É uma pena que o Porto não tenha aproveitado a mudança de clima que a partida de Eusébio gerou no Portugal futebolístico. Podia tê-lo feito. Não mudaria o passado, mas pelo menos podia preparar um futuro um pouco menos vergonhoso do ponto de vista dos valores desportivos, para não dizer morais.
A "cultura" do FC Porto é uma cultura de agressão e falsidade. E isso é muito difícil mudar. Se dúvidas houvesse veja-se estas últimas declarações do seu presidente e do seu treinador.
Pinto da Costa, o tal que dizia que só os "burros" falavam de arbitragem, veio dizer que Artur Soares Dias, árbitro que, segundo se diz, tinha um registo "perfeito" em jogos do Porto (só vitórias), "não tem condições para arbitrar". E isto porquê?
Porque Soares Dias não beneficiou suficientemente o seu clube como, para a mentalidade de Pinto da Costa, deveria. Aquilo que Pinto da Costa de facto disse é que não marcar um penalty descarado, indiscutível e óbvio, que ocorreu nas barbas do árbitro, contra o seu clube (evitando assim também a expulsão do seu jogador) não é suficiente. Não, isso é o "normal". Depois disso, o árbitro deveria ter feito o necessário para que o Porto mesmo assim não perdesse o jogo.
Soares Dias, que de acordo com os portistas era, até dia 12 de Janeiro, o "melhor árbitro português", deixou, a partir desse dia, de ter condições para apitar. Isto porque o Porto perdeu um jogo por ele apitado.
Esteve bem Bruno de Carvalho, Presidente do Sporting, ao dizer que de facto esta actuação era merecedora de um óscar de Hollywood.
E depois disto, como se não bastasse, ainda surgiu o treinador, que após o clássico na Luz declarara que "não havia nada a dizer sobre a vitória do Benfica", a explicar-nos agora que afinal isso era tudo parte de uma "estratégia" para ver se a comunicação social falava por sua inciativa da arbitragem. Como ninguém falara da arbitragem ficava provado que existia uma "cabala" para prejudicar o Porto. Patético.
A vergonha está à mostra para quem a quiser ver. Já nada é escondido, tudo se faz às claras. Um árbitro que faz vista grossa a um penalty descarado que se passa a um metro de si, mas DESCARADO a um ponto que quase não se acredita, ser ainda criticado pelo clube que beneficiou dessa decisão, é de facto o cúmulo. Aquilo que se está a dizer em público, é que os árbitros têm que fazer o que for preciso, não importa quão evidente, para que o Porto ganhe. Pinto da Costa mostrou que a sua natureza é a de um puro batoteiro e esvaziou de qualquer mérito, que ainda pudesse ser reconhecido, as vitórias do seu clube.
Um autêntico escândalo que os comentadores deixaram, na maior parte dos casos, passar quase despercebido, sem analisarem e retirarem as consequências lógicas destas declarações que, apesar de tudo, ainda considero infelizes, pois não posso acreditar que Pinto da Costa realmente desejasse, como acabou por fazer, dizer publicamente que o seu clube quer ganhar com batota.
Quanto ao árbitro, tem o que merece, pois não tem seriedade para desempenhar aquelas funções. Este é o árbitro que entregou a sua camisola a um adepto no dragão, que fez a arbitragem miserável que se sabe há dois anos em Alvalade, tirando-nos definitivamente a possibilidade de chegar ao título, e que no ano passado nas Antas marcou dois penalties contra o Rio Ave, ambos inexistentes, um dos quais aos 45m+1 não fosse o Porto a perder (como estava) para o intervalo. Se Soares Dias fosse sério, teria quem o defendesse agora, mas como a sua carreira foi feita à custa do clube do seu coração, agora que este, ingrato, lhe vira as costas, o portuense portista está sozinho.
Foi, sem sombra de dúvida a pior arbitragem que vi na minha vida, com a decisão mais escandalosa de que me lembro (o lance de Mangala) e um conjunto de outros lances menos evidentes mal decididos para os dois lados. O jogo acaba mesmo com uma cena de comédia, a rábula da bola ao ar que só faltou ter resultado em golo do Benfica para completar a pantomina. Lamentável, absolutamente lamentável mas facilmente explicável - como passo a demonstrar.
Aqui há pouco mais de um ano
"desafiei" Vitor Pereira, da arbitragem, a nomear os árbitros conhecidos por prejudicar o Benfica em jogos fora, para jogos na Luz. A razão era simples: eu não acreditava que na Luz eles se atrevessem a fazer o que faziam nos jogos fora.
O que aconteceu com Soares Dias foi o seguinte: durante a primeira parte, decidiu constantemente contra o Benfica mas não houve nenhum caso muito importante (a não ser um lance em que dois jogadores do Porto fazem falta para amarelo e nenhum o vê); na segunda parte há o lance do penalty de Mangala a um metro de si - o Estádio explode; mas no lance imediatamente seguinte há o golo, de "raiva", pela injustiça flagrante e pouco depois o lance de Jackson com Maxi; aqui parece novamente muito claro haver uma agressão (na repetição fica-se na dúvida e aceita-se o amarelo); todos os intervenientes esperam o vermelho mas Soares Dias dá o amarelo; nova assobiadela monumental e o árbitro a partir daí já está no limite das suas forças para combater o Benfica e suportar a pressão do Estádio; já não tem coragem para marcar o possível penalty sobre Quaresma e expulsa Danilo por pretensa simulação. A partir daqui o seu desnorte já é completo. Ele já só queria sair dali.
Por esta razão, os adeptos não podem ser árbitros. Mas infelizmente isso acontece em Portugal, como, para além do caso em apreço, se viu ainda agora com dois árbitros de andebol. Depois de uma arbitragem absolutamente tendenciosa num clássico Benfica-Porto, com enorme influência no desfecho do jogo (que ocorreu há alguns meses), descobriu-se que os mesmos tinham páginas no Facebook onde faziam piadas sobre o Benfica, assumiam o seu portismo e subscreviam mesmo páginas do "anti-Benfica". Os árbitros foram suspensos e terão agora assumido a sua saída da arbitragem (talvez para integrar a "estrutura" do Porto).
Está na hora de acabar com esta pouca vergonha.