A frase de Luis Filipe Vieira gerou polémica: "temos o melhor plantel dos últimos 30 anos". O facto da época não ter começado da melhor forma, levou a que esta análise fosse muito criticada e até ridicularizada.
De facto, a frase não é muito feliz, sobretudo porque 30 anos abrange a década de 80 na qual o Benfica teve grandes plantéis que ganharam muita coisa, algo que este ainda não alcançou de todo. Plantéis onde se incluíram símbolos do Benfica como Bento e Humberto Coelho (embora este em fim de carreira) e jogadores como Shéu, Chalana, Nené, Diamantino, Carlos Manuel, Maniche, Álvaro e Veloso no início da década. Depois houve o plantel de 88/89, em que a dupla de centrais foi a melhor que vi jogar: Mozer e Ricardo; e onde figuram nomes como Veloso, Vitor Paneira, Valdo, Magnusson, Vata, Pacheco, Diamantino, Elzo, Chalana, Hernâni, Álvaro, Samuel, Garrido e Shéu, entre outros. No início dos anos 90 também tivemos plantéis de enorme qualidade, onde figuraram Isaías, Schwartz, Rui Costa, João Pinto, Paneira, Rui Águas e depois, conforme o ano, Futre, os russos, Paulo Sousa...
Depois disso sobreveio uma verdadeira catástrofe: Artur Jorge. O plantel campeão do Benfica foi desfeito e nos anos subsequentes sujeito a novas e anuais revoluções.
Ora uma análise fria e objectiva mostra-nos que o Benfica tem de facto um dos melhores plantéis dos últimos anos, provavelmente desde que se desfez a equipa vencedora de 1993/94.
Em termos de um 11, com toda a probabilidade tivemos melhor equipa em 2009/2010: David Luiz, Coentrão, Aimar, Javi Garcia, Saviola... Mas em termos de plantel, este é certamente o melhor da era Vieira e possivelmente, repito, desde 94.
Com efeito, da fome passámos à fartura. Se nos últimos anos não tínhamos defesa esquerdo, este passámos a ter dois (Cortez e Siqueira) e mais duas opções como adaptados (André Almeida e Sílvio). Se não tínhamos suplentes no meio campo passámos a ter Fedja, Djuricic, André Gomes (agora de forma mais consistente) e Rúben Amorim. No ataque também são múltiplas e boas as soluções.
O Benfica tem um grande plantel em qualidade e quantidade, o que se passa é que Jorge Jesus ainda não conseguiu tirar o máximo partido de tantas soluções. Os sérvios tardam em afirmar-se, embora a sua a qualidade seja visível. As lesões de Sálvio, Rúben e agora Cardozo, bem como a baixa de forma de Matic (no início da época) e de Lima, não têm permitido que a equipa atinja consistência e estabilidade num patamar elevado de qualidade de jogo. Temos visto boas exibições alternarem com jogos sofríveis.
O plantel do Benfica tem qualidade e tem profundidade. Ainda ontem foi notório como existem soluções não apenas em qualidade e quantidade mas em variedade, isto é que permitem ao treinador aplicar diferentes modelos e soluções.
Por exemplo, Fedja é um excelente jogador que permite que a equipa jogue com um trinco ou num meio campo de 3 como ontem. Amorim também permite um outro meio campo de 3 com Matic e Enzo. Djuricic também, dando a esse meio campo uma configuração diferente.
De igual forma, Sulejmani é um jogador que permite um conjunto de soluções diferente dos outros avançados. Tem uma enorme qualidade de passe, é um excelente segundo avançado e pode jogar num esquema de 4-3-3.
Se este conjunto de jogadores se unir e se cada um deles trabalhar para a equipa e der tudo por ela, como temos visto nestes últimos jogos em que a inspiração não tem sido muita, se, finalmente, Jorge Jesus tiver cabeça e se deixar de egocentrismos, reconhecendo que as vitórias não sempre obra sua mas de todos, o Benfica tem as condições para ganhar tudo a nível interno. Assim os jogadores o queiram e JJ contribua. A qualidade é indiscutivelmente a melhor em Portugal.
O Porto não tem plantel, quase nem tem equipa. A arma do Porto nos últimos anos tem sido a sua união, coesão e organização, mas pelo menos esta última tem sido esfrangalhada por Paulo Fonseca que (estou quase certo) voltará no imediato ao esquema do seu antecessor (que tão insultado e desvalorizado foi mas que não era tão mau como o pintavam: percebia o que tinha e tirava daquilo o rendimento máximo). O Porto tem hoje um grande ponta de lança (que sozinho não pode fazer tudo), dois jogadores acima da média no meio campo (um dos quais em fim de carreira), um extremo (Varela), dois laterais com muito pulmão e alguma qualidade e um guarda-redes que muitas vezes evita o pior para a sua equipa. De resto não tema mais jogadores de categoria no 11 e acima de tudo não tem alternativas nenhumas válidas. Na terça, necessitado de mudar o resultado, o treinador do Porto fez entrar Ricardo e Quintero...
O Sporting tem uma equipa razoável, com uma boa mistura de jovens e jogadores com algum valor mas está bastante longe da qualidade do plantel do Benfica.
A qualidade só não chega. Veja-se o exemplo dos "galácticos" do Real Madrid que a dada altura sofriam goleadas! Para além da qualidade é preciso organização, é preciso união e é preciso querer. O Benfica tem este ano condições para ganhar: tem muitos e bons jogadores para todas as posições, que inclusivamente permitem diversas variantes tácticas. Agora é preciso que todos remem para o mesmo lado. Quando olho para a atitude competitiva dos nossos jogadores - e tenho que destacar aqui, para além do capitão Luisão, Enzo Peres, Matic e Gaitan, que tantas vezes é acusado de indolência ou desinteresse do jogo e que tem sido um autêntico motor a levar o Benfica para a frente - penso que temos boas possibilidades. Assim haja critério na gestão deste vasto grupo de homens.
De facto, a frase não é muito feliz, sobretudo porque 30 anos abrange a década de 80 na qual o Benfica teve grandes plantéis que ganharam muita coisa, algo que este ainda não alcançou de todo. Plantéis onde se incluíram símbolos do Benfica como Bento e Humberto Coelho (embora este em fim de carreira) e jogadores como Shéu, Chalana, Nené, Diamantino, Carlos Manuel, Maniche, Álvaro e Veloso no início da década. Depois houve o plantel de 88/89, em que a dupla de centrais foi a melhor que vi jogar: Mozer e Ricardo; e onde figuram nomes como Veloso, Vitor Paneira, Valdo, Magnusson, Vata, Pacheco, Diamantino, Elzo, Chalana, Hernâni, Álvaro, Samuel, Garrido e Shéu, entre outros. No início dos anos 90 também tivemos plantéis de enorme qualidade, onde figuraram Isaías, Schwartz, Rui Costa, João Pinto, Paneira, Rui Águas e depois, conforme o ano, Futre, os russos, Paulo Sousa...
Depois disso sobreveio uma verdadeira catástrofe: Artur Jorge. O plantel campeão do Benfica foi desfeito e nos anos subsequentes sujeito a novas e anuais revoluções.
Ora uma análise fria e objectiva mostra-nos que o Benfica tem de facto um dos melhores plantéis dos últimos anos, provavelmente desde que se desfez a equipa vencedora de 1993/94.
Em termos de um 11, com toda a probabilidade tivemos melhor equipa em 2009/2010: David Luiz, Coentrão, Aimar, Javi Garcia, Saviola... Mas em termos de plantel, este é certamente o melhor da era Vieira e possivelmente, repito, desde 94.
Com efeito, da fome passámos à fartura. Se nos últimos anos não tínhamos defesa esquerdo, este passámos a ter dois (Cortez e Siqueira) e mais duas opções como adaptados (André Almeida e Sílvio). Se não tínhamos suplentes no meio campo passámos a ter Fedja, Djuricic, André Gomes (agora de forma mais consistente) e Rúben Amorim. No ataque também são múltiplas e boas as soluções.
O Benfica tem um grande plantel em qualidade e quantidade, o que se passa é que Jorge Jesus ainda não conseguiu tirar o máximo partido de tantas soluções. Os sérvios tardam em afirmar-se, embora a sua a qualidade seja visível. As lesões de Sálvio, Rúben e agora Cardozo, bem como a baixa de forma de Matic (no início da época) e de Lima, não têm permitido que a equipa atinja consistência e estabilidade num patamar elevado de qualidade de jogo. Temos visto boas exibições alternarem com jogos sofríveis.
O plantel do Benfica tem qualidade e tem profundidade. Ainda ontem foi notório como existem soluções não apenas em qualidade e quantidade mas em variedade, isto é que permitem ao treinador aplicar diferentes modelos e soluções.
Por exemplo, Fedja é um excelente jogador que permite que a equipa jogue com um trinco ou num meio campo de 3 como ontem. Amorim também permite um outro meio campo de 3 com Matic e Enzo. Djuricic também, dando a esse meio campo uma configuração diferente.
De igual forma, Sulejmani é um jogador que permite um conjunto de soluções diferente dos outros avançados. Tem uma enorme qualidade de passe, é um excelente segundo avançado e pode jogar num esquema de 4-3-3.
Se este conjunto de jogadores se unir e se cada um deles trabalhar para a equipa e der tudo por ela, como temos visto nestes últimos jogos em que a inspiração não tem sido muita, se, finalmente, Jorge Jesus tiver cabeça e se deixar de egocentrismos, reconhecendo que as vitórias não sempre obra sua mas de todos, o Benfica tem as condições para ganhar tudo a nível interno. Assim os jogadores o queiram e JJ contribua. A qualidade é indiscutivelmente a melhor em Portugal.
O Porto não tem plantel, quase nem tem equipa. A arma do Porto nos últimos anos tem sido a sua união, coesão e organização, mas pelo menos esta última tem sido esfrangalhada por Paulo Fonseca que (estou quase certo) voltará no imediato ao esquema do seu antecessor (que tão insultado e desvalorizado foi mas que não era tão mau como o pintavam: percebia o que tinha e tirava daquilo o rendimento máximo). O Porto tem hoje um grande ponta de lança (que sozinho não pode fazer tudo), dois jogadores acima da média no meio campo (um dos quais em fim de carreira), um extremo (Varela), dois laterais com muito pulmão e alguma qualidade e um guarda-redes que muitas vezes evita o pior para a sua equipa. De resto não tema mais jogadores de categoria no 11 e acima de tudo não tem alternativas nenhumas válidas. Na terça, necessitado de mudar o resultado, o treinador do Porto fez entrar Ricardo e Quintero...
O Sporting tem uma equipa razoável, com uma boa mistura de jovens e jogadores com algum valor mas está bastante longe da qualidade do plantel do Benfica.
A qualidade só não chega. Veja-se o exemplo dos "galácticos" do Real Madrid que a dada altura sofriam goleadas! Para além da qualidade é preciso organização, é preciso união e é preciso querer. O Benfica tem este ano condições para ganhar: tem muitos e bons jogadores para todas as posições, que inclusivamente permitem diversas variantes tácticas. Agora é preciso que todos remem para o mesmo lado. Quando olho para a atitude competitiva dos nossos jogadores - e tenho que destacar aqui, para além do capitão Luisão, Enzo Peres, Matic e Gaitan, que tantas vezes é acusado de indolência ou desinteresse do jogo e que tem sido um autêntico motor a levar o Benfica para a frente - penso que temos boas possibilidades. Assim haja critério na gestão deste vasto grupo de homens.