Foi um jogo frustrante, em que o Benfica andou dois terços do tempo atrás da bola e em que o inferno da Luz não chegou a ligar o interruptor.
Já sabíamos que seria difícil mas ficou algum sabor amargo por não termos criado verdadeiros problemas ao Barcelona, que jogou praticamente à vontade, parecendo a dadas alturas que estava a realizar um treino.
E a verdade é que não começámos mal, colocando os jogadores muito compactos em campo e tentanto limitar as linhas de passe do Barcelona e interceptar bolas para sair rápido para o ataque. Foi assim que aconteceram uma ou duas boas jogadas, sobretudo a que terminou no remate forte de Bruno César que deu alguma sensação de golo.
Mas durou muito pouco essa fase porque o esquema colapsou logo aos 7 minutos quando, na sua primeira jogada atacante de perigo, o Barcelona marcou. Alguma passividade da defesa, muito espaço dado a Messi na meia direita da nossa defesa e o inevitável aconteceu. Demasiado cedo no jogo a estratégia de Jesus ruiu.
Era uma estratégia teoricamente boa mas, como se viu, não isenta de riscos, com a agravante de que muito dificilmente dela resultaria perigo efectivo para a defesa do Barcelona, sobretudo desde que este se apanhou a ganhar.
Isso aconteceu de forma esporádica, com destaque para uma grande jogada do Benfica que Lima não conseguiu concretizar face a uma saída rápida da baliza e mancha de Valdez.
Até ao fim da primeira ambas as equipas tiveram meias oportunidades. O Benfica conseguiu mais remates e cantos mas era o Barcelona que vencia.
Na segunda parte, o Benfica entrou muito mal e sofreu o segundo golo com naturalidade. Messi fez o que quis do nosso meio campo defensivo e à entrada da área deu a bola para a esquerda, onde de novo Maxi não estava, e Fabregas rematou forte para o 0-2.
O último fôlego do Benfica veio de um remate de muito longe mas forte e colocado de Sálvio, que o guarda-redes defendeu para canto. Depois disso verificou-se um domínio absoluto do Barcelona que trocou a bola como quis, em ritmo quase de passeio. Nem a saída de Puyol por lesão nem a expulsão de Busquets deram ânimo ao Benfica para ao menos procurar um golo. A nossa equipa estava derrotada, subjugada e extenuada de correr atrás da bola.
O toque de bola e a qualidade do passe do Barcelona são algo de nunca visto na história do futebol, nem sequer nas melhores selecções brasileiras de sempre. É quase misterioso como conseguem depois os seus jogadores parecer estar em todo o lado do campo quando a equipa adversária tem a bola, caindo dois e três em cima do jogador que a tem (e obviamente a perde de imediato). Como dizia ontem, o Barcelona parece ter alcançado a quadratura do círculo. Não tem aparentemente fraquezas, sendo bom na defesa, no meio campo e no ataque. Não é a maior parte das vezes espectacular e chega a ser enfadonho ver aquele futebol. Mas a verdade é que é a equipa mais vencedora de sempre do futebol de clubes e ontem não deu qualquer hipótese ao Benfica.
Que foi, e com isto termino, uma equipa macia. Esperava mais, no sentido de criarmos mais problemas ao Barcelona na nossa casa. De pressionarmos mais a sua defesa. De conseguirmos instalarmo-nos no seu meio-campo. A verdade é que o Barcelona não venceu os últimos jogos (incluindo o Spartak de Moscovo) com a mesma facilidade com que ontem bateu o Benfica. Isso custa-me.
Creio, a posteriori, que a estratégia de expectativa e saídas rápidas é demasiado contra natura para o Benfica, sobretudo quando joga em casa. Penso que o Benfica teria que assumir mais o jogo e ser mais agressivo no meio campo. Na jogada do segundo golo do Barcelona, que acabou definitivamente o jogo, tal a nossa incapacidade para criar perigo, Messi não foi minimamente incomodado, quando era evidente que teria que ter sido feita uma falta de imediato. O Benfica não faz faltas. Isso seria óptimo se os adversários jogassem assim também mas a verdade é que nem o Barcelona o faz. Quando foi necessário, quando pressentiam perigo, os seus jogadores faziam logo falta. O Benfica fez 23 faltas. Se descontarmos as mal assinaladas (que denotam um proteccionismo dos árbitros ao Barcelona que é já conhecido) e as várias faltas desnecessárias que fizemos no fim, mais por despeito do que outra coisa, percebe-se que faltou ao Benfica agressividade e raça. E sem esses atributos é muito difícil criar problemas ao Barcelona, quanto mais tirar-lhe pontos.
Boa análise. Abraço.
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