Assistiu-se hoje na Turquia a um enorme jogo de futebol, um hino ao futebol de ataque e uma demonstração de como a crença pode catapultar uma equipa para o quase impensável. O Galatasaray não esteve muito longe de conseguir uma das maiores e mais surpreendentes reviravoltas da história recente do futebol. Não tivesse o golo de Drogba que daria o 4-1 sido (e bem) anulado e provavelmente a história teria sido outra e estaríamos aqui a falar da eliminação do Real Madrid. São certamente vários ses, mas uma coisa é uma realidade indesmentível: o Galatasaray, durante quase toda a segunda parte, vulgarizou completamente o Real Madrid e atacou incessantemente, fazendo os madrilenhos passar por muitos maus bocados; fez 3 golos em 15 minutos (!) a uma das melhores equipas mundiais e deixou no ar e na cabeça dos jogadores madrilistas muitas dúvidas quanto ao desfecho da eliminatória. Ronaldo foi, bem vistas as coisas, quem a decidiu. Que isto sirva de exemplo para aqueles que dizem que o ambiente e o apoio do público nada conta. Mourinho disse já depois do jogo: "jogaram com 50.000 homens".
Em Dortmund, o humilde Málaga, onde jogam os "nossos" Eliseu (benfiquista ) e Saviola, esteve à beira de surpresa, embora de menor monta. Fica a dever o desaire, na minha opinião, à arbitragem, que não expulsou, como devia um jogador do Dortmund, e que validou um golo em claro e duplo fora de jogo aos alemães. É porém verdade que o golo de Eliseu também está ligeiramente fora de jogo.
Uma nota final, no tocante à noite europeia, para os comentários de Fernando Correia. Para além de um interminável rol de erros, disparates e tonterias que foram sendo ditas ao longo da transmissão, verifico que Fernando Correia vibra com o Real Madrid como se fosse uma equipa portuguesa (no que é aliás acompanhado por Dani). Ora se por um lado é natural que nos congratulemos com o sucesso de Mourinho e de Cristiano Ronaldo, Coentrão ou Pepe, por outro lado não se justificam frases e interjeições como "cuidado", "o Galatasaray está a fazer uma segunda parte quase tão boa como a primeira do Real Madrid" ou outras considerações "madrilistas". Até porque quando foi o Benfica a jogar a Champions não vi tamanho entusiasmo por parte de Correia e a TVI. Aliás e porque vem a propósito, o apuramento do Benfica nas eliminatórias na Liga Europa não tem senão merecido críticas por parte da estação responsável pelas transmissões, em particular pelas vozes de Ribeiro Cristovão e Jorge Batista. Haja um mínimo de decência!
Virando-nos para a noite "nortenha" de ontem, gostaria de partilhar convosco que ao ouvir o 11 do Braga comentei que não valia a pena ver o jogo. José Peseiro, a quem elogiei pelo apuramento para a Champions, numa já remota pré-eliminatória em Agosto, está a ser um completo desastre no Braga, que neste momento regrediu aos tempos pré-Jorge Jesus ou até de Jesualdo Ferreira.
Peseiro começou por desbaratar a grande qualidade que o Braga tinha que era defender bem: tem os mesmos golos sofridos que o Rio Ave e o Olhanense. Agora, a 5 jogos do final do campeonato decide ir jogar ao estádio do Porto como uma equipa pequena, deixando apenas Mossoró na frente.
O Braga fez efetivamente um jogo de equipa pequena: com um brinde da defesa portista criou uma oportunidade de quase golo feito, com uma grande combinação de ataque conseguiu o golo improvável que lhe deu vantagem e depois disso remeteu-se à defesa praticamente dentro da sua grande área. Sem jogar muito, sem velocidade, sem grande criatividade, o Porto dominou por completo, chegando numa fase do jogo o Braga a não conseguir fazer 2 (dois!) passes seguidos.
Mas, como se não bastasse, Peseiro teve ainda o condão de, ao lançar Carlão e tentar colocar a equipa a jogar de forma mais atacante com o resultado empatado, sofrer o golo que resolveu o jogo quando a sua equipa estava desposicionada por ter tentado uma jogada de ataque. Ou seja, sofreu um golo numa das poucas vezes em que a sua equipa ensaiou uma jogada de ataque, numa fase do jogo em que (aí sim) o reforço da defesa se justificaria.
Peseiro teve uma oportunidade no Braga de voltar a treinar uma equipa que lutasse pelos lugares cimeiros, mas tudo o que conseguiu foi desvirtuar o Braga, que acaba o campeonato como uma equipa totalmente descaracterizada e sem qualquer ideia de jogo coerente. Note-se que esta análise não tem nada a ver com o que eu quero ou deixo de querer para o Braga ou para Peseiro, tentando apenas fazer um retrato objectivo do que eu vejo.
Numa frase, Peseiro começou a época a querer fazer do Braga um verdadeiro grande e acaba-a a jogar com o Porto como um pequeno, com 11 jogadores dentro do seu meio campo. Nem a coerência sobreviveu.
É verdade que os golos do 1-1 e do 2-1 surgem de remates de fora da área que me pareceram defensáveis. Mas até nisso Peseiro tem azar...
Amanhã há mais futebol e quinta-feira há de novo Benfica. Que os nossos jogadores estejam a ver estes jogos europeus para recordarem que no futebol tudo é possível e que a concentração terá que ser mantida.
Só não entendo é como ninguém fala que o Braga jogou basicamente contra o FC Porto com uma equipa de reservas.
ResponderEliminarSem Beto, Éder, Salino, Ismayli, que jogaram contra o Benfica, a que acrescem as ausências de Paulo Vinicius, Douglão e Djamal, este braga jogou contra o FCP sem metade da equipa titular.
Se o jogo fosse contra o Benfica, iriam dizer que o Benfica venceu fruto do desfalque de jogadores imprescindiveis do Braga. Como foi o FCP, estes venceram contra uma equipa enorme! Eis a diferença de análises!