Ouvi com interesse o Juiz Rui Rangel e gostei da maioria do que disse. Penso que todos podemos concordar com a maioria do teor do seu discurso. É porém ainda vago e fica a faltar o mais importante que é concretizar em propostas de rumo o que contém em termos de ideias e objectivos. Todos queremos um Benfica ganhador, gerido apenas por benfiquistas.
A este propósito devo aliás dizer que fiquei muito agradado com alguns dos nomes que ouvi, desde Paulo Pitta e Cunha ao neto de Borges Coutinho (o sangue está lá, falta ver o resto) a Arrobas da Silva e outros.
A questão porém é como é que chegamos às vitórias, face a um sistema montado, oleado, impune e implacável. Temo portanto que Rui Rangel, no caso de vencer, tivesse vida difícil para lidar com o mundo sujo dos bastidores do futebol.
Por outro lado, ele é juiz e isso pode ser uma mais valia quando se quer combater um sistema que é manifestamente corrupto - seja através de subornos, favores, troca de influências, situações de monopólio, dinheiros mal explicados, etc.
Quanto a Vieira, com todos os erros que cometeu, dá um mínimo de garantias em matéria de estabilidade e boa gestão. É a velha história do copo meio cheio ou meio vazio. Por um lado, Vieira, com tempo que tem no Benfica e no futebol, não cai à primeira rasteira do sistema, no sentido de ser completamente trucidado por ele. Rui Gomes da Silva, tão criticado por alguns, já por mais do que uma vez denunciou, com todas as letras e com os nomes, o que se vem passando em termos de arbitragem e sobrevivênvia do sistema. Por outro lado, Vieira e a sua direcção já cometeram erros grosseiros e de consequências bem graves como o do apoio a Fernando Gomes ou o anúncio feito na época passada de que o Benfica "não fala de árbitros". Vieira aprendeu a lição? Está por provar.
A propósito das eleições para a Federação permitam-me aliás um à parte sobre o que disse Seara há dois dias e que não teve muita repercussão. Fernando Seara disse que não avançou com a candidatura porque o Sporting só a apoiava se ele, Seara, "entregasse a cabeça de Luis Duque numa bandeja".
Desculpe?
Não consigo entender. O que tem o Presidente da Federação a ver com a política interna do Sporting? O que significa entregar a cabeça de Duque numa bandeja?
E, acima de tudo, como pode Seara sacrificar os seus interesses, neste caso coincidentes com os do Benfica, deixando o caminho da presidência da Federação aberto para um portista, por causa de um assunto interno do Sporting?
Seara foi levado, tal como, por arrastamento o Benfica e a credibilidade do futebol português. Xistras, Sousas e afins sentiram de novo que o poder estava no Porto (como quase sempre nos últimos 30 anos) pelo que continuam a fazer o que se vê. Seara faz-se demasiadamente ingénuo para poder ser verdade. E pelos vistos, o Benfica aparece muito abaixo na sua escala de prioridades. Com benfiquistas destes não vamos longe.
Voltando às eleições e concluíndo, creio que o esclarecimento dos benfiquistas acerca das propostas e das figuras que as vão representar depende em muito da possibilidade de se fazer um debate sério e sobre os temas. Não vale a pena fazer declarações de que se é mais benfiquista que os outros ou acenar com o fantasma de Vale e Azevedo. Não há nenhum Vale e Azevedo a concorrer. Há Rangel e Vieira. E era bom que debatessem, com seriedade e elevação, o futuro do Benfica. A notícia, posta a circular, de que Vieira recusa debates, seria um sinal muito negativo. E acredito que poderia levar muitos benfiquistas a decidir o seu sentido de voto. Não pelas razões certas - como aconteceria se houvesse debate substancial - mas por razões ainda assim compreensíveis. Não se poderia deixar de tirar ilações de uma postura de recusa de debate.
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