quarta-feira, 18 de maio de 2016

Parecia impossível... Tricampeões!!!

Se a história não apenas desta esta época fosse um enredo de ficção poderíamos considera-lo exagerado ou implausível.
 
Tudo começou com o "roubo" de Jorge Jesus, algo que pareceu quase surreal.
 
No Benfica era normal a apreensão: antes de Jorge Jesus existia apenas o título de Trapattoni entre o presente e o abismo aberto por Artur Jorge e consumado nos anos de Vale e Azevedo. Temia-se uma nova seca de títulos e o rápido encerrar de um ciclo vitorioso mal este se iniciara.
 
Tudo se parecia encaminhar para um ano de conquistas em Alvalade e um ano de depressão no Benfica. O "atraso" no anúncio de Rui Vitória e o pouco entusiasmo que o seu nome motivava - uma espécie de anti-JJ em termos de personalidade e carisma - contribuiu para mais incerteza e alguma divisão, com alguns adeptos, em que me incluí, a desejarem que a escolha recaísse antes sobre Marco Silva (escorraçado do Sporting depois de um bom trabalho que culminara na conquista de uma Taça de Portugal).

Na pré-época acumulámos derrota após derrota e não se vislumbrava organização na equipa nem ideias claras. A Supertaça alimentou a euforia veraneante dos sportinguistas e gerou sérias dúvidas entre os benfiquistas acerca das capacidades de Rui Vitória em conduzir o navio benfiquista: não tanto pela derrota mas pela sua aparente cedência aos mind games de JJ. A sua frase de que os jogadores do Benfica tinham entrado em campo com "receio" não foi feliz.

A "estratégia de comunicação" (como agora se diz) do Benfica não era a melhor, pois continuava a referir-se quase diariamente a JJ, ora queixando-se de que ele "traíra" o Benfica, ora afirmando que afinal fora o Benfica que optara por seguir outro rumo estratégico de aposta na formação.
 
O campeonato até começou bem, com uma vitória na Luz de goleada sobre o Estoril, mas logo na primeira deslocação veio a primeira derrota. E percebia-se que as coisas não estavam bem. À 5ª jornada veio a segunda derrota do campeonato (e terceira da época). À 8ª jornada veio o descalabro, com a derrota em casa por 0-3 com o Sporting. O Benfica ficava a 8 pontos do Sporting (com um jogo em atraso que viríamos a empatar) e a 6 do Porto. Estávamos em outubro.

Menos de um mês depois éramos eliminados da Taça perdendo mais uma vez com o Sporting, embora desta vez tenhamos pela primeira vez estado em vantagem (com um golo de Mitroglou a abrir), num jogo com casos de arbitragem em nosso desfavor.
 
Nessa altura poucos acreditariam no tri, não apenas pelos resultados e a desvantagem pontual mas pela manifesta incapacidade da equipa em se bater com os principais opositores. Mesmo os que haviam defendido a contratação de Rui Vitória  já mesmo no tempo de JJ, consideravam agora que o treinador do Benfica não tinha condições para ficar. A sua permanência parecia por um fio.

Houve alguns factores que permitiram porém que a estabilidade se tivesse mantido e que o campeonato tivesse tido este desfecho. Em primeiro lugar, a boa campanha na Liga dos Campeões e o lançamento de jovens como Nélson ou Gonçalo Guedes (na altura Renato ainda não entrara na equipa) foi importante porque mostrou que havia trabalho, apesar de internamente os resultados estarem a ser maus. O segundo foi a vitória em Braga, dias após a eliminação da Taça. Era um teste de fogo ao qual a equipa sobreviveu. O terceiro e mais central de todos foi o apoio inequívoco de Luis Filipe Vieira ao treinador, deixando claro que o mesmo continuaria acontecesse o que acontecesse e ao mesmo tempo retirando pressão com a célebre expressão das "dores de crescimento". Foram duas entrevistas dadas pelo presidente em momentos difíceis que me parece que foram cirúrgicas, para além da presença na primeira fila nos momentos mais difíceis.

O presidente demonstrou visão, da mesma forma que os adeptos demonstraram paixão e crença. Os cânticos aquando do 0-3 na Luz foram efectivamente importantes, tal como a crença que o cântico "dá-me o 35" sempre manteve viva. Faço aliás mea culpa por não ter apreciado devidamente aquele momento aquando da recepção ao Sporting. Admito que estava demasiado irritado com as derrotas com o Sporting, o que me impediu de ver o que a maioria logo reconheceu. Essa reacção deu o mote para o que viria a ser época, embora outras coisas estivessem ainda para acontecer.
 
 A verdade é que o Benfica continuava a jogar pouco e a não ter solidez no seu jogo.  Mas o momento de união total viria a 6 de janeiro, dois anos após a morte de Eusébio. JJ lembrou-se de dizer que não qualificava como treinador. A partir daí todos nos unimos e foi muito simples: exceptuando o jogo com o Porto, vencemos todos os jogos até ao fim, muitos de goleada, com enormes exibições e futebol espectacular nuns casos e muita entrega, sacrifício e crença noutros. Rapidamente ultrapassámos o Porto (que pouco antes tinha uma vantagem de 5 pontos sobre nós) e após o jogo de Alvalade - aquele que verdadeiramente foi decisivo - passámos para a liderança para não mais a perder.

E assim conquistámos o campeonato e nos sagrámos TRICAMPEÕES.



Parecia impossível. Poucos acreditavam. Mas a partir de dada altura, dados os ataques infundados e as calúnias constantes, tornou-se uma questão de honra conquistar este campeonato.

Este campeonato foi uma lição, uma enorme lição.

Rui Vitória, de quem quase todos desconfiámos a dada altura, que porém nunca se desconjuntou, que todos passámos a apoiar a partir do momento em que foi infamemente atacado e desconsiderado, mostrou uma liderança extraordinária: firme, tranquila e sempre focada nos objectivos. Nunca abdicou de nenhuma competição e sempre compreendeu a responsabilidade de ser treinador do Benfica. Isto para além de ter mantido uma postura de cavalheiro ao longo dos mais difíceis e conturbados momentos. O prémio que alcançou é de absoluta justiça e totalmente inquestionável. Sem o apoio do presidente tal teria sido impossível, pelo que o mérito da liderança deste merece igualmente ser destacado.



Este campeonato tem uma história incrível e entra directamente para os momentos importantes do palmarés do clube e da vivência benfiquista. Os meus sinceros parabéns a todos os seus fautores. Obrigado por esta enorme alegria.

 
 
 

 
 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

O "roubo" explicado

As televisões continuam a dizer que Luis Filipe Vieira apelidou uma arbitragem de "roubo". As declarações em causa aconteceram em Dezembro do ano passado, após um jogo no Estádio da Luz.

Cada vez que o ouço irrito-me porque não foi isso que aconteceu. É uma falsidade que inclusivamente já fez com que LFV  tenha sido castigado pela Liga - certamente para tentar justificar o injustificável e criar a imagem de que o ruído e insinuações do presidente do Sporting e seus acólitos eram afinal replicadas no lado do Benfica.
 
Ora o que realmente aconteceu foi que Luis Filipe Vieira, após um jogo que o Benfica ganhou mas no qual foi claramente prejudicado, disse que estava curioso para ver se no dia seguinte as páginas dos jornais falariam em roubo.
 
E o contexto disto é claro e conhecido de quem acompanha minimamente o fenómeno desportivo neste país: uns meses antes, quando o Sporting foi prejudicado na Alemanha com um penalty contra por uma mão inexistente (a bola bateu na cabeça do jogador), tanto "A Bola" quanto o "Record" escreveram em manchete as palavras "roubo" e "roubado". Ora quando o Benfica perdeu uma final da Liga Europa contra o Sevilha, após o árbitro não ter assinalado três grandes penalidades contra os espanhóis, esses mesmos jornais nada referiram de "roubos".
 
Luis Filipe Vieira não afirmou portanto que o Benfica tinha sido "roubado" mas apenas manifestou curiosidade por ver como é que o jogo seria retratado na imprensa no dia seguinte.
 
É só isso. Mas claro que é preciso lançar a confusão e criar este "folclório" para justificar o comportamento reprovável dos dirigentes (e treinador) do Sporting ao longo de toda a época. A pressão que têm feito e as acusações constantes antes e depois dos jogos.

Seja como fôr, nada nos desviará da concentração que mantemos nos nossos objectivos. Fica apenas esta nota porque de facto a desonestidade deve ser desmascarada e infelizmente nem na BTV vi esta falácia da "acusação de roubo" ser desmascarada.


PS - a estória do "roubo" é aliás semelhante à acusação de que Luis Filipe Vieira teria dito que queria ter lugares na Liga e não contratar jogadores. Isto é o cúmulo da desonestidade: LFV disse que não valia a pena ter grandes jogadores quando as coisas não se decidiam em campo. Nessa medida  interessava mais ter gente na Liga do que jogadores em campo. Ou seja, LFV estava a criticar este estado de coisas, estava a denunciar este "sistema" que na altura estava bem vivo e não a fazer a apologia daquele modo de fazer as coisas, como os seus detractores, por ignorância ou desonestidade, querem fazer crer.  

terça-feira, 3 de maio de 2016

Vitória moralizadora e mais uma final

Como eu esperava, os jogadores libertaram-se um pouco da pressão das jornadas consecutivas a ter que ganhar e conseguiram uma exibição muito melhor e melhor produção atacante, em relação aos últimos jogos. Claro que houve muitas alterações no 11 - como tinha que ser - mas mesmo os que têm jogado mais me pareceram mais leves, mais libertos.

Tenho expectativa e confiança de que esta vitória nos dê o suplemento anímico que nos permita ir à Madeira, fazer um grande jogo e ganhar convincentemente.
 
Da noite desta segunda-feira ressaltam ainda um conjunto de boas exibições que dão garantias a Rui Vitória de que pode contar com estes jogadores. Antes de mais, como é óbvio, regista-se, saúda-se e felicita-se o regresso de Luisão, o grande campeão - e capitão - que aliás fez uma excelente exibição. Depois destaco Samaris que foi irrepreensível, apesar de um ou outro passe falhado na pior fase da equipa, e enorme a sair com a bola. Também gostei muito de Grimaldo, Carcela (belíssimas jogadas e uma assistência de antologia - depois, aliás, de um passe de rotura de Samaris para o belga-marroquino) e até de Sílvio que me surpreendeu pela capacidade físico-atlética, para além do habitual rigor defensivo. Lindelof e Raúl Jimenez estiveram no patamar de excelência a que nos têm habituado. Sálvio está à procura da melhor forma mas já teve alguns apontamentos positivos, especialmente nos poucos minutos em que jogou na segunda parte. Ederson esteve seguro e Renato alternou o bom com o mau, assim como Talisca que no apoio a Raúl não rendeu mas no meio campo esteve bem. Fedja não teve tempo para se mostrar. Jonas já dispensa considerandos.
 
Em suma, ganhámos mais ânimo, estamos em mais uma final e sinto que este pode ser o momento para a equipa se libertar da pressão e voltar a apresentar o seu futebol fluido e demolidor no ataque. Tal como a seguir ao jogo do Bayern temi que a equipa se pudesse ressentir, sinto que agora ela vai voltar a crescer. Para além disso, Luisão, Samaris, Carcela e Raúl mostraram que estão prontos para entrar em campo na Madeira caso Rui Vitória conte com eles.

domingo, 1 de maio de 2016

A integridade da competição está em causa

Não tenho alinhado muito pelo discurso das "malas", porque não tenho dados objectivos para afirmar ou negar seja o que fôr e porque tenho preferido escrever sobre o Benfica e coisas positivas.

Mas atenção: há limites. Não nos façam de parvos.
 
O Marítimo "poupou" hoje 6 jogadores contra o Estoril, jogadores que estariam em risco de exclusão caso vissem o amarelo na partida.
 
Penso que alguém terá que começar a explicar o que se está a passar.