O Benfica venceu ontem o Marítimo, num jogo em que todos viram e perceberam o que se passou, não valendo a pena grandes análises. Vitória indiscutível e o campeonato quase conquistado: com alguma fortuna poderia até ser já na próxima semana. Ainda que assim não aconteça, ou seja, mesmo que o Porto vença o Nacional, a vitória sobre o Estoril significa um ponto final nas dúvidas, ficando apenas a faltar a confirmação "matemática". Mas sobre isso teremos ainda tempo de falar.
Agora é altura de apontar baterias à Liga Europa.
O Benfica foi grande na Europa nos anos 60, alcançando finais, conquistando títulos e granjeando prestígio e respeito a nível mundial.
A década seguinte não foi positiva a este nível mas nos anos 80 o Benfica volta à ribalta: a uma meia final da Taça das Taças em 80/81 segue-se uma final da Taça UEFA em 82/83 e uma final da Taça dos Campeões em 87/88. Depois de empatar a 0, o Benfica recebeu e venceu o Dínamo de Bucareste por 2-0 com dois golos de cabeça de Rui Águas. Foi o regresso à final da Taça dos Campeões 20 anos depois. Infelizmente, o Benfica perderia essa final por penalties contra o PSV Eindhoven.
Dois anos depois, o Benfica estava numa nova final. Foi a célebre meia final da mão de Vata (ainda hoje o jogador diz que meteu o peito). Depois de perder 2-1 em Marselha, contra uma equipa fortíssima onde pontificava Papin, o Benfica vence por 1-0 em casa, com o golo já referido a surgir perto do fim do jogo. Também essa final não seria feliz para o Benfica, tendo sido batido pelo grande Milão (campeão em título) de... Maldini, Costacurta, Baresi, Ancelotti, Rijkaard, Van Basten e Gullit por apenas 1-0, com o golo a surgir já na fase final do jogo. Note-se que este Milão tinha vencido no ano anterior a mesma Taça, batendo na final o Dínamo de Bucareste por 4-0 (2 de Gullit, 2 de Van Basten), tendo nas meias finais atropelado o Real Madrid: depois de um empate a 1 na primeira mão, os italianos deram 5-0 aos espanhóis em San Siro. E uma outra equipa do Milão, já sem quase todos os jogadores que defrontaram o Benfica, viria, apenas 4 anos depois, a vencer nova Taça, desta vez goleando o Barcelona por 4-0.
Com equipas relativamente medianas, o Benfica conseguia portanto proezas surpreendentes, embora perdendo as finais. Era porém difícil fazer melhor.
Em 1993/94, o Benfica está a um passo de nova final, desta vez da Taça das Taças. Na equipa pontifica Rui Costa, mas há vários jogadores já demasiado veteranos: Mozer com quase 34, Isaías com 30 e Veloso, que é titular na 1ª mão, com 37 anos! Na primeira mão na Luz o Benfica vence por 2-1 e na segunda sofre o golo da eliminação aos 77'.
Finalmente em 2010/11, aconteceu algo de muito infeliz e doloroso para o Benfica, com a eliminação nas meias finais frente ao Braga. Também nessa ocasião o Benfica jogou primeiro em casa e venceu por 2-1, tendo depois na 2ª mão jogado em Braga e perdido por 1-0. Foi uma eliminatória "esquisita", no meio de uma época para esquecer, em que o Braga pode agradecer a todos os santinhos ter passado, pois o azar do Benfica foi quase inacreditável. Como é sabido, o Porto viria a bater o Braga na final, com um golo de Falcao em fora de jogo.
Ou seja, dois anos depois o Benfica tem uma nova oportunidade de estar presente numa final europeia, algo que não acontece há 23 anos.
Nessa ocasião, tal como dois anos antes, o Benfica resolveu a eliminatória na 2ª mão no Estádio da Luz, uma vez vencendo por 2-0, na outra por 1-0. Já nas meias-finais perdidas, contra o Parma e o Braga (nomes curiosamente parecidos), a 1ª mão jogou-se na Luz. Esperemos que isto sejam bons augúrios, uma vez que iremos novamente e pela terceira vez em 25 anos enfrentar o jogo decisivo da eliminatória em nossa casa.
Depois de um ensaio, chegou agora a hora de recriar o verdadeiro inferno da Luz.
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