Domingo, ao fim da tarde, Sousa Martins estava triste e cabisbaixo. Ele que normalmente é muito excitado e sorridente, desta vez apareceu deprimido e com uma expressão carregada após o clássico. É assim a vida. Há quem disfarce melhor e quem disfarce pior, mas nos nossos semblantes reflecte-se sempre o que sentimos interiormente. Temos pena, Sousa Martins.
Ontem, no programa semanal de comentário/comédia/disparate que dá pelo nome de prolongamento, Sousa Martins começou dando a palavra a Manuel Serrão. O Benfica é campeão, está em primeiro, e jogou em casa mas Martins acha que deve ser o adepto do Porto a falar primeiro. Depois de Serrão perorar durante longos minutos o que quis, Seara tentou a medo dar a sua opinião mas pouco falou porque de novo Serrão pediu licença e lá disse mais o que quis e lhe apeteceu, após o que o "moderador" (adepto talvez fosse mais correcto) Sousa Martins deu a palavra a... Eduardo Barroso.
Depois disto começou a "análise" da arbitragem com a repetição interminável de um lance normal entre Luisão e Jackson, que tentaram transformar em penalty (na véspera já se ensaiara esta tese na TêBêI vinte e porto, novamente sob a batuta do inefável Martins). Até o lance para expulsão de Jackson foi transformado por Serrão e Martins numa benesse arbitral ao Benfica, porque afinal de contas Jardel teria já colocado a bola em jogo. Enfim, a parvoíce atingiu níveis tão altos que nessa altura perdi a paciência e deixei de ver a coisa. Mas também não posso deixar de fazer um reparo a Fernando Seara que, sendo um homem inteligente, deveria ter uma postura bastante mais assertiva de defesa do seu clube. Mesmo percebendo-se que o seu estilo não é o das alarvidades de Serrão e dos despautérios de Barroso, Seara deveria marcar mais a sua posição, mais que não fosse pelo menos no sentido de o deixarem falar. Sim, porque esperar isso de Sousa Martins, esperar isenção e respeito pelos tempos de antena de cada um, é completamente ingénuo.
Recordo ainda como no programa da Liga dos Campeões na TVI a eliminação do Benfica dava a todos grandes sorrisos e rostos abertos, como os nossos maus resultados eram objecto de críticas implacáveis. Na passada terça a conversa já era outra, o tom já era outro, o semblante já era outro. Que continuem assim e que continuem a ter que engolir o que disseram.