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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

O que passou-se?

O que se passa? Está-se tudo a passar? Ainda nem metade da época se passou e já três competições são passado?!

A Taça passou-se, a Taça da Liga passou-se e na Liga dos Campeões fomos passados a ferro por um vulgar Basileia. 

Parece que tudo o que poderia correr mal está realmente a passar-se - que passou por ali bruxedo. Temos passado por momentos que nem o mais pessimista anteciparia face ao que se passou nas épocas passadas. Nem nos nossos piores pesadelos futebolísticos algo assim se passaria. Nalguns jogos os nossos atletas parecem não conseguir fazer dois passes seguidos (o que se passará nas suas cabeças?). É de um adepto ficar passado.

Mas atenção: no futebol tudo é passageiro e muita água irá ainda passar debaixo da ponte até que a época acabe. Por vezes há que passar por momentos difíceis, passar, como diz o povo, pelas passas do Algarve, para melhor saborear as vitórias.

Logo após a passagem de ano teremos um jogo muito importante para a definição da Liga. Apesar dos maus momentos passados, vencendo o Sporting passamos para o segundo lugar. 

Será caso para dizer que no pasa nada? Não me parece que se possa dizer isso. As coisas não se resolvem de um momento para o outro, como num passe de magia. Independentemente do desfecho do campeonato, esta época ficará marcada por uma campanha lamentável na Liga dos Campeões que afecta o prestígio e o passado do Benfica. Passámos por lá como um grupo de excursionistas a carimbar passaportes. Isto para já não falar das taças nacionais pelas quais passámos sem deixar marca. Diga-se de passagem que nem a passagem à fase decisiva das provas alcançámos. Não basta passar uma esponja... Não é possível passar entre os pingos da chuva no que toca ao apuramento de responsabilidades, para que erros destes não se voltem a passar.

No entanto, o futebol é o momento e o passado conta pouco face ao presente que todos desejam de vitórias. Passe-se o que se passar, o Benfica terá que fazer tudo o que está ao seu alcance para alcançar o Penta. A oportunidade é histórica e não a podemos deixar passar. Usando uma imagem cara ao nosso treinador, este é um cavalo que não tornará a passar tão cedo. 

Passado o Natal e comidas as passas, há que cerrar fileiras para que o Sporting não passe na Luz mas antes ali passe um mau bocado, para que possamos passá-los na classificação. Seria importante passar os Reis pelo menos no segundo lugar. Depois vamos passo a passo.

Àqueles adeptos que não podem ir à Luz, por estarem a passar a quadra fora, não se esqueçam de passar o vosso redpass a um amigo ou familiar.

Até lá uma boa passagem de ano a todos. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Incrível, brilhante... inesquecível


O Benfica conseguiu ontem o que muitos consideravam improvável antes do jogo e impossível após a expulsão e (mais ainda) o golo do Porto.

A jogar em inferioridade numérica, o Benfica conseguiu marcar dois golos e apurar-se num jogo de proporções gigantescas, históricas, futebolisticamente falando. 

De facto parecia muito difícil que, sem Luisão, sem Fedja, sem Amorim, com uma equipa mais desgastada do que o adversário (que poupou várias peças para esta partida) o Benfica se pudesse superiorizar de uma forma clara ao seu principal rival das últimas décadas, ao qual não vencia em duas partidas seguidas há muitíssimos anos, e o qual o tinha vencido na maioria dos confrontos decisivos dos últimos anos.

A entrada em campo foi porém destemida, autoritária, muito confiante e deixou logo antever um domínio quase total do jogo que mais cedo ou mais tarde deveria resultar em golo. Restava depois ver como reagia o Porto que entrara a tentar disputar o jogo pelo jogo e ter bola no meio campo do Benfica mas rapidamente se encolhera e passara a jogar na expectativa. 

A partir do golo ficámos com a clara sensação de que o Benfica podia resolver a eliminatória com alguma facilidade, tal o domínio do jogo, a velocidade com que jogava, a convicção dos seus jogadores. Mas num ápice tudo mudou. Numa das suas jogadas de prestidigitação arbitral, Proença resolve expulsar Siqueira, depois de uma entrada mais ríspida. 

A questão aqui está e não está no segundo cartão amarelo. Não está na medida em que tem que se admitir tratar-se de uma jogada em que o árbitro pode dar cartão amarelo. Mas está na medida em que um árbitro deve evitar estar a condicionar um jogo decisivo de uma forma tão flagrante, ainda na primeira parte e ainda por cima quando o primeiro cartão amarelo foi manifestamente injusto. Mais: Proença não interrompe a jogada, não dá amarelo quando a bola sai pela linha lateral e só muito tempo depois, após se ir inteirar do estado de Quaresma (que obviamente teatralizou ao máximo) é que dá o 2º amarelo e vermelho a Siqueira. 



Depois disto o jogo do Benfica desconjuntou-se (até porque Cardozo praticamente não participava no jogo da equipa, por manifesta incapacidade física que aqui já referimos) e até ao fim da primeira parte não fez mais nenhuma jogada, tendo-se limitado a segurar o resultado, entrando entretanto André Almeida para o lugar de Cardozo.

Na segunda parte esperava-se um jogo de muito sofrimento e, na melhor das hipóteses, paciência para esperarmos por uma oportunidade de poder marcar. Viu-se que a equipa entrou bem e até a ser mais acutilante e perigosa mas do nada Varela tirou um coelho da cartola, que teve algum sabor a frango, pois a bola passa por baixo das pernas de Artur (já Fabiano me parecera mal batido no golo de Sálvio).

Tudo parecia perdido nessa altura. Mas eis que, coisa rara, coisa única, coisa inaudita, Proença marca um penalty a favor do Benfica e contra o Porto. Penso que o penalty não oferece dúvidas pois Reyes (muito verdinho - eu disse antes do jogo que ele tremeria como varas verdes) falha por completo a bola e derruba objectivamente Sálvio (que jogo!).

A esperança reacendia-se. A Luz acreditava no que parecia impossível. O Benfica crescia e o Porto diminuía, encolhia-se, assustava-se. Logo a seguir Rodrigo isola-se (nova infantilidade de Reyes) podia ter marcado mas adia o remate e escorrega no último momento, quando quer fazer mais uma finta.

A expectativa cresce, o Benfica mostra-se paciente, acredita e num golpe de génio, coroando um jogo enorme, André Gomes faz um golo monumental. É a loucura completa no Estádio. O vulcão incendia-se: todo o banco de suplentes corre para André, alguns adeptos loucos invadem o campo. Conseguimos! Ganhámos! Faltavam 10 minutos e jogávamos com 10 mas de modo nenhum deixaríamos fugir esta vitória.



Dali até ao fim já não houve futebol. Quesílias, perdas de tempo, discussões, talvez uma ou outra agressão que escapou ao árbitro e às câmaras de televisão e o apito final chegava. Os adeptos celebravam, meio atónitos, quase incrédulos quanto ao que acabara de se passar. 

Eu ontem avisei. Salvo um impedimento de força maior, jogos destes não se podem perder. A noite de ontem na Luz foi inesquecível.

Caso tenha oportunidade escreverei mais tarde acerca da inteligência com que Jorge Jesus e os jogadores, com especial destaque para os centro campistas abordaram este jogo e como se começou a construir tacticamente a vitória de ontem. Todos os Benfiquistas estão de parabéns pela vitória de ontem, sobretudo como é óbvio aqueles que acreditaram e apoiaram a equipa em muito a ajudando a superar-se e encontrar forças onde elas pareciam já não existir para conquistar esta presença no Jamor.

Os sentimentos ao Presidente do Benfica pelo falecimento da sua Mãe ainda na noite de ontem. Para ele e toda a família, as condolências e um abraço.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Gravíssimo

Aquilo que se passou ontem no Estádio da Luz é de uma gravidade extrema e talvez só mesmo por milagre se tenha evitado a tragédia.

É verdade que estivemos perante condições climáticas extremas mas não é de todo aceitável que um Estádio com 10 anos se comece a desfazer perante o olhar incrédulo dos adeptos a ponto de caírem gigantescas placas de alumínio. Poderia ter acontecido uma tragédia.

Eu encontrava-me debaixo da cobertura que foi afectada e a situação foi assustadora. Primeiro existia uma coluna de som literalmente pendurada pelos cabos. Depois a cobertura da pala como que se rasgou, em dois momentos diferentes e espaçados no tempo alguns minutos, com um ruído fortíssimo.

A dada altura apercebemos-nos de que seguranças (pensámos), caminhavam pelas estruturas da pala, procurando resolver a situação da coluna de som e inspeccionando, de forma sumária, o que se passava com a cobertura.

Enquanto toda a gente no Estádio percebia que algo não estava bem e os espectadores debaixo daquela pala percebiam que a estrutura estava comprometida, alguém continuava a colocar música aos altos berros. O estádio a desfazer-se e um ruído ensurdecedor de Eminem. Foi um cenário surreal.

De imediato percebi que estávamos em perigo e muito rapidamente disse a quem me acompanhava que devíamos sair dali. Esperámos mais uns minutos já junto ao acesso à bancada e também daí rapidamente passámos ao interior do estádio, junto aos bares. Foi aí que tivemos a confirmação de que o jogo tinha sido cancelado (algo que considerávamos inevitável).

O que se passou, a parte da música (já de si normalmente muito desagradável e nas circunstâncias particulares de ontem intolerável) incluída, é gravíssimo, tanto mais que não foi a primeira vez que aconteceu.

Como se pode justificar que um Estádio tão recente (e que tanto custou) não ofereça condições de segurança para os espectadores? Claramente aquela cobertura foi muito mal feita e a construtora que a realizou tem que assumir as devidas responsabilidades.

Tenho as maiores dúvidas que a situação se possa resolver em apenas um dia. 

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Fotos do clássico

Aqui ficam mais fotos que permitem, aos que não puderam estar no Estádio, sentir um pouco do ambiente fantástico que se viveu no Domingo - e que muito se deve ao facto do jogo ter sido às 4 da tarde, que por sua vez só é possível devido à decisão de manter os direitos no clube e transmitir os jogos na BenficaTV. Desde o início que achei esta decisão fundamental para o Benfica, no sentido de romper com o "sistema" e mudar o caminho (viciado) do futebol português.
Desde já informo que há mais fotos na página "Estádio da Luz", que podem encontrar aqui no blog no separador que se encontra no topo da página e que temos ainda mais fotos e também um vídeo HD dos momentos que antecederam o jogo (e nomeadamente quando se cantou o hino do Benfica) na nossa página no Facebook.
Quanto às fotos abaixo, podem clicar para ver em tamanho maior.







terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Quantos estarão hoje na Luz?

Penso que ninguém saberá ao certo, mas a verdade é que não se encontra informação sobre o assunto em lado nenhum. Noutras alturas os jornais davam conta das enchentes e de como havia poucos bilhetes disponíveis. Por estes dias nem uma palavra, o que em si é indicativo de que a assistência estará muito abaixo do que seria expectável em condições normais.
Não apenas a venda de bilhetes deverá ser muito reduzida (os preços são pouco menos que proibitivos) como inclusivamente alguns possuidores de bilhetes (nomeadamente packs comprados antes do início da época) optarão por não estar presentes.
As razões prendem-se, claro está, com o sub-rendimento da equipa e com o facto do Benfica não depender de si mesmo para assegurar o apuramento. 
Veremos quantos estarão presentes logo à noite para a primeira decisão da época

terça-feira, 30 de abril de 2013

Benfica-Fenerbahçe - regresso à Europa

O Benfica venceu ontem o Marítimo, num jogo em que todos viram e perceberam o que se passou, não valendo a pena grandes análises. Vitória indiscutível e o campeonato quase conquistado: com alguma fortuna poderia até ser já na próxima semana. Ainda que assim não aconteça, ou seja, mesmo que o Porto vença o Nacional, a vitória sobre o Estoril significa um ponto final nas dúvidas, ficando apenas a faltar a confirmação "matemática". Mas sobre isso teremos ainda tempo de falar.

Agora é altura de apontar baterias à Liga Europa.

O Benfica foi grande na Europa nos anos 60, alcançando finais, conquistando títulos e granjeando prestígio e respeito a nível mundial.

A década seguinte não foi positiva a este nível mas nos anos 80 o Benfica volta à ribalta: a uma meia final da Taça das Taças em 80/81 segue-se uma final da Taça UEFA em 82/83 e uma final da Taça dos Campeões em 87/88. Depois de empatar a 0, o Benfica recebeu e venceu o Dínamo de Bucareste por 2-0 com dois golos de cabeça de Rui Águas. Foi o regresso à final da Taça dos Campeões 20 anos depois. Infelizmente, o Benfica perderia essa final por penalties contra o PSV Eindhoven.
Dois anos depois, o Benfica estava numa nova final. Foi a célebre meia final da mão de Vata (ainda hoje o jogador diz que meteu o peito). Depois de perder 2-1 em Marselha, contra uma equipa fortíssima onde pontificava Papin, o Benfica vence por 1-0 em casa, com o golo já referido a surgir perto do fim do jogo. Também essa final não seria feliz para o Benfica, tendo sido batido pelo grande Milão (campeão em título) de... Maldini, Costacurta, Baresi, Ancelotti, Rijkaard, Van Basten e Gullit por apenas 1-0, com o golo a surgir já na fase final do jogo. Note-se que este Milão tinha vencido no ano anterior a mesma Taça, batendo na final o Dínamo de Bucareste por 4-0 (2 de Gullit, 2 de Van Basten), tendo nas meias finais atropelado o Real Madrid: depois de um empate a 1 na primeira mão, os italianos deram 5-0 aos espanhóis em San Siro. E uma outra equipa do Milão, já sem quase todos os jogadores que defrontaram o Benfica, viria, apenas 4 anos depois, a vencer nova Taça, desta vez goleando o Barcelona por 4-0.

Com equipas relativamente medianas, o Benfica conseguia portanto proezas surpreendentes, embora perdendo as finais. Era porém difícil fazer melhor.

Em 1993/94, o Benfica está a um passo de nova final, desta vez da Taça das Taças. Na equipa pontifica Rui Costa, mas há vários jogadores já demasiado veteranos: Mozer com quase 34, Isaías com 30 e Veloso, que é titular na 1ª mão, com 37 anos! Na primeira mão na Luz o Benfica vence por 2-1 e na segunda sofre o golo da eliminação aos 77'.

Finalmente em 2010/11, aconteceu algo de muito infeliz e doloroso para o Benfica, com a eliminação nas meias finais frente ao Braga. Também nessa ocasião o Benfica jogou primeiro em casa e venceu por 2-1, tendo depois na 2ª mão jogado em Braga e perdido por 1-0. Foi uma eliminatória "esquisita", no meio de uma época para esquecer, em que o Braga pode agradecer a todos os santinhos ter passado, pois o azar do Benfica foi quase inacreditável. Como é sabido, o Porto viria a bater o Braga na final, com um golo de Falcao em fora de jogo.

Ou seja, dois anos depois o Benfica tem uma nova oportunidade de estar presente numa final europeia, algo que não acontece há 23 anos.

Nessa ocasião, tal como dois anos antes, o Benfica resolveu a eliminatória na 2ª mão no Estádio da Luz, uma vez vencendo por 2-0, na outra por 1-0. Já nas meias-finais perdidas, contra o Parma e o Braga (nomes curiosamente parecidos), a 1ª mão jogou-se na Luz. Esperemos que isto sejam bons augúrios, uma vez que iremos novamente e pela terceira vez em 25 anos enfrentar o jogo decisivo da eliminatória em nossa casa.

Depois de um ensaio, chegou agora a hora de recriar o verdadeiro inferno da Luz.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Bilhete para o Jamor

Para informação sobre preços, hora e como comprar bilhetes para a final, clique neste link:
http://justicabenfiquista.blogspot.pt/2013/05/bilhetes-para-o-jamor-venda-domingo.html

O Benfica pode esta noite garantir não ainda um título mas uma presença numa final, bastando para tal não perder, em casa, com o Paços de Ferreira.
O Jamor está à vista e o preço dos bilhetes para o jogo que pode "carimbar esse passaporte", para usar uma expressão do jargão futebolístico, é bastante acessível. Apenas os dois primeiros anéis estão abertos e os sócios podem marcar presença por apenas 7, 5 euros. Para os sócios infantis o preço desde aos 5 euros e para as famílias o total é de 25.
Boas razões para marcar presença, apesar da vantagem confortável na eliminatória.

terça-feira, 9 de abril de 2013

A Liga Europa e o Vulcão da Luz

Marquei presença, como se impunha, no Estádio da Luz, para uma importante jornada europeia, a primeira mão dos quartos de final da Liga Europa. Todos esperamos que este tenha sido o penúltimo jogo em casa desta época para a Liga Europa e que o percurso na competição acabe com uma vitória em Amsterdão. É possível!

O Benfica fez para mim um dos melhores jogos da época contra o Newcastle.

Por mérito do Newcastle que se posicionou bem em campo, o Benfica não teve a melhor entrada no jogo. Fazendo uso da enorme velocidade dos seus homens da frente, o Newcastle aproveitou a sua primeira oportunidade para marcar e conseguir o temido golo fora, que tantas vezes compromete as eliminatórias. As coisas podiam-se ter complicado muito: à necessidade do Benfica inverter o resultado, contrapunha-se um perigoso contra-ataque inglês. Ou seja, dificilmente poderíamos ter tido um pior começo.

No entanto, este Benfica é a equipa mais consistente, mais sólida e mais forte dos últimos anos. Foi, com garra e qualidade de jogo, em busca dos golos. Logo na primeira jogada após o golo forasteiro se viu a determinação e confiança dos nossos jogadores. E assim, com a felicidade que não tivemos no primeiro lance de ataque do Newcastle, "sobrevivemos" a duas bolas no poste sabendo depois dar as estocadas nos momentos certos, com a "lança" bem "afiada" Lima a ser crucial e Cardozo a não perdoar, nem mesmo na repetição (caricata) do indiscutível penalty.

Só uma grande equipa, com estofo europeu sério, seria capaz de inverter de forma tão clara o resultado. Essa equipa merece todo o nosso apoio e carinho.

E teve-o realmente. Apesar de haver sempre insatisfeitos, o ambiente no Estádio foi talvez não infernal mas certamente vulcânico. Muitas vezes os jogadores do Newcastle andaram completamente desorientados, atarantados com o ambiente à volta do campo e a velocidade, pressão e determinação dos jogadores do Benfica. Os 3-1 espelham, até por defeito, essa realidade. Que as estatísticas também demonstram: 20 remates contra 7, 12 cantos contra zero. O resultado poderia até ter sido outro, caso o 2º golo tivesse surgido ainda na primeira parte. Considerando porém as duas bolas ao poste do Newcastle, penso que o mesmo se aceita.

Fica uma grande exibição europeia e uma noite que pode servir de ensaio a outros voos da águia. A enorme falange de apoio inglesa, sempre fiel no acompanhamento das suas equipas, sobretudo o Newcastle, que é um histórico de Inglaterra, foi quase completamente silenciada, submergida pelo Vulcão da Luz.

Resta fazer um jogo seguro e personalizado em Inglaterra para podermos passar às meias-finais e aspirar a vencer de novo, mais de 40 anos depois uma competição europeia. O Benfica, pela sua grandeza, já o merece. Esta equipa, pela sua qualidade e espírito, também. Tenho pena de não poder ir a Inglaterra, mas mais forte do que isso é a esperança de poder ir a Amsterdão e lá celebrar um feito histórico.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A ditadura das transmissões televisivas (e o speaker)

E outros temas "logísticos" - o speaker da Luz


Esta semana o Benfica vai à Choupana, como sabemos, mas na próxima semana volta à Luz (dia 17 contra a Académica).
Para esse jogo, o Benfica lançou uma nova campanha, desta vez para o Dia de São Valentim, vulgo DIa dos Namorados, com preços muito económicos.
Como tenho assinalado, é muito importante, por todas as razões, ter grandes assistências na Luz daqui até ao fim do Campeonato.
A iniciativa é portanto muito meritória, tal como outras, por exmplo a do bilhete de família. Até aqui só tenho a elogiar esta política da direção.
O que já não se compreende é que o jogo com a Académica seja novamente num Domingo às 20.15h.
O assunto nem é novo. Jogo após jogo na Luz, os sócios e adeptos se queixam do horário.
Não há dúvida nenhuma que num horário diferente (ou apenas num dia diferente, por exemplo sábado), estes jogos teriam assistências ainda maiores. Com o Setúbal estiveram na passada semana quase 40.000 espectadores. Se o jogo tivesse sido à tarde teriam porém estado seguramente muitos mais. Talvez 45 ou mesmo 50 mil.
Para aqueles que vivem fora de Lisboa, ou mesmo nos arredores de Lisboa, assistir a um jogo num Domingo à noite é quase impraticável. As pessoas não podem chegar a casa à meia noite ou ainda mais tarde quando trabalham e/ou os seus filhos têm que ir para a escola no dia seguinte.
É impossível que a direção não esteja consciente disto.

O que nos leva à questão das transmissões televisivas. São os operadores que determinam estes horários. Porquê? Porque ao sábado à noite têm os jogos do Real Madrid ou do Barcelona para transmitir.
Mesmo assim não entendo porque não podemos jogar à tarde? Será que o regulamento interno o impede? Ou é porque a essa hora são transmitidos os jogos da Liga Inglesa?

Esta é uma questão para a qual a Liga tem que olhar e em relação à qual é preciso fazer alguma coisa. Se se querem mais pessoas nos Estádios, se isso é mesmo imperativo para a saúde financeira dos clubes e a emotividade da competição, então esta situação tem que ser rapidamente resolvida.

Por outro lado queria também lançar aqui uma outra questão e pedir aos blogs benfiquistas com quem temos parcerias que lhe dêm alguma atenção também, se estiverem de acordo com o que vou dizer.
Prende-se ela com os famosos speakers dos estádios, em particular o do nosso Estádio, que é o que me interessa.


A ideia das intervenções do speaker da Luz será certamente entusiasmar o público e puxar pelas bancadas. Mas o efeito é exactamente o contrário! Não está em causa a pessoa, a sua boa vontade ou sequer a sua voz. Está em causa que o apoio à equipa tem que ser espontâneo, tem que ser sentido. E isso é impossível quando é um speaker a forçar as bancadas a fazer coro. Mesmo os cânticos perdem muitas vezes a sua força não apenas por serem repetidos a toda a hora e a despropósito pelo speaker mas inclusivé pelo simples facto de ganharem uma dimensão oficial através do sistema de som do Estádio. Os cânticos pertencem às claques e às bancadas e entoá-los a partir de um microfone é desvirtuante.

Para além disso, a passagem contínua de música americana nos altifalantes até quase ao início da partida em nada contribui para o ambiente que se pretende que exista na Luz. Contribui apenas para esfriar as bancadas (que se vêm impedidas de sentir a vibração autêntica e o palpitar do jogo) e para não deixar ouvir o som genuíno das bancadas (para já não falar do das claques). Claro que quando o jogo começa todas as vozes estão frias e não se criou um ambiente conducente ao apoio à equipa e à pressão ao adversário.
Aliás, neste último capítulo, se desde o momento da entrada das equipas para o aquecimento os altifalantes fossem silenciados, certamente que essa pressão sobre o adversário cresceria, o nervoso miudinho se começaria de imediato a sentir e o se perceberia o que é o ambiente da Luz.

(Nem nos golos o senhor se cala, gritando como se estivesse num relato. Se eu quiser um relato ou fico em casa ou levo auscultadores. Eu vou ao Estádio para sentir o ambiente e não para ouvir microfones!)

Num clube altamente profissional todos estes factores devem ser considerados. Também neles se começam a ganhar os jogos.

Por favor, ajudem-me a fazer passar esta mensagem à nossa direcção. Com um speaker que silencia as bancadas e torna todo aquele ambiente numa espécie de discoteca estamos a prejudicar-nos a nós próprios e a facilitar a vida aos adversários. Isto é tanto mais verdade quanto mais importante é o jogo e maior a rivalidade com o adversário do mesmo.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Memória de benfiquista

O futebol é um desporto e, costuma-se dizer, uma festa.
Mas festa significa coisas diferentes para diferentes pessoas.
Convém não esquecer quem vai jogar na Luz depois de amanhã: um clube condenado por corrupção, por viciar resultados, por fazer batota. Uma equipa em que os adeptos e os próprios jogadores entoam constantemente "cânticos" de insultos soezes, quase sempre "dedicados" ao Benfica, incluindo até em jogos internacionais.
Um clube que controla uma cidade e que nos recebe com um nível de hostilidade que ultrapassa as fronteiras da rivalidade para figurar no puro ódio. Um clube cuja claque está envolvida em múltiplos e constantes episódios de violência, gratuita e por vezes brutal, com um longo historial. Cujo líder se vangloria dos seus "feitos" de agressão.
Um clube que há anos promove um clima de "guerrilha" constante, que serve de combustível às suas vitórias. Um clube que promove o regionalismo e o divisionismo do País, não se coibindo até os seus mais reputados adeptos de insultar a capital de Portugal apenas para atacar um adversário desportivo.
Um clube cujos atletas, não contentes com insultar e provocar os adeptos adversários, de quando em vez agridem espectadores e assistentes de jogo, tendo ainda a desfaçatez de depois se vitimizar.
Um clube que joga com os sentimentos mais primários das multidões, o ódio, a raiva, o desejo de vingança e de humilhação, de onde retira a sua motivação.
Um clube que quando perde parte para a violência e quando perde de forma consecutiva chega ao caricato de encerrar modalidades.

Este é o clube do Porto, o clube de Pinto da Costa.

Importa recordar estas coisas não para fazermos os mesmo, não para sermos iguais mas precisamente para enfatizar as diferenças.

Há que ter memória e saber usar essa memória, aí sim, como forma de motivação para conquistar em campo uma vitória LIMPA, sem favores, sem coações, sem violências, sem ódios - apenas pelo Benfica. O Benfica tem rapidamente que repor a normalidade em matéria de jogos com o Porto, sobretudo na Luz. Há que ter memória e que apelar ao Orgulho Benfiquista no Domingo para que aqueles 90 minutos sejam verdadeiramente memoráveis. Mostrando bem que ser benfiquista não se faz à custa de fomentar ódios e inventar inimigos mas de sentimentos verdadeiros de paixão clubística. Como diz o nosso hino, ser benfiquista é ter na alma uma chama imensa. Como também se diz seguidamente, somos um clube que nunca encontrou rival em Portugal. O Porto nunca esteve e nunca estará no patamar do Benfica em termos de paixão e sentimento clubístico, em termos de valores desportivos autênticos e sadios. Isso é que importa recordar e ter presente na hora de receber em nossa casa este adversário. Cabe aos nossos jogadores e a todos os que estaremos a apoiar nas bancadas traduzir isso e dar-lhe expressão no jogo de Domingo às 20.15h.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Declarações dos escoceses: nervosos com ambiente da Luz

Como eu ontem aqui apelava, o Estádio da Luz teve, apesar da intensa chuva e da crise não terem permitido uma enchente, um bom ambiente que criou muitas dificuldades à equipa visitante e permitiu à nossa sentir a confiança necessária para contornar as injustas dificuldades por que passámos (o Celtic marcou na primeira vez que foi à nossa baliza).

Não foi uma daquelas noites, em que o ambiente é verdadeiramente infernal e o apoio das bancadas avassalador. Mas foi bom, do melhor que temos visto esta época e foi o suficiente para vencer.

O factor Luz foi reconhecido pelos célticos, através do treinador e dos jogadores.

Neil Lennon, o treinador, disse o seguinte:

"faltou compostura e houve nervosismo quando tínhamos a bola. É uma equipa jovem e este é um lugar difícil para visitar e jogar futebol. Perdemos a bola em zonas más e com facilidade e é inevitável que desses erros resulte pressão".

Já o grego Samaras, autor do golo do Celtic, também admitiu: "estivemos nervosos durante todo o jogo. Não creio que tenhamos mantido a mente clara".

Valeu a pena ir à Luz

Como ontem aqui antecipei, valeu realmente a pena ir ao Estádio. Ver um jogo ao vivo é incomparável a ver na televisão. A começar pelo facto de no Estádio podermos berrar à vontade sem problemas, sem incomodar família e vizinhos. Toda a emoção que se sente no Estádio, não é replicável em casa. E a própria percepção e visão do jogo e a sua dinâmica é muito melhor no Estádio.
Ontem valeu a pena ainda porque o Benfica jogou muito bem e o ambiente foi também especial.

O Benfica entrou bem, não dando veleidades ao Celtic, que postou, como seria de esperar, num jogo musculado e numa estratégia de contenção. Mas as suas fragilidades técnicas também ficaram expostas pelo talento dos nossos jogadores e a velocidade e critério com que circulávamos a bola.
Marcámos cedo e os jogadores do Benfica terão pensado que o jogo estava resolvido. Começaram então a abrandar o ritmo e a permitir, ainda que muito tímidas, algumas iniciativas do Celtic. E quando surgiu o primeiro canto para a equipa escocesa, muitos terão dito o mesmo que eu: "é nisto que eles são perigosos".
E surgiu mesmo o golo. Há uma obstrução a Artur mas este deveria ainda assim ter saltado mais e evidenciar essa acção ilegal do atacante do Celtic. Ao não o fazer tornou possível que o árbitro deixasse passar incólume aquela acção. Foi o 1-1 e um jogo que poderia ter resultado numa vitória algo tranquila complicou-se bastante.

Já tenho dito que o Benfica não sabe jogar para empatar jogo, para fazer correr o tempo, quando está em vantagem. Não quero dizer que não possamos defender - até o fizemos bem. O que quero dizer é que quando temos a bola praticamente só sabemos atacar. Quando começamos a querer jogar para os lados e para trás normalmente complicamos a vida a nós próprios.

Até ao fim da primeira parte o Benfica teve mais algumas oportunidades mas não conseguiu concretizar. Sálvio esteve muito activo, tal como Ola John. André Almeida esteve irrepreensível e apoiou o ataque, ao passo que Melgarejo se "resguardou" mais. No meio campo Enzo e Matic comandavam as operações com autoridade e na defesa, para além do golo (mal) sofrido a equipa portou-se como se esperava ganhando quase todos os lances.

Na segunda parte não entrámos bem nos primeiros lances mas rapidamente recuperámos o domínio total do jogo e começámos a criar ocasiões. O golo surgiu com alguma naturalidade (embora à medida que os minutos passassem se notasse alguma ansiedade crescente, como é compreensível) numa concretização "à ponta de lança" de Garay.
Depois tivemos várias oportunidades para "acabar" com o jogo mas o guarda-redes do Celtic esteve a altíssimo nível e evitou que tal acontecesse, tornando possível um ou dois calafrios por que tivemos que passar nos últimos minutos, quando o Celtic aproveitou toda e qualquer jogada para lançar a bola directamente dos defesas para a entrada da nossa área.
No cômputo geral a vitória do Benfica - que era imprescindível pelo que a pressão era elevada, o que a torna mais meritória - é totalmente justa e não merece contestação. A equipa soube suportar a referida pressão e fazer o seu jogo. Numa noite chuvosa, que favorecia o estilo de jogo do Celtic, o Benfica mostrou maturidade e qualidade e foi a melhor equipa.

Destaques:

Melhor em campo:

Garay - 17 valores. Excelente a defender teve ainda forças e qualidade para selar a vitória com um grande golo, não deixando a bola cair no chão após assistência de cabeça de Luisão.


Outros destaques:

Houve muitos: André Almeida, Matic, Ola John e Sálvio. O próprio Lima foi extramamente esforçado e fez duas grandes jogadas, uma das quais só não deu golo porque a bola foi salva em cima da linha por um defesa céltico.

Mas para escolher dois, como tenho feito nas crónicas dos jogos, sublinho as exibições dos alas porque foram os principais dinamizadores do jogo atacante da nossa equipa e foram solidários na hora de ajudar os companheiros da defesa. Para Justiça Benfiquista, Ola John merece 16 valores e Sálvio 15. John marcou e fez a cabeça em água à defesa do Celtic e Sálvio (considerado por alguns o melhor em campo, algo de que discordo como é patente) enviou uma bola à trave, esteve na jogada do primeiro golo e surgiu ainda muitas vezes ao centro. Só peca por algum excesso de individualismo e adorno dos lances em várias jogadas.

Quanto a Cardozo, facilmente constaria desta lista se tivesse pela frente outro guarda redes que não Forster. Dois enormes pontapés, um de livre, outro na sequência de jogada monumental, não deram golos de bandeira porque o guarda redes de mais de 2 metros foi mesmo gigante. Cardozo esteve no primeiro golo e falhou mal (remate ao lado) uma oportunidade na primeira parte.

Uma última palavra para Luisão. Que grande capitão, que grande jogador. É bom tê-lo de volta, não deixando de enaltercer Jardel pela forma como não deixou que a ausência se notasse muito.

O treinador

Mais uma vez JJ merece nota alta - 16 valores. A ausência de Maxi não se notou e o Benfica dominou completamente o seu adversário. Tentou lançar Gaitan, numa posição de joker, com liberdade e espaço para dar o cheque mate ao Celtic mas este perdeu bolas infantis e ia criando o pânico na nossa defesa. Essa terá sido a única má decisão (embora Jesus não tenha culpa destas falhas de Gaitan, percebendo-se a intenção, que era boa). Mas a aposta em Ola John, quando se chegou a pensar que poderia insistir em Bruno César (primeira vez que não jogou na Champions) merece também elogios.

O árbitro

Será sina nossa? Será culpa do "bruxo de Fafe"? O que se passa para até na Europa termos arbitragens deste calibre? Surpreende-me o que vem hoja na imprensa, elogiando o árbitro pelo "controle do jogo". Não viram o mesmo jogo que eu. Naquele que eu vi, o árbitro deixou passar em claro uma agressão flagrante a Enzo Peres (parece uma vítima predilecta dos adversários nesta Champions), depois manda o jogador levantar por alegada "fita", depois vê que afinal não é assim e manda-o sair por ter sangue e não contente faz ainda uma rábula inacreditável ao não o querer deixar voltar ao jogo, perante o assobio monumental das bancadas. Além disto há uma situação de grande perigo em que o árbitro marca falta quando Cardozo se isolava. Ora nessa jogada há duas faltas evidentes (uma sobre Sálvio, outra sobre Cardozo) mas o árbitro marca falta... contra o Benfica. Deixou passar, sem a devida sanção disciplinar, muitas faltas dos centro campistas do Celtic e depois foi extremamente rigoroso para com Melgarejo. Há ainda o lance de Artur (do golo) e um outro na área do Celtic em que já marca falta sobre Forster. Muito mal, merece nota negativa: 8 valores. Diga-se ainda que ficam muitas dúvidas num fora de jogo assinalado ao ataque do Celtic ainda na primeira parte. Aí tivemos sorte.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Benfica macio sem hipóteses contra génio

Foi um jogo frustrante, em que o Benfica andou dois terços do tempo atrás da bola e em que o inferno da Luz não chegou a ligar o interruptor.
Já sabíamos que seria difícil mas ficou algum sabor amargo por não termos criado verdadeiros problemas ao Barcelona, que jogou praticamente à vontade, parecendo a dadas alturas que estava a realizar um treino.
E a verdade é que não começámos mal, colocando os jogadores muito compactos em campo e tentanto limitar as linhas de passe do Barcelona e interceptar bolas para sair rápido para o ataque. Foi assim que aconteceram uma ou duas boas jogadas, sobretudo a que terminou no remate forte de Bruno César que deu alguma sensação de golo.
Mas durou muito pouco essa fase porque o esquema colapsou logo aos 7 minutos quando, na sua primeira jogada atacante de perigo, o Barcelona marcou. Alguma passividade da defesa, muito espaço dado a Messi na meia direita da nossa defesa e o inevitável aconteceu. Demasiado cedo no jogo a estratégia de Jesus ruiu.
Era uma estratégia teoricamente boa mas, como se viu, não isenta de riscos, com a agravante de que muito dificilmente dela resultaria perigo efectivo para a defesa do Barcelona, sobretudo desde que este se apanhou a ganhar.
Isso aconteceu de forma esporádica, com destaque para uma grande jogada do Benfica que Lima não conseguiu concretizar face a uma saída rápida da baliza e mancha de Valdez.
Até ao fim da primeira ambas as equipas tiveram meias oportunidades. O Benfica conseguiu mais remates e cantos mas era o Barcelona que vencia.

Na segunda parte, o Benfica entrou muito mal e sofreu o segundo golo com naturalidade. Messi fez o que quis do nosso meio campo defensivo e à entrada da área deu a bola para a esquerda, onde de novo Maxi não estava, e Fabregas rematou forte para o 0-2.
O último fôlego do Benfica veio de um remate de muito longe mas forte e colocado de Sálvio, que o guarda-redes defendeu para canto. Depois disso verificou-se um domínio absoluto do Barcelona que trocou a bola como quis, em ritmo quase de passeio. Nem a saída de Puyol por lesão nem a expulsão de Busquets deram ânimo ao Benfica para ao menos procurar um golo. A nossa equipa estava derrotada, subjugada e extenuada de correr atrás da bola.

O toque de bola e a qualidade do passe do Barcelona são algo de nunca visto na história do futebol, nem sequer nas melhores selecções brasileiras de sempre. É quase misterioso como conseguem depois os seus jogadores parecer estar em todo o lado do campo quando a equipa adversária tem a bola, caindo dois e três em cima do jogador que a tem (e obviamente a perde de imediato). Como dizia ontem, o Barcelona parece ter alcançado a quadratura do círculo. Não tem aparentemente fraquezas, sendo bom na defesa, no meio campo e no ataque. Não é a maior parte das vezes espectacular e chega a ser enfadonho ver aquele futebol. Mas a verdade é que é a equipa mais vencedora de sempre do futebol de clubes e ontem não deu qualquer hipótese ao Benfica.

Que foi, e com isto termino, uma equipa macia. Esperava mais, no sentido de criarmos mais problemas ao Barcelona na nossa casa. De pressionarmos mais a sua defesa. De conseguirmos instalarmo-nos no seu meio-campo. A verdade é que o Barcelona não venceu os últimos jogos (incluindo o Spartak de Moscovo) com a mesma facilidade com que ontem bateu o Benfica. Isso custa-me.
Creio, a posteriori, que a estratégia de expectativa e saídas rápidas é demasiado contra natura para o Benfica, sobretudo quando joga em casa. Penso que o Benfica teria que assumir mais o jogo e ser mais agressivo no meio campo. Na jogada do segundo golo do Barcelona, que acabou definitivamente o jogo, tal a nossa incapacidade para criar perigo, Messi não foi minimamente incomodado, quando era evidente que teria que ter sido feita uma falta de imediato. O Benfica não faz faltas. Isso seria óptimo se os adversários jogassem assim também mas a verdade é que nem o Barcelona o faz. Quando foi necessário, quando pressentiam perigo, os seus jogadores faziam logo falta. O Benfica fez 23 faltas. Se descontarmos as mal assinaladas (que denotam um proteccionismo dos árbitros ao Barcelona que é já conhecido) e as várias faltas desnecessárias que fizemos no fim, mais por despeito do que outra coisa, percebe-se que faltou ao Benfica agressividade e raça. E sem esses atributos é muito difícil criar problemas ao Barcelona, quanto mais tirar-lhe pontos.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Castigo a Vieira diz tudo sobre futebol português

O tema já mereceu análises de vários companheiros da blogosfera mas não posso deixar de partilhar a minha.
Por onde começar?
Talvez por aqui: os orgãos dirigentes do futebol em Portugal ao invés de promoverem o futebol, o espectáculo e o são ambiente desportivo promovem a violência. Passo a explicar.
A violência nasce da ira, da incompreensão, da irracionalidade, da ignorância, da incapacidade de moldar a realidade ao que desejamos e de nos adaptarmos a ela. Nasce do ódio e da frustração.
É evidente que no futebol português existe, desde Pinto da Costa, uma enorme violência latente. Já falei muito disso: para conquistar poder, Pinto da Costa promoveu um ambiente de revolta contra Lisboa, de guerrilha permanente, de ódio ao Benfica.
Esta realidade é indesmentível, não estando eu com isso a sugerir que todos os actos de violência tenham sido perpetrados por adeptos do Porto. Sabemos que não é assim. Houve o tristíssimo, trágico caso do very light, houve autocarros incendiados. Não vale a pena estar a tentar enumerar os casos de violência dos adeptos dos três grandes. Todos são lamentáveis, todos são condenáveis, ninguém está absolutamente inocente nesta matéria.
O que distingue os clubes é a forma como lidam com a violência perpetrada pelos seus adeptos. Se uns condenam, outros desculpam-se e outros usam-na e fomentam-na como instrumento de projecção do seu poder.
Há um clube que nunca tem responsabilidades nas cenas lamentáveis de violência que envolvem os seus adeptos, porque à partida é "diferente". Trata-se evidentemente do Sporting. Sem querer ser exaustivo, recordarei apenas alguns casos bem recentes.

Quando há uns anos se assistiu a uma vergonhosa cena de apedrejamento entre adeptos do Benfica e do Sporting num jogo de junióres, os dirigentes sportinguistas acusaram os adeptos do Benfica de serem selvagens quando as imagens demonstram para lá de qualquer dúvida que quer benfiquistas quer sportinguistas tiveram responsabilidades, que ambos atiraram pedras.

Quando os seus adeptos se envolveram em cenas de violência extrema contra a polícia, em Fevereiro de 2011, os dirigentes sportinguistas fizeram um comunicado inacreditável de que destaco o primeiro parágrafo: "O Sporting Clube de Portugal e a Sporting Clube de Portugal Futebol, SAD repudiam e condenam o grave comportamento da Polícia de Segurança Pública durante o jogo Sporting x Benfica, que teve lugar ontem no Estádio José Alvalade, pelo manifesto excesso na actuação e pela flagrante dualidade de critérios da PSP no tratamento dos adeptos do Sporting e do Benfica". Nem uma palavra de condenação pelo comportamento dos seus adeptos. Mais tarde, na sequência dos incidentes, 9 elementos da Juve Leo seriam detidos por posse de droga, engenhos pirotécnicos e armas.

Um mês mais tarde seria o próprio presidente eleito a passar um mau bocado, com tentativas de agressão por parte dos partidários de Bruno Carvalho.

Tinha já altura tinha sucedido o caso dos confrontos com adeptos de Atlético de Madrid (2010), em que o líder da Juve Leo ameaçara de morte mulheres e crianças.

Até que chegamos à época passada. Durante semanas, os comentadores e dirigentes do Sporting incendiaram os ânimos dos seus adeptos com declarações inflamadas sobre a "jaula", algo de alegadamente inaceitável e vergonhoso. No fim do jogo (a 29 de Novembro de 2012), é o seu vice-Presidente, o agora arguido Paulo Pereira Cristovão, que vem lançar novas provocações e insultos, falando de "condições pré-históricas". Isto enquanto os seus adeptos ateiam fogo ao Estádio da Luz. Isto parece surreal mas é factual. Como se não bastasse, dirigentes e comentadores sportinguistas, incluindo o seu Presidente e o Dr. Eduardo Barroso, têm o descaramento, a indignidade de vir dizer que "não se revêem" naquele comportamento, excusando-se a condená-lo. Na prática, a mensagem era clara: nós não podemos publicamente aplaudir, mas no fundo até achamos bem, achamos "divertido". "É para os lampiões aprenderem", terão muitos pensado.

Ora qual a reacção dos poderes dirigentes do futebol? Nenhuma.

E é assim que, 8 meses depois, surge finalmente a primeira consequência: o Presidente do Benfica é punido com uma suspensão.

Vale a pena dizer mais alguma coisa? Só isto: os dirigentes desportivos em Portugal brincam o fogo. Promovem a violência.

A época ainda não se iniciou mas já estamos perante um dejá vú.
Não contem comigo para isto.

terça-feira, 10 de abril de 2012

As culpas próprias

A arbitragem de ontem foi apenas mais um capítulo de uma longa história que se vem escrevendo há vários anos.
Há muito que não acredito nos "erros" dos árbitros. Muito menos na sua honorabilidade. A maioria dos árbitros em Portugal não são sérios nem decentes.
Somos um país pequenino nos hábitos e nas mentalidades, onde o favor e a corrupção fazem parte do modo normal de fazer as coisas. O futebol é por regra um submundo sujo e violento onde se passam coisas que a maioria de nós não sonha. Escreverei aqui no futuro algumas das que sei se entretanto a desilusão não me levar a abandonar de vez estas lides.

Vejo futebol há muitos anos e há muitos anos digo que este jogo está viciado. Acreditamos sempre que as coisas vão mudar, mas ano após ano vemos que isso não acontece.

Ainda me lembro do que passou em 1991 quando o Benfica ganhou por 2-0 nas Antas com dois golos de César Brito. Agressões, cuspidelas e a necessidade de homens como Jorge de Brito terem que se refugiar em ambulâncias para sair dali vivos. Lembro-me bem dos Calheiros, dos Guímaros e da agência de viagem Cosmos. Lembro-me de José Pratas ter que fugir dos jogadores do Porto durante longos minutos. Lembro-me da batalha campal em Campomaior.

Uns anos depois é a vez de Hulk, Helton e Sapunaru agredirem a murro e pontapé, pessoas e equipamento no Estádio da Luz, depois de em campo terem perdido sem espinhas. No final ainda foram vítimas e o "túnel da Luz" o culpado. Se fosse ao contrário, nas Antas, não era o segurança que tinha ido parar ao hospital mas os jogadores do Benfica que sairiam de ambulância ou pior.

Entretanto continuaram as poucas-vergonhas com os árbitros, incluindo o caso de um que na véspera do jogo se desloca a casa do presidente do Porto para pedir aconselhamento matrimonial para o pai. Quando a polícia finalmente investigou e as provas foram apresentadas, um juíz tratou de as inutilizar.

Ontem voltámos a ver como as coisas são. Se o campeonato estava praticamente decidido desde sábado, quando Hugo Viana fez o que fez e a sorte mais uma vez protegeu o Porto, ontem ficou entregue. O que se passou em Alvalade tem que ser escalpelizado, porque não foi pouco. Não foi apenas um penalty gritante que TODOS os que assistiam ao jogo viram. Foi muito mais do que isso.

Não deixa porém de ser verdade que a partir do golo do Sporting, com nova intervenção directa e falseadora do árbitro, o Benfica se perdeu e poderia ter sofrido uma derrota bem mais pesada. Importa portanto olhar para dentro e perceber que algo está mal.

Importa analisar as culpas próprias.

Vieira

Há mais de um ano atrás, quando o Benfica perdeu por 5-0 nas antas esperei que alguém na direcção desse a cara, explicasse aos benfiquistas o que se passara e assumisse responsabilidades. Continuo à espera.

Quando, uns meses depois, perdemos as meias-finais da Taça em casa, após sofrer 3 golos em poucos minutos, perdemos as meias-finais da Liga Europa para um clube muito mais pequeno e deixámos o Porto ser campeão invicto e fazer a festa na nossa casa, continuei à espera que alguém assumisse responsabilidades por tamanho fracasso e desilusão.

Quando nesse mesmo jogo fizemos a vergonhosa e patética figura de apagar as luzes e ligar a rega, continuei à espera. A única coisa que ouvi sobre esse caso foi Jesus dizer que não era electricista.

A falta de liderança no Benfica é evidente. A meio da presente época Luis Filipe Vieira deu uma entrevista à RTP. Apresentou-se triunfal, quando nada estava ganho. Comprometeu-se a dar nova entrevista se o Benfica fosse à final da Liga das Campeões... Disse que o Benfica não falava de árbitros...
Desde essa entrevista assistiu-se ao descalabro que se conhece.

Vieira parece ter organizado o Benfica e apetrechado a equipa de muito bons jogadores. Herdou um Benfica muito frágil, depois de Vilarinho o ter salvo da vertigem e possível extinção da era Vale e Azevedo. Foi muito importante na construção do novo Estádio, dos mais modernos do mundo. O Benfica é hoje uma indústria, com um marketing impressionante e uma capacidade de gerar receitas ao nível dos maiores. É mesmo o maior em termos de sócios.

Vieira tem portanto méritos que têm que ser reconhecidos.

No entanto Vieira está a cometer erros que voltam a ameaçar o Benfica com o espectro da instabilidade e do desânimo. Vieira, para além de ser conivente e até parte do sistema, ao apoiar as estruturas que gerem o futebol português, a começar por Fernando Gomes (quando Fernando Seara se disponibilizara para concorrer à FPF), não tem capacidade de liderança para conduzir a equipa às vitórias.

Esse problema não parece ser resolúvel com o tempo e a experiência. Vieira está aliás há muitos anos no Benfica e já teria tido tempo de aprender se estas coisas se aprendessem.

O problema é porém o da alternativa. Enquanto não se perfilar alguém com a necessária fibra, coragem, frieza e visão para o lugar, um verdadeiro benfiquista que conheça e sinta os valores do clube, teremos que continuar com Vieira.

Sobre Jesus falarei de seguida.

domingo, 1 de abril de 2012

Benfica-Braga - confiança e crença fizeram a diferença

Grande jogo de futebol ontem na Luz a fazer lembrar grandes noites de outras épocas. O adversário não se chamava Porto nem Sporting mas era o líder do campeonato. E, a 5 jornadas do fim, o Benfica estava obrigado a ganhar. Ter a capacidade de conquistar a vitória já nos descontos, através de uma bela jogada de futebol, pensada e executada com frieza, é algo que, não justificando obviamente entrar em quaisquer euforias (nesta altura já teremos aprendido bem a lição nesse particular), deve porém motivar o Benfica para os restantes jogos decisivos desta recta final de época. É de facto a forma como a vitória foi conseguida que tem que ser destacada: a equipa teve forças - e qualidade - para, depois de sofrer o empate já nos últimos 10 minutos, ainda conseguir ganhar o jogo. Houve Benfica e a completa explosão das bancadas mostrou bem o que aquele momento significou na alma dos benfiquistas. Há muito que não se celebrava assim um golo na Luz.

O Benfica entrou muito bem no jogo. Foi, como disseram os dois treinadores, muito pressionante - mas foi também uma equipa confiante. Os passes saíam com segurança e os jogadores não tiveram medo de ter a bola nos pés. Isso fez toda a diferença e deixou o Braga, por regra muito consistente e seguro, algo atordoado.
Quem tenha visto apenas os curtos resumos da televisão fica com ideia de que o Braga foi mais perigoso e até dominou o jogo, o que não corresponde à realidade. O Braga teve de facto talvez algumas das jogadas mais vistosas mas o Benfica foi consistentemente mais perigoso e dominador.
Se é verdade que na primeira parte talvez a melhor oportunidade tinha sido do Braga, quase já sobre o intervalo, logo no recomeço do jogo o Benfica teve duas ou três jogadas em que podia ter marcado.
Mas o essencial não é descrever lances ou contabilizar oportunidades. O essencial é que, exceptuando alguns períodos do jogo em que pairou a ideia de que o jogo mais cínico do Braga poderia dar resultado, se sentia claramente que o Benfica estava mais perto de marcar e mais próximo de ganhar.
Quando o golo finalmente apareceu pensou-se que o jogo estava decidido. Há que reconhecer o mérito do Braga em, aí sim, ter assumido o ataque e - mais uma vez- ter marcado num livre ainda longe da baliza.
Mas o Benfica não desistiu do jogo. Continuou a acreditar, continuou a tentar (quer pela direita, quer pela esquerda e, refira-se, já sem Cardozo e Rodrigo) e já nos descontos o talento de Gaitan e a qualidade de remate de Bruno César apareceram. Houve Benfica. Houve estrelinha.