O futebol é um jogo físico, um jogo viril.
Sem desprimor para o futebol feminino, ainda me lembro bem de, na escola, se dizer "o futebol não é para meninas". A carga de ombro é um exemplo do lado físico do futebol - o mais forte ganha o lance.
Por outro lado o futebol é um jogo leal e por isso não se admite as rasteiras ou o jogo com os braços.
Nos países latinos (sobretudo Portugal, Espanha e Itália), por razões que não são fáceis de discernir, mas que podem ter que ver também com o grande número de jogadores oriundos do Brasil e restante América Latina, o futebol tornou-se demasiado faltoso.
Uma mentalidade resultadista em detrimento de uma desportivista, leva a que muitas equipas recorram a todo o tipo de expedientes para impedir as equipas mais fortes e atacantes de jogar, nomeadamente os esquemas ultra-defensivos do chamado "autocarro" em frente da área e o anti-jogo, constantes perdas de tempo, simulações de lesões e demoras nas reposições de bola.
Nos países anglo-saxónicos, o futebol é muito mais físico e existe mais fair-play. É uma questão de honra: simular ou perder tempo é considerado vergonhoso e condenado por adeptos e comentadores (e punido pelas instâncias competentes).
Em Portugal é tudo ao contrário: por regra os jogadores não têm esse espírito de fair-play, os árbitros tudo permitem e os comentadores têm muito pouca capacidade crítica, fazendo normalmente as suas análises em virtude dos resultados dos jogos.
Por estas razões há muitos anos que me identifico mais com o futebol inglês, de grande intensidade, grande ritmo, atacante, de parada e resposta. O futebol português pelo contrário é lento, com imensos tempos mortos, sem ritmo nem fluência, cheio de faltas e faltinhas a toda a hora.
Claro que a arbitragem desempenha um papel essencial neste tipo de futebol. A nossa arbitragem é, por regra, péssima. Os nossos árbitros passam o tempo a apitar, a cortar o ritmo do jogo. São incapazes de distinguir entre a virilidade e a maldade. São preciosistas e autoritários em relação a coisas insignificantes mas depois completamente incapazes de se fazer respeitar nos momentos verdadeiramente importantes. São incoerentes, não têm critérios uniformes, a maior parte das vezes nem sequer no mesmo jogo! Depois há as preferências clubísticas dos árbitros que são por vezes evidentes e se refletem, e de que maneira, nas suas decisões.
Dito isto, as decisões mais importantes durante os jogos (penalties e cartões) acabam por ser tomadas de forma arbitrária, quer dizer, quase ao calhas, com o factor clubístico a ser, na maioria das vezes, decisivo para o lado que as mesmas acabam por pender. Um completo desastre para a verdade do jogo! E é evidente que o Porto é o clube que nas últimas décadas mais tem beneficiado deste estado de coisas.
De todas as decisões, o penalty e a expulsão são evidentemente as mais determinantes no desfecho do jogo. O blog influência arbitral tem feito um trabalho notável neste domínio, demonstrando de forma objectiva como o Porto tem sido beneficiado ano após ano e como esses benefícios explicam largamente o seu sucesso.
Em Inglaterra, conscientes como são, os árbitros têm a noção de como o penalty é uma decisão importantíssima senão determinante. E nessa medida quase não marcam penalties.
De facto, o penalty é uma falta que deve ser apitada apenas quando um jogador está numa posição de quase fazer golo e é impedido ilegalmente dentro da área, ou quando exista uma falta que, apesar de desnecessária, seja absolutamente evidente. Marcar penalties por bolas pontapeadas à queima roupa tocarem na mão do adversário em situações de nenhum perigo eminente, ou por supostos (ou reais) toques mínimos quando os atacantes correm em direcção paralela ou mesmo contrária à baliza, é algo que considero absurdo e totalmente desvirtuador da verdade do jogo. Do nada, de lances perfeitamente inofensivos, resulta, por uma decisão exclusiva do árbitro, um golo quase certo.
É uma decisão tão séria que os árbitros só a devem tomar quando têm a certeza absoluta de que existiu uma falta, isto é quando essa falta é evidente. Ora penalties evidentes são uma minoria muito pequena. Infelizmente porém por vezes são esses que não são marcados (como se viu com a mão de Mangala, tipo bloqueio de vólei, no passado domingo), ao passo que lances inofensivos e altamente discutíveis acabam por ser decididos nesse sentido.
Em conclusão, quanto menos penalties forem marcados (assinalando-se apenas os óbvios) menor a probabilidade dos árbitros errarem com influência no resultado. Isto apesar dos comentadores e pseudo-especialistas, grande parte com agendas marcadamente clubísticas, poderem dizer exactamente o contrário e reclamarem a marcação de penalties a toda a hora e por tudo e por nada. Não percebem o espírito do jogo e não percebem que, mesmo que haja erros, se houver coerência, já teremos um grande avanço.
Um comentário com o qual concordo inteiramente.
ResponderEliminarConcordo inteiramente. Os adeptos, diga-se, também têm culpas no cartório, reclamando penaltis por tudo e por nada. Mas depois quando é contra a sua equipa já fingem que não vêem. Enfim, é como dizes, há uma margem de interpretação demasiado larga, que permite grande arbitrariedade, se me permites o trocadilho. Os penaltis, quanto a mim, só deviam ser assinalados em lances muito perigosos, e não por dá cá aquela palha, por vezes faltas duvidosas na quina da área ou quando a bola já vai a sair. Até porque isso inibe muito os defesas e impede-os de disputar os lances.
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