O Benfica manteve a eliminatória viva, num jogo muito difícil, emotivo e intenso.
Sofremos os dois golos da praxe, o primeiro perfeitamente evitável: Vlachodimos faz um passe demasiado arriscado, Grimaldo ajeita a bola para o adversário, deixando a equipa em contrapé (Gilberto também estava mal posicionado) e tornando o golo quase inevitável. Mas felizmente não se confirmaram os meus piores receios. Pelo contrário: dividimos o jogo, nunca nos nos desconjuntámos e o Ajax teve dificuldade em encadear o seu futebol, principalmente aquelas combinações desconcertantes que deixam as defesas em palpos de aranha. O facto é que a nossa defesa esteve por regra bem posicionada. Passámos, é certo, por momentos muito complicados no fim da primeira parte, altura em que o Ajax podia ter sentenciado a eliminatória. Mas também teria sido algo injusto, pois os holandeses já estavam na frente do marcador sem merecerem demasiado, uma vez que o Benfica até entrou bem e depois de empatar sofreu novo golo um pouco do nada e contra a corrente do jogo.
A segunda parte foi bastante diferente, para melhor. Rafa apareceu mais, Taarabt esteve excelente e criámos bastante caudal ofensivo, com largos períodos de domínio do jogo e o adversário totalmente recolhido no seu meio campo. O golo apareceu num momento de transição, quando eventualmente até já nem estávamos a dominar tanto. Depois disso podíamos ter feito o 3-2 num centro de Darwin para Yaremchuk e pelo meio houve um penalti indiscutível sobre Ramos que o VAR não quis sancionar.
Em geral foi um bom jogo, com vários golos e oportunidades e domínio alternado. Cabe dar os parabéns a Nelson Veríssimo pois ele é o principal obreiro deste empate (que nas actuais circunstâncias e face às expectativas e qualidade do adversário não é um mau resultado).
Primeiro, porque assumiu a equipa num momento dificílimo e ainda para mais nas circunstâncias pessoais que se conhecem. Segundo, porque apesar das coisas não terem vindo a correr bem não se desmoralizou, não deixou de continuar a fazer o seu trabalho com o mesmo profissionalismo e nunca se escondeu. E finalmente porque preparou muito bem este jogo.
Quando toda a gente pensava que iria jogar com três meio campistas e três avançados, jogou num 4-4-2 com Gonçalo Ramos a baixar e subir conforme a equipa atacava ou defendia. E Ramos fez um excelente jogo, tendo sido decisivo no segundo golo. Além disso, deixou João Mário no banco e apostou em Taarabt. Este já havia estado bem no Bessa e esta noite terá sido mesmo o melhor em campo pelo Benfica. Foi um dos jogos mais conseguidos do marroquino desde que chegou ao clube, ele que tem evoluído muito com Veríssimo, perdendo muito menos bolas.
Em suma, uma segunda parte muito boa, com ritmo fortíssimo, permite ao Benfica acalentar algumas esperanças para o jogo de Amsterdão. E isso é mérito de Veríssimo. Há agora, como disse o próprio numa boa conferência de imprensa, que dar continuidade já no próximo jogo de forma a consolidar estas melhorias.