sábado, 10 de dezembro de 2022

Inglório

 Portugal perdeu 45 minutos e quando foi atrás do prejuízo já era tarde.

A estratégia da primeira parte de troca de bola entre os centrais, à espera não se percebe bem de quê, e depois um passe longo para um dos flancos com o jogador a receber a bola em esforço e já coberto, essa estratégia foi completamente errada e incompreensível. Aliás os centrais e Rúben Neves por vezes tinham a bola já no meio campo e com um adversário já ultrapassado e voltavam para trás e aos passes para o lado. 

E depois, claro, o erro brutal de Diogo Costa, compromete ainda mais o jogo - que seria sempre difícil.

Compreendo o 11 escolhido (não percebi bem a escolha de Rúben Neves mas teria a ver com a estratégia que por vezes funciona, outras não), mas duvidei desde logo que Gonçalo Ramos pudesse ter rendimento após a devassa de que foi vítima. Pareceu-me inclusive pela expressão facial de Gonçalo no aquecimento que ele estava afectado. Espero que quem lhe fez este ataque tenha a devida paga pelo que fez ao rapaz e a todos os portugueses. 

Aos 51 minutos Fernando Santos colocou Ronaldo e Cancelo e a equipa foi mais incisiva. Andámos a correr atrás do prejuízo e tivemos algumas oportunidades mas cada jogada era seguida por uma interrupção de 1 a 2 minutos e isso quebra completamente o ritmo. Por isso e porque os marroquinos defendem bem, sentia-se que seria muito difícil conseguirmos marcar. 

O árbitro permitiu quase tudo aos marroquinos e compactuou com o seu anti-jogo. Além disso, é no mínimo estranho que os lances duvidosos não tenham sido objecto de revisão por parte do VAR e que um deles nem sequer tenha sido repetido. Como é questionável que tenha sido escolhido um árbitro argentino para esta partida. Enfim, jogámos num país árabe contra uma equipa árabe, pelo que o  aparentemente estranho se calhar se explica facilmente. Vamos ter duas equipas europeias, uma sul-americana e uma africana (e árabe e muçulmana) o que também é bom para a narrativa do sucesso do Mundial. 

Enfim, a desilusão é enorme. Tínhamos o caminho aberto para as meias finais, com Suíça e Marrocos como adversários, e, caso conseguíssemos chegar à final enfrentaríamos uma Argentina ou uma Croácia que estavam ao nosso alcance. Ou seja, perdemos uma ocasião se calhar única para sermos campeões do Mundo. O jogo das meias deveria ter sido a prova de fogo sobre se tínhamos capacidade para tal. Não chegámos lá. Caímos frente a um medíocre Marrocos. 


segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Ronaldo - o que precisa de ser dito

Ronaldo transformou-se num problema e num foco de desestabilização na selecção.
Nestes 3 jogos marcou um único golo (e de penalti), falhou várias oportunidades e não criou praticamente nada para a equipa.
Para além disso, cria polémicas uma atrás das outras, tirando o foco do "nós" para centrar tudo à volta do seu ego. 

Ronaldo não tem condições físicas para este nível, seja porque não teve pré-época, seja pela idade. 
Fala-se bastante de recordes e de "gratidão", mas são palavras sem sentido neste contexto. 
O recorde de Eusébio não pode ser batido por Ronaldo - 9 golos NUM Mundial.
Marcar 9 ou mesmo 10 em 5 mundiais é outra coisa. Mbappé com 23 anos leva 9 golos em mundiais e já ultrapassou Ronaldo. O recorde absoluto pertence a Klose com 16.
Outra coisa que se fala é de gratidão. Supostamente por tudo o que Ronaldo fez por Portugal deve ser sempre titular e não se lhe pode apontar nada. 
Ora isto é absurdo. 
Primeiro, porque uma coisa não implica a outra. Ninguém está acima da crítica. Aliás quanto mais importante, poderosa e influente uma pessoa é, mais responsabilidades tem. Nomeadamente de ter um comportamento exemplar, até porque é capitão da selecção.
Segundo, porque Ronaldo também teve muito retorno pelo seu trabalho. Ronaldo ganhou e continua a ganhar montantes quase obscenos de dinheiro. Trabalha muito? Há muita gente que trabalha muito e durante toda a sua vida e nunca chega a ganhar o que Ronaldo ganha em 15 dias... O ponto é que Ronaldo não fez o que fez por altruísmo, fez antes de mais por si próprio e tem recebido o prémio pelo seu trabalho. Nesse sentido não faz muito sentido dizer que temos de estar gratos e não podemos criticar. Aliás, Ronaldo representa Portugal e nessa medida as suas atitudes lamentáveis mais recentes (a entrevista, a reclamação por um golo que não marcou - mais uma vez o egocentrismo - e finalmente a falta de respeito pelo treinador) reflectem-se na imagem de Portugal e dos portugueses e nessa medida temos todo o direito de criticar.
A verdadeira questão deveria ser unicamente desportiva: Ronaldo deve ou não ser titular? A meu ver não. Não marca, não adianta ao jogo da selecção e a equipa joga pior com ele em campo.
Portugal deveria a meu ver privilegiar um jogo de posse, com avançados móveis e capazes de tabelas, algo que não corresponde às características de Ronaldo. Mas isso sou eu que não sou seleccionador e me limito a escrever umas coisas num blogue. 
A propósito disso, não tenho escrito sobre o Benfica porque as coisas estão a correr bem e por superstição preferi nada dizer, não fosse trazer azar.