disso, a eliminação de equipas europeias (no caso do jogo da Itália a "vítima" será a Inglaterra e não a própria Itália). O caso em que não implica eliminação automática é o de Portugal, mas se não ganharmos ficaremos numa posição desesperada e dependente de um quase milagre na última jornada.

A França e a Suíça estão a "destoar" e a conseguir superiorizar-se no seu grupo às selecções americanas, (Equador e Honduras) mas ainda é cedo e além disso estas são das mais fracas seleções dos continentes americanos presentes no Mundial.




quarta-feira, 18 de junho de 2014

Estará a selecção preparada para jogar em Manaus?

As dúvidas são legítimas depois do triste espectáculo dado no último jogo.
De acordo com os próprios brasileiros o clima de Manaus é impiedoso.
Terá a nossa preparação sido a mais adequada? A avaliar pela condição física dos jogadores no último jogo, não!
Claro que uma preparação não é feita apenas para um jogo, pelo que a resposta não pode ser definitiva e carece de ser reavaliada depois do próximo jogo. Os sinais são porém preocupantes. 

Outras seleções fizeram preparações diferentes, orientadas para replicar em treino as condições difíceis dos jogos (calor e humidade). A nossa não o fez.

Quero crer que há razões para tal e que a nossa preparação obedece a uma estratégia bem delineada. O próximo jogo trará a resposta, pois é decisivo.

E sobre esse jogo é preciso perceber que teremos pela frente um adversário muito difícil, duro de roer.

OS EUA não são uma selecção que vá muitas vezes à frente, que tenha muito talento, que crie muitas situações de golo.
Mas é uma equipa muito lutadora, muito forte fisicamente, muito competitiva e muito objectiva. Uma equipa que defende muito bem.

Portugal terá que fazer um jogo completamente diferente do de segunda-feira e não poderá abordar esta partida com nenhum tipo de sobranceria. Não podemos ganhar nada neste jogo, pois mesmo uma vitória não decidirá nada e continuaremos dependentes do que acontecer na última jornada. Se, por absurdo, os EUA vencessem a Alemanha na última jornada, Portugal poderia ser eliminado mesmo vencendo o Gana. Isto porque o critério de desempate não são os confrontos entre as equipas mas sim a diferença entre golos marcados e sofridos, aspecto em que, face à goleada sofrida no primeiro jogo, Portugal está muito mal posicionado. 
Se, por outro lado, Portugal vencer os EUA e a Alemanha vencer os seus restantes jogos, um empate contra os africanos basta a Portugal para passar aos oitavos de final.

Mas se não podemos ganhar nada (a não ser o próprio jogo) contra os EUA, temos porém muito a perder - nomeadamente podemos ser eliminados à segunda jornada em caso de derrota.

É assim absolutamente certo é que Portugal tem que vencer os EUA, num jogo que se disputará perante um clima inclemente que condicionará - e muito - o rendimento dos jogadores. Veremos como ultrapassaremos estas várias dificuldades. 

A ideia de que perder por 1 ou por 4 é igual só é válida se conseguirmos chegar ao fim da fase de grupos com mais pontos do que EUA ou Gana (obviamente já nem coloco a Alemanha nesta equação pois passará em primeiro certamente). Se houver igualdade pontual a coisa decide-se por diferença de golos - e aí o cenário não é para já animador.

Portugal tem que enfrentar este jogo com os EUA com a máxima seriedade e sentido de responsabilidade, muito espírito de sacrifício e jogando como equipa. Jogar para Ronaldo a todo o momento, sobretudo no último terço do terreno é uma estratégia absurda que não pode conduzir a nada de bom.

Admito-o: estou muito preocupado quanto às nossas possibilidades de nos apurarmos. Penso que seria muito mau para a nossa imagem no Brasil, para os nossos imigrantes espalhados pelo mundo e para o ânimo dos portugueses em geral se ficassemos pela fase de grupos. Espero sinceramente que isso não aconteça. Mas para alcançarmos o objectivo de passar esta fase precisamos de outra atitude, de outra energia, de outra determinação e de outra atitude competitiva. Vedetismo e culto da personalidade não fazem parte do compêndio vencedor.


terça-feira, 17 de junho de 2014

Selecção precisa de revolução

Depois da avalanche alemã e do triste espectáculo que a selecção ofereceu ao Brasil, impõem-se medidas por parte de Paulo Bento.
O seleccionador português esteve muito mal na preparação do jogo - a equipa perdeu completamente o meio campo e foi atropelada pelo ataque alemão - mas tem agora que ser capaz de apanhar os cacos desta equipa e apresentar um 11 que seja capaz de vencer os dois jogos que faltam - e não será nada fácil.
Para isso, Paulo Bento precisa de mudar estruturalmente a equipa: Meireles, Moutinho e Veloso fazem um meio campo que já não tem andamento para este tipo de competições e que para além disso não tem dimensão física. É portanto por aqui que a coisa tem que começar a mudar, nomeadamente com a entrada imediata de William Carvalho na equipa.
Recuemos 10 anos.
Portugal perde no jogo de inauguração do Euro contra a Grécia. No jogo seguinte, Scolari promove uma revolução na equipa: saem os "velhos" (Paulo Ferreira, Rui Jorge, Fernando Couto e o próprio Rui Costa) e entram os jovens (Miguel, Nuno Valente, Ricardo Carvalho, Deco e o próprio Cristiano Ronaldo).
Os resultados são conhecidos: apesar de termos perdido o jogo decisivo, novamente com a Grécia, fizemos a melhor campanha de sempre da selecção.
Neste momento a equipa precisa de um tratamento de choque desse tipo: o problema é que não há suficientes jovens para entrar na equipa.
Para começar, Bento deveria mexer na baliza. Patrício é talvez o pior guarda-redes que me lembro de ver entre os postes da selecção. Não faz uma defesa e não dá nenhuma segurança à equipa. A jogar com os pés é uma desgraça e não raro dá golos ao adversário. Patrício treme por todos os lados e deveria ser substituído de imediato - por Eduardo.
Depois no meio deveria entrar William para o lugar de Meireles, avançando Moutinho. É uma pena que André Gomes não esteja entre os convocados porque seria também uma boa opção. Rúben Amorim pode porém entrar igualmente, nomeadamente para o lugar de Miguel Veloso que penso ser a melhor opção neste momento para o lugar de Coentrão. 
Finalmente há que deixar de colocar em campo um ponta de lança de raiz, fazer entrar Varela ou Vieirinha e derivar Ronaldo para o meio.
Paulo Bento tem agora a palavra. Fazer um jogo semelhante ao de ontem não é uma opção. Portugal tem que deixar outra imagem no Brasil. Seria imperdoável não o fazer.
 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Brasil 2014 - trio de favoritos

No Mundial que começa esta noite há para mim três favoritos que se destacam de todos os outros: Brasil, Espanha e Argentina. São as seleções mais fortes e com os melhores jogadores. A Espanha é campeã do Mundo, o Brasil joga em casa e a Argentina tem um dos conjuntos mais fortes de sempre.

Não vencer um daqueles três seria para mim surpreendente.

Num patamar abaixo coloco a Alemanha, candidato "crónico" às decisões e às finais. Não me parece ter os argumentos de outros anos: Ozil, Muller e Khedira, os principais talentos desta seleção, fizeram épocas muito intermitentes e não parecem chegar a este mundial na melhor forma. O forte colectivo alemão estará presente mas penso que falta a centelha que impulsiona as equipas para os patamares mais altos.

Depois, muito perto da Alemanha, temos a Holanda. Finalista em 2010, vencedor do Euro 88, a Holanda é neste momento um pouco o inverso da Alemanha: muita qualidade individual, muito talento mas falhas na estrutura da equipa. Torneio após torneio, jogadores como Robben, Van Persie e Sneijder vêm passando ao lado da glória. Será a última oportunidade deste grupo de jogadores conseguir algo de importante.

Num patamar de outsiders, ou seja seleções que partem para o Mundial com expectativas relativamente moderadas e que não são verdadeiros contendores à vitória, embora tenham qualidade para se bater com os melhores, surgem Portugal, França, Itália e a própria Bélgica.

Portugal tem um grupo bastante experimentado de jogadores com alguma qualidade (Bruno Alves, Meireles, Veloso, etc), três ou quatro jogadores acima da média (como Pepe, Coentrão, Moutinho e Nani) e depois o fenómeno Ronaldo. Eu sei que este epíteto pertencia ao Ronaldo brasileiro mas de facto o nosso também o merece. É um jogador extraordinário, sensacional, que se estiver em condições pode catapultar Portugal muito longe. 

Itália está a passar um período muito negativo em termos futebolísticos. Não acredito de modo nenhum que possa ganhar ou sequer estar na final mas não podemos esquecer que noutras alturas em que também ninguém dava nada pelas suas equipas foi capaz de surpreender. Não acredito que seja o caso desta vez mas a Itália pode-se também bater com qualquer adversário.

Quanto à Bélgica tem uma fornada de jogadores bastante interessante, que, tal como os portugueses, jogam um pouco por toda a Europa. Courtois, Kompany, Witsel e Hazard são as principais estrelas, mas há muitos outros bons jogadores, habituados ao nível mais alto de competição, nomeadamente a Premier League. Veremos o que serão capazes de fazer como equipa. E atenção porque esta equipa pode ser nossa adversária nos oitavos de final.

A França é um pouco uma incógnita: depois de um ciclo de vitórias seguido de um período depressivo ainda não atingiu a estabilidade emocional e competitiva para estar entre os candidatos, apesar de obviamente ter jogadores de grande competitividade, como Ribery, Benzema e Pogba, entre outros. É evidentemente uma seleção sólida e difícil de bater mas parece não ter argumentos suficientes para chegar às decisões finais. 

Finalmente temos o Uruguai, a Colômbia, a Inglaterra, a Rússia, a Croácia, a própria Grécia, que são equipas candidatas a passar aos oitavos de final mas que não poderão aspirar a muito mais do que isso. Inglaterra tem sido uma desilusão torneio após torneio e eu ficaria muito surpreendido se desta vez fosse diferente. O Uruguai parece-me a mais forte deste lote e pode eventualmente chegar um pouco mais longe. No entanto deve-se recordar que Uruguai e Inglaterra estão no mesmo grupo, juntamente com a Itália e a Costa Rica. Inglaterra, Itália e Uruguai, um dos três não chegará pois sequer aos oitavos de final.

Em suma, imagino uma final em que necessariamente estará o Brasil ou a Argentina, sendo que a Espanha ou a Alemanha ou a própria Holanda poderão ambicionar a disputar esse jogo. Aliás diga-se que a final pode mesmo ser um Brasil-Argentina, caso ambas as equipas vençam os seus grupos e, obviamente, vençam as subsequentes eliminatórias.

Há porém uma coisa curiosa neste Mundial, que é a possibilidade clara do Brasil poder ser eliminado nos oitavos de final. Nesse jogo o Brasil enfrentará a Espanha ou a Holanda. Em princípio deverá ser a Holanda mas não é seguro. Ora qualquer um destes adversários é um candidato ao título. Uma derrota do Brasil seria desastrosa para o torneio, nomeadamente face à contestação que o Mundial já enfrenta.

Já a Argentina enfrentará nos oitavos de final a Suíça, o Equador ou França e, se passar essa eliminatória como é previsível que aconteça, provavelmente enfrentará nos quartos uma destas três equipas: Portugal, a Alemanha ou a Bélgica.

As emoções começam esta noite à hora de jantar.