sábado, 24 de fevereiro de 2024

6 defesas esquerdos numa época

 Isto parece mentira mas é a realidade. O Benfica já utilizou 6 (SEIS) jogadores na posição de defesa ou lateral esquerdo esta época: Ristic, Jurasek, Morato, Aursnes, Bernat e Carreras. Tão ou mais incrível do que isso é que (a avaliação é minha, obviamente) tem vindo (quase) sempre a piorar.

Sinceramente não percebi a dispensa de Ristic. Nunca o vi a comprometer. Foi um jogador dedicado e tinha um pontapé poderoso. Mas Jurasek também me pareceu razoável. Acima de tudo, poucas oportunidades tiveram de ganhar ritmo e rotina (algo importante na posição) e se adaptar aos colegas. A paciência / insistência que Schmidt tem para com outros jogadores contrasta sobremaneira com a forma como lidou com estes. 

Mas adiante, já não estão. O problema é que os que ficaram são "soluções" muito piores. Morato é esforçado, é um bom central mas qualquer pessoa vê que será sempre uma solução de recurso, uma adaptação e que a equipa fica coxa com ele. Carreras pelo que vi (confirmando a minha primeira impressão) não está minimamente preparado para jogar a este nível. E Bernat que em teoria possuiria os recursos técnicos necessários é a repetição do que já vimos com Draxler.

Na minha opinião e com os regressos de Bah e Neres, Aursnes é o jogador que mais garantias dá para a lateral esquerda e aquele que deveria assumir já o lugar, até para estabilizar mais o 11. Sobretudo na defesa as rotinas são importantes e estar a mudar a cada jogo não é recomendável. O Benfica precisa de estabilidade, não é possível andar em permanentes experiências quando se está a entrar na fase de decisões da época. 

Aursnes é um bom jogador tecnicamente, rotativo, com visão e inteligência. Na frente será difícil jogar face às opções existentes. No miolo não recupera bolas suficientes, é um pouco macio e não tira o lugar a João Neves nem a Florentino (que deveria ser o titular para o que resta da época). Sendo um jogador de muita entrega e espírito de equipa que "pensa como um médio", numa equipa ofensiva e que se quer pressionante como o Benfica, Aursnes deve assumir o lugar de lateral esquerdo que neste momento é o calcanhar de Aquiles do 11 do Benfica. Quanto mais cedo Schmidt assumir essa opção melhor. 

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

A importância da condição física (e mental)

 Uma coisa que tem faltado ao Benfica esta época é frescura. Isso reflete-se em duas coisas: incapacidade de pressionar (o que muitas vezes leva a equipa a "partir-se") e falta de alegria.

A pressão é muito importante para o futebol de Schmidt, ela tira o oxigénio ao adversário. Sem ela permitimos aos nossos oponentes pensar mais o jogo e marcar os seus ritmos.

Contra o Vizela o Benfica pressionou mais e teve o jogo mais tranquilo da época, marcando 6 golos e dominando totalmente. E isto mesmo tendo abrandado muito na segunda parte.

Isto aconteceu por duas razões: (1) jogaram jogadores mais frescos que, além disso, (2) são mais eficazes a pressionar. Di Maria e Arthur Cabral têm pouca capacidade de pressão. Um pela idade, o outro pela morfologia, chegam normalmente tarde ao portador da bola. A pressão eficaz é aquela que impede o adversário de sair a jogar e força o seu erro. Aquela que "cai em cima" do adversário e o abafa. Para resultar toda a equipa tem de participar nela. Com dois jogadores da frente a não participarem ou participarem mal, só desgasta a equipa, porque faz correr atrás da bola, sem ganhos, dando até confiança ao adversário.

Não me interpretem mal: não estou a dizer que os referidos jogadores são os únicos culpados (a falta de frescura física - deles e de outros - é algo que cabe ao treinador identificar e remediar) ou que não devam ser titulares. Agora que o este factor deve ser pesado na altura de escalar o 11, sem dúvida. 

Nesse sentido, a rotação promovida por Schmidt foi uma excelente decisão. Mas atenção, foi um risco considerável: se as coisas não tivessem corrido bem, todos estariam hoje a criticar (e muitos a insultar) o treinador.

E a verdade é que nos primeiros minutos a equipa parecia desorganizada e não conseguiu fazer qualquer remate à baliza. Mas com a primeira perda de bola do Vizela em zona perigosa, o Benfica começou a ganhar confiança e a crescer, tendo em meia hora desmantelado por completo um Vizela muito limitado.

Neres, Tengstedt e Tiago Gouveia estiveram bastante activos. Sobre Neres, nenhuma surpresa: como já aqui escrevi várias vezes, é dos melhores jogadores do Benfica e do futebol português. Mesmo assim surpreendeu pelo rendimento que apresentou depois de lesão tão prolongada. Tengstedt, não sendo um predestinado, é um jogador bastante trabalhador e de equipa - e convém não esquecer que foi o autor do 2-1 frente ao Sporting. Gouveia marcou e esteve sempre disponível para a pressão, mostrando a tal frescura física que tem faltado noutros jogos.

Entrámos na fase decisiva da época. O "aparecimento" destes jogadores é muito importante para a enfrentar. 

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Quando não se ganha...

... é muito importante não perder. 

A frase é da velha raposa, Giovanni Trapattoni que sabia muito bem como se ganham campeonatos e como cada ponto pode ser decisivo.

Claro que no Benfica queremos ganhar todos os jogos e não ganhar tem quase sempre sabor a derrota. Mas também é importante sermos realistas. Nenhuma equipa vence todos os jogos numa época e é nesses momentos - e em jogos como este - que a máxima entra em jogo: é fundamental não os perder.

O Benfica vinha de várias vitórias seguidas e sabia-se que esta seria uma partida difícil. Com as condições meteorológicas e o estado do relvado as coisas tornaram-se ainda mais complicadas. E claro, estar em desvantagem não ajuda. Primeiro sofremos num penalti de azar: o jogador do Guimarães vem de trás de Kokçu que não o vê. E na segunda parte  até tínhamos entrado melhor, com vontade de dar a volta ao resultado. As incidências do jogo (com excepção da expulsão) não nos foram favoráveis. 

Mas acima de tudo temos de reconhecer que o Guimarães fez um grande jogo. 

Di Maria tem uma certa razão quando se refere ao tempo de descontos, nomeadamente em comparação com o que acontece nos jogos dos rivais. Mas contra isso pouco ou nada se pode fazer. O que podemos e temos obrigação de fazer é dar tudo até ao fim e aí não se pode apontar nada.

Falta muito campeonato e o Sporting vai perder pontos, eventualmente até connosco. Se for preciso ganhar esse jogo para os ultrapassar, acredito que o faremos. Agora claro que nada será fácil e não há garantias de coisa nenhuma. O futebol é mesmo assim. 

Também acho que Schmidt mexeu bem, não apenas hoje mas nos últimos jogos. Não tem sido dogmático e tem procurado mexer e fazer alterações que dêem mais rendimento. A opção de não começar com um ponta de lança é discutível mas não foi por aí que não ganhámos: o resultado nas duas partes foi igual (1-1). Depois disso mexeu bem a meu ver. A única questão é uma eventual entrada de Neres mais cedo. 

O ciclo de jogos que aí vem é exigente e este resultado não pode de forma nenhuma abalar a equipa. Pelo contrário é preciso dar continuidade às melhoras das últimas semanas. É isso que espero que aconteça.