segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A degola de Moyes

O estado do Manchester United esta época e as ausências de Rooney, Van Persie, Nani e Fellaini (todos por lesão) não faziam prever nada de bom para esta equipa na sua deslocação a Londres para defrontar o Chelsea. Em casa, Mourinho tem um registo "limpo", sem qualquer derrota para o campeonato. O modo como as suas equipas normalmente jogam nos jogos grandes era mais um factor que atribuía forte favoritismo ao Chelsea. 
Foi por isso sem surpresa que se assistiu à completa vulgarização do ainda campeão inglês. Enquanto houve jogo (apesar de um começo razoável mas inofensivo do United) o Chelsea foi de uma superioridade esmagadora. A partir do 3-0 (que aconteceu logo aos 48m) foi claro o abrandamento: para Mourinho não há vantagem em obter goleadas em jogos que valem 3 pontos, pelo que passou a haver uma gestão de esforço. O Chelsea facilitou mesmo um pouco e o United conseguiu o golo de honra, já perto do fim. Nunca houve porém, a partir do 1º golo do Chelsea, que surgiu logo aos 16m, qualquer dúvida acerca do desfecho do jogo. 
Mourinho voltou a ter um toque mágico, ao colocar Etoo no 11, em detrimento de Torres, pois o camaronês fez um hat-trick. Torres pelo contrário acabou por se lesionar nos poucos minutos que esteve em campo e estará ausente por algumas semanas. 
De sublinhar também que David Luiz voltou a jogar no meio campo, ao lado de Ramirez. É uma situação que Mourinho vem gerindo, conhecendo-se a qualidade do brasileiro e o seu estatuto, agora com esta "solução" de jogar no meio. Na defesa Terry é um bastião intocável e Cahill é um defesa à medida de Mourinho - muito seguro e concentrado, não é dado às subidas e "aventuras" de Luiz. Terry e Cahill completam-se muito bem. Veremos como é que, com soluções como Matic, Obi Mikel e Lampard no banco, Mourinho gere a situação de Luiz nesta segunda metade da época. Claro que poderá sempre haver alguma lesão de um dos centrais neste momento titulares, mas se não for o caso pode estar ali um problema.
Independentemente deste aspecto, há que reconhecer que Mourinho vem fazendo um excelente trabalho e que esta equipa não tem nada a ver com a que jogou nas primeiras jornadas do campeonato. Está muito mais forte, muito mais consistente, mantém-se a apenas 2 pontos da liderança e vários jogadores subiram muitíssimo de rendimento.  

Outra boa surpresa tem sido a consistência do Arsenal, que se mantém na liderança. Ozil veio indiscutivelmente dar muita maturidade e dimensão à equipa na qual se destacam ainda outros jogadores como Ramsey e Giroud, para além da defesa, nomeadamente guarda-redes e centrais. É uma pena que Walcott se tenha lesionado e não volte a jogar esta época. A regularidade tem sido o apanágio desta equipa que conseguiu "sobreviver" ao "choque com os titãs" que aconteceu há algumas jornadas atrás. Apesar de uma derrota copiosa com o City, o empate com o Chelsea permitiu ao Arsenal manter-se na frente. Essa liderança é, estou convencido, o combustível de que se alimenta esta equipa, pelo que será essencial mantê-la para prolongar o élan vencedor. Temo que perder a posição cimeira possa significar uma grande queda para o Arsenal em termos de mentalidade e motivação. 

Já o Liverpool disse adeus ao título precisamente nesse mini ciclo de jogos com os gigantes: duas derrotas entre o Natal e o fim de ano, ambas por 2-1 e ambas depois de estar em vantagem, contra City e Chelsea abriram um fosso que já não é recuperável para o trio da frente. Nunca considerei o Liverpool como candidato mas confesso que fiquei surpreso pelo boa forma e bom futebol que vem demonstrando esta época.

Finalmente o City apresenta-se como a equipa com o plantel mais forte e que nessa medida será o principal candidato a vencer, até porque tem mostrado qualidade e consistência nas últimas jornadas. As opções são mais do que muitas para todos os sectores do campo, incluindo suplentes de luxo. 

As próximas jornadas prometem mais emoções trazendo alguns jogos importantes na luta pelo título: o City na próxima quarta, dia 29, vai a Londres jogar com o Tottenham (que desde a saída de Villas-Boas vem encetando uma grande recuperação, com Addebayor a desempenhar um papel importante) e na jornada seguinte recebe o Chelsea. Começamos, lá como cá, a entrar na fase das decisões, aquela na qual começa a não haver muito tempo para recuperar de qualquer erro.

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