segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Os Enormes e a grande vitória de sábado

Depois do que aconteceu na Grécia e que fez aliás recordar o tenebroso final da época passada, a equipa do Benfica tinha que estar física e mentalmente muito desgastada. Este é um facto que ninguém pode omitir ou desvalorizar se quiser fazer uma análise séria do jogo de sábado.
Na Grécia, a equipa correu e tentou incansavelmente - apenas para esbarrar em Roberto e na falta de fortuna, ficando quase afastada dos oitavos de final da Champions, revés muito duro em ano de final no Estádio da Luz.

Poder-se-ia esperar cansaço e algum desalento no jogo da Taça - mas o que se viu foi o contrário.
É verdade que tivemos a felicidade de conseguir marcar quase no primeiro remate que fizemos à baliza, depois de uma entrada mais forte do Sporting no jogo. Mas depois disso também o Sporting empatou sem que antes tivesse criado praticamente nenhuma oportunidade para o efeito, num lance também de grande espectacularidade.

A partir daí e até metade da segunda parte, só deu Benfica. Foi um autêntico festival, com Cardozo a marcar mais dois golos de levantar qualquer estádio, quer pela beleza das jogadas, com Enzo e Gaitan a desbaratarem a defesa do Sporting e Cardozo a bombardear Rui Patrício primeiro num tiro de cabeça e depois num rocket de pé, por duas vezes no ângulo superior direito da baliza do Sporting.  Eficácia? Certamente. Qualidade? Superlativa! 

Aliás o Benfica poderia ter marcado mais um golo até ao fim da primeira parte, arrumando de vez o jogo.

Na segunda parte o Benfica entrou melhor, a dominar e a criar mais oportunidades. Depois surgiu a lesão de Rúben Amorim, num lance em que o sportinguista Adrien me parece ter sido no mínimo imprudente e pouco preocupado com a integridade física do seu colega de profissão. Este jogador do Sporting aliás merecia ter visto cartolinas mais cedo pois foi impetuoso em demasia e não apenas neste lance. E com a lesão de Rúben o Benfica perdeu um pouco o controlo do jogo e permitiu que o Sporting se fosse aproximando um pouco da sua baliza.

Ainda assim, o Sporting não justificou os dois golos que marcou, ao passo que o Benfica poderia ter marcado mais dois ou três: num deles Ivan não teve a melhor opção num contra-ataque em que o Benfica estava em superioridade numérica, perdendo a bola numa finta desnecessária, noutro o mesmo Ivan rematou forte para grande defesa de Patrício e André Gomes na recarga enviou a bola ao poste e ainda num outro lance Cardozo esteve perto do poker quando ficou na cara do golo, evitado in extremis por defesa de recurso do mesmo Patrício.

O Sporting por seu turno marcou em dois lances de bola parada, em que teve mérito e felicidade e pouco mais oportunidades criou, exceptuando dois lances de Slijmani.

Mas o jogo chegou empatado ao fim, com prolongamento pela frente. Face ao desgaste do jogo na Grécia e respetiva viagem, face à evolução do marcador, pensou-se que o Sporting estava em melhor posição e ia mesmo vencer a partida.

Puro engano. O Benfica voltou a dominar, a criar jogadas de ataque (especialmente depois da substituição de um Enzo esgotado por um Lima fresco) e marcou com todo o mérito, num lance que fez lembrar a conquista do campeonato contra o Sporting, com golo de Luisão e "perús" dos guarde-redes do Sporting, Ricardo na altura, Patrício agora.

Uma vitória de enorme mérito do Benfica, possível apenas pela grande qualidade, entrega e crença dos nossos jogadores que nunca se deixaram amedrontar ou abater. Uma vitória que deve ser reconhecida e apreciada pelos benfiquistas. Uma vitória inteiramente justa e sem qualquer espinha. Uma vitória que deve servir de base para o futuro. Com esta atitude, a equipa pode ir longe.

Como é óbvio, não posso ignorar o que se passou em termos de arbitragem e o que disseram os sportinguistas a este propósito, tentando diminuir o mérito da nossa vitória.

Sobre isto, seria importante os benfiquistas perceberem uma coisa: quem criou esta ideia de que a arbitragem prejudicou o Sporting foi sobretudo quem passou dezenas de repetições de lances de dúvida, omitindo outros, de uma forma claramente tendenciosa. E também quem, em directo, desde logo proferiu juízos que a maioria das pessoas engole sem qualquer capacidade crítica.

A Sporttv deseja prejudicar o Benfica e como tal manipula as imagens da transmissão no sentido de dar a entender que o Benfica é beneficiado e nunca prejudicado. É óbvio que a Sporttv não pode inventar imagens que não existem mas pode seguramente omitir muitas que sejam inconvenientes e enfatizar demasiado outras com o intuito de criar uma "narrativa" (para usar uma expressão que está na moda) que acaba por pegar. E a narrativa é sempre a mesma.

Isto é bem evidente e tem que ser denunciado e combatido por todos os meios. Até porque as imagens são usadas não apenas como meio de prova para sumaríssimos mas também para avaliar as prestações dos árbitros. Se semanalmente estes vêm, graças a tal manipulação da Sporttv, o Benfica ser beneficiado, como estará o seu estado de espírito quando nos apitam?

Houve dois lances de dúvida na área do Benfica? Certamente. Mas não houve pelo menos um na do Sporting? E o que dizer do jogo de Alvalade para o campeonato? Quanto ao putativo fora-de-jogo de Cardozo no terceiro golo, seria preciso bem mais do que uma linha pintada pela Sporttv, que não estou seguro de que tenha em conta a distorção normal da imagem televisiva (veja-se como na imagem as linhas de grande área e pequena área não estão paralelas), para efetivamente provar que o Paraguaio estava dois centímetros (!!) à frente do último defesa do Sporting. Só mesmo uma estação declaradamente portista faria disto um "caso". E assim se manipula a opinião pública...

O caminho é pois o de manter a rotura com o sistema que vem alimentando este estado de coisas no futebol português há tantos e tantos anos. 

Voltando ao jogo, para além do gigante Cardozo, há que destacar outros jogadores, sobretudo Enzo, que correu muitas milhas e fez um jogo soberbo enquanto teve pernas, o já referido Amorim, que deu um tremendo equilíbrio à equipa (mais uma vez) esperando-se que a lesão não seja grave e Gaitan, que encheu o campo de classe. Este pequeno grande jogador, quando está em condição física é de facto um fora de série. E a sua dedicação ao Benfica já ficou muitas vezes demonstrada à saciedade.

Por fim, queria dizer em relação ao Enorme Tacuara que, nunca tendo eu sido um daqueles que o "crucificou" pela sua acção (reprovável), considerei porém na altura que não tinha condições (em termos da coesão do balneário e da disciplina interna) para se manter no Benfica. Tanto quanto sei, Jorge Jesus queria mesmo que o jogador saísse. Felizmente porém, Luis Filipe Vieira, que tanto tenho criticado por outras razões, ouviu, disse que sim... mas foi prolongando a situação até ao limite, com o intuito não declarado mas certamente deliberado interiormente, de manter o jogador. Estava certo Eusébio, estava certo o Presidente e estava certo o benfiquista Grão Vasco do blog Pinceladas Gloriosas. Não tirando nem pondo ao que disse na altura, sempre sublinhei porém que seria muito difícil substituir Cardozo. Estive errado ao dizer que ele "tinha" que sair devido ao que acontecera, erro que reconheço agora com enorme satisfação pela alegria que (mais uma vez) Cardozo nos deu. É que jogadores assim de facto há poucos.


2 comentários:

  1. Parabéns pela crónica, Companheiro!

    E redobrados PARABÉNS pela humildade e Benfiquismo de teres reconhecido pùblicamente que estavas enganado na perspectiva que tiveste no caso Óscar Cardozo.

    Ao contrário daqueles que possam pensar que eu rejubilei com a evolução desta situação e que cantei vitória por LFV e o Benfica terem decidido de acordo com o que sempre defendi - o que não é o teu caso, Companheiro - e que teve o sentido bem positivo que nós todos constatamos agora, a minha primeira sensação foi de alívio pelo Óscar ter ficado. E ficou bem. E fico muito feliz por partilhar e exultar com Benfiquistas como Tu, o facto de ele nos ter dado, já depois de tudo o que aconteceu, muitas alegrias e vitórias.

    Talvez já devido à minha idade e experiência de vida, sou hoje um ser muito mais tolerante do que era há um bom par de anos atrás. Aprendi também muito com a vida e soube retirar muitas coisas boas das lições que vivi e recebi e ainda recebo.
    Por isso perdooei ao Óscar como tenho sido tolerante para JJ. Perdoei-lhe como perdoaria a qualquer dos meus dois filhos. Exactamente assim. A ponderação e o tempo ajudam a maturar as decisões mais complexas, se bem que - e eu também sei disso, pois tive que tomar algumas ao longo da minha vida - às vezes temos de decidir num minuto; mas aí fiamo-nos naquilo a que alguém já chamou "blinK", mas os riscos são muito maiores.

    Faço aqui uma única referência àqueles que em comentários insultaram o Óscar e no meu blogue me insultaram de todas as manieras, denegrindo-o, chamando-o inclusivamente "mau profissional" e que fez o que fez com a intenção deliberada de sair e denunciar o seu contrato. A isto eu chamei e chamo uma filha-da-putice do mais soez que possa haver. A esses e eu sei bem quem são, jamais os reconsiderarei como Benfiquistas. Antes de o serem, são simplesmente uns refinados filhos-da-puta!
    O Benfica nunca precisou desses espécimes.
    Como podes ver, leio-te sempre, concorde ou discorde de algumas coisas. Mas são sempre pequenas coisas e espero que continuem a ser.

    Fico contente, especialmente por Benfiquistas intelectualmente sérios como Tu, a quem o Óscar vai decerto continuar a dar muitas alegrias.

    E sabes qual é a minha ideia em relação ao Óscar?
    É que ele quer um título internacional. Pode ser que seja este ano. Na outra competição, mas este ano. Vamos ver e acreditar. Ele tudo fará para isso.

    Saudações Benfiquistas.

    GRÃO VASCO

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    1. Obrigado pelas palavras e pelas visitas. Estou seguro de que em Janeiro haverá novo falatório e que alguns clubes farão, no mínimo, sondagens. Mas duvido que exista alguma proposta que leve o Cardozo a sair. Nessa medida acredito que ele nos possa ajudar a conquistar troféus. Claro que o sonho da Liga dos Campeões, num ano em que a final é jogada na Luz, existe e será sempre uma desilusão sair da prova na fase de grupos. Mas realisticamente esse é o cenário mais plausível. Na Liga Europa certamente teríamos possibilidades. O Atlético de Madrid venceu-a dois anos seguidos. Se Deus quiser, cá estaremos para ver. Saudações Gloriosas, Grão benfiquista.

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